Edgard de Souza mostra uma seleção de obras feitas nos últimos três anos, sendo dois em reclusão pandêmica, na sua terceira individual na Vermelho. Na individual, o artista apresenta um conjunto de quatro novas esculturas em bronze, uma esculpida em madeira e uma série de novos bordados.
As esculturas de Edgard de Souza subvertem a representação elementar acerca do corpo humano dividida em cabeça, corpo e membros. No bronze que ocupa a sala 1, dois corpos aparecem unidos pelo torso numa postura de ascensão. A ausência de particularidades específicas do modelo original que dá forma à obra, transforma esse corpo em modelo do coletivo, um arquetipo universal caracterizado, segundo o artista, pela distração e pela impossibilidade de comunicação característica do nosso tempo.
Os bordados de Edgard de Souza, feitos à mão pelo artista, se dissolvem em nuvens de fragmentos de linhas, como uma grande colisão de partículas ao redor de um campo magnético. Nos bordados, podemos observar o corpo do artista trabalhando, se deslocando num movimento simultâneo de implosão e explosão, dissolução e evasão. A única figuração dentre os bordados são figuras de núvens, num comentário sobre a busca de images na abstração gestual, que se assemelha ao jogo de buscar imagens em nuvens.
“Em tempos de negacionismo intenso, publicações rápidas na internet e notícias falsas falhamos em comunicar, falhamos em ouvir. Os diálogos viraram um jogo de ping-pong violento, uma disputa. Neste contexto, a grande escultura de bronze aparece como uma figura ensimesmada, um corpo refletido e fechado nele mesmo”. Edgard de Souza (Março, 2023)
Edgard de Souza mostra uma seleção de obras feitas nos últimos três anos, sendo dois em reclusão pandêmica, na sua terceira individual na Vermelho. Na individual, o artista apresenta um conjunto de quatro novas esculturas em bronze, uma esculpida em madeira e uma série de novos bordados.
As esculturas de Edgard de Souza subvertem a representação elementar acerca do corpo humano dividida em cabeça, corpo e membros. No bronze que ocupa a sala 1, dois corpos aparecem unidos pelo torso numa postura de ascensão. A ausência de particularidades específicas do modelo original que dá forma à obra, transforma esse corpo em modelo do coletivo, um arquetipo universal caracterizado, segundo o artista, pela distração e pela impossibilidade de comunicação característica do nosso tempo.
Os bordados de Edgard de Souza, feitos à mão pelo artista, se dissolvem em nuvens de fragmentos de linhas, como uma grande colisão de partículas ao redor de um campo magnético. Nos bordados, podemos observar o corpo do artista trabalhando, se deslocando num movimento simultâneo de implosão e explosão, dissolução e evasão. A única figuração dentre os bordados são figuras de núvens, num comentário sobre a busca de images na abstração gestual, que se assemelha ao jogo de buscar imagens em nuvens.
“Em tempos de negacionismo intenso, publicações rápidas na internet e notícias falsas falhamos em comunicar, falhamos em ouvir. Os diálogos viraram um jogo de ping-pong violento, uma disputa. Neste contexto, a grande escultura de bronze aparece como uma figura ensimesmada, um corpo refletido e fechado nele mesmo”. Edgard de Souza (Março, 2023)










































Foto Filipe Berndt
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
O novo bronze de Edgard de Souza pode ser considerado algo entre um autorretrato e um possível retrato do espectador. Sua forma lembra um espelho de mão, mas sua superfície é fosca. Sua forma também está relacionada às famosas “Gotas” de Edgard, que evocam fluidos corporais.
Edgard cita o espelho a partir de referências tão diversas quanto o “Maschinenmensch” de Fritz Lang e os designs de Verner Panton. De Constantin Brancusi à máquina de moldagem “Vacuum form”. Edgard evoca vários conceitos nessa escultura: o artesanato e os processos de reprodução industrial, o singular e a produção em massa. Sua produção passa por essa dicotomia: suas peças de bronze são meticulosamente esculpidas à mão em gesso antes de passarem pelo processo de reprodutibilidade da fundição.
Desde o início de sua produção, no final da década de 1980, de Souza vem investigando a escultura – seus processos e histórias – com o mesmo vigor que seus contemporâneos dedicavam à pintura. Suas obras estão permanentemente instaladas no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e foram eixo para a 24ª Bienal de São Paulo (1998), conhecida como Bienal da Antropofagia, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa (adjunto). Pedrosa também foi curador da exposição panorâmica de Souza na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004).
Edgard oferece uma declaração recente sobre a obra: “Um aspecto importante para mim é a forma em si. Quando o espelho de mão assume a dimensão de uma raquete, ele se torna uma arma – especialmente quando pesa 5 quilos – você pode quebrar a cabeça de alguém! As armas são sempre um problema, e a possibilidade de reflexo coloca o espectador como parte desse problema. O negacionismo de hoje tem a ver com o desejo das pessoas de fugir das responsabilidades… Sei que estou conjecturando, e tudo isso não está necessariamente explícito no trabalho, mas foi essa ideia que me levou até aqui. Não sei, talvez a ideia sobre essa peça se tornasse um círculo completo se o trabalho fosse intitulado ‘Problema’.”
De Souza fala mais uma vez sobre dualidade. Sobre o belo e o feio presentes em cada um de nós. O reflexo, na história da arte, sempre apontou a dualidade do indivíduo: do “Narciso” (1597-1599), de Caravaggio, ao romance “The Picture of Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde. O reflexo sempre oferece tanto sedução quanto perigo.
48 x 44 x 4 cm
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
O novo bronze de Edgard de Souza pode ser considerado algo entre um autorretrato e um possível retrato do espectador. Sua forma lembra um espelho de mão, mas sua superfície é fosca. Sua forma também está relacionada às famosas “Gotas” de Edgard, que evocam fluidos corporais.
Edgard cita o espelho a partir de referências tão diversas quanto o “Maschinenmensch” de Fritz Lang e os designs de Verner Panton. De Constantin Brancusi à máquina de moldagem “Vacuum form”. Edgard evoca vários conceitos nessa escultura: o artesanato e os processos de reprodução industrial, o singular e a produção em massa. Sua produção passa por essa dicotomia: suas peças de bronze são meticulosamente esculpidas à mão em gesso antes de passarem pelo processo de reprodutibilidade da fundição.
Desde o início de sua produção, no final da década de 1980, de Souza vem investigando a escultura – seus processos e histórias – com o mesmo vigor que seus contemporâneos dedicavam à pintura. Suas obras estão permanentemente instaladas no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e foram eixo para a 24ª Bienal de São Paulo (1998), conhecida como Bienal da Antropofagia, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa (adjunto). Pedrosa também foi curador da exposição panorâmica de Souza na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004).
Edgard oferece uma declaração recente sobre a obra: “Um aspecto importante para mim é a forma em si. Quando o espelho de mão assume a dimensão de uma raquete, ele se torna uma arma – especialmente quando pesa 5 quilos – você pode quebrar a cabeça de alguém! As armas são sempre um problema, e a possibilidade de reflexo coloca o espectador como parte desse problema. O negacionismo de hoje tem a ver com o desejo das pessoas de fugir das responsabilidades… Sei que estou conjecturando, e tudo isso não está necessariamente explícito no trabalho, mas foi essa ideia que me levou até aqui. Não sei, talvez a ideia sobre essa peça se tornasse um círculo completo se o trabalho fosse intitulado ‘Problema’.”
De Souza fala mais uma vez sobre dualidade. Sobre o belo e o feio presentes em cada um de nós. O reflexo, na história da arte, sempre apontou a dualidade do indivíduo: do “Narciso” (1597-1599), de Caravaggio, ao romance “The Picture of Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde. O reflexo sempre oferece tanto sedução quanto perigo.
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
48 x 46 x 4 cm
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Mogno entalhado e bola de ping-pong
Foto Filipe Berndt
Cara de pau (teatro), apresenta duas raquetes de pingue-pongue esculpidas em mogno em pleno jogo: uma em alegria, a outra em angústia, pronta para receber a bola no rosto. A referência ao teatro grego e à dualidade entre tragédia e comédia sinaliza a polaridade das emoções que tomou conta do mundo: um zigue-zague emocional em que uma emoção está sempre em oposição à outra.
“Em tempos de negacionismo intenso, publicações rápidas na internet e fake news, falhamos em nos comunicar, falhamos em ouvir. Os diálogos se transformaram em um jogo de pingue-pongue violento, uma disputa”, contextualiza de Souza.
28 x 16 x 4 cm + 27 x 16 x 4 cm + 3,5 x 3,5 x 3,5 cm
Mogno entalhado e bola de ping-pong
Foto Filipe BerndtCara de pau (teatro), apresenta duas raquetes de pingue-pongue esculpidas em mogno em pleno jogo: uma em alegria, a outra em angústia, pronta para receber a bola no rosto. A referência ao teatro grego e à dualidade entre tragédia e comédia sinaliza a polaridade das emoções que tomou conta do mundo: um zigue-zague emocional em que uma emoção está sempre em oposição à outra.
“Em tempos de negacionismo intenso, publicações rápidas na internet e fake news, falhamos em nos comunicar, falhamos em ouvir. Os diálogos se transformaram em um jogo de pingue-pongue violento, uma disputa”, contextualiza de Souza.
Foto Filipe Berndt
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
No maior bronze já produzido pelo artista até hoje, dois corpos aparecem espelhados e unidos pelo torso, um em cima do outro. A ausência de particularidades específicas do modelo original que dá forma à obra transforma esse corpo em um modelo do coletivo.
Os bronzes baseados no corpo humano, que de Souza vem produzindo desde os anos 1990, lidam com temas existenciais como solidão, morte, afeto, sexo, e com referências da produção artística histórica.
132 x 34 x 50 cm
Bronze patinado
Foto Filipe BerndtNo maior bronze já produzido pelo artista até hoje, dois corpos aparecem espelhados e unidos pelo torso, um em cima do outro. A ausência de particularidades específicas do modelo original que dá forma à obra transforma esse corpo em um modelo do coletivo.
Os bronzes baseados no corpo humano, que de Souza vem produzindo desde os anos 1990, lidam com temas existenciais como solidão, morte, afeto, sexo, e com referências da produção artística histórica.
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
132 x 34 x 50 cm
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
34 x 22 cm
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Bronze cromado
Foto Filipe Berndt
48 x 44 x 4 cm
Bronze cromado
Foto Filipe Berndt
Fio de linho sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
140 x 240 cm
Fio de linho sobre tecido de linho
Foto Filipe BerndtFoto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
55 x 39 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Foto Filipe Berndt
Pano de chão restaurado
Foto Vermelho
Restauração, de 2011, também foi apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015. A obra é um pano de chão velho e usado, minuciosamente restaurado pelo artista. Restauração reúne várias das dualidades com as quais de Souza trabalha: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; as altas e baixas culturas; além disso, a obra conecta posições divergentes.
45 x 72 cm
Pano de chão restaurado
Foto VermelhoRestauração, de 2011, também foi apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015. A obra é um pano de chão velho e usado, minuciosamente restaurado pelo artista. Restauração reúne várias das dualidades com as quais de Souza trabalha: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; as altas e baixas culturas; além disso, a obra conecta posições divergentes.
Pano de chão restaurado
Restauração, de 2011, também foi apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015. A obra é um pano de chão velho e usado, minuciosamente restaurado pelo artista. Restauração reúne várias das dualidades com as quais de Souza trabalha: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; as altas e baixas culturas; além disso, a obra conecta posições divergentes.
Pano de chão restaurado
Restauração, de 2011, também foi apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015. A obra é um pano de chão velho e usado, minuciosamente restaurado pelo artista. Restauração reúne várias das dualidades com as quais de Souza trabalha: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; as altas e baixas culturas; além disso, a obra conecta posições divergentes.
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
90 x 65 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe BerndtFio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
28 x 39 cm
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
28 x 39 cm
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Nos bordados da série R, de Edgard de Souza, deixa ver o corpo do artista trabalhando, se deslocando num movimento contínuo de vai e vem. A única figuração entre os bordados são nuvens, num comentário sobre a busca de imagens na abstração gestual, que se assemelha ao jogo de buscar representações em nuvens. Os bordados são produzidos sobre tecidos de linho, com fios de seda, algodão ou linho.
A série R relaciona-se com a série Rabiscos, produzida por de Souza entre 2013 e 2015, e exibida na primeira individual do artista na Vermelho. Na série, grandes e pequenos rabiscos eram produzidos a partir de tarefas simples impostas a si mesmo pelo artista, como desenhar dançando, desenhar com as duas mãos ao mesmo tempo, ou desenhar até rasgar o papel. Os rabiscos lidavam com os movimentos do corpo do artista.
A série R e os Rabiscos seguem Restauro, de 2011. Na obra, apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015, e exposto na individual atual, um pano de chão velho e usado foi meticulosamente restaurado pelo artista. Restauro reúne as dualidades com que de Souza trabalha nas três séries – e em toda sua obra: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; a alta e a baixa culturas; as opiniões divergentes.
150 x 110 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe BerndtNos bordados da série R, de Edgard de Souza, deixa ver o corpo do artista trabalhando, se deslocando num movimento contínuo de vai e vem. A única figuração entre os bordados são nuvens, num comentário sobre a busca de imagens na abstração gestual, que se assemelha ao jogo de buscar representações em nuvens. Os bordados são produzidos sobre tecidos de linho, com fios de seda, algodão ou linho.
A série R relaciona-se com a série Rabiscos, produzida por de Souza entre 2013 e 2015, e exibida na primeira individual do artista na Vermelho. Na série, grandes e pequenos rabiscos eram produzidos a partir de tarefas simples impostas a si mesmo pelo artista, como desenhar dançando, desenhar com as duas mãos ao mesmo tempo, ou desenhar até rasgar o papel. Os rabiscos lidavam com os movimentos do corpo do artista.
A série R e os Rabiscos seguem Restauro, de 2011. Na obra, apresentada na primeira individual de Edgard de Souza na Vermelho em 2015, e exposto na individual atual, um pano de chão velho e usado foi meticulosamente restaurado pelo artista. Restauro reúne as dualidades com que de Souza trabalha nas três séries – e em toda sua obra: o virtuoso e o espontâneo; o privado e o público; a alta e a baixa culturas; as opiniões divergentes.
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
150 x 110 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe BerndtFoto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
100 x 180 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe BerndtFoto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
55 x 39 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt