A coletiva “Livre Tradução”, última exposição de 2010 na Vermelho, apresentará obras que, de formas distintas, utilizam procedimentos técnicos próximos aos empregados em livros, catálogos e enciclopédias, como aforismos, citações, notas de rodapé, releituras, traduções ou verbetes. A fachada feita por Ianês é uma síntese disso.
A rigidez dos ossos, a flexibilidade dos músculos e da pele, a estrutura estável do esqueleto e as dinâmicas do movimento, o ocultamento dos órgãos e dos ossos e seu ocultamento foram algumas das questões que permearam as pesquisas de Chaia e que surgem materializadas no formato de vídeos, fotografias, desenhos, colagens e na instalação Fachadeira (2010) que ocupa a fachada da Vermelho. Na obra, criada sobre uma tela de nylon igual a que cobre prédios em construção ou reforma pela cidade, Chaia imprime sobre a superfície de 15 x 8 metros da fachada, a configuração das vértebras de uma coluna vertebral.
Etiqueta, instalação para a fachada da Vermelho criada por João Loureiro sugere uma “classificação” da galeria através da forma de uma etiqueta de vinil adesivo. Todavia essa etiqueta é desprovida de conteúdo. Vazia, ela não é capaz de atribuir característica ao seu suporte, ficando reduzida apenas a uma intenção. A forma é reconhecível, porém, associada ao esvaziamento funcional lança uma possibilidade de enxergar o desenho como uma abstração, meramente uma composição geométrica. Na obra, Loureiro retoma a ideia da relação entre forma e função.
Mauricio Ianês apresenta um conjunto de trabalhos que exploram os limites da linguagem de forma radical, focando mais uma vez no discurso escrito.
A linguagem insuficiente e fraca, incapaz de cumprir com a sua função, se fecha e desaparece, deixando espaço para o surgimento de outras formas de comunicação
Em sua primeira individual na Vermelho, Dora Longo Bahia retoma sua pesquisa acerca da violência, tema que caracteriza grande parte da carreira da artista.
Robbio altera os padrões visuais estabelecidos, sugerindo uma revisão da intimidade que temos com a lógica desses sistemas já decifrados e catalogados pelo imaginário, apontando para a impossibilidade de compreensão integral de sua complexidade.
Radicados em Paris desde 2002, Angela Detanico e Rafael Lain retornam a Vermelho com a individual Léxico, composta por uma série de novos trabalhos que sugerem novas formas de interpretação de textos, palavras e letras, integrando a elas elementos sonoros e do design gráfico. Com tais procedimentos, os trabalhos sugerem formas atualizadas de leitura e contemplação da herança modernista.
No século 17, o astrônomo alemão Johann Bayer criou sua classificação para as estrelas de cada constelação do sistema solar de acordo com a ordem de magnitude, atribuindo às mais brilhantes a letra grega Alfa, seguindo em ordem decrescente até a letra Omega. Detanico Lain se apropriaram do sistema desenvolvido por Bayer para criar os trabalhos que compõem a exposição.