A Galeria Vermelho apresenta Somos, a segunda individual de Iván Argote na galeria, de 05 de setembro a 07 de outubro de 2017. Paralelamente, a Sala Antonio de projeção exibe Reddishblue Memories (2017), também de Argote.
Nascido em 1983, em Bogotá, na Colômbia, Iván Argote instalou-se em Paris em 2006. Seu trabalho explora o comportamento humano, a forma como as pessoas se relacionam com o meio ambiente e nossos vínculos inexplicáveis com a história, tradição, arte, política e poder. Argote cria instalações públicas, vídeos, fotografias e esculturas. Os monumentos públicos e estatuários são temas recorrentes em seu trabalho, que questiona os mecanismos de poder e autoridade. Argote explora a cidade como um lugar de transformação e possibilidades.
_
Em seu filme As far as we could get [até onde poderíamos chegar, em tradução livre], Iván Argote cava um túnel imaginário entre a Indonésia e a Colômbia, respectivamente entre os municípios de Palembang e Neiva. As duas cidades situam-se em localidades diametralmente opostas em relação à Terra. Argote relacionou-se com habitantes de condições sociais similares nos dois países, e seu foco eram os jovens nascidos no mesmo dia da queda do Muro de Berlim. O artista desbota fronteiras geopolíticas e emocionais para retratar aqueles que floresceram sincronicamente ao fim de uma barreira física que dividia um mesmo povo separado por crenças, tradições, princípios e mitos. Sentimentos, Memória e História se circulam e aproximam as extremidades políticas da superfície terrestre.
Outra aproximação percebida no filme são os outdoors instalados pelo artista em ambas as cidades, anunciando o filme La Venganza Del Amor [A Vingança do Amor]. O filme anunciado dentro do filme pode parecer ominoso, mas é benfazejo, como uma resposta ao tempo, ao momento atual que é, em muitos lugares, de hostilidade em relação ao outro, ao estrangeiro ou ao diferente. A previsão da vingança do amor é que no entrechoque com as barreiras, o amor prevalecerá.
Esse embate entre o sensível e o pétreo é o compasso das demais obras que compõem a exposição, inclusive em confronto com o filme que, desdobrado em sete capítulos, faz acender e escurecer a sala de exposição em intervalos que marcam o ritmo da observação das peças – enquanto um capítulo é projetado, a sala se torna escura e vice-versa. No mesmo ambiente de As far as we could get, está um conjunto de esculturas formadas por placas de aço carbono perfuradas e cortadas a laser, tituladas Sombras. Cada escultura é formada por diferentes folhas de aço que sobrepõem diferentes dizeres, formando hinos a partir desse acúmulo. Frases que poderiam estar em cartazes de protesto se misturam com revelações afetivas, mais uma vez desbotando a linha entre sensibilidade e racionalidade, como em No Site is Innocent (2017), que mistura a frase do título [nenhum lugar é inocente] com um termo de afeto amoroso: My Dear [meu querido].
No térreo, Argote manipula a ideia de monumento enquanto obras construídas para a perpetuação memorialística de pessoa ou fato relevante a alguma comunidade. Em Arco, o artista desmonta um círculo de concreto de proporção imponente em seis partes que se apoiam pelas paredes e pelo chão, como se lhes faltassem bases que os pudessem definir como monumentos autossustentados. Os monumentos de Argote são rotos e celebram a interrupção de uma história circular que poderia se repetir tragicamente. Em Sírvete de mi, Sírveme de ti [Sirva-se de mim, sirvo-me de você] (2017), Iván Argote propõe outra “maneira” de monumento, constituído por uma grande fila de mãos humanas que se enlaçam como elos de uma corrente.
A ideia de monumento vem sendo questionada pela obra de Argote em diferentes peças como em Strengthlessness (2016). O título da escultura, em inglês, faz referência a um estado de falta de poder, de impotência, e mostra um obelisco frouxo que, amolecido, apoia-se no chão.
Mais recentemente, Argote apresentou, em 2017, na exposição Future Generation Art Prize @ Venice, o monumento Sweet Potato [Batata doce]. Essa grande escultura ergue a batata ao estado de ícone. O vegetal, supostamente, cruzou os mares já em 700 d.C. quando saiu da foz do rio Orinoco, na Venezuela, até a Polinésia, para ser cultivado e comido desde então e, eventualmente testemunhando um exemplo de uma incorporação cultural bem-sucedida. Apresentada como um meteorito de ouro, a batata doce de Argote questiona a quem ou ao que servem os monumentos na contemporaneidade.
A Galeria Vermelho apresenta Somos, a segunda individual de Iván Argote na galeria, de 05 de setembro a 07 de outubro de 2017. Paralelamente, a Sala Antonio de projeção exibe Reddishblue Memories (2017), também de Argote.
Nascido em 1983, em Bogotá, na Colômbia, Iván Argote instalou-se em Paris em 2006. Seu trabalho explora o comportamento humano, a forma como as pessoas se relacionam com o meio ambiente e nossos vínculos inexplicáveis com a história, tradição, arte, política e poder. Argote cria instalações públicas, vídeos, fotografias e esculturas. Os monumentos públicos e estatuários são temas recorrentes em seu trabalho, que questiona os mecanismos de poder e autoridade. Argote explora a cidade como um lugar de transformação e possibilidades.
_
Em seu filme As far as we could get [até onde poderíamos chegar, em tradução livre], Iván Argote cava um túnel imaginário entre a Indonésia e a Colômbia, respectivamente entre os municípios de Palembang e Neiva. As duas cidades situam-se em localidades diametralmente opostas em relação à Terra. Argote relacionou-se com habitantes de condições sociais similares nos dois países, e seu foco eram os jovens nascidos no mesmo dia da queda do Muro de Berlim. O artista desbota fronteiras geopolíticas e emocionais para retratar aqueles que floresceram sincronicamente ao fim de uma barreira física que dividia um mesmo povo separado por crenças, tradições, princípios e mitos. Sentimentos, Memória e História se circulam e aproximam as extremidades políticas da superfície terrestre.
Outra aproximação percebida no filme são os outdoors instalados pelo artista em ambas as cidades, anunciando o filme La Venganza Del Amor [A Vingança do Amor]. O filme anunciado dentro do filme pode parecer ominoso, mas é benfazejo, como uma resposta ao tempo, ao momento atual que é, em muitos lugares, de hostilidade em relação ao outro, ao estrangeiro ou ao diferente. A previsão da vingança do amor é que no entrechoque com as barreiras, o amor prevalecerá.
Esse embate entre o sensível e o pétreo é o compasso das demais obras que compõem a exposição, inclusive em confronto com o filme que, desdobrado em sete capítulos, faz acender e escurecer a sala de exposição em intervalos que marcam o ritmo da observação das peças – enquanto um capítulo é projetado, a sala se torna escura e vice-versa. No mesmo ambiente de As far as we could get, está um conjunto de esculturas formadas por placas de aço carbono perfuradas e cortadas a laser, tituladas Sombras. Cada escultura é formada por diferentes folhas de aço que sobrepõem diferentes dizeres, formando hinos a partir desse acúmulo. Frases que poderiam estar em cartazes de protesto se misturam com revelações afetivas, mais uma vez desbotando a linha entre sensibilidade e racionalidade, como em No Site is Innocent (2017), que mistura a frase do título [nenhum lugar é inocente] com um termo de afeto amoroso: My Dear [meu querido].
No térreo, Argote manipula a ideia de monumento enquanto obras construídas para a perpetuação memorialística de pessoa ou fato relevante a alguma comunidade. Em Arco, o artista desmonta um círculo de concreto de proporção imponente em seis partes que se apoiam pelas paredes e pelo chão, como se lhes faltassem bases que os pudessem definir como monumentos autossustentados. Os monumentos de Argote são rotos e celebram a interrupção de uma história circular que poderia se repetir tragicamente. Em Sírvete de mi, Sírveme de ti [Sirva-se de mim, sirvo-me de você] (2017), Iván Argote propõe outra “maneira” de monumento, constituído por uma grande fila de mãos humanas que se enlaçam como elos de uma corrente.
A ideia de monumento vem sendo questionada pela obra de Argote em diferentes peças como em Strengthlessness (2016). O título da escultura, em inglês, faz referência a um estado de falta de poder, de impotência, e mostra um obelisco frouxo que, amolecido, apoia-se no chão.
Mais recentemente, Argote apresentou, em 2017, na exposição Future Generation Art Prize @ Venice, o monumento Sweet Potato [Batata doce]. Essa grande escultura ergue a batata ao estado de ícone. O vegetal, supostamente, cruzou os mares já em 700 d.C. quando saiu da foz do rio Orinoco, na Venezuela, até a Polinésia, para ser cultivado e comido desde então e, eventualmente testemunhando um exemplo de uma incorporação cultural bem-sucedida. Apresentada como um meteorito de ouro, a batata doce de Argote questiona a quem ou ao que servem os monumentos na contemporaneidade.