Em sua terceira exposição individual na Vermelho, Guilherme Peters trabalha em torno de episódios políticos ocorridos no Brasil a partir de 2013 e seus desdobramentos até a chegada ao governo federal dos presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em um conjunto de 21 aquarelas, Peters combina fatos das duas administrações com ícones presentes em pinturas históricas de Jean Baptiste Debret, Théodore Géricault, Jacques-Louis David e Joseph Albers, além de fazer referência às primeiras representações da fauna e flora brasileiras feitas por pintores holandeses após a colonização do território. Episódios que alimentaram a polarização política enfrentada pela sociedade brasileira são combinados com as figuras históricas em um diálogo que ecoa a frase de Karl Marx “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
As relações históricas com os mais recentes governos brasileiros, nas obras, também se dão com as duas ditaduras vividas no Brasil do século passado, a Era Vargas (1930-1945) e a Ditadura Militar do Brasil (1964-1985), além do escravismo implementado nos períodos Colonial (1500-1815) e Imperial (1822-1889) do Brasil. A primeira aparece apontada pela presença do personagem Zé Carioca, criado pelos Estúdios Disney em 1942, quando apareceu no filme de animação ‘Alô, Amigos”’. O papagaio antropomórfico representaria o “brasileiro típico” sob a ótica norte-americana: alegre, amigável, receptivo e esperto. O personagem, no contexto da Segunda Guerra Mundial, foi instrumental na política de “boa vizinhança” entre os governos de Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt. Dos outros períodos vêm representações de procedimentos de tortura e punição física.
A interpretação de uma história cíclica, destaca declarações do atual presidente que demostram sua simpatia pela prática de tortura. Algumas práticas de obtenção de confissões por via da dor física ou psicológica empregadas durante a Ditadura Militar do Brasil e durante o escravismo aparecem representadas junto aos ícones históricos da arte, da política ou de representações de um Brasil de natureza exuberante. Algumas aquarelas trazem QR Codes em suas imagens, levando a conteúdo adicional online. A internet, e em especial os aplicativos para smart phones, foram veículo para as narrativas que permearam as últimas eleições para presidente no Brasil e, são para Peters, o terreno onde as obras se completam.
Além das conexões históricas presentes nas aquarelas, Guilherme Peters reflete a respeito do atrito atual entre os Três Poderes do Brasil em duas instalações. Na fachada da Vermelho, o artista apresenta Três poderes (2019), um desenho feito com arame farpado que sobrepõe três cubos vazados. Na sala 1 da galeria, Penalty (2019) propõe um possível jogo de futebol, com um gol pintado em cada parede da sala. A bola que fica disponível para os lances ao gol é, no entanto, feita de cimento maciço.
‘Negativo do ato’ (2019) se divide entre as salas 1 e 2 da galeria. A frase título da exposição foi gravada em uma placa de ferro, utilizando sua própria oxidação a partir de banhos de ácido. A placa foi, então, usada como matriz para estampar, também com a oxidação do ferro, uma tela de pintura com a frase espelhada. “Não pense em crise, trabalhe”, foi uma frase dita pelo presidente Michel temer ao assumir a presidência após o processo de impeachment que tirou Dilma Roussef do comando do executivo na metade de seu segundo mandato. Temer disse que viu a frase estampada em um outdoor em um posto de gasolina e considerou que o mantra ajudaria a reverter o “clima de crise” do país, assumindo-a como um slogan informal de seu governo. Um jornalista localizou o autor do outdoor preso no município de Guareí, no estado de São Paulo, por uma condenação de homicídio depois de atirar em um desafeto. João Mauro de Toledo Piza foi acusado, ainda, de vender combustível adulterado no posto de gasolina que inspirou o presidente.
Em sua terceira exposição individual na Vermelho, Guilherme Peters trabalha em torno de episódios políticos ocorridos no Brasil a partir de 2013 e seus desdobramentos até a chegada ao governo federal dos presidentes Michel Temer e Jair Bolsonaro. Em um conjunto de 21 aquarelas, Peters combina fatos das duas administrações com ícones presentes em pinturas históricas de Jean Baptiste Debret, Théodore Géricault, Jacques-Louis David e Joseph Albers, além de fazer referência às primeiras representações da fauna e flora brasileiras feitas por pintores holandeses após a colonização do território. Episódios que alimentaram a polarização política enfrentada pela sociedade brasileira são combinados com as figuras históricas em um diálogo que ecoa a frase de Karl Marx “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”.
As relações históricas com os mais recentes governos brasileiros, nas obras, também se dão com as duas ditaduras vividas no Brasil do século passado, a Era Vargas (1930-1945) e a Ditadura Militar do Brasil (1964-1985), além do escravismo implementado nos períodos Colonial (1500-1815) e Imperial (1822-1889) do Brasil. A primeira aparece apontada pela presença do personagem Zé Carioca, criado pelos Estúdios Disney em 1942, quando apareceu no filme de animação ‘Alô, Amigos”’. O papagaio antropomórfico representaria o “brasileiro típico” sob a ótica norte-americana: alegre, amigável, receptivo e esperto. O personagem, no contexto da Segunda Guerra Mundial, foi instrumental na política de “boa vizinhança” entre os governos de Getúlio Vargas e Franklin Roosevelt. Dos outros períodos vêm representações de procedimentos de tortura e punição física.
A interpretação de uma história cíclica, destaca declarações do atual presidente que demostram sua simpatia pela prática de tortura. Algumas práticas de obtenção de confissões por via da dor física ou psicológica empregadas durante a Ditadura Militar do Brasil e durante o escravismo aparecem representadas junto aos ícones históricos da arte, da política ou de representações de um Brasil de natureza exuberante. Algumas aquarelas trazem QR Codes em suas imagens, levando a conteúdo adicional online. A internet, e em especial os aplicativos para smart phones, foram veículo para as narrativas que permearam as últimas eleições para presidente no Brasil e, são para Peters, o terreno onde as obras se completam.
Além das conexões históricas presentes nas aquarelas, Guilherme Peters reflete a respeito do atrito atual entre os Três Poderes do Brasil em duas instalações. Na fachada da Vermelho, o artista apresenta Três poderes (2019), um desenho feito com arame farpado que sobrepõe três cubos vazados. Na sala 1 da galeria, Penalty (2019) propõe um possível jogo de futebol, com um gol pintado em cada parede da sala. A bola que fica disponível para os lances ao gol é, no entanto, feita de cimento maciço.
‘Negativo do ato’ (2019) se divide entre as salas 1 e 2 da galeria. A frase título da exposição foi gravada em uma placa de ferro, utilizando sua própria oxidação a partir de banhos de ácido. A placa foi, então, usada como matriz para estampar, também com a oxidação do ferro, uma tela de pintura com a frase espelhada. “Não pense em crise, trabalhe”, foi uma frase dita pelo presidente Michel temer ao assumir a presidência após o processo de impeachment que tirou Dilma Roussef do comando do executivo na metade de seu segundo mandato. Temer disse que viu a frase estampada em um outdoor em um posto de gasolina e considerou que o mantra ajudaria a reverter o “clima de crise” do país, assumindo-a como um slogan informal de seu governo. Um jornalista localizou o autor do outdoor preso no município de Guareí, no estado de São Paulo, por uma condenação de homicídio depois de atirar em um desafeto. João Mauro de Toledo Piza foi acusado, ainda, de vender combustível adulterado no posto de gasolina que inspirou o presidente.