A Vermelho apresenta Movimento Aparente, a segunda individual de Nicolás Bacal (1985, Buenos Aires, Argentina) na galeria. Essa é a primeira vez que o artista ocupa todo o prédio principal e a fachada da Vermelho com sua pesquisa em torno do tempo sensível e da vida emocional. Bacal apresenta obras que utilizam maquinas, sistemas e materiais industriais munidos de inversões românticas que propõe outra maneira de apreciar o nosso redor.
Na fachada da galeria, uma elipse arranhada na tinta da parede destaca as diversas narrativas que já passaram pela Vermelho, revelando vestígios dos mais de cem projetos que ocuparam a fachada. Uma fita de cobre, usada para traçar a forma geométrica, sugere a ativação dessa memória por meio de suas propriedades de condutividade elétrica (o cobre tem a mais alta condutividade dos metais na engenharia).
Na poesia, e na narrativa em geral, elipses referem-se a omissões intencionais de trechos de continuidade que permitem que o leitor preencha as lacunas com suas próprias experiências e entendimentos. Em Movimento Aparente, essas lacunas vêm por via de inversões ou deformações: na primeira sala, um ventilador de teto não sopra vento e nem refresca o ambiente. Suas pás se mo- vem no ritmo de um relógio de ponteiro, levando nosso olhar ao teto, contando minutos. Esse vetor aos céus se repete em Un caño de gas señalando la estrella más grande sobre nuestras cabezas [um cano de gás apontando para a maior estrela acima de nossas cabeças] (2017), um telescópio que mantém apenas o tripé de sua forma original, substituindo o jogo de lentes por um tubo de cobre para instalação de gás de cozinha. O telescópio de Bacal é programado para seguir a estrela que estiver mais próxima da Terra durante a exposição, assim, o visitante pode perceber o lento movimento do cano de gás ao longo do dia.
No segundo andar, em Sem título (2017), 12 pallets (ou páletes) de 7 ripas trazem em si a representação de um ano do calendário lunar pintado com massa corrida sobre os suportes já bastante usados na movimentação de cargas e otimização logística. Dois materiais ligados à produção econômica passam a se referir ao devaneio, à imaginação.
Do mesmo modo, La arquitectura de la soledad (2012-2017) mistura a Terra e o Cosmos, ou ciência e fantasia. Na série de grandes xilografias sobre papel que Bacal vem desenvolvendo desde 2012, intervenções sobre páginas do atlas “The Cambridge Star” trazem comentários e anotações, como em um bloco de notas, sobre as imagens da Via Láctea. O resultado dessas combinações é cavado em placas de compensado e estampados manualmente em papel offset e podem trazer variadas combinações sobre a cartografia celeste: desde constelações (que em si já guardam amálgama entre ciência e mitologia); tempestades de raios; réguas, esquadros e transferidores; volutas e garatujas ou, como em Movimento Aparente, a planificação da icônica bola Telstar.
Em 1970, a primeira bola de futebol produzida pela Adidas para a Copa do Mundo do México, ficou tão famosa que até hoje o modelo de 32 gomos pentagonais e hexagonais é sinônimo visual de bola de futebol. Seu nome faz referência ao satélite Telstar, que transmitiu o sinal da Copa pela primeira vez para o mundo inteiro. Seu design com gomos em preto e branco foi projetado para as transmissões dos jogos, permitindo que a bola ficasse mais visível nas imagens em preto e branco geradas pelas emissoras de TV. O nome Telstar (estrela de televisão) foi inspirado no satélite de mesmo nome, já que também possuía formato esférico, com painéis solares pretos, semelhante a bola da Adidas.
Em Sem título (2017), a mesma planificação aparece recortada em placas de alumínio, aproximando mais uma vez a bola de futebol do engenho colocado em órbita pelo homem. Aberta, a bola-satélite retorna às estrelas, lembrando uma constelação. Se fosse fechada, a composição formaria a bola de futebol de 32 gomos do tamanho, porém, do satélite original.
Dois blocos de construção inclinados formam Sem título (2017). Os blocos em “itálico” os transformam em tipografia de displays de sete segmentos (como as utilizadas em relógios digitais), abrindo uma possibilidade ortográfica para a arquitetura ou, até mesmo, para entende-los como números, como contadores de tempo.
De volta ao primeiro andar, um sino de bronze traça uma trajetória elíptica constante que toma toda a sala principal da galeria em La balística del minuto [A balística do minuto] (2017). Historicamente, sinos estão relacionados a rituais religiosos, seja para convocar fiéis ao culto, marcar momentos de meditação ou oração, ou para anunciar momentos ou pessoas de grande importância. No entanto, sem badalo, o sino de Bacal se torna o próprio badalo da exposição, da galeria, de sua obra e até, quiçá, do cosmos.
A Vermelho apresenta Movimento Aparente, a segunda individual de Nicolás Bacal (1985, Buenos Aires, Argentina) na galeria. Essa é a primeira vez que o artista ocupa todo o prédio principal e a fachada da Vermelho com sua pesquisa em torno do tempo sensível e da vida emocional. Bacal apresenta obras que utilizam maquinas, sistemas e materiais industriais munidos de inversões românticas que propõe outra maneira de apreciar o nosso redor.
Na fachada da galeria, uma elipse arranhada na tinta da parede destaca as diversas narrativas que já passaram pela Vermelho, revelando vestígios dos mais de cem projetos que ocuparam a fachada. Uma fita de cobre, usada para traçar a forma geométrica, sugere a ativação dessa memória por meio de suas propriedades de condutividade elétrica (o cobre tem a mais alta condutividade dos metais na engenharia).
Na poesia, e na narrativa em geral, elipses referem-se a omissões intencionais de trechos de continuidade que permitem que o leitor preencha as lacunas com suas próprias experiências e entendimentos. Em Movimento Aparente, essas lacunas vêm por via de inversões ou deformações: na primeira sala, um ventilador de teto não sopra vento e nem refresca o ambiente. Suas pás se mo- vem no ritmo de um relógio de ponteiro, levando nosso olhar ao teto, contando minutos. Esse vetor aos céus se repete em Un caño de gas señalando la estrella más grande sobre nuestras cabezas [um cano de gás apontando para a maior estrela acima de nossas cabeças] (2017), um telescópio que mantém apenas o tripé de sua forma original, substituindo o jogo de lentes por um tubo de cobre para instalação de gás de cozinha. O telescópio de Bacal é programado para seguir a estrela que estiver mais próxima da Terra durante a exposição, assim, o visitante pode perceber o lento movimento do cano de gás ao longo do dia.
No segundo andar, em Sem título (2017), 12 pallets (ou páletes) de 7 ripas trazem em si a representação de um ano do calendário lunar pintado com massa corrida sobre os suportes já bastante usados na movimentação de cargas e otimização logística. Dois materiais ligados à produção econômica passam a se referir ao devaneio, à imaginação.
Do mesmo modo, La arquitectura de la soledad (2012-2017) mistura a Terra e o Cosmos, ou ciência e fantasia. Na série de grandes xilografias sobre papel que Bacal vem desenvolvendo desde 2012, intervenções sobre páginas do atlas “The Cambridge Star” trazem comentários e anotações, como em um bloco de notas, sobre as imagens da Via Láctea. O resultado dessas combinações é cavado em placas de compensado e estampados manualmente em papel offset e podem trazer variadas combinações sobre a cartografia celeste: desde constelações (que em si já guardam amálgama entre ciência e mitologia); tempestades de raios; réguas, esquadros e transferidores; volutas e garatujas ou, como em Movimento Aparente, a planificação da icônica bola Telstar.
Em 1970, a primeira bola de futebol produzida pela Adidas para a Copa do Mundo do México, ficou tão famosa que até hoje o modelo de 32 gomos pentagonais e hexagonais é sinônimo visual de bola de futebol. Seu nome faz referência ao satélite Telstar, que transmitiu o sinal da Copa pela primeira vez para o mundo inteiro. Seu design com gomos em preto e branco foi projetado para as transmissões dos jogos, permitindo que a bola ficasse mais visível nas imagens em preto e branco geradas pelas emissoras de TV. O nome Telstar (estrela de televisão) foi inspirado no satélite de mesmo nome, já que também possuía formato esférico, com painéis solares pretos, semelhante a bola da Adidas.
Em Sem título (2017), a mesma planificação aparece recortada em placas de alumínio, aproximando mais uma vez a bola de futebol do engenho colocado em órbita pelo homem. Aberta, a bola-satélite retorna às estrelas, lembrando uma constelação. Se fosse fechada, a composição formaria a bola de futebol de 32 gomos do tamanho, porém, do satélite original.
Dois blocos de construção inclinados formam Sem título (2017). Os blocos em “itálico” os transformam em tipografia de displays de sete segmentos (como as utilizadas em relógios digitais), abrindo uma possibilidade ortográfica para a arquitetura ou, até mesmo, para entende-los como números, como contadores de tempo.
De volta ao primeiro andar, um sino de bronze traça uma trajetória elíptica constante que toma toda a sala principal da galeria em La balística del minuto [A balística do minuto] (2017). Historicamente, sinos estão relacionados a rituais religiosos, seja para convocar fiéis ao culto, marcar momentos de meditação ou oração, ou para anunciar momentos ou pessoas de grande importância. No entanto, sem badalo, o sino de Bacal se torna o próprio badalo da exposição, da galeria, de sua obra e até, quiçá, do cosmos.