Segunda individual de Jonathas de Andrade, na Vermelho, a exposição “Museu do Homem do Nordeste” reúne três de seus projetos mais recentes: as instalações “Cartazes para o Museu do Homem do Nordeste” [2013], “40 Nego Bom é 1 real” [2013], e “O Levante” [2012-2013]. As obras se articulam como uma coleção paralela ao Museu do Homem do Nordeste, localizado na cidade do Recife [PE]. Criado em 1979 por Gilberto Freyre, o museu antropológico conta com um acervo de mais de 15000 peças representativas da formação étnica, histórica e social da região. Nesta série de trabalhos, Jonathas de Andrade experimenta novas bases e metodologias ao museu original, e apresenta na Galeria Vermelho a primeira versão deste paramuseu.
Para criar a instalação “Cartazes para o Museu do Homem do Nordeste”, Andrade publicou anúncios nos jornais do Recife em busca de trabalhadores interessados em posar para o cartaz do Museu do Homem do Nordeste. Os cartazes da instalação variam conforme cada encontro, numa construção de identidade – do homem, da imagem do museu – pautada por uma relação ambivalente, antropófoga e erotizante.
Instalação que atualmente participa da 12ª Bienal de Lyon, na França, e que recentemente rendeu a Andrade o Prix de la Francophonie [Lyon, França], “40 Nego Bom é 1 real” parte do grito popular usado na venda deste doce de banana nos mercados e ruas do Nordeste brasileiro. Neste projeto, Andrade construiu uma fábrica fictícia onde 40 personagens trabalham na feitura do doce a partir de uma receita. Num segundo momento, a instalação revela, por meio de textos impressos, um acerto de contas em que as relações de trabalho são explicitadas, levando em consideração as sutilezas das relações pessoais que ao fim entram na conta. No projeto, Andrade revê a teoria-mito de uma harmonia calcada na camaradagem, e aborda os ecos de um pós-colonialismo e pós-escravidão que constituíram uma cultura de naturalidade com as relações de poder e dependência, de naturalidade diante do servilismo, da exploração atenuada pela aparente gentileza, e pelo racismo velado e incorporado como dinâmica social.
A terceira instalação que integra o Museu do Homem do Nordeste, “O Levante”, é resultado da “1ª Corrida de Carroças no Centro do Recife”, organizada por Jonathas nas ruas do Recife, em 2012. Como a circulação de animais rurais é proibida por lei nas ruas do Recife, todos aqueles que se movimentam a cavalo pela cidade se tornam invisíveis para a lei. Somente tratando a corrida como cena de filme, ou seja, como ficção, é que o evento obteve as autorizações oficiais necessárias para acontecer no espaço público.
Para Andrade, ao mesmo tempo que os cavalos e seus donos, normalmente pessoas que estão à margem da lógica desenvolvimentista da cidade, e do País, o contraste gerado por sua presença no espaço urbano soa como eco da ruralidade, revelando as origens desta região. O vídeo e as fotos, registros da ação nas ruas do Recife, representam documentos acerca das leis e de sua inoperância, e, silenciosamente, revelam que as leis foram feitas para poucos. “O Levante” de Andrade acentua o contraste entre a ideia de desenvolvimento pretendida pela cidade, e a clandestinidade que permeia todos os âmbitos da sociedade brasileira, do público e privado, e que a faz funcionar.
“Museu do Homem do Nordeste” é um projeto em andamento de Jonathas de Andrade que, a cada nova montagem, apresenta uma nova versão do “Museu”, incorporando cumulativamente novos projetos e pesquisas desenvolvidos pelo artista.
Segunda individual de Jonathas de Andrade, na Vermelho, a exposição “Museu do Homem do Nordeste” reúne três de seus projetos mais recentes: as instalações “Cartazes para o Museu do Homem do Nordeste” [2013], “40 Nego Bom é 1 real” [2013], e “O Levante” [2012-2013]. As obras se articulam como uma coleção paralela ao Museu do Homem do Nordeste, localizado na cidade do Recife [PE]. Criado em 1979 por Gilberto Freyre, o museu antropológico conta com um acervo de mais de 15000 peças representativas da formação étnica, histórica e social da região. Nesta série de trabalhos, Jonathas de Andrade experimenta novas bases e metodologias ao museu original, e apresenta na Galeria Vermelho a primeira versão deste paramuseu.
Para criar a instalação “Cartazes para o Museu do Homem do Nordeste”, Andrade publicou anúncios nos jornais do Recife em busca de trabalhadores interessados em posar para o cartaz do Museu do Homem do Nordeste. Os cartazes da instalação variam conforme cada encontro, numa construção de identidade – do homem, da imagem do museu – pautada por uma relação ambivalente, antropófoga e erotizante.
Instalação que atualmente participa da 12ª Bienal de Lyon, na França, e que recentemente rendeu a Andrade o Prix de la Francophonie [Lyon, França], “40 Nego Bom é 1 real” parte do grito popular usado na venda deste doce de banana nos mercados e ruas do Nordeste brasileiro. Neste projeto, Andrade construiu uma fábrica fictícia onde 40 personagens trabalham na feitura do doce a partir de uma receita. Num segundo momento, a instalação revela, por meio de textos impressos, um acerto de contas em que as relações de trabalho são explicitadas, levando em consideração as sutilezas das relações pessoais que ao fim entram na conta. No projeto, Andrade revê a teoria-mito de uma harmonia calcada na camaradagem, e aborda os ecos de um pós-colonialismo e pós-escravidão que constituíram uma cultura de naturalidade com as relações de poder e dependência, de naturalidade diante do servilismo, da exploração atenuada pela aparente gentileza, e pelo racismo velado e incorporado como dinâmica social.
A terceira instalação que integra o Museu do Homem do Nordeste, “O Levante”, é resultado da “1ª Corrida de Carroças no Centro do Recife”, organizada por Jonathas nas ruas do Recife, em 2012. Como a circulação de animais rurais é proibida por lei nas ruas do Recife, todos aqueles que se movimentam a cavalo pela cidade se tornam invisíveis para a lei. Somente tratando a corrida como cena de filme, ou seja, como ficção, é que o evento obteve as autorizações oficiais necessárias para acontecer no espaço público.
Para Andrade, ao mesmo tempo que os cavalos e seus donos, normalmente pessoas que estão à margem da lógica desenvolvimentista da cidade, e do País, o contraste gerado por sua presença no espaço urbano soa como eco da ruralidade, revelando as origens desta região. O vídeo e as fotos, registros da ação nas ruas do Recife, representam documentos acerca das leis e de sua inoperância, e, silenciosamente, revelam que as leis foram feitas para poucos. “O Levante” de Andrade acentua o contraste entre a ideia de desenvolvimento pretendida pela cidade, e a clandestinidade que permeia todos os âmbitos da sociedade brasileira, do público e privado, e que a faz funcionar.
“Museu do Homem do Nordeste” é um projeto em andamento de Jonathas de Andrade que, a cada nova montagem, apresenta uma nova versão do “Museu”, incorporando cumulativamente novos projetos e pesquisas desenvolvidos pelo artista.