A Galeria Vermelho apresenta, de 03 a 11 de outubro, É claro que você sabe do que estou falando?, exposição coletiva com curadoria de Luisa Duarte, que conta com obras de Amilcar Packer, Cadu, Carla Zaccagnini, CINEMATA (Cinthia Marcelle e Tiago MM), Fabio Morais, Keila Alaver, Gisela Motta e Leandro Lima, Leya Mira Brander, Lia Chaia, Marcelo Cidade, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Maurício Ianês, Nicolás Robbio, Rafael Assef, Virgínia de Medeiros e Wagner Morales. Para a abertura da exposição, os curadores Suzy Capó (Festival Mix Brasil) e Jürgen Brünning (Pornfilmfestival Berlin), criaram o programa OPEN CALL composto por filmes e vídeos que serão projetados sobre a fachada da galeria.
É claro que você sabe do que estou falando? é o resultado das pesquisas de 17 artistas, selecionados pela curadora Luisa Duarte e pelo diretor da Vermelho Eduardo Brandão, acerca do tema sexo. Segundo Duarte, a vontade de abordar tal questão surgiu a partir da constatação da ausência do tema na arte atual, e pode ser resumida na seguinte pergunta: como se dá a representação do sexo na produção de jovens artistas brasileiros hoje? Com a intenção de alinhavar trocas, formas de ver, escutar e dizer, foi proposto aos artistas a leitura de textos de Georges Bataille, Octavio Paz, Sigmund Freud, Severo Sarduy entre outros.
O sexo, seus desdobramentos e categorizações foi um tema altamente discutido e estudado em várias áreas do conhecimento, no século 20. No campo da arte, de Duchamp aos surrealistas, passando pela produção poética e literária, o erotismo foi também o centro das atenções. A partir dos anos 1960, tem início a chamada revolução sexual. A introdução dos anticoncepcionais promove uma mudança radical nos padrões de comportamento, revisto nos anos 1980 com a chegada da AIDS. Uma artista que condensa em sua obra esse arco histórico, incluindo o debate do multi-culturalismo e das micro-políticas das minorias, é Nan Goldin.
Atualmente, a pornografia parece substituir o erotismo. Ela enseja a visibilidade, e o erotismo abriga um jogo de imaginação que o tempo hiper-acelerado tem dificuldade em comportar. No século 21, o medo da AIDS foi substituído por uma espécie de ideal de plena liberdade quanto à sexualidade, como se ela não fosse marcada pela história singular da formação de cada sujeito. Em um mundo onde interessa tornar tudo em mercadoria, pessoas e suas respectivas sexualidades entram no jogo. A lógica da sociedade de mercado solicita que tudo tenha sentido para que possa ser reconhecível e ganhar valor de consumo. Parte da arte contemporânea compreendeu esse sistema e fez desse entendimento o seu leitmotiv.
Uma postura diversa a esta pode ser encontrada no livro que inspira o título dessa exposição, da escritora e cineasta Miranda July. Nele, há um erotismo dos desajeitados, dos amantes, mais que dos amados. Pedro Almodóvar também põe em cena um repertório de personagens de grandes desdobramentos éticos e políticos repletos de desejo sexual e movidos pelo amor, e quase sempre deixando entrever a vulnerabilidade, o desejo que desconhece a lei, a humanidade que conhece e reconhece as falhas. A ausência de finalidade presente na arte e no erotismo, é em tudo contrária a um mundo que busca a precisão, a competência, a produtividade, a correção, o lugar certo, até para aquilo que é constitutivo de cada indivíduo e por vezes um mistério para ele próprio.
A Galeria Vermelho apresenta, de 03 a 11 de outubro, É claro que você sabe do que estou falando?, exposição coletiva com curadoria de Luisa Duarte, que conta com obras de Amilcar Packer, Cadu, Carla Zaccagnini, CINEMATA (Cinthia Marcelle e Tiago MM), Fabio Morais, Keila Alaver, Gisela Motta e Leandro Lima, Leya Mira Brander, Lia Chaia, Marcelo Cidade, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Maurício Ianês, Nicolás Robbio, Rafael Assef, Virgínia de Medeiros e Wagner Morales. Para a abertura da exposição, os curadores Suzy Capó (Festival Mix Brasil) e Jürgen Brünning (Pornfilmfestival Berlin), criaram o programa OPEN CALL composto por filmes e vídeos que serão projetados sobre a fachada da galeria.
É claro que você sabe do que estou falando? é o resultado das pesquisas de 17 artistas, selecionados pela curadora Luisa Duarte e pelo diretor da Vermelho Eduardo Brandão, acerca do tema sexo. Segundo Duarte, a vontade de abordar tal questão surgiu a partir da constatação da ausência do tema na arte atual, e pode ser resumida na seguinte pergunta: como se dá a representação do sexo na produção de jovens artistas brasileiros hoje? Com a intenção de alinhavar trocas, formas de ver, escutar e dizer, foi proposto aos artistas a leitura de textos de Georges Bataille, Octavio Paz, Sigmund Freud, Severo Sarduy entre outros.
O sexo, seus desdobramentos e categorizações foi um tema altamente discutido e estudado em várias áreas do conhecimento, no século 20. No campo da arte, de Duchamp aos surrealistas, passando pela produção poética e literária, o erotismo foi também o centro das atenções. A partir dos anos 1960, tem início a chamada revolução sexual. A introdução dos anticoncepcionais promove uma mudança radical nos padrões de comportamento, revisto nos anos 1980 com a chegada da AIDS. Uma artista que condensa em sua obra esse arco histórico, incluindo o debate do multi-culturalismo e das micro-políticas das minorias, é Nan Goldin.
Atualmente, a pornografia parece substituir o erotismo. Ela enseja a visibilidade, e o erotismo abriga um jogo de imaginação que o tempo hiper-acelerado tem dificuldade em comportar. No século 21, o medo da AIDS foi substituído por uma espécie de ideal de plena liberdade quanto à sexualidade, como se ela não fosse marcada pela história singular da formação de cada sujeito. Em um mundo onde interessa tornar tudo em mercadoria, pessoas e suas respectivas sexualidades entram no jogo. A lógica da sociedade de mercado solicita que tudo tenha sentido para que possa ser reconhecível e ganhar valor de consumo. Parte da arte contemporânea compreendeu esse sistema e fez desse entendimento o seu leitmotiv.
Uma postura diversa a esta pode ser encontrada no livro que inspira o título dessa exposição, da escritora e cineasta Miranda July. Nele, há um erotismo dos desajeitados, dos amantes, mais que dos amados. Pedro Almodóvar também põe em cena um repertório de personagens de grandes desdobramentos éticos e políticos repletos de desejo sexual e movidos pelo amor, e quase sempre deixando entrever a vulnerabilidade, o desejo que desconhece a lei, a humanidade que conhece e reconhece as falhas. A ausência de finalidade presente na arte e no erotismo, é em tudo contrária a um mundo que busca a precisão, a competência, a produtividade, a correção, o lugar certo, até para aquilo que é constitutivo de cada indivíduo e por vezes um mistério para ele próprio.