Odires Mlászho muitas vezes trabalha na fronteira entre artes visuais e poesia. Sua investigação, em grande parte, mira entender onde esses dois campos se tocam. Um dos principais focos de sua pesquisa, portanto, se articula entorno da dimensão gráfica da palavra escrita enquanto imagem. A sobreposição de sistemas de escrita, de alfabetos e línguas, e os equipamentos desenvolvidos para gravar, imprimir e estampar esses sistemas são ferramentas na produção de sua obra. Por vezes, Odires constrói seus trabalhos ao redor da espacialização da construção de poemas, com seus cheios e vazios e suas estruturas.
Esse tipo de investigação fronteiriça leva o artista a explorar o limite entre os planos bi e tridimensional, como vemos em algumas de suas colagens como “Bauhausmachine”, 2007. É a partir desse tranco que Mlászho passa a desenvolver obras com a técnica que batiza de livros alterados, aonde a escrita cede lugar ao próprio corpo do livro que a abriga para gerar construções que se edificam ao redor da couraça da escrita. Os livros alterados apontam a presença física oriunda de seu próprio contraponto bidimensional. Mas a escrita que verte da produção de Odires é o que o artista chama de “proto-escrita”, ou a escrita diluída antes de sua materialização sintáxica. Trata-se de uma escrevedura totalmente desarticulada, como em um “balbucio”, como o artista já colocou. Os elementos linguísticos estão lá, mas não cabem a qualquer léxico ou sintaxe.
Em “Arquibabas: Babas Geométricas”, o que vemos são os invólucros ideais para as “escritas” do artista. A série inédita e de mesmo nome, de 2015, se articula à volta de procedimentos feitos por Mlászho em capas de livros. São intervenções feitas com facas gráficas, esfoliações e sublimações que não deixam vestígios sobre o conteúdo que poderia vir abrigado por aquelas capas. Vemos apenas anunciações geométricas e coloridas em excesso. As babas sugeridas por Odires poderiam ser lidas como lábia, ardil, ou como palavrório imbuído de astúcia e artifícios.
A abundância de “Arquibabas” apresentadas reforça essa espécie de esforço retórico apontada pelos “balbucios” antes citados. A demasia pode apontar a deficiência da linguagem observada por Mlászho. Não se trata, porém, de descartar a imensidão do universo semântico, mas de qualificar sua paixão pelo acesso plástico do textual, da palavra retomada como imagem.
Odires Mlászho muitas vezes trabalha na fronteira entre artes visuais e poesia. Sua investigação, em grande parte, mira entender onde esses dois campos se tocam. Um dos principais focos de sua pesquisa, portanto, se articula entorno da dimensão gráfica da palavra escrita enquanto imagem. A sobreposição de sistemas de escrita, de alfabetos e línguas, e os equipamentos desenvolvidos para gravar, imprimir e estampar esses sistemas são ferramentas na produção de sua obra. Por vezes, Odires constrói seus trabalhos ao redor da espacialização da construção de poemas, com seus cheios e vazios e suas estruturas.
Esse tipo de investigação fronteiriça leva o artista a explorar o limite entre os planos bi e tridimensional, como vemos em algumas de suas colagens como “Bauhausmachine”, 2007. É a partir desse tranco que Mlászho passa a desenvolver obras com a técnica que batiza de livros alterados, aonde a escrita cede lugar ao próprio corpo do livro que a abriga para gerar construções que se edificam ao redor da couraça da escrita. Os livros alterados apontam a presença física oriunda de seu próprio contraponto bidimensional. Mas a escrita que verte da produção de Odires é o que o artista chama de “proto-escrita”, ou a escrita diluída antes de sua materialização sintáxica. Trata-se de uma escrevedura totalmente desarticulada, como em um “balbucio”, como o artista já colocou. Os elementos linguísticos estão lá, mas não cabem a qualquer léxico ou sintaxe.
Em “Arquibabas: Babas Geométricas”, o que vemos são os invólucros ideais para as “escritas” do artista. A série inédita e de mesmo nome, de 2015, se articula à volta de procedimentos feitos por Mlászho em capas de livros. São intervenções feitas com facas gráficas, esfoliações e sublimações que não deixam vestígios sobre o conteúdo que poderia vir abrigado por aquelas capas. Vemos apenas anunciações geométricas e coloridas em excesso. As babas sugeridas por Odires poderiam ser lidas como lábia, ardil, ou como palavrório imbuído de astúcia e artifícios.
A abundância de “Arquibabas” apresentadas reforça essa espécie de esforço retórico apontada pelos “balbucios” antes citados. A demasia pode apontar a deficiência da linguagem observada por Mlászho. Não se trata, porém, de descartar a imensidão do universo semântico, mas de qualificar sua paixão pelo acesso plástico do textual, da palavra retomada como imagem.