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30 x 50 x 17 cm
Letrero luminoso
As obras “Prosa” e “Poesia” são tentativas de capturar a percepção do efeito dos dois gêneros literários em um mínimo de sinais gráficos.
Em “Poesia“, os parênteses são invertidos para criar uma subversão da linguagem, um eco que ressoa para fora: a leitura como a possibilidade de torcer a lógica cotidiana.
Em “Prosa”, os parênteses anunciam um vazio, uma pausa, um isolamento, um lugar que é preenchido com histórias de outras pessoas que são inseridas no fluxo da realidade diária do leitor: a leitura como uma possibilidade de viver outras experiências.
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30 x 50 x 17 cm
Letrero luminoso
As obras “Prosa” e “Poesia” são tentativas de capturar a percepção do efeito dos dois gêneros literários em um mínimo de sinais gráficos.
Em “Poesia“, os parênteses são invertidos para criar uma subversão da linguagem, um eco que ressoa para fora: a leitura como a possibilidade de torcer a lógica cotidiana.
Em “Prosa”, os parênteses anunciam um vazio, uma pausa, um isolamento, um lugar que é preenchido com histórias de outras pessoas que são inseridas no fluxo da realidade diária do leitor: a leitura como uma possibilidade de viver outras experiências.
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159 x 30 x 17 cm
letreiro luminoso
ediçao de 3 + P.A
As letras são o átomo da linguagem. Podem criar infinitas combinações, linguagens, narrativas, falas, pensamentos. O letreiro Biblioteca Infinita anuncia a possibilidade de recombinar letras e cores: numa época em que discursos polarizados dominam o debate de ideias, precisamos de imaginação para repensar nossas ações no mundo.
A imagem mostra três fases da obra.
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600 x 600 x 300 cm
Instalação, estrutura metálica, balões de Mylar, ventiladores, ar e gás hélio
A instalação Zero Tolerance Silver Clouds conecta a política estadunidense de imigração “Tolerância Zero” com a instalação Silver Clouds (1966) de Andy Warhol. Em 2018, as imagens de um centro de detenção no Texas chocaram o público ao mostrar aproximadamente 2 mil crianças migrantes presas, separadas de suas famílias. Em um espaço gradeado, crianças usavam cobertores prateados feitos do mesmo material utilizado por Warhol nos balões sua obra.
“Há uma verdadeira sensação de liberdade que pode ser sentida entre as pessoas que brincam com as nuvens prateadas (…) elas mostram ao público que a vida pode ser divertida, espontânea e emocionante, especialmente quando se está disposto a explorar outros caminhos e possibilidades que não estão fundamentados em regras e regulamentos.”︎︎︎
O “sonho americano”, ethos nacional norteamericano, estabelece ideais em que a liberdade inclui a oportunidade de prosperidade e sucesso, uma mobilidade social ascendente para a família e os filhos, alcançada através de trabalho duro em uma sociedade com poucas barreiras.
Evocando un ícone da arte contemporânea, a instalação confronta esses ideais com as reais políticas migratórias nos EUA.
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600 x 600 x 300 cm
Instalação, estrutura metálica, balões de Mylar, ventiladores, ar e gás hélio
A instalação Zero Tolerance Silver Clouds conecta a política estadunidense de imigração “Tolerância Zero” com a instalação Silver Clouds (1966) de Andy Warhol. Em 2018, as imagens de um centro de detenção no Texas chocaram o público ao mostrar aproximadamente 2 mil crianças migrantes presas, separadas de suas famílias. Em um espaço gradeado, crianças usavam cobertores prateados feitos do mesmo material utilizado por Warhol nos balões sua obra.
“Há uma verdadeira sensação de liberdade que pode ser sentida entre as pessoas que brincam com as nuvens prateadas (…) elas mostram ao público que a vida pode ser divertida, espontânea e emocionante, especialmente quando se está disposto a explorar outros caminhos e possibilidades que não estão fundamentados em regras e regulamentos.”︎︎︎
O “sonho americano”, ethos nacional norteamericano, estabelece ideais em que a liberdade inclui a oportunidade de prosperidade e sucesso, uma mobilidade social ascendente para a família e os filhos, alcançada através de trabalho duro em uma sociedade com poucas barreiras. Evocando un ícone da arte contemporânea, a instalação confronta esses ideais com as reais políticas migratórias nos EUA.
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600 x 600 x 300 cm
Instalação, estrutura metálica, balões de Mylar, ventiladores, ar e gás hélio
A instalação Zero Tolerance Silver Clouds conecta a política estadunidense de imigração “Tolerância Zero” com a instalação Silver Clouds (1966) de Andy Warhol. Em 2018, as imagens de um centro de detenção no Texas chocaram o público ao mostrar aproximadamente 2 mil crianças migrantes presas, separadas de suas famílias. Em um espaço gradeado, crianças usavam cobertores prateados feitos do mesmo material utilizado por Warhol nos balões sua obra.
“Há uma verdadeira sensação de liberdade que pode ser sentida entre as pessoas que brincam com as nuvens prateadas (…) elas mostram ao público que a vida pode ser divertida, espontânea e emocionante, especialmente quando se está disposto a explorar outros caminhos e possibilidades que não estão fundamentados em regras e regulamentos.”︎︎︎
O “sonho americano”, ethos nacional norteamericano, estabelece ideais em que a liberdade inclui a oportunidade de prosperidade e sucesso, uma mobilidade social ascendente para a família e os filhos, alcançada através de trabalho duro em uma sociedade com poucas barreiras. Evocando un ícone da arte contemporânea, a instalação confronta esses ideais com as reais políticas migratórias nos EUA.
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Dimensões variáveis
Tinta acrílica sobre parede Foto Filipe Berndt A inflexão temporal que se apresenta desde o título da exposição invoca, de imediato, o trabalho da memória. Entre figura e fundo, clareza e opacidade, o gesto de Marilá Dardot é aquele assinalado por Walter Benjamin: “Trata-se de se apropriar de algo perigoso, que clama por se repetir com violência”. É justamente na força desse ato de artista de reconfigurar o mundo e o tempo que a repetição pode ganhar novos sentidos históricos e poéticos.<p> O trabalho de Marilá Dardot abriga, desde sempre, uma relação com a cintilância da letra, na relação direta com a literatura ou na força de capturar os jogos semânticos da linguagem. Essa marca agora se dobra, desdobra, duplica, mistura discursos em uma construção labiríntica que concede voz à ambiguidade da palavra e abriga uma irradiação incessante que busca o impronunciável que habita a língua. Há também a sensibilidade que se debruça sobre temáticas apagadas da história, repetições do uso de palavras que ganham direções e significados heteróclitos, como os dois advérbios escolhidos – ainda e sempre. Juntos e fazendo uma espécie de justaposição, eles funcionam como abertura para o enigma e uma maneira de desvio à impostura da língua. <em>Ainda sempre ainda</em> é uma exposição que, desde a entrada, se sustenta em um estado de perda, numa relação de crise com a linguagem.<p> Em <em>Linha do tempo</em> outra dobra se configura: advérbios recortados de revistas publicadas no Brasil desde 1973 – ano de nascimento da artista – e colados sobre uma superfície, formam uma linha de tempo em que se projeta a possibilidade de uma outra passagem, que escoa por entre as palavras, uma curva que embaralha passado, presente e futuro. As questões ali abrigadas aprofundam a discussão anunciada por Georges Didi-Huberman em <em>Diante do tempo</em>: a dimensão de uma temporalidade complexa e difusa. Para ele, o pensamento de Walter Benjamin, que está na base de seu modelo anacrônico, sugere que qualquer narrativa histórica é feita por uma montagem de elementos heterogêneos. Em termos benjaminianos, há uma atualidade no passado quando este é visto através das imagens. <em>Na linha do tempo</em> criada por Marilá Dardot, o que se coloca em cena é justamente a desmedida desse impossível, uma aposta na pequena revolução que acontece pelo efeito dialético que se dá entre palavra e imagem, sustentando a enunciação como última saída ao massacre imaginário e político.<p> Em <em>Palavra figura de espanto</em> capas descascadas de livros tocam a materialidade evanescente de palavras que, em duplas, nos pontos de estilhaço e poeira promovem encontros e ranhuras que desenham horizontes ora improváveis e de tensão, ora de fluidez e harmonia, mostrando a dimensão ambígua e delirante da palavra. O assombro diante da palavra – ou a própria palavra como “figura de espanto” – se abriga no ato de arrancar a capa dos livros, dando a ver os restos e camadas pictóricas até a sulcagem mesmo da superfície com a escrita: rememoração das paredes de uma caverna que, mais tarde, nos conduzem ao papel. A artista reconhece que nesse trajeto se desenha todo um percurso da grafia, ou mais propriamente da letra: do estilete à pena, da pena à caneta, da letra cursiva à letra de forma, do manuscrito à tipografia e à imprensa. Como gesto de resistência, a escrita sobrevive acolhendo o indizível e o impronunciável, mas não deixando de operar também sua ultrapassagem com um armazém de sinais que celebra o encontro com outras vozes e grafias. Das palavras tantas – entre as cansadas e pálidas, secretas e mágicas, ditas e caladas – forja-se um mundo: da impotência ao impossível, um outro mapa com suas marcas, manchas e litorais.<p> Em <em>Modelo para armar</em>, uma instalação com colagem sobre fragmentos de caixas de papelão abriga substantivos recortados de revistas antigas. As caixas, que já não servem para serem utilizadas, funcionam como abrigo de narrativas históricas, políticas, afetivas e a própria linguagem entra em cena para ser rearranjada e ressignificada como projéteis de uma operação simbólica. O título da obra é uma referência a um livro de Julio Cortazar, em que o escritor faz a narrativa a partir de peças mutáveis, em uma “armação” em que deslocamentos diversos das palavras procuram eliminar qualquer fixidez, abrindo os sentidos para que o leitor faça sua montagem pessoal dos elementos e acabe por escrever a história. A obra de Marilá Dardot também nos convoca como leitores ativos. Seu trabalho não visa à produção de um sentido estanque, não produz nenhum tipo de explicação que fixe o sujeito. Sua obra é uma espécie de ancoragem que também é deriva e convida à produção de novas palavras que possam recriar a existência, na vertigem mesma do estranhamento.<p> Em <em>Ações do mundo</em>, seu ato de tentar arrancar capas de livros sobre nações do mundo revela a beleza de fragmentos de mapas que compõem novas geografias. Os índices dos livros anunciam capítulos que descrevem países a partir de frases nacionalistas e imperiosas. Uma parte do tecido da capa, dobrada, dá título ao trabalho, subvertendo a ideia de nação para ação: as nações se tornam ações do mundo desestabilizando o mundo familiar pelo manuseio inventivo do idioma, promovendo a mestiçagem de substâncias heterogêneas: palavra e imagem que, pela força do gesto ou de uma dobra, revelam que a experiência de reabitar o corpo e habitar a palavra pode refundar o mundo.<p> No mesmo diálogo, se recria uma ideia de país em <em>O Brasil o Brasil”</em> Invocando a espessura da palavra em sua aparente simplicidade, as palavras “O Brasil” – também recortadas de revistas antigas – são coladas sobre uma superfície de cor neutra, mas diferentes cores e tipologias se apresentam como um ensaio de aguda força política. Como acontece em <em>Linha do tempo</em>, uma dimensão é revirada e aqui, como dito por Walter Benjamin, “a verdadeira imagem do passado perpassa, veloz”. Marilá Dardot incorpora essa dimensão do tempo em sua própria existência: quase 50 anos depois de seu nascimento e atravessando a história do país, faz de seu trabalho uma verdadeira transmissão da experiência naquilo que o mais singular e pessoal pode dizer ao coletivo.<p> A série <em>Libros Y</em> nasceu de um letreiro de rua de uma casa editorial – Libros y Editoriales – na Cidade do México. A tipologia e o material daquele anúncio foram reproduzidos para criar outras associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como catalisadores de sentimentos e ações. Os eventos que o livro pode gerar, tanto no contexto íntimo quanto no político, encontram um novo mundo a partir da palavra: prazer, rebelião, subversão, desastre, potências, transformações ou insurreições. Seus letreiros sinalizam que, para reescrever as palavras que compõem a história, devemos fazê-lo letra a letra – uma aventura que vai além da comunicação, além do sentido e toca um ponto insondável: o seu “ponto de contato com o desconhecido”. As experiências trazidas nas palavras dos letreiros não visam diretamente o sentido, mas vasculham os traços que são, antes de mais nada, apostas na subversão da língua e de seu poder transfigurador. Essa transfiguração é destacada por Roland Barthes que afirma: “Toda a poesia, todo o inconsciente são uma volta à letra”, uma aventura que se situa à margem das pretensas finalidades da linguagem e, justamente por isso, no centro de sua ação.<p> <em>Domine seu idioma</em>, frase que a artista encontrou em um dicionário, ganha novo sentido. Novamente, a exploração da letra em seu aspecto gráfico, imagético, abre as portas de uma dimensão da linguagem que não se deixa fixar em nenhuma decifração. Um conjunto de dicionários empilhados com intensa força cromática, representando um paradigma em que as palavras perpetuam poderes e privilégios, é retomado em um devir imprevisível. As palavras, por sua vez, não se deixam tomar pacificamente como partes de um discurso. Elas deslizam criando uma ética que aponta para o avesso de uma ordem imperativa.<p> Nas brechas onde pode-se fazer poesia, Marilá Dardot reinventa a utopia dando-lhe densidade única. Dominar o idioma é saber se movimentar no tempo e para além do sentido: em outras palavras poder tomar a palavra, honrar a palavra, encontrar na ponta da língua mais do que a promessa ou a esperança de um lugar ideal: o tremor que nos faz vivos e recria o tempo. Como alerta Walter Benjamin: “Conhecer o passado não significa conhecê-lo como ele de fato foi. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo”.<p> <em>Ainda, sempre, ainda.</em><p> Bianca Coutinho Dias<p> Bianca Coutinho Dias é psicanalista, escritora, ensaísta e crítica de arte, atua no território multidisciplinar da psicanálise, literatura, filosofia, teoria e prática artística. Mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense - UFF (2017). Especialista em História da Arte pela Faculdade Armando Alvares Penteado - FAAP (2011).![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/08/mg_3366-copy.jpg)
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120 x 166 cm
Capas de livros sobre nações do mundo descascadas e páginas de índices
Foto Filipe BerndtCapas de livros da coleção Nações do Mundo são desfeitas, deixando fragmentos de mapas, compondo novas geografias.
Os índices dos mesmos livros anunciam capítulos que descrevem países a partir de frases nacionalistas. Uma parte do tecido da capa, dobrada, dá título ao trabalho: Ações do mundo.
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/07/marila_dardot_acoes_do_mundo_2021_foto_filipe_berndt.jpg)
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30x241cm
Perfil de aço galvanizado e pintura esmalte Foto Filipe Berndt A série de LIBROS Y nasce do encontro da artista com um letreiro de rua na Cidade do México que anunciava uma casa editorial: LIBROS Y EDITORIALES. A tipologia e o material daquele letreiro são reproduzidas para criar outra associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como sujeitos catalizadores de sentimentos e ações.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/07/marila_dardot_libros_y_amores_2022_foto_filipe_berndt.jpg)
30x418cm
Perfil de aço galvanizado e pintura esmalte Foto Filipe Berndt A série de LIBROS Y nasce do encontro da artista com um letreiro de rua na Cidade do México que anunciava uma casa editorial: LIBROS Y EDITORIALES. A tipologia e o material daquele letreiro são reproduzidas para criar outra associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como sujeitos catalizadores de sentimentos e ações.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/07/marila_dardot_libros_y_transfromaciones_2022_foto_filipe_berndt.jpg)
30x260cm
Perfil de aço galvanizado e pintura esmalte Foto Filipe Berndt A série de LIBROS Y nasce do encontro da artista com um letreiro de rua na Cidade do México que anunciava uma casa editorial: LIBROS Y EDITORIALES. A tipologia e o material daquele letreiro são reproduzidas para criar outra associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como sujeitos catalizadores de sentimentos e ações.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/07/marila_dardot_libros_y_afectos_2022_foto_filipe_berndt.jpg)
Dimensões variáveis
Perfil de aço galvanizado e pintura esmalte Foto Galeria Vermelho A série “Libros Y” nasce do encontro da artista com um letreiro de rua na Cidade do México que anunciava uma casa editorial: LIBROS Y EDITORIALES. A tipologia e o material daquele letreiro são reproduzidos para criar outras associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como sujeitos catalizadores de sentimentos e ações.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/1_2022_libros_y.jpg)
32,5 x 49 x 19 cm
Marcador permanente sobre livros e caixa de transporte de obra de arte
Foto Filipe BerndtAo mesmo tempo em que compilam as unidades de uma língua, os dicionários também representam um paradigma em que as palavras perpetuam poderes e privilégios de uma determinada classe ou nação. Em Domine seu idioma, Marilá Dardot utiliza uma coleção de dicionários como base para um jogo léxico com expressões associadas à fala. A ideia de um idioma comum é trocada pela de “seu idioma”, pressupondo diferenças e dissidências, abrindo brechas para novas articulações plurais.
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/2_2021_domine_seu_idioma_filipe_berndt.jpg)
44 x 63 cm
Colagem com livro e capas de livros sobre papel Crescent e base de madeira Foto Ana Pigosso “O Livro das Raparigas” foi uma antologia lançada em Portugal em 1945, destinada ao público juvenil feminino e organizada por uma escritora, Mariália. Atingindo 16 volumes (“séries”) em 1951, buscava cruzar “educação e entretenimento”. Tal como figurava em publicidade da editora, “Mariália organizou uma esplêndida antologia de leitura sã e agradável, variada e sugestiva”. Apesar de publicar em sua maioria autoras mulheres, o que caracteriza a coleção é a veiculação de uma ideologia conformista, de acordo com os padrões dominantes da época. Um modelo literário assente no entretenimento, na fantasia e na moralidade. Um entendimento do lugar da mulher como a responsável por cuidar do lar e dos seus descendentes diretos, pela manutenção e coesão da família.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/3_2019_o_livro_das_raparigas_1a_serie_ana_pigosso.jpg)
200 x 95 x 95 cm
Cata-vento de aço Foto Vicente Pouso![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/4_2019_los_cuatro_puntos_cardinales.jpg)
12´52´´
Vídeo Foto Still do vídeo Marilá Dardot desenvolveu e apresentou este trabalho pela primeira vez na 13ª Bienal de Havana, Cuba.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/5_2019_ir_y_volver.jpg)
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/6_2018_saudade_our_flags.jpg)
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/7_2018_mito_motim__galpaovb_pedro_napolitano_prata.jpg)
21 x 29,7 cm cada
Impressão jato de tinta e crayon sobre papel Foto Galeria Vermelho Em 2016, Marilá Dardot lançou o Livro de Colorir – Retrospectiva 2015, questionando o fenômeno editorial e comportamental dos livros de colorir para adultos: aqui o ato de colorir, ao contrário de uma “terapia antiestresse”, provoca o confronto com uma realidade dura, muitas vezes trágica, que tentamos esquecer. As imagens para colorir são desenhos baseados em fotos impactantes de fatos do ano de 2015, publicadas em jornais brasileiros. Dois anos depois, a artista selecionou imagens do livro relativas a acontecimentos brasileiros e as coloriu com crayon negro, dando-lhes um caráter ambíguo, em que memória e esquecimento tornam-se latentes.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/8_2018_livro_de_colorir_brasil_2015.jpg)
101 x 62 cm
Colagem em papel Accademia Fabriano Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/9_2017_flylead_red.jpg)
21 x 52 x 33 cm
Madeira de poda de plátano, capas de livros, pregos de cobre Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/10_2017_antologia_de_inverno_walt_whitman.jpg)
68 x 101 cm
Folhas de guarda de livros e acrílico Foto Edouard Fraipont![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/11_2016_investigacao_rd_verde_edouardfraipont.jpg)
Dimensões variáveis
Instalação - 101 peças feitas de fragmentos de livros colados em MDF sobre parede Foto Everton Ballardin![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/12_2016_codigo_desconhecido_chacara_lane_everton_ballardin.jpg)
90 x 130 cm (cada) - tríptico
Impressão digital sobre tecido de algodão Foto Gabi Carrera![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/13_2016_a_republica_travessias_5_emergencia__mare__rio_de_janeiro_gabi_carrera.jpg)
58 x 76 cm
Guache e impressão mineral sobre papel Matt Cotton Smooth, moldura e parede.
Foto Mario GrissoliA série reúne versos em que poetas definem cores. Os versos foram digitalizados, mantendo sua tipologia original, ampliados e impressos em papel de algodão. Cada folha é pintada com guoache na cor descrita. A tinta transborda do papel até alcançar a parede.
“A série Cores, Nomes começou em 2013 reunindo versos em que poetas brasileiros definem cores. Em 2014, foram acrescentados versos dos poetas da lingua inglesa Gertrude Stein, William Carlos Williams, Wallace Stevens, Richard Price e Katherine Mansfield.” – Marilá Dardot
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/14_2013_2014_blue_gertrude_-_da_serie_cores_nomes.jpg)
23 x 32 x 32 cm
Livro objeto - capa dura e papel sulfite Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/15_2013_volta_ao_dia_em_80_mundos.jpg)
Dimensões variáveis
3 toneladas de papéis de teste de impressão offset distribuídas em 20 pilhas esculpidas no local Foto Edouard Fraipont "Papéis usados em gráfica para acertar cor e registro de impressão de livros de arte formam 20 pilhas no chão. Em cada pilha é esculpida uma letra, formando a frase 'As coisas estão no mundo'” – Marilá Dardot![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/16_2013_as_coisas_estao_no_mundo_edouard_fraipont.jpg)
70 x 118 cm
Impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel algodão Hahnemühle Photo Rag 308g Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/17_2012_literatura_dibujada__discusion.jpg)
![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/18_2012_introducao_ao_terceiro_mundo_vermelho_foto_rafael_canas.jpg)
131,4 x 179 cm
Tinta acrílica sobre vidro Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/19_2011_novo_-_da_serie_novas_pinturas.jpg)
Dimensões variáveis
150 vasos de cerâmica em forma de letras, terra, sementes e instrumentos de jardinagem Foto Pedro Motta A instalação, que esteve na primeira exposição individual da artista no Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte), reflete seu interesse pela linguagem ao convidar o espectador a construir palavras e frases com vasos de cerâmica em forma de letras. A arquitetura da galeria toma como ponto de partida o desenho da estrutura da antiga olaria que funcionava nas imediações do Instituto Inhotim. Sem paredes, janelas ou portas, o local é um ateliê de plantio aberto para a paisagem, onde o visitante encontra utensílios de jardinagem, terra e sementes. Os 1500 vasos-letra iniciais da obra foram produzidos, no Inhotim, por mulheres das comunidades do entorno. Fote: Site Oficial Instituto Inhotim![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/20_2011_instituto_inhotim_a_origem_da_obra_de_arte_1_foto_pedro_motta.jpg)
Dimensões variáveis
150 vasos de cerâmica em forma de letras, terra, sementes e instrumentos de jardinagem Foto Pedro Motta A instalação, que esteve na primeira exposição individual da artista no Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte), reflete seu interesse pela linguagem ao convidar o espectador a construir palavras e frases com vasos de cerâmica em forma de letras. A arquitetura da galeria toma como ponto de partida o desenho da estrutura da antiga olaria que funcionava nas imediações do Instituto Inhotim. Sem paredes, janelas ou portas, o local é um ateliê de plantio aberto para a paisagem, onde o visitante encontra utensílios de jardinagem, terra e sementes. Os 1500 vasos-letra iniciais da obra foram produzidos, no Inhotim, por mulheres das comunidades do entorno. Fote: Site Oficial Instituto Inhotim![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/21_2011_instituto_inhotim_a_origem_da_obra_de_arte_2_foto_pedro_motta.jpg)
22 x 31 cm
Colagem com marcadores de páginas coloridos (polipropileno) sobre papel Foto Galeria Vermelho![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/22_2011_ilha_4_-_da_serie_mapas.jpg)
Dimensões variáveis
Livro e páginas de livro picotadas Foto Galeria Vermelho Um livro está sobre uma pilha de pequenos fragmentos de livros diversos, que parecem sair ou entrar nele. Estes fragmentos de frases cobrem quase todo o chão do espaço. A instalação “Avant et après la lettre” foi criada para a biblioteca do Chateau de Rentilly, no Parc Culturel de Rentilly, França. A expressão francesa significa “antes do estado definitivo; antes do seu inteiro desenvolvimento” ou “antes de o termo existir”![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/23_2011_avant_et_apres_la_lettre_chambres_sourdes_rentilly.jpg)
Dimensões variáveis
Alvenaria, papel de parede, azulejos, tapetes, livros, cadeiras e bancos Foto Galeria Vermelho “Longe daqui, aqui mesmo” foi especialmente criado por Marilá Dardot e Fabio Morais para a 29a Bienal de São Paulo. Os dois artistas foram convidados a imaginar uma biblioteca para a exposição, e o resultado é uma casa-labirinto em construção, um lugar feito de tijolos, afetos e homenagens. O que se vê de fora é um espaço inacabado, como uma casa/ labirinto em construção. Quando o visitante entra, caminha através de cômodos revestidos por azulejos e papéis de parede, atravessa portas e pisa sobre tapetes com imagens de capas de livros. Aqui, tijolos e livros (e literatura, ideias, palavras) são elementos de construção. Ao abrir uma das três portas que dá acesso à biblioteca, o visitante é surpreendido por um quarto branco, acabado, onde encontra livros e cadeiras para sentar e apreciar a leitura. Os artistas propuseram três coleções para a biblioteca: a resposta dos artistas que participam da 29a Bienal para a pergunta: "Com que livro você construiria sua casa?"; um convite aberto para o envio de livros de artistas, e, finalmente, uma seleção de literatura contemporânea feita pelos dois. Após o final da exposição, o acervo será doado ao arquivo histórico Wanda Svevo, da Fundação Bienal de São Paulo, tornando‐se permanentemente disponível para consulta pública.![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/24_2010_29a_bienal_de_sp.jpg)
154 x 267 cm
Impressão digital sobre papel fotográfico e madeira Foto Edouard Fraipont![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/25_2008_o_labirinto_edouard_fraipont.jpg)
Dimensões variáveis
Video-instalação Foto Ding Musa![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/26_2006_entre_nos_27a_bienal_de_sp_ding_musa.jpg)
Dimensões variáveis
Video-instalação Foto Ding Musa![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/27_2006_entre_nos_frames.jpg)
14 x 21,5 x 9 cm
Acrílica, papel de fax impresso e parafusos Foto Edouard Fraipont![](https://galeriavermelho.com.br/wp-content/uploads/2022/03/28_2000_a_retorica_edouard_fraipont.jpg)
A produção de Marilá Dardot lida constantemente com a linguagem e a literatura através de vídeos, fotografias, gravuras, esculturas, pinturas, ações e instalações site-specific. Alguns trabalhos trazem no título referência a autores e obras literárias e filosóficas, enquanto outros exploram o aspecto formal do livro e a construção de espaços com acesso público, como bibliotecas.
“Desde 2014 tenho feito trabalhos construídos a partir de pedaços de livros. Tudo começou quando fazia uma residência em Viena. Rodeada de livros escritos numa língua que não leio, minha atenção voltou-se para suas partes, para a matéria mesma de que eram feitos. Libertos de suas palavras, daqueles livros eu lia seus corpos: capas, miolos e folhas de guarda; cores, formas e desenhos de tempos e origens diversos. Lá comecei as séries Minha biblioteca e Código desconhecido. Ao longo dos anos pedaços de livros foram se acumulando no meu atelier, e daí vieram outros trabalhos: Investigação, Antologia de Inverno, Flyleaf, A pronúncia do mundo. Alguma vez me perguntei por que eu, amante dos livros, ousava destruí-los. Descobri que a bibliofagia, como a antropofagia, podia ser libertadora. Entendi que, para além do prazer que gozo na prática formal dessas experimentações, esses trabalhos sem palavras, mudos à primeira vista, encarnam outras potências e aberturas. Seus silêncios engendram a construção dialógica de novas narrativas, um novo pronunciar do mundo, um ato de criação” – Marilá Dardot.
Dardot já teve seu trabalho exposto em instituições nacionais e internacionais como Galpão VB (São Paulo, 2018), Seattle Art Museum (Seattle, 2017), Pera Museum (Istambul, 2017), Museu da Cidade (São Paulo, 2016), MAC Lyon (Lion, 2014), Astrup Fearnley Museet (Oslo, 2013) David Rockefeller Center for Latin American Studies (Cambridge, 2012), 29ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2010) e 27ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2016).
Sua obra está presente em importantes coleções como Pera Art Museum (Istambul), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo) e Museu de Arte Moderna – MAM SP (São Paulo). Além disso, Dardot tem no Instituto Inhotim (Brasil) um pavilhão instalado de modo permanente com uma de suas obras, A origem da obra de arte (2002-2011); e, no Parque do Governador em Vitória, ES, a artista inaugurou permanentemente em Maio 2022, a instalação Pensamento do Fora (revisitado), com sessenta placas de sinalizações dispostas por todo o parque. As placas deixarão de lado as típicas frases informativas para dar lugar a citações de livros de autore(a)s mulheres, LGBTIQA+, negras, negros, indígenas, publicados ou reeditados no Brasil nos últimos vinte anos.
A produção de Marilá Dardot lida constantemente com a linguagem e a literatura através de vídeos, fotografias, gravuras, esculturas, pinturas, ações e instalações site-specific. Alguns trabalhos trazem no título referência a autores e obras literárias e filosóficas, enquanto outros exploram o aspecto formal do livro e a construção de espaços com acesso público, como bibliotecas.
“Desde 2014 tenho feito trabalhos construídos a partir de pedaços de livros. Tudo começou quando fazia uma residência em Viena. Rodeada de livros escritos numa língua que não leio, minha atenção voltou-se para suas partes, para a matéria mesma de que eram feitos. Libertos de suas palavras, daqueles livros eu lia seus corpos: capas, miolos e folhas de guarda; cores, formas e desenhos de tempos e origens diversos. Lá comecei as séries Minha biblioteca e Código desconhecido. Ao longo dos anos pedaços de livros foram se acumulando no meu atelier, e daí vieram outros trabalhos: Investigação, Antologia de Inverno, Flyleaf, A pronúncia do mundo. Alguma vez me perguntei por que eu, amante dos livros, ousava destruí-los. Descobri que a bibliofagia, como a antropofagia, podia ser libertadora. Entendi que, para além do prazer que gozo na prática formal dessas experimentações, esses trabalhos sem palavras, mudos à primeira vista, encarnam outras potências e aberturas. Seus silêncios engendram a construção dialógica de novas narrativas, um novo pronunciar do mundo, um ato de criação” – Marilá Dardot.
Dardot já teve seu trabalho exposto em instituições nacionais e internacionais como Galpão VB (São Paulo, 2018), Seattle Art Museum (Seattle, 2017), Pera Museum (Istambul, 2017), Museu da Cidade (São Paulo, 2016), MAC Lyon (Lion, 2014), Astrup Fearnley Museet (Oslo, 2013) David Rockefeller Center for Latin American Studies (Cambridge, 2012), 29ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2010) e 27ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2016).
Sua obra está presente em importantes coleções como Pera Art Museum (Istambul), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo) e Museu de Arte Moderna – MAM SP (São Paulo). Além disso, Dardot tem no Instituto Inhotim (Brasil) um pavilhão instalado de modo permanente com uma de suas obras, A origem da obra de arte (2002-2011); e, no Parque do Governador em Vitória, ES, a artista inaugurou permanentemente em Maio 2022, a instalação Pensamento do Fora (revisitado), com sessenta placas de sinalizações dispostas por todo o parque. As placas deixarão de lado as típicas frases informativas para dar lugar a citações de livros de autore(a)s mulheres, LGBTIQA+, negras, negros, indígenas, publicados ou reeditados no Brasil nos últimos vinte anos.
Marilá Dardot
1973. Belo Horizonte, Brasil
Vive e trabalha na Cidade do México
Exposições Individuais
2022
– ainda sempre ainda – Museu Paranaense (MUPA) – Curitiba – Brasil
– Diálogos Contemporâneos: Marilá, Willys, Lothar – Instituto de Arte Contemporânea (IAC) – São Paulo – Brasil
– ainda sempre ainda – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Marilá Dardot. Pensamento do fora (revisitado) – Parque Casa do Governador – Vila Velha – Brasil
– Tort(guerr)illa. Projeto de Marilá Dardot para #novoysola
2021
– Caixa de Correio – Porto – Portugal
– Primeira Plana – Museo Experimental El Eco – Cidade do México – México
2020
– Projeto 15 segundos – Belo Horizonte – Brasil
2019
– Marilá Dardot. A pronúncia do mundo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2018
– Lisbon blues – Nanogaleria – Lisboa –Portugal
– Saudade (our flag) – Montalvo Arts Center – Saratoga – EUA
2017
– Marilá Dardot: Benivenidos – Arredondo \ Arozarena – Cidade do México – México
– Interdito – Galeria Filomena Soares – Lisboa – Portugal
2016
– Guerra do Tempo – Chácara Lane – Museu da Cidade – São Paulo – Brasil
2015
– Diário – Galeria de Arte GTO – SESC Palladium – Belo Horizonte – Brasil
2014
– Hier – Galerie Krinzinger – Viena – Áustria
– As coisas estão no Mundo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Pouco a Pouco – Casa de Cultura Laura Alvim – Rio de Janeiro – Brasil
2013
– The Landscape is moving – Frieze Art Fair [Sculpture Park] – Regent’s Park – Londres – Inglaterra
– As coisas estão no mundo – Galeria Silvia Cintra – Rio de Janeiro – Brasil
– No Silêncio Nunca Há Silêncio – The Wanås Foundation – Knislinge – Suécia
2012
– Intervenções VI – Museu Lasar Segall – São Paulo – Brasil
– Novas Pinturas – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2011
– Introdução ao Terceiro Mundo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Introdução ao Terceiro Mundo – Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB] – Rio de Janeiro – Brasil
– Rayuela – Biblioteca MAM – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
– Avant et après la letter – Solo Project – Zona MACO – Cidade do México – México
2010
– Alices – Galeria Vermelho- São Paulo- Brasil
– Alices – Centro Brasileiro Britânico – São Paulo – Brasil
2008
– Ficções – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– MUCA Roma – Museo Universitario de Ciencias y Arte – México D.F. – México
2007
– Sob Neblina [em segredo] –Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB] – São Paulo – Brasil
2006
– Trajetórias – Fundação Joaquim Nabuco – Recife – Brasil
2005
– Biblioteca de Babel – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2004
– Bolsa Pampulha: Marilá Dardot – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
– Solto, Cruzado e Junto – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2002
– Projeto Castelinho – Centro Cultural Oduvaldo Vianna Filho – Castelinho do Flamengo – Rio de Janeiro – Brasil
– Projeto Pampulha – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
2001
– Projeto 10 de 2001 – Escola de Artes Visuais do Parque Lage – Rio de Janeiro – Brasil
Exposições Coletivas
2024
– Suite Nº1 – Fundación Maceta – Cidade do México – México
2023
– XVI Bienal de Cuenca. Quizá manãna – Museo Pumapungo – Cuenca – México
– Rayuela – Galería Marlborough – Madri – Espanha
– Beneath the Surface, Behind the Scenes – Heidi Museum of Modern Art – Melbourne – Austrália
– Casa no céu – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Biblioteca infinita – Centro Cultural Brasil-México – Cidade do México – México
– Brasil Futuro: as formas da democracia – Casa da Onze Janelas – Belém – Brasil
– Brasil Futuro: as formas da democracia – Museu Nacional da República – Brasília-DF – Brasil
2022
– Outras Lembranças, Outros Enredos – Cordoaria Nacional – Lisboa – Portugal
– Séries MBac | Clube do Colecionado – Matias Brotas Arte Contemporânea – Vitória – Brasil
– Eu sinto falta do meu cerébro pré-internet – Galeria Athena – Rio de Janeiro – Brasil
– Livros de Artista na Coleção Itaú Cultural (exposição virtual)
– 13ª Bienal do Mercosul – Cais do Porto – Porto Alegre – Brasil
– Bitácoras: Colección Fundación Casa Wabi – Museo de Arte Contemporáneo de Querétaro – Querétaro – México
– Contar o Tempo – Mariantonia – São Paulo – Brasil
– No sonho do homem que sonhava, o sonhado acordou – Museu do Chiado – Lisboa – Portugal
– Raíz y Rizoma. México en la Colección Otazu – Fundación Casa de México en España – Madri – Espanha
2021
– Mutirão – Nowhere Lisboa – Lisboa – Portugal
– Desde la Herida. BienalSur 2021 – Centro Cultural Kichner – Buenos Aires – Argentina
– No sonho do homem que sonhava o sonhado acordou. Bienal ANOZERO – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra – Coimbra – Portugal
– Museu sem Paredes – Mostra digital – museusemparedes.com
– Tienda de Memorias – Fundación Casa Wabi – Puerto Escondido – México
– Língua Solta – Museu da Língua Portuguesa – São Paulo – Brasil
2020
– Além do Traço – Mama Cadela – Belo Horizonte – Brasil
– Dia, Noite, Noite. Coleção Andréa e José Olympio Pereira Galpão da Lapa – São Paulo – Brasil
– Não vamos para Marte – Galeria Jaqueline Martins – São Paulo – Brasil
– Viaje hacia la luz – Aninat Galeria de Arte – Santiago – Chile
– Confines y confinamentos. 15ª Bienal de Cuenca – Fundación Bienal de Cuenca – Cuenca – Equador
– Essa palavra presa na garganta – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) – Lisboa – Portugal
– Pedágio de mim – Foco Brasil – Not a Museum – Lisboa – Portugal
– Narrativas em Processo: Livros de Artista na Coleção Itaú Cultural. Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) – Florianópolis – Brasil
– Dupla Central na Biblioteca Mário de Andrade – Biblioteca Mário de Andrade – São Paulo – Brasil
2019
– Terceira Margem. Anozero’19. Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra – Coimbra – Portugal
– El animal herido – Museo Experimental El Eco – Cidade do México – México
– 21º Bienal de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil | Comunidades Imaginadas – Sesc 24 de Maio – São Paulo – Brasil
– Eu estou aqui agora – Fundação Vera Chaves Barcellos – Porto Alegre – Brasil
– SEGUNDA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2019 – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Arte Naïf – Nenhum museu a menos – Parque Lage – Rio de Janeiro – Brasil
– 13ª Bienal de Habana – Havana – Cuba
2018
– Exposición Inaugural – Museo de Arte Contemporáneo Querétaro (MACQ) – Querétaro – México
– Tarefas Infinitas – Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – Cidade Universitária – São Paulo – Brasil
– Processos em Trânsito: O.Livro.de.Artista.2018 – Galeria da Câmara Municipal – Matosinhos -Portugal
- Outro Ontem – Lisboa – Portugal
– MitoMotim – Galpão VB – São Paulo – Brasil
- Palavra Viva – Sesc Palladium – Belo Horizonte – Brasil
2017
– 60 Anos, Museu + Residência – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
– Everyday Poetics – Seattle Art Museum – Seattle – EUA
– As Bandeiras da Revolução: Pernambuco 1817-2017 – Fundação Joaquim Nabuco – Galeria Massangana – Recife – Brasil
– Tensão & Conflito. Arte em Vídeo após 2008 – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia [MAAT] – Lisboa – Portugal
– Doublethink: Double Vision – Suna and Inan Kiraç Foundation – Pera Museum – Istambul – Turquia
– Sala de Leitura – SESC São Carlos – São Carlos – Brasil
– Unanimous Night – Contemporary Art Centre (CAC) – Vilnius – Lituânia
– Travessias 5: Emergência – Maré – Rio de Janeiro – Brasil
– En el silencio nunca hay silencio – Jardín Ochil – Mérida – México
– Sesc Cine Lounge na 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes – Tiradentes – Brasil
2016
– Os muitos e o um: a arte contemporânea brasileira na coleção de José Olympio e Andrea Pereira – Instituto Tomie Ohtake (ITO) – São Paulo – Brasil
– Clube da Gravura: 30 anos – Museu de Arte Moderna (MAM) – São Paulo – Brasil
– Coletiva – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Ephemera: Diálogos Entre-Vistas. A Arte de Contar Histórias – MAC Niterói – Rio de Janeiro – Brasil
– Lupa – Ensaios Audiovisuais – Museu de Artes e Ofícios – Belo Horizonte – Brasil
– Brasil, Beleza?! – Museum Beelden aan Zee – Den Haag – Holanda
– Cappadox 2016 – Let Us Cultivate Our Garden – Cappadocia – Turquia
– Unânime Noite – Bolsa de Arte São Paulo – São Paulo – Brasil
2015
– Fotos contam Fatos – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Imagine Brazil – DHC/Art Foundation for Contemporary Art – Montreal – Canadá
– Apodi, 69 – Pivô – São Paulo – Brasil
– Ficções – Caixa Cultural RJ – Rio de Janeiro – Brasil
– Reverta – Arte e Sustentabilidade – Oca – Parque do Ibirapuera – São Paulo – Brasil
2014
– Huna, Hunak: Here/There – Al Riwaq Exhibitihion space Doha – Catar
– Arte e Sociedade no Brasil 2 – Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro – Brasil
– Pela Superfície das Páginas – Espaço Cultural Marcantonio Vilaça – Brasília – Brasil
– Imagine Brazil – MAC Lyon – Lion – França
– Lines – Hauser & Wirth – Zurique – Suíça
– A tara por livros ou a tara de papel – Galeria Bergamin – São Paulo – Brasil
– Dispositivos para um mundo (im)possível (Roesler Hotel #25) – Galeria Nara Roesler – São Paulo – Brasil
2013
– Conclusion never comes – El Brocense Art Gallery – Caceres – Espanha
– Imagine Brazil (Artist’s Books)- Astrup Fearnley Museet – Oslo – Noruega
– Além da Biblioteca – Feira do Livro de Frankfurt 2013 – Frankfurt – Alemanha
– Arquivo Vivo – Paço das Artes – São Paulo – Brasil
– 30 X Bienal: Transformações na Arte Brasileira da 1ª à 30ª edição – Pavilhão da Bienal – São Paulo – Brasil
– Além da Biblioteca – Itochu Aoyama Art Square – Tóquio – Japão
– Blind Field – Broad Art Museum – East Lansing – EUA
– Blind Field – Krannert Art Museum – Champaign – ILL – EUA
– Circuitos Cruzados: o Centre Pompidou encontra o MAM – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
2012
– Mundo no Papel: Enciclopedismo em Livros de Artista – Biblioteca Universitaria da UFMG – Belo Horizonte – Brasil
– Through the surface of the pages – David Rockefeller Center for Latin American Studies – Cambridge – EUA
– The Storytellers – The Stenersen Museum – Oslo – Noruega
– AVer – Atelier Aberto – Campinas – São Paulo – Brasil
– Expansivo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2011
– Estou Aqui – Galeria Marília Razuk – São Paulo – Brasil
– Contra a Parede – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Os Primeiros Dez Anos – Instituto Tomie Ohtake – São Paulo – Brasil
– Mapas Invisíveis – Caixa Cultural São Paulo [Paulista] – São Paulo – Brasil
– Além da Biblioteca – Museu Lasar Segall – São Paulo – Brasil
– Um Outro Lugar – Museu de Arte Moderna [MAM RJ] – Rio de Janeiro – Brasil
– Porque sim – Galeria Millan – São Paulo – Brasil
– O Sismógrafo – Palácio das Artes – Belo Horizonte – MG- Brasil
– Chambres sourdes – Parc culturel de Rentilly – Rentilly – França
2010
– Arroz com Feijão – Projeto Brasil Arte Contemporânea – Miami – EUA
– Livre Tradução – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar- Pavilhão da Bienal – São Paulo – Brasil
– 2 de Copas – Vera Cortez e Tijuana/Vermelho – Lisboa – Portugal
– Paradas em Movimento: Wonderland – Ações e Paradoxos – Centro Cultural São Paulo [CCSP] – São Paulo – Brasil
– Paisagem Incompleta – Centro Cultural Usiminas – Minas Gerais – Brasil
2009
– Por Aqui – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Salon Light – livros e flores – Feira de artes impressas – CNEAI + Vermelho – São Paulo – Brasil
– Artérias e Capilares – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– The Communism of Forms – Art Gallery of York University [AGYU] – Toronto – Canadá
– Meeting Point – Doris McCarthy Gallery – Toronto – Canadá
– Desenhos [drawings] A – Z – Museu da Cidade – Lisboa – Portugal
– Nova Arte Nova – Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB] – São Paulo – Brasil
2008
– Silêncio ! – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Container Art – Mostra de Videoarte – Parque Villa Lobos – São Paulo – Brasil
– 4ª Paralela – Liceu de Artes e Ofícios – São Paulo – Brasil
– Nova Arte Nova – Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB RJ] – Rio de Janeiro – Brasil
– Hecho a Mano, el oficio en el arte – Casas Riegner – Bogotá – Colombia
– COLEÇÃO, Par(ent)esis, projeto itinerante, Curitiba, Belém, Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro – Brasil
– Provas de Contato – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Ar Livre – paisagens audiovisuais – Oficina Cultural Regional Hilda Hilst Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim – Campinas – Brasil
– Procedente MAP: Novas Aquisições – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
– Turistas, Volver – Galeria Carminha Macedo – Belo Horizonte – Brasil
– Proyectos para Desconstrucción – Museo Universitario de Ciencias y Arte [MUCA Roma] – Cidade do México – México
– Reação em Cadeia –Centro Cultural São Paulo [CCSP] – São Paulo – Brasil
– Contraditório – Panorama da Arte Brasileira 2007 - Sala Alcalá 31 – Madri – Espanha
2007
– Contraditório – Panorama de Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
– Encontro entre dois mares – Bienal de São Paulo-Valência – Luz ao Sul – Museo del Carmen – Valencia – Espanha
– Close to me – Studio Guenzani – Milão – Itália
– Desenhos: A-Z [Drawings: A-Z] – Colecção Madeira Corporate Services – Porta 33 – Ilha da Madeira – Portugal
– Desenho é um verbo [Drawing is a verb] – Colecção Madeira Corporate Services – Porta 33 – Ilha da Madeira – Portugal
2006
– This is not a love song – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Manobras Radicais –Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB] – São Paulo – Brasil
– 27ª Bienal de São Paulo: Como viver junto – São Paulo – Brasil
– Videometry – Barcelona – Espanha
– Prêmio CNI SESI Marco Antonio Vilaça para Artes Plásticas – Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro; Casa das II Janelas – Belém; MAMAM – Museu Aloísio Magalhães – Recife; Usina do Gasômetro – Porto Alegre – Brasil
2005
– Panorama da Arte Brasileira –Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
– Prêmio CNI SESI Marco Antonio Vilaça – CNI SESI Brasília; Instituto Tomie Othake – São Paulo – Brasil
– Educação, Olha – A Gentil Carioca – Rio de Janeiro – Brasil
– Premiados na 5°Edição Prêmio Sergio Motta – Paço das Artes – São Paulo – Brasil
– Viés – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Desenhos: A-Z [Drawings: A-Z] – Colecção Madeira Corporate Services – Porta 33 – Ilha da Madeira – Portugal
2004
– Posição 2004 – Escola de Artes Visuais do Parque Lage – Rio de Janeiro – Brasil
– Léo Bahia Arte Contemporânea – Belo Horizonte – Brasil
– Novas Aquisições 2003 – Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu de Arte Moderna [MAM RJ] – Rio de Janeiro – Brasil
– Título de Pintura – Ateliê Aberto – Campinas – Brasil
– Paisagens – Léo Bahia Arte Contemporânea – Belo Horizonte – Brasil
2003
– Modos de Usar – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Observações Sobre o Espaço e o Tempo – UNICSUL – Campus Anália Franco – São Paulo – Brasil
– Tecendo o Visível – Instituto Tomie Ohtake – São Paulo – Brasil
2002
– Matéria-Prima – Novo Museu – Curitiba – Brasil
– Linguagens Visuais 2000/2001 – Palácio Gustavo Capanema – Rio de Janeiro – Brasil
– Mostra Rio Arte Contemporânea – Museu de Arte Moderna [MAM RJj] – Rio de Janeiro – Brasil
2001
– Uma Geração em Trânsito –Centro Cultural Banco do Brasil [CCBB] – Rio de Janeiro – Brasil
– VII Salão da Bahia –Museu de Arte Moderna [MAM BA] – Salvador – Brasil
2000
– Sequência – Galeria da Escola Guignard – Belo Horizonte – Brasil
1999
– 4° Mostra Interna da Escola Guignard – Belo Horizonte – Brasil
1998
– 3º Mostra Interna da Escola Guignard – Belo Horizonte – Brasil
1997
– 2º Mostra Interna da Escola Guignard – Belo Horizonte – Brasil
Exposições Permanents / Permanent exhibitions
2022 – Marilá Dardot. Pensamento do fora (revisitado) – Parque Casa do Governador – Vila Velha – Brasil
2011 – A origem da obra de arte – Inhotim Instituto de Arte Contemporânea – Brumadinho – MG – Brasil
Prêmios
2022 – Prêmio Parque Casa do Governador – Vila Velha – Brasil
2011 – Prêmio Ibram de Arte Contemporânea
- Brasil
2004 – 5° Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia – São Paulo – Brasil
2004 – 1ª Edição Prêmio CNI SESI Marcantônio Vilaça para as Artes Plásticas (2004-2005)
2002 – Hic et Nunc – Prêmio da Mostra Rio Arte Contemporânea – Rio de Janeiro – Brasil
1999 – Livro de Areia – Primeiro Prêmio da 4º Mostra Interna da Escola Guignard – Belo Horizonte – Brasil
Bolsas e residências
– 2014: Casa Wabi (residência) – Daxaca – México
– 2003: Bolsa Pampulha – 27° Salão Nacional de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
Bibliografia
– Cao Guimarães & Marilá Dardot – BOMB – Issue 102 – winter 2008 – New York – EUA
– Pedrosa, Adriano (org.). Desenhos [drawings]: A-Z. Lisboa: Madeira Corporate Services, 2006.
– Pedrosa, Adriano e Moura, Rodrigo. em: volante impresso para o Projeto Pampulha
– Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, abril e maio de 2002
– Osório, Luiz Camillo. em: Catálogo do VII Salão da Bahia, Salvador, 2000. p. 32-33
– Farias, Agnaldo. Tecendo o Visível. em: Folder da exposição Tecendo o Visível – Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, jan. 2003
– Cordeiro, Veronica. Dossiê ARTES MUITO CONTEMPORÂNEAS – O audiovisual nas artes plásticas em: Trópico www.uol.com.br/tropico , mar. 2003
Coleções públicas e privadas abertas ao público
– Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
– Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
– Museu de Arte Moderna (MAM Rio) – Prêmio IP Capital Partners de Arte (PIPA) 2015 – Rio de Janeiro – Brasil
– Instituto Inhotim – Brumadinho – Brasil
– Space Collection – Tustin – EUA
– Suna and Inan Kiraç Foundation – Pera Museum – Istambul – Turquia
A inflexão temporal que se apresenta desde o título da exposição invoca, de imediato, o trabalho da memória. Entre figura e fundo, clareza e opacidade, o gesto de Marilá Dardot é aquele assinalado por Walter Benjamin: “Trata-se de se apropriar de algo perigoso, que clama por se repetir com violência”. É justamente na força desse ato de artista de reconfigurar o mundo e o tempo que a repetição pode ganhar novos sentidos históricos e poéticos.
O trabalho de Marilá Dardot abriga, desde sempre, uma relação com a cintilância da letra, na relação direta com a literatura ou na força de capturar os jogos semânticos da linguagem. Essa marca agora se dobra, desdobra, duplica, mistura discursos em uma construção labiríntica que concede voz à ambiguidade da palavra e abriga uma irradiação incessante que busca o impronunciável que habita a língua. Há também a sensibilidade que se debruça sobre temáticas apagadas da história, repetições do uso de palavras que ganham direções e significados heteróclitos, como os dois advérbios escolhidos – ainda e sempre. Juntos e fazendo uma espécie de justaposição, eles funcionam como abertura para o enigma e uma maneira de desvio à impostura da língua. “Ainda sempre ainda” é uma exposição que, desde a entrada, se sustenta em um estado de perda, numa relação de crise com a linguagem.
Em “Linha do tempo” outra dobra se configura: advérbios recortados de revistas publicadas no Brasil desde 1973 – ano de nascimento da artista – e colados sobre uma superfície, formam uma linha de tempo em que se projeta a possibilidade de uma outra passagem, que escoa por entre as palavras, uma curva que embaralha passado, presente e futuro. As questões ali abrigadas aprofundam a discussão anunciada por Georges Didi-Huberman em “Diante do tempo”: a dimensão de uma temporalidade complexa e difusa. Para ele, o pensamento de Walter Benjamin, que está na base de seu modelo anacrônico, sugere que qualquer narrativa histórica é feita por uma montagem de elementos heterogêneos. Em termos benjaminianos, há uma atualidade no passado quando este é visto através das imagens. Na linha do tempo criada por Marilá Dardot, o que se coloca em cena é justamente a desmedida desse impossível, uma aposta na pequena revolução que acontece pelo efeito dialético que se dá entre palavra e imagem, sustentando a enunciação como última saída ao massacre imaginário e político.
Em “Palavra figura de espanto” capas descascadas de livros tocam a materialidade evanescente de palavras que, em duplas, nos pontos de estilhaço e poeira promovem encontros e ranhuras que desenham horizontes ora improváveis e de tensão, ora de fluidez e harmonia, mostrando a dimensão ambígua e delirante da palavra. O assombro diante da palavra – ou a própria palavra como “figura de espanto” – se abriga no ato de arrancar a capa dos livros, dando a ver os restos e camadas pictóricas até a sulcagem mesmo da superfície com a escrita: rememoração das paredes de uma caverna que, mais tarde, nos conduzem ao papel. A artista reconhece que nesse trajeto se desenha todo um percurso da grafia, ou mais propriamente da letra: do estilete à pena, da pena à caneta, da letra cursiva à letra de forma, do manuscrito à tipografia e à imprensa. Como gesto de resistência, a escrita sobrevive acolhendo o indizível e o impronunciável, mas não deixando de operar também sua ultrapassagem com um armazém de sinais que celebra o encontro com outras vozes e grafias. Das palavras tantas – entre as cansadas e pálidas, secretas e mágicas, ditas e caladas – forja-se um mundo: da impotência ao impossível, um outro mapa com suas marcas, manchas e litorais.
Em “Modelo para armar”, uma instalação com colagem sobre fragmentos de caixas de papelão abriga substantivos recortados de revistas antigas. As caixas, que já não servem para serem utilizadas, funcionam como abrigo de narrativas históricas, políticas, afetivas e a própria linguagem entra em cena para ser rearranjada e ressignificada como projéteis de uma operação simbólica. O título da obra é uma referência a um livro de Julio Cortazar, em que o escritor faz a narrativa a partir de peças mutáveis, em uma “armação” em que deslocamentos diversos das palavras procuram eliminar qualquer fixidez, abrindo os sentidos para que o leitor faça sua montagem pessoal dos elementos e acabe por escrever a história. A obra de Marilá Dardot também nos convoca como leitores ativos. Seu trabalho não visa à produção de um sentido estanque, não produz nenhum tipo de explicação que fixe o sujeito. Sua obra é uma espécie de ancoragem que também é deriva e convida à produção de novas palavras que possam recriar a existência, na vertigem mesma do estranhamento.
Em “Ações do mundo”, seu ato de tentar arrancar capas de livros sobre nações do mundo revela a beleza de fragmentos de mapas que compõem novas geografias. Os índices dos livros anunciam capítulos que descrevem países a partir de frases nacionalistas e imperiosas. Uma parte do tecido da capa, dobrada, dá título ao trabalho, subvertendo a ideia de nação para ação: as nações se tornam ações do mundo desestabilizando o mundo familiar pelo manuseio inventivo do idioma, promovendo a mestiçagem de substâncias heterogêneas: palavra e imagem que, pela força do gesto ou de uma dobra, revelam que a experiência de reabitar o corpo e habitar a palavra pode refundar o mundo.
No mesmo diálogo, se recria uma ideia de país em “O Brasil o Brasil”. Invocando a espessura da palavra em sua aparente simplicidade, as palavras “O Brasil” – também recortadas de revistas antigas – são coladas sobre uma superfície de cor neutra, mas diferentes cores e tipologias se apresentam como um ensaio de aguda força política. Como acontece em “Linha do tempo”, uma dimensão é revirada e aqui, como dito por Walter Benjamin, “a verdadeira imagem do passado perpassa, veloz”. Marilá Dardot incorpora essa dimensão do tempo em sua própria existência: quase 50 anos depois de seu nascimento e atravessando a história do país, faz de seu trabalho uma verdadeira transmissão da experiência naquilo que o mais singular e pessoal pode dizer ao coletivo.
A série “Libros Y” nasceu de um letreiro de rua de uma casa editorial – Libros y Editoriales – na Cidade do México. A tipologia e o material daquele anúncio foram reproduzidos para criar outras associações, como categorias possíveis de uma biblioteca imaginária em que os livros aparecem como catalisadores de sentimentos e ações. Os eventos que o livro pode gerar, tanto no contexto íntimo quanto no político, encontram um novo mundo a partir da palavra: prazer, rebelião, subversão, desastre, potências, transformações ou insurreições. Seus letreiros sinalizam que, para reescrever as palavras que compõem a história, devemos fazê-lo letra a letra – uma aventura que vai além da comunicação, além do sentido e toca um ponto insondável: o seu “ponto de contato com o desconhecido”. As experiências trazidas nas palavras dos letreiros não visam diretamente o sentido, mas vasculham os traços que são, antes de mais nada, apostas na subversão da língua e de seu poder transfigurador. Essa transfiguração é destacada por Roland Barthes que afirma: “Toda a poesia, todo o inconsciente são uma volta à letra”, uma aventura que se situa à margem das pretensas finalidades da linguagem e, justamente por isso, no centro de sua ação.
“Domine seu idioma”, frase que a artista encontrou em um dicionário, ganha novo sentido. Novamente, a exploração da letra em seu aspecto gráfico, imagético, abre as portas de uma dimensão da linguagem que não se deixa fixar em nenhuma decifração. Um conjunto de dicionários empilhados com intensa força cromática, representando um paradigma em que as palavras perpetuam poderes e privilégios, é retomado em um devir imprevisível. As palavras, por sua vez, não se deixam tomar pacificamente como partes de um discurso. Elas deslizam criando uma ética que aponta para o avesso de uma ordem imperativa.
Nas brechas onde pode-se fazer poesia, Marilá Dardot reinventa a utopia dando-lhe densidade única. Dominar o idioma é saber se movimentar no tempo e para além do sentido: em outras palavras poder tomar a palavra, honrar a palavra, encontrar na ponta da língua mais do que a promessa ou a esperança de um lugar ideal: o tremor que nos faz vivos e recria o tempo. Como alerta Walter Benjamin: “Conhecer o passado não significa conhecê-lo como ele de fato foi. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo”.
Ainda, sempre, ainda.
Bianca Coutinho Dias
Bianca Coutinho Dias é psicanalista, escritora, ensaísta e crítica de arte, atua no território multidisciplinar da psicanálise, literatura, filosofia, teoria e prática artística. Mestre em Estudos Contemporâneos das Artes pela Universidade Federal Fluminense – UFF (2017). Especialista em História da Arte pela Faculdade Armando Alvares Penteado – FAAP (2011).
O Terceiro Mundo de Marilá Dardot é sinônimo de liberdade. Trata-se de um terceiro que não é fruto da dialética clássica; um terceiro que não é mera síntese, mas sim instauração de uma diferença. A artista usa, de propósito, a expressão “Terceiro Mundo” sabendo das tensões que ela convoca: seu uso, durante a Guerra Fria, para designar países que seriam economicamente ‘subdesenvolvidos’ e geopoliticamente não alinhados. Com o fim da polarização, estes termos caíram em desuso, substituídos por ‘países desenvolvidos’, ‘países em desenvolvimento’, ou ainda ‘emergentes’ e ‘países subdesenvolvidos’. Todas essas expressões trazem consigo um pensamento hegemônico que não interessa à Dardot. Ao contrário dessa lógica hierárquica, há aqui uma escolha por pensar o número 1 como o de um singular, o 2 como o embate entre duas experiências (indivíduos, olhares, mundos, culturas) e o 3 como o acontecimento que surge desse encontro.
Assim, o embate entre dois elementos não é uma competição, tampouco serve para comparação, mas sim um encontro, ou desencontro, que gera um terceiro – o diverso do já dado, a resultante de confluências, cruzamentos, associações. Dardot se apropria de trabalhos de outros artistas e escritores (Cildo Meireles, Fabio Morais, Cinthia Marcelle, Sara Ramo, Italo Calvino, Julio Cortázar, entre outros) e, a partir deles, deflagra uma nova criação. Nesse ato, dilui a noção de obra acabada e afirma aquela do trabalho em processo, conjunto, em pedaços, fruto justamente dos encontros, e não de uma autoria fechada, autônoma.
A mesma Dardot certa vez afirmou: “eu nunca consegui perceber nenhum de meus trabalhos como ‘obra de arte’, só os dos outros. Os meus, eu vejo como canteiro de obras mesmo, construção”(1). Assim, a exposição Introdução ao Terceiro Mundo não deixa de ser uma síntese desse modo de pensar a própria prática de trabalho enunciada pela artista.
Na mostra, a instauração desse terceiro mundo começa com a delimitação de um território – foi construída uma nova sala dentro da sala de exposições tradicional (2). Dentro dela encontra-se uma espécie de pequeno museu. Inúmeras vitrines com reproduções de ´obras de arte’, seguidas de verbetes, criam um novo olhar, adicionam um outro sentido, ou somente embaralham o significado primeiro diante daquilo que foi apropriado pela artista.
Esse pequeno museu se organiza por categorias: água, tempo, paisagem, arquitetura, mapa, etc. Tal como uma enciclopédia. O tempo, por exemplo, aparece reinventado por meio do diálogo com obras de três artistas, Lais Myrrha, Rivane Neuenschwander e ela mesma, Marilá Dardot. A literatura, disciplina fundamental na vida e no trabalho da artista, funde-se com a dos chamados ´artistas visuais’. Uma passagem sobre a criação de um novo tipo de relógio presente no livro Histórias de cronópios e de famas, de Julio Cortázar, é o ponto de partida para pequenos textos, redigidos pela própria Dardot, e ali se mesclam as letras de Cortázar, as da artista, a imagem do trabalho, e o sentido impregnado no pensamento de cada um.
Vejamos o caso em que a artista usa o seu trabalho A meia-noite é também o meio-dia (2004) como mote deflagrador. Vê-se a imagem da obra, um relógio instalado numa casa de campo, e a partir dela temos o trabalho Introdução ao Terceiro Mundo (Relógio 4). O que vemos é uma imagem da obra em um contexto específico e, abaixo, um verbete sobre a mesma que mescla as palavras de Dardot e Cortázar, doando mais uma possível interpretação para a manifestação que deflagrou o processo. Diz o verbete:
“RELÓGIOS Uma fama tinha um relógio de parede e dava-lhe corda todas as semanas COM GRANDE CUIDADO. Passou um cronópio e ao vê-lo pôs-se a rir, foi pra casa e inventou o relógio para tempos mais lentos, ideal para bibliotecas e casas de campo. O relógio demora longas 24 horas para dar uma volta completa, coincidindo com o horário oficial apenas ao meio-dia, de maneira que basta o cronópio usá-lo para aproveitar melhor o tempo, terminar aquele livro ou estender o feriado no sítio.”
As interações aí são algumas e podem nos ajudar a pensar não só os procedimentos empregados nessa exposição, mas na estrutura da poética da artista como um todo. A meia-noite é também o meio-dia se constitui em um relógio dupla face como estes encontrados em estações de trem ou instituições. Ou seja, lugares onde o tempo cronológico, aquele da lógica produtiva, mercantil, concorrencial, marca do capitalismo, está sempre dando as regras e ditando nossos passos, diariamente, rumo a uma corrida desenfreada cujo norte, muitas vezes, desconhecemos.
Sua aparência é a de mais um relógio como outro qualquer, mas o seu mecanismo de funcionamento foi alterado. Aqui, para cada segundo passado em um relógio ‘normal’, levam-se dois segundos para que os ponteiros caminhem o mesmo trajeto. Ou seja, o tempo é desacelerado. Ao escolher uma imagem do trabalho instalado na casa de campo de sua colecionadora, Dardot evoca esse tempo distinto do tempo da cidade, dos centros urbanos céleres.
Se pensamos o Terceiro Mundo como um lugar imaginário, tal como as cidades inventadas por Italo Calvino em seu Cidades invisíveis, podemos crer que existem ali diversas formas de se relacionar com o tempo: um tempo suspenso, às vezes um tempo elástico, às vezes aquele desacelerado. Todas as obras eleitas pela artista para compor esse terceiro mundo respiram a mesma sutileza política que habita os seus próprios trabalhos. A artista erige, em toda sua trajetória, uma constante crítica ao modo de vida imposto pelo tempo do capital, sem por isso ser literal ou panfletária.
Um outro trecho desse grande mapa que forma a experiência do Terceiro Mundo ecoa esse pensamento do tempo. Quando nos é apresentado o que seria a Viagem nesse outro lugar, o que temos é um desenho que um percurso cuja ênfase está dada no caminho, nos pequenos detalhes, percurso que não traz nem início, nem fim, sendo a própria travessia o momento mais importante. No verbete que o acompanha talvez tenhamos uma síntese preciosa não só sobre a temporalidade, mas de um modo mais geral – utópico? – de se vivenciar o mundo em que vivemos. Afinal, não sejamos ingênuos, esse Terceiro Mundo não deixa de ser um reflexo de inquietações diante do mundo “real”, sendo assim um outro lugar, criado, inventado.
Lemos o seguinte trecho:
“VIAGEM Para os autonautas do Terceiro Mundo, a estrada deixa de ser um percurso para tornar-se o destino da viagem; seu propósito de velocidade transforma-se em lentidão deliberada. A bordo de um carro-casa, esses viajantes transformam em expedição o que seria mero trajeto de poucas horas, experimentando um mês fora do tempo. Sem sair da autopista, exploram suas margens; observam e vivem cada quilômetro. Buscam o outro caminho, que no entanto é o mesmo. (JC, CD, MD)”.
Nele está contida não só uma sinalização para um tempo mais lento, mas também uma abertura para aquilo que, na pressa recorrente, na ânsia por alcançar um ponto de chegada (que nunca se apresenta de fato), perdemos de vista. Saber que o que importa é a travessia, nem o inicio, nem o fim, se dar o tempo de viver o presente. Ato que parece óbvio, mas se constitui em um dos maiores desafios postos ao homem. Estamos, quase sempre, no passado ou no futuro. Fazer da estrada o destino da viagem é valorar cada dia, um dia como outro qualquer, em algo precioso. Significa, no limite, dizer não para a lógica que nos faz correr diariamente rumo a um ponto de chegada que é, no mais das vezes, signo de alienação. Note que os autonautas, personagens do verbete Viagem, buscam um outro caminho, mas que, no entanto, é o mesmo. Ou seja, não se trata de sair dessa vida que nos é dada, mas realizar esse mesmo percurso de maneira distinta. Não se trata de dizer não, mas um sim que inclui uma sutil e decisiva inflexão.
O modo de ser dos trabalhos que compõem esse outro lugar criado pela artista pede que cada um se disponha a um olhar mais demorado e paciente. Dardot chama o público para uma posição ativa diante de cada uma de suas associações, deixando lacunas que devem ser preenchidas de acordo com o manancial que cada um traz consigo. E, quem sabe, a partir dali deflagrar novas e insuspeitadas relações.
Toda a proposição de Introdução ao Terceiro Mundo recorda um belo aforismo:
“Para todo escritor é sempre uma surpresa o fato de que o livro tenha uma vida própria, quando se desprende dele; é como se parte de um inseto se destacasse e tomasse um caminho próprio. Talvez ele se esqueça do livro quase totalmente, talvez ele se eleve acima das opiniões que nele registrou, talvez até não o compreenda mais, e tendo perdido as asas que voava ao concebê-lo: enquanto isso o livro busca os seus leitores, inflama vidas, alegra, assusta, engendra novas obras, torna-se a alma de projetos e ações – em suma: vive como um ser dotado de espírito e alma, contudo não é humano. A sorte maior será do autor que, na velhice, puder dizer que tudo o que nele eram pensamentos e sentimentos fecundantes, animadores, edificantes, esclarecedores, continua a viver em seus escritos, e que ele próprio já não representa senão a cinza, enquanto o fogo se salvou e em toda parte é levado adiante. Se considerarmos que toda ação de um homem, não apenas um livro, de alguma maneira vai ocasionar outras ações, decisões e pensamentos, que tudo o que ocorre se liga indissoluvelmente ao que vai ocorrer, perceberemos a verdadeira imortalidade, que é a do movimento: o que uma vez se moveu está encerrado e eternizado na cadeia total do que existe, como um inseto no âmbar.”(3)
O Terceiro Mundo de Dardot é uma metáfora da possibilidade de transformação, de uma reinvenção diante de categorias já dadas, tantas vezes impostas. Um outro mundo deflagrado a partir do contato com manifestações de outros artistas, ou seja, a sinalização de que esse contato pode engendrar novas obras, inflamar vidas, mudar o curso de um olhar. Recordo-me aqui de um depoimento da própria artista que reflete (4) essa potência encontrada em seu trabalho:
“Pessoalmente, acho que alguma vontade de mudança é o que moveu, move e sempre moverá o artista em qualquer época, acho que a arte nasce e se alimenta justamente do incômodo. Pensar na arte agora é pensar também em como ela reflete o espírito de uma época, e vivemos, acho, em uma época de imenso individualismo e de descrença nas grandes mudanças em escala coletiva. E acho que esta é uma situação também muito incômoda (…). Tento com meu trabalho reagir aos meus incômodos, e percebo algumas tentativas de retomar aquele espírito coletivo – talvez com mais sutilezas e com menos certezas, tenho mais dúvidas, mais perguntas que afirmações, proponho pequenas subversões e heterotopias. Enfim, continuamos tentando mudar o mundo. Mesmo que seja um pouquinho só.”
Marilá Dardot nos lembra que a chance de construirmos um terceiro mundo hoje, ou seja, uma diferença, tem início no incômodo diante do mundo tal como nos é dado. Como resposta, nem o idealismo, as mudanças heróicas e utópicas, tampouco a complacência de fundo cínico, mas sim as heterotopias, espécies de utopias possíveis. Ao entrarmos no seu Terceiro Mundo, somos lembrados de que não só o artista pode ser sujeito de uma mudança, mas essa possibilidade está endereçada a cada um de nós no encontro com a arte, que nos transforma e, por consequência, opera uma mudança em nossa relação com o que está à nossa volta. Mesmo que numa escala delicada e sutil, mais próxima do tempo presente, ela pode, sim, ocorrer. Nos cabe a abertura para o encontro, motor fundamental da construção de todo o Terceiro Mundo.
1) Trecho de e-mail trocado com a artista.
2) Aqui o texto refere-se à primeira montagem da exposição “Introdução ao Terceiro Mundo”, na Sala A Contemporânea do CCBB Rio de Janeiro.
3) Friedrich Nietzsche, Humano, Demasiado Humano. Companhia das Letras; p. 140
4) Depoimento de Marilá Dardot publicado na seção “Mirando os anos 1970 à luz das vozes dos anos 2000”, editada por Luisa Duarte, inserida no catálogo da mostra “Anos 70 – arte como questão”, curada por Glória Ferreira.
Escrita, afetividade e colaboração
“…Desde que existe como gênero literário, a filosofia recruta seus seguidores escrevendo de modo contagiante sobre amor e amizade.” Peter Sloterdijk
A obra de Marilá Dardot baseia-se em alguns pressupostos. Em primeiro lugar, apóia-se numa crença ferrenha na escrita como gatilho humanístico e afetivo que nos reposiciona diante de nós, dos outros e do mundo. O ângulo escolhido não resvala no esmiuçamento da linguagem e do discurso pelo viés estruturalista ou mesmo pós-estruturalista, mas na capacidade poética das fissuras, das pausas, da volumetria e da sensualidade do universo da escrita (o livro como objeto de desejo e de afeição, capítulos, espaçamentos dos textos, o sentido dos textos, coleções de palavras e de frases). Sua intenção me remete à introdução do livro Regras para o Parque Humano de Peter Sloterdijk, em que o autor pontua que “livros, observou certa vez o escritor Jean Paul, são cartas dirigidas a amigos, apenas mais longas”. E continua dizendo que essas cartas de amizade à distância são enviadas ao mundo muitas vezes sem destinatários precisos e podem chegar até mesmo aos que ainda nem nasceram. O remetente tem consciência de que o envio dessas missivas tem o poder de multiplicar indeterminadamente oportunidades de estreitar amizade e essa relação entre escritor e receptor representa um caso de amor à distância. “Isto exatamente no sentido de Nietzsche, que sabia que a escrita é o poder de transformar o amor ao próximo ou ao que está mais próximo no amor à vida desconhecida, distante, ainda vindoura”, finaliza Sloterdijk. Marilá evoca a incomensurabilidade da vida espelhada neste universo.
Em Rayuela, trabalho de 2005 inspirado no livro O Jogo da Amarelinha (1963), de Julio Cortázar, a artista trama um diálogo com a obra máxima deste autor argentino. Como se sabe, o enredo foca-se mais no livro do que propriamente na vida dos personagens. A leitura dos capítulos pode ser feita salteada e novos caminhos podem ser percorridos na construção de entendimentos, como se propõe o jogo citado no título. Marilá estrutura uma narrativa pelo deslocamento do texto, que é suprimido em quase sua totalidade, sobrando apenas as passagens em que é descrito um deslocamento espacial e as páginas e capítulos.
O segundo pressuposto de sua obra aponta para o compartilhamento, o arquivamento e a generosidade como partícipes da formalização de seus trabalhos. Em vários momentos de sua trajetória, Marilá Dardot ativa a colaboração como fundamento do afeto e da escrita. Uma das primeiras vezes em que esse aspecto aparece é na obra O Banquete (2000). A artista toma a obra de Platão que versa sobre o amor como o mote do trabalho. Ela pede a amigos que enviem um texto de sua preferência sobre o amor. As fontes escolhidas são as mais diversas. O conjunto arregimentado é impresso em folhas de acetato transparente e encadernado para formar um novo livro. Ao serem sobrepostos, os textos causam uma polifonia ensurdecedora e conseqüentemente, incomunicabilidade. Em Biblioteca de Babel, instalação composta por redes, caixotes, plantas, esteiras, almofadas e livros, Marilá constrói uma biblioteca provisória, um local de leitura confortável e informal em que as pessoas podem ler pelo tempo que quiserem. A coleção que se encontra à disposição é formada por livros “doados” temporariamente por amigos, visitantes, desconhecidos, ou qualquer um que atende ao chamado da artista. O convite é feito alguns dias antes da abertura: “Há algum livro que você gostaria de compartilhar com o mundo?”. Ao serem recebidos, os livros são fichados e carimbados, como um símbolo de pertencimento intangível e eterno a esta Biblioteca “que pode conter todos os livros do mundo” , a exemplo do conto Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges, outro autor argentino de suma importância para a inventividade da escrita no século XX. Esta biblioteca interminável, infinita, eterna, ilimitada e periódica é uma metáfora do prazer e angústia da incomensurabilidade do conhecimento humano. Ao final de cada etapa da exposição (que ocorreu em São Paulo e no Recife), os livros eram devolvidos aos donos e deixavam sua marca indelével neste arquivo in progress.
A atitude artística de Marilá Dardot aponta para o reavivamento de um outro tempo: de suspensão, de doação, de afeto, de contemplação, de degustação no mais amplo sentido, de humanidade, em suma. É um contraponto a uma sociedade do desapego, do descartável, do imediato, da histeria, do medíocre e do individualismo.
Cristiana Tejo
Marilá Dardot has been creating a collection of works that have the book as a key reference. Whether alluding to specific literary or philosophical works or to the book-object in itself, her installations, videos, actions and objects establish a dialogue with the practice of writing and reading. Through this practice the artist transposes and contaminates the verbal and discursive universe into the visual and conceptual. This exhibition – the second of the Pampulha Project dedicated to young artists – gives continuation to the artist’s investigations. In two new installations, Marilá takes as a starting point the external and internal spaces of the Museum in order to visit citations and fragments, discourse and language.
In A Origem da Obra de Arte [The Origin of the Work of Art] (2002), the artist pays reference to the celebrated 1936 paper of German philosopher Martin Heidegger, an Aesthetics classic, whose conference bears the same name. Instead of quotations and texts, Marilá presents us with 150 ceramic pots shaped in the form of alphabetical letters, in addition to soil, seeds and gardening tools, disposed over simple workbenches of the Museum’s Multiuse Room. Rather than an installation per se, this is an invitation to the artwork and to work itself, through which the spectator will sow the letters in order to place the pots around the Museum’s gardens, thereby composing (or not) words out in the open. The architecture of the Multiuse Room evokes the idea of a greenhouse or a gardening studio. Instructions for use in green vinyl were applied over its glass structures – poetic sentences that counteract the Pampulha landscape: “fill the letters with soil, plough the letters […]”.
What is at play here is the concept of the artwork as a possibility of realization. The image of the “construction plot” is borrowed in order to create a field of experimentation possibilities for the occurrence and the construction of the work of art, beyond the space of the actual Museum. The use of ceramic pots commissioned to a pottery of the interior suggests yet another approach: in these unfeigned and seductive objects that constitute the starting point of the move proposed to the spectator-participant, a revealing encounter is achieved between utensil/instrument on the one hand, and work/object of art on the other. Here the cross between artistic practice and craftsmanship or manual work is fundamental, something which points to the old opposition between nature and culture – which is also reflected in the spaces in which the work-artwork becomes fragmented and displaced, from a room denominated as “multiuse” to the Gardens.
Literally, the soil passes through the spectator’s hands in order to go back to the world. “To worldify” is what the artist proposes in her poetic instructions. In terms of the plastic tradition, one thinks of the presence of the earth that permeated the work of ‘60s and ‘70s artists who worked with Land Art and Arte Povera. However, A Origem da Obra de Arte does not exactly stretch the field of action of art to nature and landscape. Rather, it proposes an inverse course, one of a return to the “origins,” counteracting- nature and manual work to artistic practice. In the end, it is about planting.
Pensamento do Fora [La pensée du dehors] [Outside Thought] (2002), the installation that occupies the Museum’s gardens, pays reference to an essay by French philosopher Michel Foucault, also of the same title. This work begins with the appropriation of a visual element of the Museum to propose a type of literary adherence to the world. Marilá cloned 40 small signposts of the Museum’s gardens remaining faithful to their characteristics of colour, format, typology and location. However, the prohibitive sayings of the institution (“DO NOT STEP ON THE GRASS,” “CYCLING FORBIDDEN,” “FISHING FORBIDDEN”) give rise to quotations extracted from the history of literature and thought, which are in some way related to a broad spectre of notions, such as time, life and landscape.
“Today I will draw the scent of the trees.” (M. de Barros)
“I am freed and lost.” (F. Pessoa)
“Be quick, even when standing.” (G. Deleuze e F. Guattari)
“Today we are more alive than ever.” (C. Drummond de Andrade)
“All that is straight lies.” (F. Nietzsche)
In this garden of quotes or open-air library there are multiple possibilities of access, reading and interpretation. In this case Marilá once again carried out an invitation – one to the reading and composition of fragments dispersed throughout the garden in a text belonging to the spectator-reader. Wisely a specific signpost alerts that on the outside of the Museum “everything is delicately interconnected.”
— Adriano Pedrosa, curator, and Rodrigo Moura, assistant curator
Marilá Dardot was born in Belo Horizonte, in 1973; she lives and works in Rio
de Janeiro.
Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – MG – Brasil.
The exhibitions of the Pampulha Project 2002 are made possible thanks to the generous support of Luiz Augusto Teixeira de Freitas.