89 x 45 x 22 cm
Olho de vidro, penas, galinha d’angola, fibra de vidro, metal, calcinha de renda bordada com linha colorida
Foto Filipe BerndtBoias de pesca e tinta fluorescente
Foto Filipe BerndtCom Keila Alaver
Foto Filipe Berndt29 x 24 x 0,5 cm
Envelope de papel costurado, recorte e colagem, embalagem de plastico e pergaminho – frente e verso
20 x 34 x 0,5 cm
Envelope de papel costurado, recorte e colagem, embalagem de plastico e pergaminho – frente e verso
Tecido e linha de costura
38'42''
Vídeo cor e som
Foto still do vídeo220 x 50 x 15 cm
Tecido de pelúcia e forro
390 x 80 x 5 cm
esteira de praia
Dimensões variáveis
Tinta, tecido e madeira
Foto Edouard Fraipont115 x 220 x 2,5 cm
Retalhos costurados e capa de plástico
Foto Edouard Fraipont120 x 241 x 3 cm
Retalhos de crochê costurados e capa de plástico
Foto Edouard Fraipont30 x 24,5 x 4 cm
Blusa de cetim e plástico
Dimensões variáveis
Crochê sobre chassis
Foto Edouard FraipontDimensões variáveis
Alumínio anodizado
Foto Edouard FraipontDimensões variáveis
Alumínio anodizado
Foto Edouard Fraipont68 x 90,5 x 2,5 cm
impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel Hahnemühle Photo Rag 188 gr
Foto Edouard Fraipont68 x 90,5 x 2,5 cm
impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel Hahnemühle Photo Rag 188 gr
1'12''
vídeo cor e som
Foto still do vídeoImpressão de tinta sobre MDF
Foto Edouard Fraipont“Cabeção”, “Pulmão”, “Estômago”, “Coração” [2013] são os títulos das 4 esculturas que empregam ilustrações agigantadas de partes do corpo humano. As imagens, impressas sobre placas de MDF, fazem referência a uma época distante que não contava com as câmeras de alta definição que atualmente perscrutam o corpo humano.
Impressão de tinta sobre MDF
Foto Edouard Fraipont“Cabeção”, “Pulmão”, “Estômago”, “Coração” [2013] são os títulos das 4 esculturas que empregam ilustrações agigantadas de partes do corpo humano. As imagens, impressas sobre placas de MDF, fazem referência a uma época distante que não contava com as câmeras de alta definição que atualmente perscrutam o corpo humano.
95 X 167 X 2,5 cm
Impressão digital sobre MDF
16.5 x 26 cm
Impressão digital sobre placa de acrílico
16.5 x 26 cm
Impressão digital sobre placa de acrílico
16.5 x 26 cm
Impressão digital sobre placa de acrílico
1'30''
vídeo com técnica de stop motion
Foto still do vídeo42 x 35 x 40 cm
flocagem sobre isopor
Foto Edouard Fraipont157 x 43 x 40 cm
flocagem sobre isopor
Foto Edouard Fraipont43 x 67 x 23 cm
flocagem sobre isopor
Foto Edouard Fraipont52 x 52 x 92 cm
flocagem sobre isopor
Foto Edouard Fraipontvitrine de doces
vitrine de doces
15 X 50 X 45 cm
Luva e linha de costura
42 x 18 cm
couro bordado com linha
24,5 x 10 x 13 cm
Sapato bordado, mosca de plástico e base de acrílico
Mosca de plástico, vidro e base de acrílico
57 X 55 X 9 cm
Couro, fórmica, linha de costura e tecido
55 X 38 X 9 cm
Fórmica, toalha, pedras, flores de cetim, linha, tela para bordado e madeira
56 X 38 X 11 cm
Serigrafia sobre acrílico
56 X 38 X 11 cm
Serigrafia sobre acrílico
56 x 31 x 8 cm
fotografia e madeira
63 x 60 x 8 cm
fotografia e madeira
125 X 133 X 4 cm
Fotografia e couro sobre madeira
80 X 50 X 4 cm
Fotografia e couro sobre madeira
100 x 40 x 15 cm
Couro e ferro
300 x 600 cm
Látex sobre papel
47 X 37 cm
Acrílica sobre tela
47 x 37 cm
Acrílica sobre tela
45 X 43 cm
Acrílica sobre tela
28 x 21 cm
Acrílica sobre tela
Keila Alaver trabalha a recontextualização de objetos do cotidiano a partir de seu arquivo pessoal, composto por objetos adquiridos em lojas, mercados e feiras populares no Brasil e no mundo. Seus procedimentos levam em conta o desaparecimento de tradições, por mudanças de hábitos de consumo ou por evoluções tecnológicas.
Ao serem modificados e deslocados para o contexto da arte, os objetos adquirem um novo significado dando lugar a questionamentos sobre seu status.
Outra estratégia recorrente em seu trabalho são os recortes que ela faz nos objetos para sugerir novas leituras e novos usos. Alaver explora a presença da figura humana inserida em contextos sociais ou arquitetônicos e através dessas novas construções, a artista experimenta revelar as fragilidades das relações interpessoais – pesquisa que também circunda sua atuação artística que inclui ações performáticas.
Formada em artes plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP], Alaver tem no seu currículo as individuais Tô bege (2019) no Museu Porreres em Mallorca e O Jardim da pele de pêssego (2010) na Galeria Vermelho. Além de solo shows nas galerias Jaqueline Martins e Luisa Strina, Alaver tem participado em importantes exposições, incluindo Past/Future/Present no Phoenix Art Museum (2017), Bienal Barra de América, Caracas (2001) e a primeira Bienal de Mercosul, Porto Alegre (1997).
Dentre suas exposições individuais estão: Tô Bege. Museu de Porretes, Porreres, Mallorca (2018); FluPlu. Centre Cultural Casal Son Tugores, Alaró, Mallorca (2017); Glory Hole. A Caixa Maravilhosa. Galeria Jaqueline Martins, São Paulo (2015); Corpo Mobília. Galeria Vermelho, São Paulo (2013); O Jardim da Pele de Pêssego. Galeria GTO- SESC Palladium, Belo Horizonte (2011); Keila Alaver. Galeria Luisa Strina, São Paulo.
Dentre as exposições coletivas de que participou, destacam-se: Instincts de Ciel. Boost, Paris (2021); Muntanyes, precipicis, boscos i coves parlen. Centre Cultural Casal Son Tugores, Alaró, Mallorca (2019); Illa de la Calma, Museu de Porreres, Mallorca (2018); Past/Future/Present: Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art São Paulo. Phoenix Art Museum, Phoenix (2017); O útero do mundo. Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo (2016); Aprendendo a viver com a sujeira. Galeria Vermelho, São Paulo (2015); É claro que você sabe do que estou falando. Galeria Vermelho, São Paulo (2008).
Keila Alaver trabalha a recontextualização de objetos do cotidiano a partir de seu arquivo pessoal, composto por objetos adquiridos em lojas, mercados e feiras populares no Brasil e no mundo. Seus procedimentos levam em conta o desaparecimento de tradições, por mudanças de hábitos de consumo ou por evoluções tecnológicas.
Ao serem modificados e deslocados para o contexto da arte, os objetos adquirem um novo significado dando lugar a questionamentos sobre seu status.
Outra estratégia recorrente em seu trabalho são os recortes que ela faz nos objetos para sugerir novas leituras e novos usos. Alaver explora a presença da figura humana inserida em contextos sociais ou arquitetônicos e através dessas novas construções, a artista experimenta revelar as fragilidades das relações interpessoais – pesquisa que também circunda sua atuação artística que inclui ações performáticas.
Formada em artes plásticas pela Fundação Armando Alvares Penteado [FAAP], Alaver tem no seu currículo as individuais Tô bege (2019) no Museu Porreres em Mallorca e O Jardim da pele de pêssego (2010) na Galeria Vermelho. Além de solo shows nas galerias Jaqueline Martins e Luisa Strina, Alaver tem participado em importantes exposições, incluindo Past/Future/Present no Phoenix Art Museum (2017), Bienal Barra de América, Caracas (2001) e a primeira Bienal de Mercosul, Porto Alegre (1997).
Dentre suas exposições individuais estão: Tô Bege. Museu de Porretes, Porreres, Mallorca (2018); FluPlu. Centre Cultural Casal Son Tugores, Alaró, Mallorca (2017); Glory Hole. A Caixa Maravilhosa. Galeria Jaqueline Martins, São Paulo (2015); Corpo Mobília. Galeria Vermelho, São Paulo (2013); O Jardim da Pele de Pêssego. Galeria GTO- SESC Palladium, Belo Horizonte (2011); Keila Alaver. Galeria Luisa Strina, São Paulo.
Dentre as exposições coletivas de que participou, destacam-se: Instincts de Ciel. Boost, Paris (2021); Muntanyes, precipicis, boscos i coves parlen. Centre Cultural Casal Son Tugores, Alaró, Mallorca (2019); Illa de la Calma, Museu de Porreres, Mallorca (2018); Past/Future/Present: Contemporary Brazilian Art from the Museum of Modern Art São Paulo. Phoenix Art Museum, Phoenix (2017); O útero do mundo. Museu de Arte Moderna [MAM SP], São Paulo (2016); Aprendendo a viver com a sujeira. Galeria Vermelho, São Paulo (2015); É claro que você sabe do que estou falando. Galeria Vermelho, São Paulo (2008).
Keila Alaver
1970, Santo Antônio da Platina, Brasil
Vive e trabalha em São Paulo
Exposições Individuais
2023
– I AI – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2018
– Tô Bege – Museu de Porretes – Porreres – Mallorca – Espanha
2017
– FluPlu – Centre Cultural Casal Son Tugores – Alaró – Mallorca – Espanha
2015
– Projeto Glory Hole, A Caixa Maravilhosa – Galeria Jaqueline Martins – São Paulo – Brasil
2013
– Keila Alaver: Corpo Mobília – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2011
– Keila Alaver – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2009
– Keila Alaver. O Jardim da Pele de Pêssego – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2007
– Keila Alaver – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2006
– Série Paisagens – Sesc Pompéia – São Paulo – Brasil
2003
– Keila Alaver – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1998
– Keila Alaver – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
Exposições coletivas
2024
– uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira – Galeria Luisa Strina – São Paulo -Brasil
– Museu de Porreres, Porreres, Mallorca, Espanha
2021
– In Crescendo – Museu de Porreres, Porreres – Mallorca – Espanha
– Instincts de Ciel – Boost – Paris – França
– Khaos stories – Barcelona – Espanha
2020
– Circulació, Periferica – Centre de Cultura SA NOSTRA – Palma – Mallorca – Espanha
– Piramidón Centre (artistas residentes) – Barcelona – Espanha
2019
– Muntanyes, precipicis, boscos i coves parlen – Centre Cultural Casal Son Tugores Alaró – Mallorca – Espanha
– Alart’19 – Alaró – Mallorca – Espanha
2018
– Illa de la calma la pau perdida – Museu de Porreres – Porreres – Mallorca – Espanha
– Summer – Addaya Centre d´Art Contemporani – Alaró – Mallorca – Espanha
2017
– Past/Future/Present – Phoenix Art Museu – Phoenix – EUA
– Contato Transitório (projeto 55SP Galeria) – Espaço Epicentro – São Paulo – Brasil
2016
– O útero do mundo – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
2015
– Aprendendo a viver com a sujeira – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2014
– Verbo. Mostra de performance arte (10ª edição) – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2010
– Quem tem medo? – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2008
– É claro que você sabe do que estou falando – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2006
– Paralela 2006 – São Paulo – Brasil
– Sem Título, 2006. Comodato Edu Brandão e Jan Fjeld – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
– This is not a love song – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2004
– A foto dissolvida – Sesc Pompéia – São Paulo – Brasil
2003
– Imagética – Museu Metropolitano de Arte – Curitiba – Brasil
2002
– Marrom – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Paralela 2002 – São Paulo – Brasil
– Desenhistas e Colorista – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2001
– Auto Retrato, Espelho do Artista – Museu de Arte Contemporânea de São Paulo [MAC] – São Paulo – Brasil
– Bienal Barro de América – Museu Alejandro Otero – Caracas – Venezuela
– Bienal Barro de América – Memorial da América Latina – São Paulo – Brasil
2000
– Capela Sistina – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
– Mujeres de Las dos Orillas – Centre Valencia de Cultura Mediterránea, Valencia – Espanha
– Bienal de Gravura – Curitiba – Brasil
1999
– Sob Medida – Espaço Porto Seguro – São Paulo – Brasil
– Casa da Imagem – Curitiba – Brasil
1998
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna [MAM BA] – Salvador – Brasil
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Contemporânea de Niterói [MAC] – Niterói – Brasil
– Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna [MAM] – Recife – Brasil
1997
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna [MAM SP] – São Paulo – Brasil
– 1ª Bienal do Mercosul – Porto Alegre – Brasil
– Forma Perversa – Galeria Luisa Strina – São Paulo
1996
– Antártica Artes com a Folha – São Paulo – Brasil
– Vinte e Sete – Fundação Armando Álvares Penteado [FAAP] – São Paulo – Brasil
1995
– Anual de Artes Plásticas da FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado [FAAP] – São Paulo – Brasil
– Projeto 00 – Museu de Arte Brasileira [MAB] – São Paulo – Brasil
Residências
2020
– Piramidón Centre d’Art Contemporani – Barcelona – Espanha
2018
– Cal Gras Art Residence – Avinyo – Barcelona – Espanha
2017
– ADDAYA Centre d’Art Contemporani – Alaró – Mallorca – Espanha
2005
– The Apexart Residency Program – Nova York – EUA
Instituções públicas e privadas aberto ao público
– IFF, Instituto Figueiredo Ferraz – Ribeirão Preto – Brasil
– Illa de la calma la pau perdida – Museu de Porreres – Porreres – Mallorca – Espanha
– Addaya Centre d´Art Contemporani – Alaró – Mallorca – Espanha
– MAM-SP, Museu de Arte Moderna, São Paulo – Brasil
Quando entrei no edifício modernista localizado em um movimentado calçadão no centro de São Paulo para visitar o ateliê temporário de Keila Alaver, em outubro passado, não sabia muito o que esperar. Já fazia algum tempo que tinha visto, e ainda assim apenas em fotografias, imagens de sua última exposição individual, que apresentava algumas características recorrentes em sua obra como o gosto pelos elementos decorativos cuidadosamente selecionados, a apropriação de objetos do vernáculo popular, o trabalho manual e paciente, e uma qualidade por vezes abjeta e perversamente sarcástica que nasce da sugestão do orgânico por meio do artificial. Ao mesmo tempo, sem uma explicação lógica, as pequenas lojas de souvenirs brasileiros localizadas no piso térreo deste mesmo edifício, elas mesmas expressões do tipo específico de visualidade e de economia freqüentemente re-significado na obra da artista, pareciam anunciar que este seria o cenário ideal para abrigar sua nova produção.
Ainda assim, nenhum exercício de imaginação poderia ter me preparado para o encontro inesperado com as inusitadas figuras que habitavam o amplo e iluminado estúdio. Embora ainda não finalizada, a instalação O Jardim da Pele de Pêssego já se encontrava em estágio avançado de desenvolvimento e a primeira impressão é de as inúmeras peças revestidas de padrões decorativos formados pelo que parecia uma espécie de musgo haviam se proliferado rápida e profusamente dentro daquele espaço originariamente tão imaculado. Pousadas em pedestais ou espalhadas diretamente sobre o piso de concreto do estúdio, as figuras recobertas por uma penugem verde ou castanho escuro tinham um aspecto definitivamente orgãnico, como se fossem arbustos cuidadosamente podados em formas insólitas. Ao mesmo tempo, essa mesma penugem formava diferentes padrões abstratos, apropriados de papéis de parede clássicos, incorporando a essas formas um elemento evidentemente artificial, uma construção humana por excelência, porém com uma qualidade alucinatória que guarda uma certa proximidade com as instalações psicodélicas da veterana Yeyoi Kusama.
De fato, o movimento oscilante entre natureza e artificio é uma característica recorrente no trabalho de Keila Alaver. Era patente, por exemplo, na instalação Paisagem (2006)1 , onde criou uma espécie de estufa dentro do banheiro de uma casa desocupada, misturando plantas naturais e artificiais, e adicionando pequenos detalhes como pássaros de brinquedo acompanhados de gravações de seus cantos. Este ambiente também sugeria a idéia de uma natureza que se reproduziu desordenadamente e no lugar errado, enquanto que o cor-de-rosa das louças e o marrom dos azulejos, tão alegóricos das décadas de 60 ou 70, evocavam ainda uma forte sensação de se estar em um cômodo antigo, talvez há muito tempo em desuso, gradualmente tomado por formas orgânicas que lhe são estranhas. Aqui havia sobretudo a apropriação e a confusão entre objetos decorativos produzidos em massa que emulam formas orgânicas e formas realmente orgânicas apresentadas no ambiente doméstico, para o qual estes objetos são especificamente criados.
Mas, se considerarmos a trajetória de Keila Alaver, o interesse pela natureza se dá ainda – e talvez sobretudo – através da representação do corpo humano. Desde as pinturas produzidas na década de 90 a partir de fotografias de seu acervo pessoal, em que retratava a si mesma ou a amigos e familiares até os trabalhos tridimensionais em que passa a utilizar o couro, material orgânico, na representação de figuras e órgãos humanos, o corpo aparece constantemente adulterado. Nos retratos pintados, por exemplo, as cabeças muitas vezes eram acopladas a corpos de bonecos, ao passo que na série de fotografias preto e branco e em escala 1: 1, retratava personagens cujas entranhas, modeladas em couro de vaca, se projetavam para além do plano bidimensional da foto, tornando não somente visíveis como palpáveis partes do corpo que normalmente permanecem ocultas.
Nesse sentido, a “pele de pêssego” que dá título a esta instalação é outro elemento importante, pois aponta para o caráter humano das esculturas que habitam esse jardim, embora apenas uma delas represente claramente uma figura humana. A superfície que recobre essas peças é de um cor-de-rosa pálido, recoberto de uma penugem delicada, como a pele dos filhotes de mamíferos, conferindo a elas um aspecto vivo, quente e pulsante. É sobre essa “pele” que as padronagens estão aplicadas. Um olhar mais próximo e atento revela as falhas na aplicação, provocando uma certa repulsa por sua semelhança a doenças de pele e afastando a possibilidade de estabelecimento de uma afeição kitsch entre o espectador e essas criaturas através de uma analogia com bichos de pelúcia. É recorrente, inclusive, em sua abordagem do corpo humano, a perversão ou a degradação das formas naturais que se revela sob uma aparente candura infantil.
Mas além de sua qualidade artificialmente natural, O Jardim da Pele de Pêssego incorpora ainda uma outra especificidade da obra de Keila Alaver. O que poderíamos designar mais genericamente como um gosto pelo decorativo – e que aparece desde as padronagens obsessivamente reproduzidas nos fundos de suas primeiras pinturas – é na realidade indicativo do uso particular que a artista faz do espaço urbano e de seu interesse por um tipo específico de economia: Keila Alaver é uma flanêur do capitalismo tardio made in China. A coleção de objetos não funcionais cuidadosamente selecionados que encontramos na casa da artista, por exemplo, é sintomática de uma prática cotidiana de perambular por estabelecimentos comerciais especializados em um determinado tipo de objeto de gosto popular largamente rejeitado pelas classes mais abastadas, cuja educação segue o padrão europeu 2. A maioria destes objetos não são funcionais e, quando possuem alguma função, geralmente é apenas a de embelezar o ambiente, num movimento contrário a estética moderna valorizada pelo gosto educado.
A instalação aqui apresentada, por sua vez, é um dos exemplos mais sublimes desta prática que incorpora uma vasta e universal economia movimentada por um gosto por objetos de baixo valor monetário, produzidos em grandes quantidades e cuja função é primordialmente ornamental. Pois suas formas mutantes, que combinam partes de diferentes animais como águias, porcos, caracóis, cisnes com galhos, conchas e outros elementos da natureza, não são nada menos que assemblages formadas por figuras de isopor pré-moldadas adquiridas em uma loja especializada em artigos para festas; posteriormente recobertas com a penugem verde ou castanha através do uso da flocagem, técnica artesanal de baixo custo que serve para “aveludar” diferentes tipos de superfícies, emulando idéias de valor e sofisticação.
O Jardim da Pele de Pêssego é portanto um jardim essencialmente tropical, formado por elementos excessivos e inúteis que se recusam a obedecer à lógica e ao rigor do cartesianismo europeu. Impossível de ser contido, ele cresce desordenadamente, desnecessariamente, movido apenas pelo desejo egoísta e perdulário de embelezar seu entorno, movido por sua auto-satisfação, alheio à discussões esclarecidas e politicamente corretas sobre redução da emissão de carbono ou exploração dos trabalhadores asiáticos. E assim segue tomando o espaço, gerando formas bizarras, grotescas e absolutamente irresistíveis, crescendo proporcionalmente ao poder aquisitivo das populações dos países BRIC.
El Casal Son Tugores acull l’exposició de Keila Alaver (Paraná, Brasil, 1970), qui va decidir quedar-se a Alaró fins a finals de desembre després de la seva residència el passat mes de Setembre a Addaya Centre d’Art Contemporani.
L’artista Brasilera investiga objectes representatius de la cultura on ella es trobi que hagin desaparegut a poc a poc del mercat, sigui per la falta d’interès dels consumidors, sigui per l’alteració en la cadena de producció local, sigui perquè han estat reemplaçats per objectes provinents del sistema de producció a gran escala, essent el seu valor de mercat més econòmic i, a més, no tenen connexió amb les peculiaritats del lloc. Keila reprèn, doncs, la qualitat dels objectes escollits, utilitzant l’apropiació com a procediment per a la creació del seu propi treball.
En apropiar-se del gust popular per resignificar els objectes escollits, crida l’atenció sobre la importància del consum en les societats contemporànies. Modificats i desplaçats al context de l’art, els objectes són desestabilitzats i d’aquí sorgeix una reflexió que qüestiona el seu estatus: Per què aquests objectes són menyspreats pels cànons convencionals del bon gust? Què poden dir els objectes sobre les societats contemporànies? etc.
Keila Alaver proposa reunir aspectes de la cultura popular d’Alaró, treballant amb materials típics comercialitzats en una tenda tradicional i local del poble. Aquests materials en concret generalment són usats per fer cortines, però en aquest cas han estat seleccionats per crear amb ells a l’espai de Son Tugores simulacions d’elements relacionats amb l’aigua. Aquesta relació inspira el títol de l’exposició: FluPlu. “Flu”de fluvial, les aigues dels rius i els mars. I “Plu” de pluvial, l’aigua de la pluja. En conseqüència, el treball de Keila també manifesta friccions poètiques amb la naturalesa, l’illa i les muntanyes.
El present projecte dóna continuïtat a una recerca que ja es ve desenvolupant des de fa algun temps i de la qual ja van resultar obres i exposicions anteriors.