O estande apresenta uma mostra que inclua obras de diferentes décadas da artista e ativista Claudia Andujar (1931). O estande apresenta retratos feitos pela artista durante as suas primeiras estadias com o povo Yanomami no norte do Brasil, na fronteira com a Venezuela. Também mostra um grupo de fotografias da série Marcados e uma fotografia utilizando filme infravermelho de uma oca, uma construção Yanomami para abrigo; e também no stand, duas obras da série Sonhos Yanomami feitos no início dos anos 200 quando a Claudia começou a rever o seu trabalho anterior, experimentando com filtros e refotografando os seus negativos e diapositivos mais antigos.
O primeiro encontro de Claudia com os Yanomami remonta ao início dos anos 70. Em 1979 tinha sido co-fundadora da CCPY (Comissão pela Criação do Parque Yanomami) e em 1981, quando estas fotos foram feitas, já tinha estabelecido uma relação de confiança com o povo, especialmente Davi Kopenawa Yanomami, que a chamou de mãe dos Yanomami.
Quando Claudia foi ao seu "road show" em meados e finais dos anos 80 para chamar a atenção para a situação Yanomami e defender a urgência da demarcação das suas terras, ela sempre trouxe Davi com ela e por vezes também outros representantes Yanomami. A terra Yanomami foi oficialmente demarcada pelo governo brasileiro em 1992, graças à CCPY e ao incessante ativismo de Claudia.
Uma das atividades de Andujar no CCPY foi documentar através de registos o estado de saúde das comunidades Yanomami. Diferente do homem branco, os índios Yanomami não têm nomes próprios e portanto, a fim de os identificar, a artista decidiu dar um número a cada indivíduo para o seu registo médico.
Em 2006, para a 27ª Bienal de São Paulo, curada por Lisette Lagnado, surgiu uma segunda interpretação das obras. Lagnado conheceu o extenso arquivo de retratos dos Yanomami desde o envolvimento de Claudia com as expedições médicas através de Eduardo Brandão, co-fundador e sócio da Vermelho, a única galeria de Claudia até à data. Juntos, convenceram Claudia de mostrar uma seleção de 97 retratos na edição da bienal, cuja abordagem curatorial foi Como viver juntos. Isto marcou a primeira itineração dos retratos – fotografado em preto e branco - que passaram a ser a série Marcados.
Claudia acabou mostrando os retratos na bienal de São Paulo, não agrupados. Como resultado da exibição da bienal onde Claudia viu, pela primeira vez, um grande número dos retratos expostos, ela decidiu agrupar as obras de acordo com as aldeias onde os retratos foram tirados.
A primeira seleção destes agrupamentos foi mostrada no Vermelho em 2009. Uma segunda, e maior, seleção destes grupos foi exibida no Centro de Cultura Judaica, CCJ (Centro Cultural Judaico) em São Paulo em 2011, uma exposição individual curado por Eduardo Brandão. A exposição foi intitulada Marcados para ... .