28 x 16 x 4 cm + 27 x 16 x 4 cm + 3,5 x 3,5 x 3,5 cm
Mogno entalhado e bola de ping-pong
Foto Filipe BerndtCara de pau (teatro), apresenta duas raquetes de pingue-pongue esculpidas em mogno em pleno jogo: uma em alegria, a outra em angústia, pronta para receber a bola no rosto. A referência ao teatro grego e à dualidade entre tragédia e comédia sinaliza a polaridade das emoções que tomou conta do mundo: um zigue-zague emocional em que uma emoção está sempre em oposição à outra.
“Em tempos de negacionismo intenso, publicações rápidas na internet e fake news, falhamos em nos comunicar, falhamos em ouvir. Os diálogos se transformaram em um jogo de pingue-pongue violento, uma disputa”, contextualiza de Souza.
48 x 44 x 4 cm
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
O novo bronze de Edgard de Souza pode ser considerado algo entre um autorretrato e um possível retrato do espectador. Sua forma lembra um espelho de mão, mas sua superfície é fosca. Sua forma também está relacionada às famosas “Gotas” de Edgard, que evocam fluidos corporais.
Edgard cita o espelho a partir de referências tão diversas quanto o “Maschinenmensch” de Fritz Lang e os designs de Verner Panton. De Constantin Brancusi à máquina de moldagem “Vacuum form”. Edgard evoca vários conceitos nessa escultura: o artesanato e os processos de reprodução industrial, o singular e a produção em massa. Sua produção passa por essa dicotomia: suas peças de bronze são meticulosamente esculpidas à mão em gesso antes de passarem pelo processo de reprodutibilidade da fundição.
Desde o início de sua produção, no final da década de 1980, de Souza vem investigando a escultura – seus processos e histórias – com o mesmo vigor que seus contemporâneos dedicavam à pintura. Suas obras estão permanentemente instaladas no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, e foram eixo para a 24ª Bienal de São Paulo (1998), conhecida como Bienal da Antropofagia, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Adriano Pedrosa (adjunto). Pedrosa também foi curador da exposição panorâmica de Souza na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004).
Edgard oferece uma declaração recente sobre a obra: “Um aspecto importante para mim é a forma em si. Quando o espelho de mão assume a dimensão de uma raquete, ele se torna uma arma – especialmente quando pesa 5 quilos – você pode quebrar a cabeça de alguém! As armas são sempre um problema, e a possibilidade de reflexo coloca o espectador como parte desse problema. O negacionismo de hoje tem a ver com o desejo das pessoas de fugir das responsabilidades… Sei que estou conjecturando, e tudo isso não está necessariamente explícito no trabalho, mas foi essa ideia que me levou até aqui. Não sei, talvez a ideia sobre essa peça se tornasse um círculo completo se o trabalho fosse intitulado ‘Problema’.”
De Souza fala mais uma vez sobre dualidade. Sobre o belo e o feio presentes em cada um de nós. O reflexo, na história da arte, sempre apontou a dualidade do indivíduo: do “Narciso” (1597-1599), de Caravaggio, ao romance “The Picture of Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde. O reflexo sempre oferece tanto sedução quanto perigo.
132 x 34 x 50 cm
Bronze patinado
Foto Filipe Berndt
34 x 22 cm
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
28 x 39 cm
Fio de seda sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
42 x 30 cm
Fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt
57 x 20 x 6,5 cm
bronze cromado
Foto Filipe BerndtO novo bronze de Edgard de Souza se coloca entre um autorretrato e um possível retrato de quem o vê. A superfície cromada espelhada e sua forma lembram um espelho de mão, ao mesmo tempo em que sugerem uma cabeça com pescoço. Sua forma também se relaciona com a célebres “Gotas” de Edgard, que evocam fluídos corporais.
Edgard cita o espelho a partir de referências tão diversas quanto a “Maschinenmensch” de Fritz Lang e os desenhos de Verner Panton. De Constantin Brancusi à máquina de moldagem a vácuo “Vacuum form”. Edgard aproxima artesania e processos industriais de reprodução, o indivíduo e o reproduzível. Sua produção passa por essa dicotomia: suas peças em bronze são meticulosamente esculpidas à mão antes de passarem pelo processo de reprodutibilidade da fundição a partir de moldes.
Desde o início de sua produção, no final dos anos 1980, de Souza investiga a escultura – seus processos e histórias – com o mesmo vigor que seus contemporâneos se dedicavam à pintura. Suas obras estão instaladas permanentemente no Instituto Inhotim, em Minas Gerais e foram símbolo da famosa 24ª Bienal de São Paulo (1998), conhecida como a Bienal da Antopofagia, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Adriano pedrosa (adjunto). Pedrosa também curou a exposição panorâmica de de Souza na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2004). Seus trabalhos estão presentes em museus como Fundación Museo Reina Sofía (Espanha), Palm Springs Art Museum (EUA), Inhotim (Brasil), Pinacoteca do Estado (Brasil), MAM SP (Brasil) e MAM RJ (Brasil).
Edgard da um último depoimento sobre a peça: “Um aspecto importante para mim é a forma em si. Quando o espelho de toucador ganha a dimensão de uma raquete ele vira uma arma – especialmente quando pesa 5 quilos – dá para rachar a cabeça de alguém! Armas são sempre um problema e o reflexo põe o expectador como parte do problema. O negacionismo de hoje tem a ver com a vontade das pessoas escaparem de responsabilidades… sei que é muita viagem e que tudo isso não aparece no trabalho, mas foi essa ideia que me conduziu aqui. Sei lá, talvez a coisa fechasse se o trabalho fosse batizado ‘Problema’.”
De Souza fala mais uma vez sobre dualidade. Sobre o belo e o feio em cada um. O reflexo, na história da arte, muitas vezes, apontou a dualidade do individuo: do “Narciso” de Caravaggio (1597-1599) ao romance “O Retrato de Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde.
O reflexo sempre ofereceu sedução e risco.
67 x 48 cm
fio de algodão sobre tecido de linho
Foto Filipe Berndt160 x 30 x 40 cm
escultura – barbante de algodão, alumínio e manequim
Foto Eduardo Ortega140 x 110 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Ana Pigosso (17h)4 x 19 x 4 cm e 3,5 x 19 x 4 cm
Fundição em prata 833
Foto Edouard FraipontA pulsão de vida inserida em objetos do cotidiano é uma prática recorrente na obra de Edgard de Souza e aparece na série de colheres que o artista vem desenvolvendo. Os objetos foram esculpidos rigorosamente por Edgard a partir de toras de madeiras e, aqui, foram fundidas em prata. Em Colher lambe colher a prata ganha vida e feições humanas e, em dupla, parecem servir uma à outra voluptuosamente. O tamanho e o material das peças aproximam os objetos daqueles do uso cotidiano e tem o potencial de envolver o espectador – que poderia leva-las à boca – em sua malícia.
100 x 30 x 57 cm
Bronze patinado Foto Edouard Fraipont23,5 x 44 x 40 cm
Bronze patinado Foto Edouard Fraipont51 x 40 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Edouard Fraipont80 x 80 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Edouard Fraipont40 x 289 x 10 cm
Montagem de cama laqueada restaurada (Hobjeto) sobre parede Foto Edouard Fraipont Do espaço privado do artista vêm as obras Cama (2018) e Encosto (2018), ambas originadas pelo quarto que ocupava na casa de seus pais, em São Paulo, durante sua juventude. O mobiliário do quarto era composto por peças da Hobjeto, empresa de móveis fundada em 1964 pelo fotógrafo, pintor, gravador, artista gráfico e designer Geraldo de Barros (1923-1998). A empresa carregava em seus desenhos a marca construtiva da obra de Barros e seus móveis modulares eram produzido usando as mesmas técnicas de suas pinturas feitas em Formica. As obras de Barros eram construídas a partir da desconstrução e do fragmento, tanto de imagens quanto de ações. Esses procedimentos são espelhados por Edgard, que desdobra as peças de seu antigo quarto em frações abstratas e rearticuladas, mas que carregam em si seu entorno formador, tanto no apreço pela forma quanto pelos métodos de construção. Tanto Encosto quanto Cama saem da figuração objetal de suas composições originais para voltarem a abstração concretista de Barros.100 x 130 cm
Linha de algodão sobre linho
Foto Edouard FraipontEdgard leva os rabiscos “imprecisos” vistos em sua última individual para uma construção combinada, usando linha de algodão sobre superfícies de linho. O mesmo tipo de “desenho de ação” é visível, mas agora eles são criados de outra maneira, trazendo o atrito entre as construções espontâneas e planejadas para as obras. Os bordados podem ser erráticos como rabiscos, ou pontuais, como se formassem infecções sobre o tecido. Em comum, eles carregam o volume construído a partir do acumulo de material, chegando a formar protuberâncias que parecem escorrer do plano, rompendo o bidimensional.
30 x 40 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Edouard Fraipont40 x 50 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Edouard Fraipont60 x 70 cm
Linha de algodão sobre linho Foto Edouard Fraipont72 x 36 x 17 cm (aproximadamente visto que a posição pode variar)
Pinho de riga entalhado e cristal Foto Edouard Fraipont57 cm de altura
Jacarandá entalhado e cristal Foto Edouard FraipontVariáveis/ variable
Veludo, espuma e arame Foto Edouard Fraipont Na série Conforto, desenvolvida entre 2013 e 2015, Edgard desloca almofadas que parecem provindas de cadeiras e que deveriam oferecer aconchego e bem-estar ao status de escultura. As almofadas, além de terem seu lugar e posição desvirtuados, são deformadas em feitio entre conchas seguras e protetoras e formas desajustadas e austeras. O conforto de Edgard de Souza parece estar nesse terreno entre o controle absoluto do virtuoso e a perda de controle que move sua produção adiante. A crítica e curadora Lisette Lagnado, escreveu no catálogo da exposição panorâmica do artista na Pinacoteca do Estado de São Paulo que “Se tomarmos como paradigma existencial que Edgard de Souza começa a produzir num período marcado pelo ‘medo’, será inevitável constatar um recolhimento para um sítio interno”. Lagnado se refere ao aparecimento da AIDS e o subsequente adoecimento de algumas pessoas que rodeavam o artista na década de 1980. O aparecimento da doença instala um vetor inversamente proporcional ao da efervescência jovem daquele instante. Entram em embate impulsos de selvageria e de abrigo; de racionalidade e barbárie com a mesma intensidade.Variáveis/ variable
Veludo, espuma e fio Foto Edouard Fraipont Na série Conforto, desenvolvida entre 2013 e 2015, Edgard desloca almofadas que parecem provindas de cadeiras e que deveriam oferecer aconchego e bem-estar ao status de escultura. As almofadas, além de terem seu lugar e posição desvirtuados, são deformadas em feitio entre conchas seguras e protetoras e formas desajustadas e austeras. O conforto de Edgard de Souza parece estar nesse terreno entre o controle absoluto do virtuoso e a perda de controle que move sua produção adiante. A crítica e curadora Lisette Lagnado, escreveu no catálogo da exposição panorâmica do artista na Pinacoteca do Estado de São Paulo que “Se tomarmos como paradigma existencial que Edgard de Souza começa a produzir num período marcado pelo ‘medo’, será inevitável constatar um recolhimento para um sítio interno”. Lagnado se refere ao aparecimento da AIDS e o subsequente adoecimento de algumas pessoas que rodeavam o artista na década de 1980. O aparecimento da doença instala um vetor inversamente proporcional ao da efervescência jovem daquele instante. Entram em embate impulsos de selvageria e de abrigo; de racionalidade e barbárie com a mesma intensidade.25 x 19 cm
Interposição de peles de vaca Foto Edouard Fraipont Em sua série de “manchas falsas”, Edgard de Souza apresenta peças feitas com peles de vaca recortadas e coladas, simulando pelagens reais, porém com padrões artificiais. A série simula o pelo animal em padronagens gráficas e em estampas orgânicas localizadas.45 x 72 cm
Pano de chão reconstituído Foto Edouard Fraipont44 x 43 cm
Interposição de peles de vaca Foto Edouard Fraipont Em sua série de “manchas falsas”, Edgard de Souza apresenta peças feitas com peles de vaca recortadas e coladas, simulando pelagens reais, porém com padrões artificiais. A série simula o pelo animal em padronagens gráficas e em estampas orgânicas localizadas.Variáveis/ variable
19 mesas de madeira freijó envernizada e 1 lâmpada Foto Galeria Vermelho70 x 108 x 40 cm
Madeira freijó envernizada Foto Edouard Fraipont80 x 27 x 7 cm
Couro e madeira
Foto Vermelho20,5 x 17 x 16,5 cm
Massa de PVC assada e moldada Foto Galeria Vermelho83,5 x 100 x 5 cm
Esculturas em bronze Foto Edouard Fraipont21 x 11,5 x 10,5 cm
Massa de PVC assada e moldada Foto Galeria Vermelhodimensões variáveis - políptico composto por 15 peças
Pele de vaca colada e costurada
Foto Instituto Figueredo FerrazOs vasos de Edgard de Souza são representações de objetos decorativos e domésticos. Imbuídos de estranheza, eles se tornam reservatórios manufaturados em pele e pelo que sugerem algo íntimo ou visceral, como orifícios corporais.
105 x 60 x 11,5 cm
Pele de vaca colada e costurada e madeira Foto Galeria Vermelho12 x 12 x 12 cm
Escultura em mármore Statuario Foto Edouard Fraipont59 x 27 x 17 cm
Bronze
Foto Edouard FraipontNa série Acaso as formas de Edgard de Souza são ambíguas e fragmentadas, com traços de corporeidade, desejo, sexualidade e erotismo. As peças de Acaso são produzidas no ateliê de fundiçnao de bronze, artticulando partes de outras esculturas do artista.
É uma característica marcante na obra de Edgard de Souza a dualidade entre o olhar para a história e para as estratégias políticas de representação em contraposição a um espaço íntimo de investigação. A dualidade também permeia sua maneira de fazer, contrapondo o virtuosismo pelo qual é celebrado na construção manual de obras que convivem com articulações de objets trouvés ressignificados. De Souza justapõe obras que parecem antagônicas em sua produção.
Edgard de Souza começa produzir no final dos anos 1980 e, ao contrário da retomada da pintura, que imperava naquele momento nas cenas de São Paulo e do Rio de Janeiro, de Souza logo estabeleceu uma intensa relação com a tridimensionalidade. “Eu não me identificava com aquele furor, com aquele prazer de pintar que via em meus contemporâneos”, declarou uma vez. Sua produção debruçou-se sobre uma investigação sobre os cânones da produção visual, não somente nas artes visuais, mas também sobre o design enquanto elemento formador do relacionamento do homem com o espaço. Seu trabalho escapa as categorias das representações simbólicas, e colocam como problemas essenciais as noções de histórico e contemporâneo, de tradição e classicismo.
É uma característica marcante na obra de Edgard de Souza a dualidade entre o olhar para a história e para as estratégias políticas de representação em contraposição a um espaço íntimo de investigação. A dualidade também permeia sua maneira de fazer, contrapondo o virtuosismo pelo qual é celebrado na construção manual de obras que convivem com articulações de objets trouvés ressignificados. De Souza justapõe obras que parecem antagônicas em sua produção.
Edgard de Souza começa produzir no final dos anos 1980 e, ao contrário da retomada da pintura, que imperava naquele momento nas cenas de São Paulo e do Rio de Janeiro, de Souza logo estabeleceu uma intensa relação com a tridimensionalidade. “Eu não me identificava com aquele furor, com aquele prazer de pintar que via em meus contemporâneos”, declarou uma vez. Sua produção debruçou-se sobre uma investigação sobre os cânones da produção visual, não somente nas artes visuais, mas também sobre o design enquanto elemento formador do relacionamento do homem com o espaço. Seu trabalho escapa as categorias das representações simbólicas, e colocam como problemas essenciais as noções de histórico e contemporâneo, de tradição e classicismo.
Edgard de Souza
1962. São Paulo, Brasil
Vive e trabalho em São Paulo
Exposições Individuais
2023
– Edgard de Souza – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2018
– Edgard de Souza – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2016
– Edgard de Souza – Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) – Ribeirão Preto – Brasil
2015
– Edgard de Souza – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2012
– D’après – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
– Edgard de Souza – Centro Cultural São Paulo – São Paulo – Brasil
2010
– Edgard de Souza – Galeria Artur Fidalgo – Rio de Janeiro – Brasil
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2005
– Edgard de Souza – L.A. Louver Gallery – Los Angeles – EUA
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2004
– Edgard de Souza: a Voluta e outros trabalhos – Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
2003
– L.A. Louver Gallery – Los Angeles – EUA
2002
– Edgard de Souza – Galeria OMR – Cidade do México – México
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2001
– Edgard de Souza – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
2000
– Edgard de Souza – Jack Shainman Gallery – New York – EUA
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1999
– Project Room – ARCO/99 – Madrid – Espanha
1998
– Edgard de Souza – Galeria Casa da Imagem – Curitiba – Brasil
-Edgard de Souza – Centro Cultural São Paulo – São Paulo – Brasil
1997
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1994
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1992
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1991
– Edgard de Souza – Galeria Thomas Cohn – Rio de Janeiro – Brasil
1990
– Edgard de Souza – Pulitzer Gallery – Amsterdam – Holanda
– Edgard de Souza – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1989
– Edgard de Souza – Galeria Thomas Cohn – Rio de Janeiro – Brasil
Exposições Coletivas
2024
– Arte na moda. MASP RENNER. Museu de Arte de São Paulo [MASP] – São Paulo – Brasil
– uma cadeira é uma cadeira é uma cadeira – Galeria Luisa Strina – São Paulo -Brasil
2023
– Casa no céu – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Pedra Viva: Serra da Capivara – O Legado de Niède Guidon – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia [MUBE] – São Paulo – Brasil
– Tridimensional: entre o estético e o sagrado [Um recorte da coleção Vera e Miguel Chaia – Arte 132 Galeria – São Paulo – Brasil
2020
– Em Branco – Instituto Figueiredo Ferraz [IFF] – Ribeirão Preto – Brasil
2019
– Pinacoteca: Acervo – Pina_Luz – Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
– Ambages – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Contra a Abstração. Obras da Coleção da Caixa Geral de Depósitos – Centro de Arte Oliva – São João da Madeira – Portugal
2018
– Contra a Abstração. Obras da Coleção da Caixa Geral de Depósitos – Culturgest – Lisboa – Portugal
– Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira – Parque Lage – Rio de Janeiro – Brasil
– Contra a Abstracção, Obras da Coleção CGD – Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor – Ponte de Sor – Portugal
– #iff2018 – Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) – Ribeirão Preto – Brasil
2017
– Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira – Santander Cultural – Porto Alegre – Brasil
– Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos – OCA – São Paulo – Brasil
2016
– Coletiva – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
- Clube da Gravura: 30 Anos – Museu de Arte Moderna (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Tudo Jóia – Galeria Bergamin Gomide – São Paulo – Brasil
– Histórias da Infância – Museu de Arte de São Paulo (MASP) – São Paulo – Brasil
-
O Útero do Mundo – Museu de Arte Moderna (MAM) – São Paulo – Brasil
2015
– Cariocas! – Exposition Renaissance Lille3000 – Lille – França
– Eu represento os artistas, Revisited – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
2014
– Batalhão de Telegrafistas – Galeria Jaqueline Martins – São Paulo – Brasil
– O artista e a Bola – Oca – São Paulo – Brasil
2013
– Estética ou Poética – Instituto Figueiredo Ferraz – Ribeirão Preto – Brasil
– Múltipla de Múltiplos – Carbono Galeria – São Paulo – Brasil
– Geração 80 – Galeria Berenice Arvani – São Paulo – Brasil
2012
– Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos – OCA – São Paulo – Brasil
– Percursos Contemporâneos – Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba – São Paulo – Brasil
– Gabinete de Curiosidades – Coleção Particular – São Paulo – Brasil
2011
– Destello – Museo Jumex – Cidade do México – México
– Beuys e Bem Além – Instituto Tomie Ohtake – São Paulo – Brasil
– Entre Colchetes – Coleção Particular – São Paulo – Brasil
– O Colecionador de Sonhos – Instituto Figueiredo Ferraz – Ribeirão Preto – Brasil
2010
– Paralela – Contemplação do Mundo – Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo – São Paulo – Brasil
– Das Coisas em Geral – Coleção Particular – São Paulo – Brasil
2009
– De Matalanga à Pedro Cabrita Reis – Obras da Coleção Caixa Geral de Depósitos – Mosteiro de São Martinho de Tibães – Mire de Tibães – Portugal
2008
– Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu de Arte de Santa Catarina (MASC) – Florianópolis – Brasil
– Desenhos estranhos [Uncanny Drawings] – Porta 33 – Funchal – Madeira – Portugal
2007
– MONO#CROMATICS: Trends in Contemporary Brazilian Art – Galeria Mário Sequeira – Braga – Portugal
– Da Visualidade a o Conceito 80-90 Modernos Posmodernos etc – Instituto Tomie Ohtake – São Paulo – Brasil
– Intimidades – Marília Razuk Galeria de Arte – São Paulo – Brasil
– Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM BA) – Salvador – Brasil
2006
– Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu Oscar Niemeyer – Curitiba – Brasil
– Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand – Museu de Arte Moderna Rio de Janeiro (MAM RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
– Sem título – Comodato Eduardo Branddão e Jan Field – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Clube de Gravura – 20 Anos – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
2005
– Romance – Cristina Guerra Contemporary Art – Lisboa – Portugal
– Desenhos: A-Z [Drawings: A-Z] – Colecção Madeira Corporate Services – Porta 33 – Funchal – Ilha da Madeira
2004
– L.A. Louver Gallery – Los Angeles – EUA
2003
– 2080 – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Phantom der Lust – Neue Galerie Graz und Stadtmuseum Graz – Graz – Alemanha
– Meus Amigos – Museu de Arte Moderna (MAM Villa-Lobos) – São Paulo – Brasil
– Arte Foto – Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB Brasília) – Brasília – Brasil
2002
– Matéria Prima – Novo Museu – Curitiba – Brasil
– Arte Foto – Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
– Caminhos do Contemporâneo 1952-2002 – Paço Imperial – Rio de Janeiro – Brasil
– Representação Humana – A Estufa – São Paulo – Brasil
– Desenhistas e Coloristas – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
– Nefelibatas – Museu de Arte Moderna (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Insólitos – Museu de Arte Moderna (MAM Villa Lobos) – São Paulo – Brasil
2001
– Coleções II – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
– Em Busca da Identidade – Galleria D’Arte Moderna – Bologna – Itália
– Espelho Cego Seleção de Uma Coleção Contemporânea – Museu de Arte Moderna (MAM SP), São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro – Brasil
– Deslocamentos do Eu – Itaú Cultural – Campinas – Brasil
– Auto-Retratos Espelho de Artista – Museu de Arte Contemporânea /Centro Cultural FIESP – São Paulo
– Trajetória da Luz – Itaú Cultural – São Paulo
– O Espírito da Nossa Época – Museu de Arte Moderna (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– São ou não são Gravuras ? – Museu de Arte Moderna (MAM Villa Lobos) – São Paulo – Brasil
– Idéia Coletiva – Galeria Camargo Vilaça – São Paulo – Brasil
2000
– Simultaneous – Jack Shainman Gallery – Nova York – EUA
– Em Busca da Identidade – Blickle Sitftung – Kraichtal – Alemanha
– 15 Anos do Clube da Gravura do MAM – Museu de Arte Moderna – São Paulo – Brasil
– XXXII Anual de Artes Plásticas da FAAP – FAAP – São Paulo – Brasil
– São ou não são gravuras – Itaú Cultural – Belo Horizonte; Itaú Cultural – Brasília – Brasil
– Obra Nova – Museu de Arte Contemporânea (MAC SP) – São Paulo – Brasil
– A Figura Humana na Coleção Itaú – Itaú Cultural – São Paulo – Brasil
– ARS Erótica: Sexo e Erotismo na Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna de São Paulo – São Paulo – Brasil
1999
– Das Vanguardas ao Fim do Milênio – Culture Gest – Lisboa – Portugal
– Der Brasilianische Blick – Kunstmuseum Heidenheim – Alemanha
– Arte Contemporânea Brasileira: Um e Outro – Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Rio de Janeiro – Brasil
– O Objeto: Anos 60-90 – Museu de Arte Moderna (MAM RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
– II Semana Fernando Furlanetto Fotografia – Teatro Municipal – São João da Boa Vista – Brasil
– América Latina – Das Vanguardas ao Fim do Milênio – Culturgest – Lisboa – Portugal
– O Sono da Razão – Museu de Arte Moderna – São Paulo – Brasil
1998
– XXIV Bienal de São Paulo – Pavilhão do Ibirapuera – São Paulo – Brasil
– Der Brasilianische Blick – Haus Der Kulturen Der Welt – Berlim; Ludwig Forum – Aachen – Alemanha
– Ponto Cego – Museu da Imagem e do Som – São Paulo – Brasil
– Arte Brasileira no Acervo do MAM São Paulo – Doações Recentes – Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna – Recife – Brasil
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna – Niterói – Brasil
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna – Salvador – Brasil
– As Dimensões da Arte Contemporãnea – Museu de Arte de Ribeirão Preto – Ribeirão Preto – Brasil
1997
– Material/Immaterial – The Art Gallery of New South Wales – Sidney – Austrália
– Panorama da Arte Brasileira – Museu de Arte Moderna – São Paulo – Brasil
1996
– Beige – Galeria Luisa Strina – São Paulo – Brasil
1995
– Fag•O•Sites – Galery 400 – Chicago – EUA
– The Education of The Five Senses – White Columns – Nova York; Galeria Candido Portinari – Roma
– Das Americas II – Museu de Arte de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Infância Revisitada – Museu de Arte Moderna (MAM RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
1994
– Espaço Namour – Coletiva de Esculturas – São Paulo – Brasil
– Pequeño Formato Latino Americano – Luigi Marrozzini Gallery – Puerto Rico
– Galeria Luisa Strina/20 Anos de Arte Brasileira – Museu de Arte de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Espelhos e Sombras – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP); Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ) – Rio de Janeiro – Brasil
– Outros Territórios – Museu da Imagem e do Som – São Paulo – Brasil
1993
– De Rio a Rio – Galeria OMR – Cidade do México – México
– Encontros e Tendências – Museu de Arte Contemporânea (MAC SP) – São Paulo – Brasil
– Projeto Brazilian Contemporary Art – Museu de Arte Contemporânea (MAC SP) – São Paulo – Brasil
– Artistas Brasileiros – Pulitzer Gallery – Amsterdam – Holanda
– A Presença do Ready Made – 80 Anos – Museu de Arte Contemporânea – São Paulo – Brasil
1992
– Polaridades e Perspectivas – Paço das Artes – São Paulo – Brasil
– Projeto Brazilian Contemporary Art – Parque Lage – Rio de Janeiro – Brasil
1991
– Artistas Contemporâneos no Engenho Central – Piracicaba – Brasil
– Panorama da Arte Atual Brasileira – Museu de Arte Moderna (MAM SP) – São Paulo – Brasil
1990
– Brasil: La Nueva Generación – Fundación Museo de Bellas Artes – Caracas – Venezuela
1989
– Coletiva Galeria Thomas Cohn – Rio de Janeiro – Brasil
– Coleção Eduardo Brandão – Casa Triângulo – Brasil
1988
– XIII Salão de Arte de Ribeirão Preto – Ribeirão Preto – Brasil
1987
– Imagens de Segunda Geração – Museu de Arte Contemporânea (MAC USP) – São Paulo – Brasil
1986
– IV Salão Paulista de Arte Contemporãnea – São Paulo – Brasil
– Gráfica Contemporânea – Humberto Tecidos – São Paulo – Brasil
– VII Mostra de Gravura – Curitiba – Brasil
1985
– Exposição Eventos – FAAP – São Paulo – Brasil
– III Salão Paulista de Arte Contemporãnea – São Paulo – Brasil
1984
– II Salão Paulista de Arte Contemporãnea – São Paulo – Brasil
Bibliografia
1991
AMARAL – Aracy – “Brasil: una nueva generación” in Brasil: la Nueva Generación (catálogo) Caracas – Fundación Museo de Bellas Artes – Venezuela
1995
ARNING – Bill – “The education of the five senses” – texto White Columns – New York
1993
BASUALDO – Carlos – “La education de los cinco sentidos” in Revista Estilo – Caracas – n19 – pag40-41
1999
“Edgard de Souza” – Arco Magazine – n14 – Madrid – Espanha
1992
BOUSSO – Vitoria Daniela – “Polaridades e Perspectivas” in Polaridades e Perspectivas (catálogo) São Paulo – Paço das Artes – nov
1998
CABAS – Antonio Godino – “A estética da forma na arte contemporânea” in catalogo de exposição: Casa da Imagem – Curitiba
1989
CANONGIA – Lígia – “Ironias Burguesas” in O Globo Rio de Janeiro – 27/04/89 – 2° caderno – pág4
1996
CANTON – Katia – “BEIGE é a exposição da fina ironia” in Folha de São Paulo – 27/08/96
CHAIMOVICH – Felipe – “Exposição veste o mundo de BEIGE” in Jornal da tarde 27/08/96
1997
CHAIMOVICH – Felipe – “Edgard de Souza” in Art/Text – Canada – 1997 – n59 – pg86
1987
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Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo
MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Em 2011, em uma conversa pública sobre a obra de Lygia Clark, o crítico Yve-Alain Bois referiu-se a uma categoria de artistas que passam toda sua vida perseguindo um único problema de fundo, a despeito das diferenças epidérmicas entre uma e outra obra (1). Na ocasião, apontou o exemplo paradigmático de Piet Mondrian e da própria Clark que, fosse pintando, produzindo objetos ou promovendo experiências terapêuticas, esteve sempre em busca do que chamou de “linha orgânica”. Desde esse dia, penso nessa categoria como aquela dos “artistas espirais”, embora seja difícil expandir esse comentário à condição de regra universalmente aplicável para distinguir decididamente as poéticas centrípetas das centrífugas, as que convergem para o mesmo ponto das que avançam abrindo portas para novos motores e metas (2). Na prática, a grande maioria dos artistas oscila um pouco em cada direção.
Vez em quando, porém, é inegável que nos encontramos diante de um notável artista de trajetória espiral, coerente e centrípeta. Edgard de Souza é um exemplo. Sua poética persegue a possibilidade de que a matéria transpire as pulsões involuntárias dos corpos.
Diante de suas obras, ainda que seja possível evocar toda uma série de analogias e comparações com a história da arte, a estética e a cultura material deste século e do passado, as análises críticas tendem a convergir para um mesmo lugar: a desconcertante potência do querer e do temer mais básicos, que não podem ser totalmente domados ou mascarados pela linguagem, pela cultura e pela civilização (3). Dos encostos de cadeira às volutas de madeira, passando pelas mesas de cabeceira e pelos pêlos dos tapetes, todos os objetos e materiais que se formam no labor minucioso de seu ateliê confessam alguma humanidade subliminar – sublingual até.
Humanidade, neste caso, despida de seus discursos e dispositivos e tocada por alguma bruta animalidade desejante (4).
No universo de Edgard de Souza, as coisas manifestam traços de figuração do corpo, uma prostração ou excitação que vai além (e fica aquém) da semelhança anatômica com braços, cabeças e pernas. O que esse gesto encena não é exclusivamente a antropomorfia, mas o medo primitivo, o pavor, a fome, o desejo e o gozo (5) – tudo aquilo que enraíza nossa experiência física da vida e que, não obstante, lutamos tanto e sempre por disciplinar, tolher e educar. Veja-se as mesas que acolhem o visitante que adentra a galeria Mesa deitada, Mesa Alongada e Grande pilha de mesas (todas de 2010), a primeira se abstém de sua rígida missão cotidiana e lança-se ao solo, a segunda, “sem educação”, coloca os pés na parede para alongar-se, e na terceira, bom, as peças variam entre a luta, a bagunça e o tesão, dependendo da malícia do observador.
É claro que, em termos objetivos, essas peças não fazem nada disso, elas são esculturas estáticas construídas pelo artista na posição que sustentam e para sempre sustentarão. Ainda assim, quem pode negar que elas são, antes de tudo, mesas e, por isso, sempre interpretadas em comparação com sua posição arquetípica, sua “mesacidade” ortogonal, útil e confiável? O confronto instantâneo e involuntário entre o feito escultórico e o objeto banal referenciado pelos materiais, técnicas e tipologias empregados pelo artista é fundante não apenas para essas obras, mas para toda esta exposição. Ao contrário de outras mostras abrangentes de Edgard de Souza, aqui não há nenhuma representação explícita da figura humana, trata-se de um mundo de objetos, coisas associadas ao cotidiano e que, por oposição à sua apresentação mais mundana, fazem-se corpos em pulsação (6).
Nesse sentido, há duas superfícies hápticas, famosas por seu uso como revestimento e muitas vezes apresentadas como substitutos da pele humana no contato com o corpo, que se destacam como matéria recorrente no caminhar pela exposição. Primeiro, o couro de vaca, com sua pelugem firme, manchas e colorações diversas. Trata-se da matéria-prima dos bidimensionais da série Mancha Falsa (2009-2012) expostos nas paredes no entorno das já mencionadas mesas. Por uma sofisticada técnica de marchetaria, couros de tonalidade distinta são encaixados com tal precisão que se assemelham às manchas naturalmente encontradas nas peles dos animais. Os pêlos correm paralelamente, não há hiato ou desnível substancial na justaposição. Não obstante, seria inquietante encontrar animais com tais pelagens. Em oposição às orgânicas curvas traçadas pela natureza, a geometria, simetria e regularidade dos padrões construídos pelo artista seriam no mínimo aberrantes. Mais que o acaso de um darwinismo alucinado, as formas denunciam escolhas humanas, como se um reflexo de nossa ancestral tendência à composição levasse o homem primitivo a compor as peles dos animais, tatuá-las ou moldá-las com as mesmas padronagens que adere às paredes da caverna (ou de sua casa).
Tatuagem, ornamento, capricho ou – para o checo/austríaco pioneiro do funcionalismo moderno, Adolf Loos – crime, o crime da entrega primitiva aos impulsos que transbordam a racionalidade estrita do que é lógico, eficiente e higiênico. Logo na sala seguinte, o couro de vaca reaparece, revestindo um móvel em forma de voluta (Sem título, 1990). A forma absurda do estofado ecoa o desenho usual (embora igualmente extra-funcional) dos pés entalhados de madeiras apropriados de algum “móvel de vó” e, assim, a peça se recusa a assentar um homem em repouso, sendo ela mesma uma espécie de corpo ou animal. A obscenidade do desejo decorativo que irritava Loos aqui se encarna e quase chega a mugir. Voluta (1989), em madeira, resolve a equação de outro modo, agigantando-se dobrada sobre si mesma em pose uterina (ou masturbatória).
Ao lado, outra mobília absurda (Sem título, 1989) vem revestida do segundo material chave nesta exposição, o veludo. Não bastasse sua sensível maciez morna, o veludo possui uma propriedade única: guarda os traços de quem o toca, transformando o simples sentar-se do homem comum em uma espécie de gravura efêmera. Há quem associe essa propriedade ao sucesso do veludo nas casas burguesas europeias do final do século XIX, suplantando a falta de lastro histórico e cultural dos então novos protagonistas urbanos pela memória automática desse construtor prêt-a-porter de intimidade (7). Na peça em questão, reitera-se a dobra narcísica sobre si mesmo ou sobre seu duplo, postura recorrente na poética de Edgard de Souza (8). Na parede adjacente, o potencial tátil do material se confirma nos desenhos feitos à mão sobre veludo; frágeis, deverão retardar sua efemeridade com o auxílio do trato museal com as obras de arte, outro aparato da modernidade para suplantar a falta de memória (dessa vez, coletiva).
Quando se trata da prática de Edgard de Souza, porém, não basta que esses materiais manifestem sua suscetibilidade ao capricho humano que deixa vazar seu desejo por prazer auto-congratulatório. É preciso que eles mesmos, os materiais, sejam corpos, como na série Conforto (2013-2016) – peles-esqueletos de veludo torcidas em um gestual que hesita entre o êxtase e o desleixo – e em Sem Título (2005) – grupo de vasos de pele de vaca, corpos sem ossos ou estruturas, eretos apenas pela rigidez de sua volumetria.
E assim caminhamos um círculo completo, do objeto reconhecível que cede ao fardo que supostamente não tolera mais até a pele descarnada que recupera sua corporalidade pela resistência da forma. Os sentidos, analogias e desejos interpretáveis em cada obra do artista são múltiplos e abertos e de modo algum deve-se confundir o percurso aqui traçado com uma bula para sua leitura. Antes, o objetivo é evidenciar transladações feitas pelo artista entre a qualidade objetual explicitada pela tipologia e material de suas obras e possíveis indicadores de desejos humanizadas. Você olha para ele, e ele pulsa por você.
A visita à exposição traça uma espiral centrípeta, terminamos em lugar equivalente ao ponto de partida, mas uma camada adentro. A partir daí, temos uma dupla oportunidade. Por um lado, é possível aceitar a sugestão implícita e afrouxar o nó da civilização, entregar-se às pulsões que nos açoitam – mesmo correndo o risco de que o resultado não seja um heroico e disruptivo gozo, mas uma egoísta masturbação ensimesmada. Ou então, percorrendo a espiral em sentido contrário, recolher-se e assistir com tranquilidade enquanto os objetos vivem na virtualidade as vontades que nós mesmos já aprendemos a suprimir ou sublimar.
Em todo caso, é de se esperar que algo acabe mal. A civilização que acumula suficiente mal-estar para que as formas de castração do desejo possam ser canalizadas e esculpidas com tanta presteza e universalidade por um artista como Edgard de Souza cedo ou tarde terá de acertar as contas com o império dos seus sonhos não realizados. Enquanto isso, procuramos manter as aparências e quem mais fala em moral é quem menos pratica a ética: pano de chão gasto e restaurado para simular uma ingenuidade que já não volta mais.
Paulo Miyada, 2016
(1) Debate com participação de Guy Brett, Yve-Alain Bois, Ricardo Basbaum e Suely Rolnik no Sesc Pinheiros, Setembro de 2011. Colaborei como tradutor consecutivo da conversa.
(2) Nesse sentido, essa classificação epstemologicamente falha (demasiado arbitrária e conjectural) remete às categorias da fictícia enciclopédia chinesa “Empório celestial de conhecimentos benévolos” aludida por Jorge Luis Borges no conto “O idioma analítico de John Wilkins”. In: BORGES, Jorge Luis. Outras inquisições. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
(3) Tem sido assim com as principais leituras críticas da obra do artista, incluindo as de Ivo Mesquita (MESQUITA, Ivo. “Edgard de Souza: Esculturas”. São Paulo: Galeria Luisa Strina, 1997; Carlos Basualdo (BASUALDO, Carlos. “Edgard de Souza”. São Paulo: Cosac & Naif, 2000; Lisette Lagnado e Adriano Pedrosa (LAGNADO, Lisette. “Edgard de Souza, Loucura e ressaca” e PEDROSA, Adriano. “Edgard de Souza, A Voluta e outros trabalhos”. São Paulo: Pinacoteca do Estado, 2004).
(4) Tal hipótese de convergência, é importante lembrar, não implica em homogeneidade na obra do artista. Iniciada na década de 1980, sua produção eminentemente escultórica já conjugou verbos tão díspares quanto costurar e fundir, forrar e escavar, vestir e lixar, restaurar e desgastar, redundando em um também variado bestiário de objetos com os mais distintos materiais e tipologias. Tamanha diversidade não diminui a coerência do que faz, antes atesta a intensidade das pulsões (e pulsações) que atravessam o seu trabalho.
(5) Em caráter tentativo, Adriano Pedrosa esboçou uma listagem de “tipos” e assuntos na obra de Edgard, atentando aos humores e pulsões manifestas por cada grupo de peças. Entre seus tipos, estão: esculturas barrocas, esculturas clássicas, esculturas decadentes, esculturas desejantes et cetera.
(6) A bem da verdade, o visitante verdadeiramente atento poderá notar que existe um autorretrato algo perverso desenhado com o dedo sobre o veludo na seção final da mostra; signo adequdo à naturza narcísica do veludo, esta exceção fortalece a regra geral da exposição.
(7) O assunto remete aos escritos de Walter Benjamin sobre a cidade moderna capitalista. Seria exagero dizer que o veludo prenuncia a importância do “touch” nos aparelhos “touch screen”?
(8) Na verdade, esta é a postura chave de toda sua produção, ponto culminante ou originário de sua trajetória espiral.
(9) Os mais conectados com a música popular brasileira do começo dos anos 1990 podem reconhecer no título deste texto um verso da canção “Eu sei (na mira)”, de Marisa Monte: “O meu coração. / É um músculo involuntário. / E ele pulsa por você”. A graça está em remover o verso do contexto e deixar ele expirar suas conotações eróticas.
Works of art are mirrors in which everyone sees his own likness.
– Constantin Brancusi
A presente exposição panorâmica de Edgard de Souza começa com uma data bastante reveladora: 1989. Na longa conversa com José Leonilson (1957-1993) que serviu de base para o livro São Tantas as verdades, esse ano sinaliza um ponto de inflexão tanto em sua própria produção como na historiografia contemporânea. Escrever sobre a trajetória de Edgard de Souza significa necessariamente deparar com uma divisória difusa e ingrata: nem pertence exatamente aos anos 1980, nem representará os valores da década seguinte. Sendo assim, rastrear as circunvoluções da Geração 80 não ajuda a compreender a trajetória do artista em questão. Até porque, no sentido estrito, Edgard de Souza (nascido em 1962) nunca participou de nenhuma efeméride relacionada à Geração 80, embora “companheiro” do mesmo caldo cultural de Leda Catunda (nascida em 1961), entre outros integrantes envolvidos na mesma rotação.
Quando o artista irrompe na cena com os chamados “trabalhos de juventude”, a crítica se lança na interpretação de signos precários e escreve por linhas tortas. Não lhe cabe imaginar os desvios dessa primeira matriz. Alguns artistas confiam prematuramente no circuito, esperando aprender dele como avançar; outros são mais arredios a jogar esse jogo. Seria então um falso problema começar o ensaio com a neurose das datas e de suas correspondências? Seria. Não fosse um precioso depoimento de Leonilson encontrado na publicação acima. Lida nesse contexto, a citação é um retrato de uma época incandescente:
[…] Onde você pisava, a loucura estava estabelecida. As pessoas se drogavam, tinha aquelas festas, tudo. Quando se aproximou o espectro do Mal, você já não tinha controle da loucura das coisas. Depois, começaram as notícias da Aids, do declínio econômico. Teve o declínio do mundo das artes. Aquele pessoal da Alemanha, o Salomé, o Castelli, aquilo já é a exaustão da loucura. Em dez anos, eles já viraram história. […] Mas o mundo mudou. Até no plano artístico. Uma exposição do Edgard de Souza já é uma outra forma de arte².
As referências artística de Leonilson certamente não se ajustam ao universo de Edgard de Souza, mas sua força dionisíaca merece ser mantida como um gerador de energia. Na realidade, esse artista chega com a ressaca resultante de uma “loucura”: sem elas (loucura e ressaca), talvez trilhasse outro caminho. Leonilson o mencionará como uma espécie de promessa, ou de ordem, contra os infinitos “medos” que tomam conta da sociedade contemporânea, contra um “mundo que virou de cabeça para baixo”. Qual seria esse “novo” mundo que lhe apresenta?
Por coincidência, a expressão “de cabeça para baixo”, o estar “virado em sentido contrário”, nos faz mergulhar em pleno mito de Narciso, na imagem do sujeito que se forma pela transparência das águas. Gostaria de demonstrar que o trabalho de Edgard de Souza é um operador de passagem entre uma época que dissolveu seu “eu” no outro (o mercadofigurando como uma das modalidades desse “fora de si”) e aquela que transcende a moral individualista para elaborar um sentido coletivo, uma exterioridade para além da exclusiva satisfação de um desejo voltado para si.
Se tomarmos como paradigma existencial que Edgard de Souza começa a produzir num período marcado pelo “medo”, será inevitável constatar um recolhimento para um sítio interno. Na criação artística, esse ato de isolamento é extremamente habitual. Constantin Brancusi é a grande admiração que se manifesta quando estamos diante da obra de Edgard de Souza. Por qualquer aspecto que olharmos, encontraremos algum elemento que tenha seu quinhão de afinidades com o canônico escultor modernista nascido na Romênia, em 1876, e falecido em Paris, em 1957. Na vida pessoal, sua reserva em relação à fama; no trabalho, uma estranha vizinhança com o ofício do artesão no momento em que a escultura poderia tirar partido da linha de produção industrial; o uso de uma fotografia “doméstica” para controlar as diversas posições da escultura no ambiente; a discussão da base como parte integrante da peça; a dicotomia invertida entre terra e céu, cabeça e cu; as superfícies cujo brilho reflete o espectador; a duplicação presente no fascínio pelo mito grego de Narciso³. Guardemos a preocupação com a perfeição no registro do Neoclassicismo (4).
Uma certa androginia ainda cabia ser imaginada na fase em que Edgard de Souza talhou “cadeiras” ou “bancos” de madeira, que obviamente não seriam usados como tais, utilizando diversos tipos de pele (de vaca, carneiro e cobra, entre outros materiais) para, desde cedo, explorar a bizarrice de montar qualquer “coisa” sobre quatro pés. Acabam virando um “ser”, com dorso e flancos; aparentá-los a bichos não seria de todo desastrado. Mas um deles se destaca desse reino: é uma peça de veludo amarelo (sem título, 1989) que anuncia, mesmo que por associação abstrata de ideias, como a preocupação formal de Edgard de Souza irá assumindo contornos antropomórficos. A escultura amarela delineia um vulto arqueado, sugerindo uma fusão de dois “semelhantes”, que voltará a fazer sentido ao lado de uma escultura posterior (Sem título [Bronze 1], 1997), unindo dois corpos na altura dos ombros, com os órgãos genitais masculinos já situados em sua parte dianteira. Essa definição em direção ao realismo será responsável pelo afastamento de Edgard de Souza do vocabulário mais tipicamente brancusiano, embora o escultor romeno tivesse dado sua versão de Adão e Eva (1921) ou de Sócrates (1923), por exemplo. Curiosamente, Edgard de Souza prefere manter, quando pode, a denominação impessoal do “sem título”, opção significativa, no caso dele, para não soçobrar no gênero do particular ou até mesmo do homoerotismo panfletário.
Que nome dar agora a essa metamorfose? É simbiose, vida em comum, camaradagem, osmose? Ou, retomando a androginia, a nostalgia de uma unidade primitiva? O discurso de Aistófanes, em O banquete de Olatão, evoca um Eros todo-pdoeeroso: “Feita essa divisão, cada metade desejava se unir a sua outra metade. Quando se enctontravam, elas se enlaçavam e se abraçavam tão forte que, no seu desejo de refundi-se, deixavam-se assim morrer de fome e de inércia, pois não queriam empreender nada uma sem a outra.” (6) O mito da cisão, oriundo de um castigo de Zeus, não chega a mostrar, no caso de Edgard de Souza, duas metades, mas o enlace de dois idênticos porém “quase” inteiros.
De pelo menos uma característica tais ligações entre o um e seu dupla não escapam: quando meu joelho está em seu joelho, ou quando meu tronozelo está imvricado em seu tronozelo, a liberdade de movimento é rraticamente reduzida a um exercício de equilíbrio. Seria arriscado propor um traço comunicante com a xipofagia, embora exista a tentação de aproximá-la a certas esculturas de Tuunga. Mais precisamente, aos Eixos exógenos (1985-97), colunas de madeira cuja silhueta é um desenho cheio, feito a partir do espaço vazio que fisicamente separa o um do dois. Em brancusi, o encaixe entre as pedras que constituem O beijo (1916) é magistral: olha no olho, o abraço dá a volta do volume concreto. Eis, com certeza, um outro bom lugar para Eros. No entanto, para Edgard de Souza, não há distância, mas devoção; não há um e dois, mas o desaparecimento de parte da integridade do um para a materialização necessária de sua projeção e proteção – cabe aqui trazer à memória uma eescultura de putra concavidade, intitulada Abrigo (1993).
Mesmoque a figura se apresenta sozinha, por exemplo, com a cabeçã escondida entre as pernas (gesso de 1996), trata-se de mostrar o indivíduo no auge da fragilidade de sua condição, sem dispensar a conentração nem a sobriedade. Algumas voltas em torno dessa escultura são suficientes para trazer à tona uma histórica reminiscência de recolhimento que, uma vez avistada, nunca mais nos abandona: La prière, foografia de Man Ray (1930) (7). Paradoxalmente a essa autodisciplina rígida que impõe sposturas laboriosas, é preciso sinalizar que logos não está mais aí quando nos defrontamos com homens (hoje eternizados em bronze) que se curvam até quase se agacharem ou perderem a cabeça.
Por mais horripilante que possa denotar a idéia de perder-se em si mesmo, Edgard de Souza esculpe essa experiência com todo o esmero exigido para alcançar hamonia e beleza. E é nessa linhagem da criação (do mundo) que a produção de Brancusi tem sua atualizade requalificada, quer queiram, quer não: os Bagos oviformes de Edgard de Souza são uma outra fversão para The beginning of the world; as gostas de madeira laqueada , para o élan vital dos vários Bird in space; e o “recém-nascido”, para The sleeping child e The newborn on oak base. Aprende-se, por meio de um escultur brasileiro um pouco extemporâneo, como olhar para a tradição e falar do e no presente, sem se esquivar de meditar acerca do amor impossível, de busca de um complemento moldado na mesma base (concreta e espiritual).
Então, por que os adjetivos “impossível”, “perfeito”, “harmonioso” incomodam tanto? A resposta residiria nessa doutrina da união do amante com sua “cara-metade”, anacrônica para as relações intersubjetivas que se travam agora? O trabalho de Edgard de Souza parece apenas flutuar sobre os dramas da subjetividade contemporânea, por mais pele e pêlos expostos. Quando começou a produzir, era preciso recolher da cena as várias d desmedidas colocadas com estardalhaçõ pela chamada Geração 80. Não somento à autoconfiança em relação ao consumo como forma de reconhecimento, mas sobretudo ao imediatismo das soluções encontradas. Edgard de Souza reabilita o apuro da forma lenta própria ao artesão no período mais agudo da discussão sobre oque é “moderno” ou “contemporâneo”.
Sem pretender “moralizar” o mercado, este artista nunca deixou de produzir em seu ritmo silencioso, como quem busca regozijo na lapidação de uma pedra rara. Não por aacaso, em 1989, uma Pérola (8) de dimensões irreais por seu agigantamento, já fazia parte de suas peças decisivas. Laranja e Árvore seguem logo depois, incluindo folhas de outro em sua constituição. É nesse jardim precisoso que ele resolve fincar-se; na condição de homem nu, encontrou sua biossíntese e sabe que possuir o outro não passa de uma grosseira fantasmagoria.
NOTAS
(1) Para a escrita desta artigo, agradeço a Eduardo Brandão pelas discussões que tivemos sobre a “ressaca” dos anos 1980.
(2) Lisette Lagnado. “A dimensão da fala”. Em Leonilson. São tantas as verdades. São Paulo: Projeto Leonilson/SESI, 1995, pp. 95-96.
(3) Cf. Anna C. Chave, “The reflected and reflexive gaze: For the love of Narcissus”. In Constantin Brancusi. Shifting the bases of art. New Haven, London: Yale University Press, 1993, pp. 66-92. Duas esculturas foram explicitamente dedicadas a Narciso: um busto de pedra intitulado Narcissus (1909-10) e um gesso feito em trono de 1910-13, Model for the Narcissus fountain.
(4) Cf. Ivo Mesquita, Edgard de Souza – Esculturas. Em Edgard de Souza. São Paulo: Galeria Luisa Strina, 1997. O autor inicia seu artigo estabelecendo um paralelo com Canova.
(5) Os Andróginos tinham formas esférica e movimentos circulares; portavam seu órgãos sexuais atrás e se reproduziam penetrando a terra, como a cigarra. Aristófanes explica por que Zeus opera a mudança da sexualidade na parte frontal do corpo.
(6) Tradução nossa.
(7) Há um gesso intitulado The Prayer (1907), com paradeiro desconhecido, que pode ser encontrado nos arquivos de fotografia de Brancusi, em Paris. Afinidades entre Brancusi e Man Ray existem, mas não são objeto de nosso estudo.
(8) Uma versão posterior desta obra foi incluída nesta exposição: Sem título (Pérola), 1990 [Nota de editor]
Texto parte do catálogo publicado na ocasião da exposição panorâmica, Edgard de Souza, A Voluta e outros trabalhos, na Pinacoteca do Estado de São Paulo, a PINA, no período de 11 de setembro a 145 de novembro de 2004.