Avant-Gard is not dead título escolhido por Marcelo Cidade para dar nome a sua terceira exposição individual na Vermelho, remete em parte ao significado literal da expressão avant-gard no francês. Originalmente, a expressão designava a fila de soldados que antecede as tropas em movimento de ataque durante uma guerra. Is not dead, verbo e predicado que complementam a o título, fazem referência ao movimento punk e a afirmação altamente difundida de que o movimento esse não morreu – punk is not dead.
Juntas em uma única frase, essas duas referências sintetizam o conteúdo dos trabalhos que compõem a individual e que pretendem questionar os ideais modernistas importados em grande parte das vanguardas européias no século 20, e aplicados de forma desordenada em vários âmbitos da cultura brasileira.
Com a chegada da abstração, nos anos 1960, o modernismo, embora ainda em andamento no Brasil, principalmente no campo da arquitetura, foi dado como morto. Avant-Gard is not dead lança um olhar nada nostálgico sobre esse período se apropriando de alguns de seus ícones, como o projeto ambiental de Helio Oiticica e a arquitetura de Lina Bo Bardi, sugerindo não a retomada, mas a revisão dos ideais que permearam o campo das artes no período. Avant-Gard is not dead sugere a ressaca de uma festa carnavalesca interrompida e apontando para o confronto entre o Tropicalismo e os grandes movimentos artísticos importados das vanguardas européias.
Na escultura Despropriação (2010), Cidade faz menção a cadeira Frei Egídio criada por Lina Bo Bardi em parceria com Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, e a reconstrói utilizando madeirite rosa típico dos tapumes de grandes construções. Do objeto, entretanto, Cidade retira a funcionalidade ao fixar seus encaixes com grampos frágeis que não oferecem resistência ao peso de uma pessoa, criando uma armadilha para o público participativo. Dinâmica similar aparece na escultura Abuso de Poder (2010) criada originalmente para a XIV Bienal de Escultura de Carrara (Itália). Abuso de Poder é uma ratoeira feita com mármore de carrara, uma armadilha que como Despropriação questiona a idéia de participação e intervenção do observador no objeto artístico.
O concreto típico das grandes edificações modernistas e que aparece em várias obras anteriores de Cidade, aparece também na instalação Triste Tropicália (2010) criada com manilhas de concreto e utilizadas, como em várias casas da classe média brasileira, nos anos 1980, como suporte para uma samambaia. Blocos de concreto funcionam também como base para a foto-instalação Modelo de Superfície (2010), na série desenhos Condomínio (2010), e no concreto dos guichês que integram as seis fotografias do políptico Espaço Cego (2010).
Por meio de diferentes operações estéticas Avant-Gard is not dead sugere uma revisão do modernismo a partir do léxico importado da Europa e aplicado no Brasil. Com esses procedimentos, Cidade reinventa formas de linguagem constituindo novos espaços e fazendo aflorar heterotopias possíveis que aproximam a arte da vida.
Avant-Gard is not dead título escolhido por Marcelo Cidade para dar nome a sua terceira exposição individual na Vermelho, remete em parte ao significado literal da expressão avant-gard no francês. Originalmente, a expressão designava a fila de soldados que antecede as tropas em movimento de ataque durante uma guerra. Is not dead, verbo e predicado que complementam a o título, fazem referência ao movimento punk e a afirmação altamente difundida de que o movimento esse não morreu – punk is not dead.
Juntas em uma única frase, essas duas referências sintetizam o conteúdo dos trabalhos que compõem a individual e que pretendem questionar os ideais modernistas importados em grande parte das vanguardas européias no século 20, e aplicados de forma desordenada em vários âmbitos da cultura brasileira.
Com a chegada da abstração, nos anos 1960, o modernismo, embora ainda em andamento no Brasil, principalmente no campo da arquitetura, foi dado como morto. Avant-Gard is not dead lança um olhar nada nostálgico sobre esse período se apropriando de alguns de seus ícones, como o projeto ambiental de Helio Oiticica e a arquitetura de Lina Bo Bardi, sugerindo não a retomada, mas a revisão dos ideais que permearam o campo das artes no período. Avant-Gard is not dead sugere a ressaca de uma festa carnavalesca interrompida e apontando para o confronto entre o Tropicalismo e os grandes movimentos artísticos importados das vanguardas européias.
Na escultura Despropriação (2010), Cidade faz menção a cadeira Frei Egídio criada por Lina Bo Bardi em parceria com Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, e a reconstrói utilizando madeirite rosa típico dos tapumes de grandes construções. Do objeto, entretanto, Cidade retira a funcionalidade ao fixar seus encaixes com grampos frágeis que não oferecem resistência ao peso de uma pessoa, criando uma armadilha para o público participativo. Dinâmica similar aparece na escultura Abuso de Poder (2010) criada originalmente para a XIV Bienal de Escultura de Carrara (Itália). Abuso de Poder é uma ratoeira feita com mármore de carrara, uma armadilha que como Despropriação questiona a idéia de participação e intervenção do observador no objeto artístico.
O concreto típico das grandes edificações modernistas e que aparece em várias obras anteriores de Cidade, aparece também na instalação Triste Tropicália (2010) criada com manilhas de concreto e utilizadas, como em várias casas da classe média brasileira, nos anos 1980, como suporte para uma samambaia. Blocos de concreto funcionam também como base para a foto-instalação Modelo de Superfície (2010), na série desenhos Condomínio (2010), e no concreto dos guichês que integram as seis fotografias do políptico Espaço Cego (2010).
Por meio de diferentes operações estéticas Avant-Gard is not dead sugere uma revisão do modernismo a partir do léxico importado da Europa e aplicado no Brasil. Com esses procedimentos, Cidade reinventa formas de linguagem constituindo novos espaços e fazendo aflorar heterotopias possíveis que aproximam a arte da vida.