A Galeria Vermelho apresenta a exposição coletiva Vol., com curadoria de José Augusto Ribeiro e Fernando Oliva.
A exposição Vol. constitui-se de trabalhos de artistas e de musicistas em que o fenômeno sonoro é processado como matéria concreta, como algo dotado de volume também no sentido atribuído à escultura ou, ainda, à pintura.
A seleção, feita por Fernando Oliva e José Augusto Ribeiro, reúne músicas, vídeos, objetos e ações em torno da idéia de “estrutura em movimento”, conceito que empresta noções da arte e da ciência para designar sistemas complexos cujos elementos constitutivos são móveis, permutáveis, relativos ou relacionais.
Sons, imagens, textos e ações investigam, em conjunto, possibilidades de alterar a apreensão do tempo e do espaço, promovendo um confronto entre artistas ligados diretamente à questão visual e/ou inseridos no sistema da arte contemporânea e aqueles situados mais especificamente no campo dos estudos da música e dos sons – principalmente de vertente eletroacústica, por sua possibilidade de uma concepção espacial do som, experimentalismo e liberdade na escolha e uso das sonoridades.
Participam de Vol.: Amilcar Packer, Angela Detanico e Rafael Lain, Chelpa Ferro, Eloi Silvestre, Fabiano Marques, Fernando Iazzetta, Guto Lacaz, Laura Belém, Lia Chaia, Marssares, Mauricio Ayer, Nicolás Robbio, Patrícia Osses, Paulo Nenflídio, Paulo von Zuben, Pedro Perez, Renata Lucas, Ricardo Basbaum, Rodolfo Caesar, Sérgio Kafejian e Trio Akronon (Rogério Costa, Silvio Ferraz e Edson Ezequiel).
O título da exposição, abreviatura de “volume”, se refere também aos tomos de uma coleção.
A Galeria Vermelho apresenta a exposição White Box, individual de Ricardo Carioba, de 1° a 23 de outubro.
White Box é composta por fotografias, vídeo, desenho e uma instalação. A pesquisa de Ricardo Carioba lida com o ambiente por trás das interfaces, que normalmente não é acessível ao usuário dos equipamentos eletrônicos.
As fotografias são produzidas a partir de estímulos que a máquina de ampliação fotográfica não está programada para receber. A máquina produz então formas e cores independente do arquivo original que lhe foi enviado. São fotografias que não representam a realidade, sem referências ou memória normalmente atribuídas à imagem fotográfica.
Ricardo Carioba trata de aspectos da luz, tais como suas partes, velocidade e propagação. São elementos fundamentais para o funcionamento dos meios eletrônicos. No térreo da galeria, haverá uma instalação onde a estrutura da tela do computador é transposta poeticamente para o teto da galeria. A obra compõe-se pela difusão da luz no espaço. As lâmpadas são coloridas, porém quando a luz alcança os observadores ela será branca, pois branca é a somatória das luzes vermelha, verde e azul.
A Galeria Vermelho apresenta as exposições Até onde a vista alcança, de Carla Zaccagnini..
Até onde a vista alcança, de Carla Zaccagnini, propõe investigar aspectos das relações da visão com a pesquisa científica, com o jogo e com a arte. Por um lado, a exposição se refere à observação persistente, contínua e atenta que esteve na base da ciência e da arte durante séculos e aos limites do olhar como meio de apreensão da arte contemporânea. Por outro, coloca em xeque a visão como instrumento privilegiado de conhecimento do mundo.
A exposição inclui o Museu das Vistas, projeto que consiste na formação de uma coleção de desenhos. Uma tarde por semana, os visitantes poderão descrever vistas à retratista policial (e também artista plástica) Tâmara Espírito Santo e levar para casa os desenhos originais. A coleção do MdV é constituída por segundas vias dos desenhos, realizados em papel autocopiativo; Duas margens, um díptico de vídeos que mostram as águas do oceano Atlântico chegando a duas praias, um realizados por Wagner Morales (no Brasil) e Sofia Ponte (em Portugal).
Serão expostos também Jogo de memória, múltiplo desenvolvido com o apoio da Grow para esta mostra; L’érosion c’est la vie, um desenho tridimensional composto por 2000 folhas de papel vegetal, que empilha-das, reconstroem o relevo fatiado de uma montanha; e Floresta virgem , uma gravura do séc. XIX que é, ao mesmo tempo, composição artística e registro científico. O deslocamento dessa obra histórica para o contexto da mostra enfoca a crença na visão como instrumento essencial para a formulação de teorias científicas e para a construção e apreensão de obras artísticas.
Carla Zaccagnini participou do Panorama de Arte Brasileira no Museu de Arte Moderna de São Paulo em 2001, fez exposições individuais no Museu de Arte da Pampulha e no Centro Cultural São Paulo. No exterior, expôs no MALBA de Buenos Aires, no Kunstverein de Munique, entre outros.
A Galeria Vermelho apresenta Hora aberta, exposição de Manuela Marques, de 10 de agosto a 4 de setembro.
Hora aberta articula o trabalho da fotógrafa francesa Manuela Marques e o escritório de design, OVO. Esta é a primeira exposição individual de Manuela Marques no Brasil, que esteve em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília em 2003 fazendo residência artística com apoio da AFAA e do Consulado da França em São Paulo.
Com curadoria de Lisette Lagnado, a artista apresenta 6 fotografias em grande formato e três vídeos. Hora aberta designa literalmente a hora do crepúsculo vespertino, mas Hora aberta significa também, aqui, evidenciar que a pesquisa de Manuela Marques se insere nessa percepção de um tempo em suspensão. Suas fotografias remetem a lugares ou vidas congeladas. Os vídeos em DVD trazem movimento, mesmo que explorando uma velocidade próxima da imobilidade.
As imagens de Manuela Marques conjugam-se com assentos de espumas modulares, desenvolvidos especialmente pelo designer Gerson de Oliveira. Foi pedido ao designer que pensasse como proporcionar ao visitante um lugar para permanecer por um tempo propício à duração dos vídeos. A intervenção consistiu em criar uma diferença ambiental com a secura das imagens exibidas, oferecendo conforto e calor.
Manuela Marques já expôs no Centro Nacional de Fotografia de Paris, na Gallery Schroeder/Romero em Nova York, na Galerie Anne Barrault de Paris, no Museu da Fotografia Canadense em Ottawa – Canadá, na Galerie Imago Lucis no Porto – Portugal, entre outras.
OVO é o escritório de design formado pela dupla de designers Luciana Martins e Gerson de Oliveira. A parceria da dupla remonta a 1992, porém o nome OVO passou a representá-la a partir de 2000. Desde o início OVO vem desenvolvendo vários projetos, sobretudo na área de mobiliário, que compõem o seu catálogo de produtos e participado de exposições em instituições e galerias. Em 2002 OVO inaugurou sua loja.
A Galeria Vermelho apresenta a exposição coletiva Grátis, de 07 a 31 de julho.
Esta coletiva vem discutir a relação entre arte e mercado, tiragem, industrialização, valor. Estas questões surgem constantemente em conversas entre artistas, curadores e galeristas, e influenciam o processo do fazer artístico. Grátis aponta o mercado como um agente presente na reflexão do artista.
Para acentuar estas questões, será criado um paralelo entre a galeria comercial e um shopping center. Tanto na montagem do espaço expositivo, que contará com um totem de sinalização das obras como nos shoppings, como nas comparações entre seus produtos, visitantes e consumidores.
O grupo de participantes é composto por artistas e designers que encontraram em sua produção algumas das questões acima. O resultado é uma mostra com trabalhos que discutem mercado, meios de produção em série, desejo, escolha, função da obra de arte, e apresentação da obra/produto.
Dentre os trabalhos apresentados, estarão: “As Desaparecidas”, de Rosana Monnerat, onde a artista destrói as matrizes de cobre usadas em sua última exposição, dando-lhes polimento, para então vendê-las ao preço do quilo do metal vigente no mercado; “Lembranças”, de Edilaine Cunha, um disco de vinil branco onde em suas faixas foi gravado o silêncio; “ Artista Vende-se”, de Leandro da Costa, que consiste na venda de todos os objetos pessoais do artista ao invés de suas obras e “Privado”, de Maurício Ianês, uma série de performances de pequena duração, feitas sob encomenda do público, privadas, com hora marcada e pagamento antecipado. O público poderá escolher entre ‘cinco minutos de alegria’, ‘trinta minutos de decepção’ e ‘dez minutos de tristeza’.
Marco Paulo Rolla, mais conhecido por suas pinturas e cerâmicas, apresenta uma exposição que se caracteriza pelo trânsito por diversos meios: pintura, desenho, cerâmica, vídeo, imagem digital, performance e instalação. O artista mostrará como influências da música, dança e teatro, que permeiam sua carreira, culminam em uma produção diversificada.
Há trabalhos novos, como a vídeo-performance “Deformador Analógico”, e trabalhos antigos com outra roupagem, como a performance “Confortável”, que foi apresentada em sua última individual como registro em vídeo e agora será executada ao vivo na Galeria Vermelho.
Através do tema da existência humana e suas relação com os desejos e objetos do cotidiano, o artista cria conexões e simbologias que permeiam desde os arquétipos temáticos de pinturas do séc XVII e XVIII até temas atuais como a tecnologia virtual, tudo ligado pela memória realista de nosso cotidiano relida simbolicamente em conceitos pictóricos.
Entre os trabalhos apresentados estão “Desconstruções” – desenhos sobre casca de parede, “Vanitas” – pedaços de carne crua de cerâmica que são réplicas das propagandas de carnes do supermercado, e “Canibal” um misto de escultura e performance.
As artistas Cinthia Marcelle, Marilá Dardot e Sara Ramo abrem a exposição Solto, Cruzado e Junto na Vermelho.
A exposição traz trabalhos individuais das três artistas, que apresentarão ainda, no dia da abertura, um trabalho coletivo que dá o título à exposição. “Solto, cruzado e junto” são as três maneiras de se dançar bolero. Trabalho/proposição/divertimento que usa o bolero, criando na galeria um ambiente de dança de salão, um baile, com mesas, luzinhas, bar. As artistas experimentam e propõem a experiência desta dança, uma linguagem em que estão em jogo a relação entre pares, a ocupação do espaço e a habilidade em lidar com tempos e contratempos, questões que permeiam outros trabalhos desta exposição.
Dentre os trabalhos apresentados, “Capa Morada”, de Cinthia Marcelle, série de fotografias que narra um processo de inserção numa outra cidade. O trabalho foi realizado durante uma residência da artista do Programa Very Real Time na Cidade do Cabo, em 2003. Marilá Dardot mostra, entre outros, “A meia noite é também o meio dia”, um relógio alterado em que os ponteiros andam com a velocidade reduzida pela metade. O relógio “abre” a exposição, propondo a quem entra na galeria um tempo modificado, mais lento. Sara Ramo traz “Selva-me”, vídeo em que há a delimitação precisa de um campo visual retangular que vai sendo ocupado por uma composição aparentemente aleatória, mas cuidadosamente construída, como uma pintura (o vídeo é feito de trás para frente).
As três artistas, residentes em Belo Horizonte, já trabalharam outras vezes em parceria antes e durante o período de 2003, quando foram selecionadas para a Bolsa Pampulha, do Museu de Arte da Pampulha. A curadoria foi feita pelas três artistas, que assinam também um texto sobre a exposição.
Cinthia Marcelle e Marilá Dardot foram selecionadas para o Rumos Itaú Cultural de 2002, participaram do Sábado de Performances, e Sara Ramo expôs no Panorama da Arte Brasileira 2003, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outras.
Rosana Monnerat apresenta O Mundo Não Precisa de Você. Nesta exposição, Rosana cria um ambiente para a fruição da obra, com tatames de E.V.A. e música desenvolvida pelo duo Mínima. Nas paredes, uma série de gravuras é intercalada por vídeos e fotografias, onde a artista desdobra conceitos de suas esculturas.
Uma grande rede de fios de aço cobrirá parcialmente a fachada da galeria, e no salão haverá ainda uma grande peça de fios de aço e turmalina. O processo de confecção da rede será registrado e exposto em forma de fotografias que mostram a artista tecendo a rede, e em suas costas estão escritas frases e palavras pensadas durante o processo tais como: Esqueço-me, Egoísta, A razão é uma anã, Fazer é rezar, Sem garantia, Todos sofrem, Origem do sofrimento, Corpo moita, Correnteza, entre outras.
A exposição 1, de Edouard Fraipont, apresentará 8 fotografias em grande formato e mais de 100 fotos 20 x 30 cm. As fotos foram adesivadas em manta magnética para que o público possa manuseá-las. Haverá um campo de trabalho imantado na parede, possibilitando a fixação e remoção das imagens de acordo com a edição do visitante. As imagens tratam da vontade de um indivíduo de romper com sua unidade. Correspondendo com o universo da matemática, este indivíduo se fragmenta, se multiplica, se anula e se transforma.
Derivas é um caminhar errático, um olhar oblíquo sobre a cidade de São Paulo. É um deixar-se perder entre os fluxos, a velocidade e os signos da urbe na tentativa de visibilidade além da opacidade de superfície da metrópole. Registros de circulação e contato com o espaço urbano revelados por sete artistas provocados pela inquietude de quem habita uma cidade da qual não se pode apreender o todo, condição que nos leva a reinventar uma cidade pessoal dentro da cidade dada.
O pensamento contemporâneo sobre o espaço urbano requer uma contrapartida mais complexa e menos romantizada da iconografia que representa as cidades. A tradição pictórica das paisagens de grande latitude, dos modos e costumes da população, que embasam a foto-documentação das cidades, parece já não dar conta da intrincada rede de significados que emerge das grandes metrópoles.
Para encontrar algum sentido além da banalização dos códigos, da paisagem mutante e da espetacularização das grandes cidades é preciso atenção voltada não para o que se apresenta tal como é, mas para aquilo que não se manifesta como imagem autônoma. É preciso cortar as várias peles da cidade, descobrir as várias cidades sobrepostas em camadas pelo tempo e pela experiência singular dos espaços, para decifrar alguns enigmas que nos levem a compreender melhor e a atribuir algum sentido ao território construído que habitamos.
Viver numa metrópole significa navegar pela instabilidade, pela inconstância e multiplicidade. Nossas “derivas” se deram não como a técnica de exploração situacionista – difundida nos anos 50, e que pregava a participação dos habitantes da cidade através de uma “circulação apaixonada” – mas guardam ressonâncias com essa forma de contato com a cidade. Experiências que configuram uma cartografia particular de São Paulo.
Os sete artistas convidados para esta empreitada formaram um grupo de discussão que, por três meses, debateram com os organizadores alguns textos de pensadores como Michael Sorkin, Paul Virilio, Marc Augé e Italo Calvino, entre outros, como ponto de partida.
Estabelecido tal campo de reflexão, os artistas passaram a elaborar projetos de obras que, discutidos em grupo, geraram novos conceitos e amplificaram as possibilidades do tema proposto. Sendo assim, a curadoria também ocorreu à deriva, não elegendo trabalhos que se encaixassem no tema, mas provocando situações para que fossem criados, configurando, dessa forma, um registro da cidade.
Eder Chiodetto é jornalista, editor de fotografia do jornal Folha de S.Paulo e autor do livro “O Lugar do Escritor” (Cosac & Naify, 2002)
Marta Bogéa é arquiteta, projetou a arquitetura das exposições “Arte Cidade 3” (São Paulo, 1997) e Imagética (Curitiba, 2003), entre outras. É autora do livro “Two way Street: The Paulista Avenue Flux and counter-flux of modernity (SDSU Press, 1995)