33 x 42 cm cada - 41 desenhos
Grafite sobre papel e suporte em papel colorplus
Foto VermelhoContorno de todos os dicionários entre sueco e outras línguas pertencentes à biblioteca de Malmö.
dimensões variáveis
Coleção de vidros e recorte de enciclopédia
Foto Gui Gomes“É tradicional do sul da Suécia esse trabalho em vidro. Um vidro pesado, de linhas retas, com um certo brutalismo que parece oposto à fragilidade e à transparência do material. Como se quisessem imitar em vidro um resultado mais próximo ao entalhe em madeira dura. Souvenir usual e de gosto difícil, é comum encontrá-los em qualquer antiquário ou loja de segunda-mão, representando animais reais e imaginários, humanos sós e acompanhados, ferramentas que simbolizam ocupações, da raquete de tênis à vara de pesca, veículos vários e edifícios icônicos. Fui colecionando só aqueles que ficam no limite da abstração, querendo não ser e querendo ser gelo.
Dentro do container que viajou de São Paulo a Santos, de Santos a Trelleborg e de Trelleborg a Malmö, além dos livros da nossa biblioteca, uma luminária de pé com três lâmpadas, duas poltronas e uma imagem de São Jorge, estavam os materiais, rascunhos, livros e objetos de um ateliê que esteve embalado oito anos. Em meio a essas caixas cheias de coisas que nunca chegaram a ser necessárias encontrei um único volume de uma enciclopédia, dedicado aos verbetes entre Arte Moderna e Bombons. Dali recortei a ilustração que acompanhava a definição de avalanche.”
– Carla Zaccagnini
dimensões variáveis - 100 unidades
Frottage com grafite sobre 100 paralelepípedos
Foto Gui GomesComecei a fazer frottages em 1997 ou 98. Desde então desenhei todo o chão da sala do meu primeiro apartamento, todo o chão da sala de exposições da minha primeira galeria, todo o chão do espaço expositivo de uma instituição na Alemanha, toda uma rua. Desenhei caixas, as explosões de um monumento e o badalo de um sino antes e depois do repique.
Alguns anos atrás, quando saíamos na rua de máscara e desinfetávamos com frequência as mãos, pensei em fazer pedras fantasiadas de pedras. As pedras que calçam as ruas e se atiram em vidraças. Estas são as primeiras frottages que continuam embrulhando os corpos que replicam, uma pele de papel imitando a superfície que encobre. O contrário da ameaça que anuncia que não restará pedra sobre pedra.
-Carla Zaccagnnini
dimensões variáveis
Impressão à jato de tinta sobre papel
Foto Vermelho(…)Estes (os Datilogramas) estabelecem uma conversa com as World Words de Zaccagnini, um inventário, mais um índice, de palavras que aparecem repetidamente nos hinos nacionais (solo, terra, país, bravura, correntes, luta). Ambas as obras atuam como índices da construção simbólica de um estado-nação, da ideia de lar e de pertencimento relacionados à terra.(…)
Trecho de É o caminho de casa que nos afasta, por Julieta González
38'
instalação de vídeo de três canais. cor e som
Foto Gui GomesPelícula hablada é uma instalação em vídeo de três canais em que Carla Zaccagnini revisita a história de sua família e retrata os processos migratórios do avô da artista no início do século XX. Através deste filme, Zaccagnini explora a conexão entre a história pessoal e social.
Vídeo instalação composta por 5 filmes. Cor e som
1. A barraca – 12’21’’
2. Verdadeiro ou falso – 4’18’’
3. O colete – 8’55’’
4. O pote – 11’34’’
5. Dólares pretos – 7’59’’
Contos de contas, 2020– 2022, é uma instalação para 5 canais em que coreografias feitas para mãos acompanham a narrativa dos contos A barraca, Verdadeiro ou falso, O colete, O pote, e Dólares pretos. Escritos por Zaccagnini, esses contos integram também o livro Cuentos de cuentas publicado pela Amant e pela K Verlag de Berlim.
Cada episódio da instalação é estruturado em torno de um objeto específico: uma barraca, um frasco, ou um colete que sugerem transações econômicas secretas. Narradas com uma inocência infantil e atenção detalhada à realidade material, as histórias iluminam um contexto em que o dólar norte-americano ditava, como ainda dita, a economia mundial.
Coreografia e performance
Marina Dubia
Câmera
Petra Bindel
Música
Søren Kjaergaard
Participação especial
León Zaccagnini Lagomarsino
52 peças em cada conjunto
Dobraduras com notas de moedas expiradas
Foto Filipe BerndtA instalação Fleeting Fleet (Frota Fugaz), 2021–2022, é composta por uma coleção de cédulas de dinheiro de países das Américas que saíram de circulação desde 1973, ano de nascimento de Zaccagnini. Não se tratam de cédulas retiradas de circulação, substituídas por outras de maior valor e novo desenho; são moedas extintas. Nessas notas sem valor monetário, que não passam de pedaços de papel aqui dobrados como barquinhos, fica evidente a experiência social e política do dinheiro como práxis catalizadora de dominação.
7'59''
Parte da vídeo instalação em 5 canais. Cor e som
Foto still do vídeo5. Dólares pretos
A agência de carros usados ficava na avenida Pompeia, em frente a um posto de gasolina e ao lado do mecânico mais elegante que eu jamais tenha visto, numa curva, logo ao final de uma descida (ou ao início de uma subida, se nos locomovermos em direção ao rio), uma dessas que, a certa velocidade, faz com que os pneus se afastem do asfalto, provocando aquela sensação no ventre que se apelida “suspiro de virgem”.
Era um trecho propicio a acidentes. Por um lado, a localização no vale facilitava inundações com as chuvas de verão. Por outro, as sensações da descida unidas à curva resultaram em mais de uma colisão, alguma vez contra as grades da agência e os carros estacionados na primeira fileira.
Mas esse dia não. Era um dia tranquilo em que meu pai lia o jornal ou jogava paciência na tela do computador, esperando que entrasse o próximo cliente potencial. Alguém procurando um carro novo, vendendo um carro velho, desejando uma mudança. Entrou um senhor estrangeiro e perguntou o preço de mais de um veículo. “E este?” “E aquele?” “E aquele outro, o prata?” “E o Ford preto?” Anotava os preços.
Chamavam a atenção o sotaque e seu interesse disperso. Não parecia saber o que estava procurando. Foram feitas as perguntas típicas: “É um carro para o trabalho que você procura?” “Tem família?” As respostas eram vagas, às vezes evasivas. Um curioso, pensou. Ou alguém que está estudando o mercado, um possível futuro concorrente.
Três ou quatro semanas depois, voltou com um irmão – ou primo – especialmente simpático. O novo integrante da família trazia debaixo do braço um livro em francês, como se esperasse o momento de retomar a leitura. Um romance, provavelmente. Meu pai já não se lembra do título ou autor, mas foi o idioma do livro que o ajudou a definir o sotaque e deu início a uma conversa que terminou em “somos da Costa do Marfim”.
Igualmente eclético em seus interesses, embora algo mais específico em seus exames, o parente com o livro dirigia discretamente o que parecia ser um passeio ao azar. Caminhavam os dois por entre os carros, parando para perguntar preços e olhar-lhes os dentes. Meu pai seguia-os com a vista, aproximando-se o quanto o pé engessado lhe permitia, sem poder passar pelos corredores mais estreitos formados entre os automóveis estacionados com precisão, quase como se tivessem sido colocados no lugar desde cima, por mãos gigantes e delicadas. Escolheram cinco carros de diferentes marcas, modelos, anos, cores e cilindradas.
Aparentemente, as combinações de marcas, modelos, anos, cores e cilindradas que poderiam ser melhor vendidas na Costa do Marfim. Vinham numa viagem de negócios, disseram. Quem falava era principalmente o parente com o livro: “Temos estado importando automóveis usados da Alemanha” – alguns detalhes que meu pai não recorda preencheriam as próximas linhas – “estivemos estudando possibilidades, fazendo contas, e parece ser mais conveniente levá-los daqui, de barco. Estamos esperando o dinheiro chegar e em breve poderemos fechar negócio. O quê acha de nos encontrarmos na sua casa amanhã para explicar bem como seria feito o pagamento?”
Meu pai estava um pouco nervoso com a visita. Parecia estranho que eles quisessem se encontrar na sua casa, e que a forma de pagamento requeresse tantas explicações. Pediu a um amigo que se somasse, de modo que houvesse dois jogadores de cada lado, e à sua namorada que estivesse no andar de cima, como uma carta na manga.
Seu amigo não chegou à hora acordada, embora ainda pudesse chegar a qualquer momento. Chegaram os dois irmãos – ou primos – com uma pasta a que meu pai chama “de 007”. Quem falava era o do livro, embora desta vez não o trouxesse: “O que acontece é o seguinte, senhor Guillermo, o dinheiro já está aqui, está no barco. Encontra-se todo assim”. E lhe estende uma nota tingida de preto.
Apresentou-lhe quatro ou cinco notas, todas pretas. E o parente que nunca havia trazido um livro debaixo do braço pediu um copo com água. O dono da casa fez um gesto como se fosse se levantar. Sua perna engessada tornava qualquer movimento mais dificultoso, por tanto, apontou em direção à cozinha e disse “se não se incomoda, pode pegar você mesmo um recipiente com água.” O homem não se incomodava. Meu pai voltou a ajeitar-se na cadeira. O parente do livro, sem livro, olhava-o sorrindo.
O primo-irmão voltou da cozinha com um prato fundo cheio de água, tirou um frasquinho do bolso, verteu umas gotas do líquido que continha, transparente, na água que também não mudou de cor, e disse: “Este líquido é a única substância capaz de lavar a tintura”. “Só com água não sai?” “Não, não, não, não, não”. Foram aparecendo os tons de verde, os ornamentos, os retratos, os números: duas ou três notas de 20, ou de 10 e uma de 100. Limpas. Como mágica.
O capitão do barco não queria entregar o dinheiro até receber sua parte do trato. Meu pai não entendia, ou fingia que não entendia o problema. Bastaria lavar os dólares necessários para pagar o capitão, em sua cabine, da mesma forma que haviam acabado de demonstrar nesta sala. Mas não, não podiam lavar o dinheiro no porto, não, não, não, não, não. E o capitão era intransigente: até que não recebesse sua parte de dólares limpos, os dólares tingidos não desceriam do barco. Também precisavam de dinheiro para comprar o líquido: caríssimo. Meu pai não se lembra quanto disseram custar, nunca teve boa memória para os números.
A ideia era que meu pai adiantasse o quinhão do capitão, somada ao custo do líquido secreto. Não sabemos os números, mas também não diriam muita coisa, passados tantos anos. Uma porcentagem do lucro pela venda de cinco automóveis usados, num negócio transatlântico. Uma vez sossegado o capitão, eles recuperariam o total com o que pagariam pelos cinco carros reservados além de devolver o adiantamento. Meu pai receberia os dólares pretos e a quantidade de fórmula necessária para limpá-los. Eles retornariam à Costa do Marfim, de barco, com os cinco carros e o capitão intransigente, agora satisfeito.
Em sinal de confiança, deixaram com meu pai uma nota 100, para que visse que era autêntica. “Pode mandar conferir”, disse o do livro. Meu pai já tinha conferido. Conhecia dólares, tinha até fabricado um aparelho que se iluminava ao detectar a tinta magnética usada nos dólares impressos pela Moeda Nacional. E não tinha por que ser falsa. Seria como um mágico que, querendo provar que não há truque, mostra uma carta marcada.
Meu pai ficou de pensar, eles ficaram de voltar à tarde. Tocaram a campainha e ele abriu. Estavam sem a pasta. Ele notou assim que abriu a porta e pensou que seria para estar livres de indícios incriminatórios, caso ele houvesse contatado a polícia. Voltaram a sentar à mesma mesa. “Interessante”, diz meu pai que lhes disse, “mas acredito que tenham que encontrar alguém mais crédulo, comigo não vai funcionar”.
Mantendo a simpatia, sorridentes, foram embora. Sem saber muito bem o quê dizer. Despediram-se amigavelmente e meu pai ficou com os 100 dólares. Um tempo depois, leu no jornal que haviam detido em São Paulo uma quadrilha de golpistas. Descreviam em detalhe o truque dos dólares pretos e havia uma foto da quadrilha algemada. Meu pai acredita ter reconhecido no retrato o primeiro que o visitou, o que entrou em sua cozinha e encheu um prato fundo com água. O parente do livro não estava na foto.
Carla Zaccagnini
11'34''
Parte da vídeo instalação em 5 canais. Cor e som
Foto still do vídeo4. O Frasco
Na casa de São Paulo, com piscina, tinha um cofre escondido atrás de uma tomada. O que aparentava ser o orifício neutro, ou o vivo, ou a conexão do fio terra era, na verdade, uma fechadura. Girando um longo pino era possível retirar toda a caixa metálica da parede. No buraco ficava a chave que abria a caixa para revelar o que aprendemos a chamar de “dólares do ladrão”. A ideia era que, no caso de que entrassem em casa bandidos armados, depois de certa resistência cuja duração deveria ser definida in situ, entregássemos o conteúdo desse cofre.
O verdadeiro tesouro, entretanto, estava muito mais bem guardado. As economias em dólares e alguns marcos alemães, estavam enrolados formando cilindros de igual altura e diversas espessuras, dentro de um pote de plástico com uma tampa de rosca que lembro vermelha, selada com silicone. O pote estava enterrado, como bom tesouro, num buraco tampado com uma fina camada de cimento, escondido debaixo do bidê, na suíte de meus pais. Ao banheiro, por sua vez, entrava-se por uma porta que ficava atrás de outra porta. Quase uma passagem secreta: numa parede coberta de armários, o terceiro era um corredor.
Os banheiros daquela casa eram enormes, quase do tamanho dos quartos. E, naquele então, ainda tinham os pisos, azulejos e artefatos sanitários escolhidos pelos habitantes anteriores, no final dos anos 1970. Nesse banheiro, o piso era cor de tijolo e os azulejos eram laranja-claro, mais intenso dos lados e mais suave no centro, e tinham arabescos brancos desenhados por pontos, parecidos com sementes de gergelim, em relevo. Naquela madrugada, os encontrei cobertos de dólares, aos pedaços.
Minha avó materna costumava secar os lenços assim. Lavava-os e os colocava sobre os azulejos, esticando-os bem com a pressão de seus dedos longos. Grudavam graças à água e ficavam “passadinhos”, dizia. Pronunciava essa palavra com certo orgulho encoberto, um sorriso que nela não era comum. Como um cientista poderia explicar a um colega, em voz baixa, no bar, os resultados invejáveis de um experimento do qual não quer se gabar e que, então, traz à tona à meia luz, entre outros assuntos, sob outros ruídos.
Meu pai tinha comprado um lote de carros e precisava de dinheiro. Desparafusou o bidê e pôs para um lado. Quebrou o cimento e retirou a terra. Desenroscou a tampa, colocou a mão e voltou a tirá-la imediatamente. Dentro do pote, o dinheiro tinha se transformado numa pasta, como se tivesse retornado a um estado anterior. Do pó ao pó, só que mais úmido.
Uma a uma, ou melhor, fração a fração, foi desgrudando as notas, como se descascasse, uma por uma, as camadas de uma cebola muito fina e quebradiça. No centro, se deparou com uma bola que já era um objeto sólido, como o caroço de um abacate que também guarda seus segredos. Foi grudando nos azulejos, aos pedaços, as notas que pôde recuperar. Estiveram ali todo o dia seguinte, e talvez ainda o próximo. Meu pai lembra de tê-las passado; eu acho que não teria sido necessário.
Ligou para seu amigo Jorge, o que era quase como um irmão, e ele veio de Buenos Aires para acompanhá-lo a Nova-York. Por mais passado que se encontre, o dinheiro que já foi molhado ocupa mais espaço, requer mais ar ao seu redor (como se temesse se afogar de novo). Acomodaram os dólares dentro de caixas de fitas VHS, que iam encaixando entre a roupa nas malas. Imagino aquelas caixas de plástico que se abriam como livros. Se as datas coincidem, é possível que tenham sido as dos muitos títulos que meu pai comprou da videolocadora do bairro, quando chegaram os DVDs e tiveram que substituir todo o acervo. Tinha de tudo, de Branca de Neve a Amarcord. Os filmes foram umedecendo aos poucos, viam-se as linhas brancas em espiral, acompanhando a fita enrolada de ambos lados. Já não as rebobinávamos nunca, uma das grandes vantagens de não precisar devolvê-las.
No Banco de Galícia, abriram uma conta e meu pai pôde depositar a metade mais aceitável dos dólares, os que estavam rasgados, mas inteiros (rotos, pero enteros, como canta Nacha Guevara em Vuelvo). O resto eles levaram de trem a Washington, para trocá-los na Moeda Nacional.
No primeiro escritório indicaram-lhes outro. Ao sair e ver um outro banco na esquina, pensaram em tentar depositá-los ali e evitar mais uma viagem de táxi. Começaram por mostrar duas notas de cem. A mocinha foi consultar lá dentro y tomou-se o seu tempo. Voltou dizendo que fizessem a gentileza de esperar, que em breve um membro do pessoal viria ajudá-los. Que era melhor não saírem para almoçar.
O pessoal era um homem e uma mulher, jovens, altos e belos, segundo descrição que obtive recentemente. Perguntaram se havia mais notas, perguntaram quantas, quiseram escutar a história, pediram-lhes que os acompanhassem. Entraram num sedã azul (imagino um azul escuro, metálico). As portas traseiras não tinham maçanetas do lado de dentro nem controles para abrir as janelas. Naquele banco traseiro, teria feito calor em qualquer mês do ano. Chegaram a um estacionamento e foram recebidos por senhores de ternos pretos. Os acompanharam até uma pequena sala que ostentava na parede uma inscrição avisando: “tudo o que disser poderá ser usado contra você”. Convidaram-nos a sentar em cadeiras fixas no chão por correntes prateadas. Em frente, sentou-se um dos senhores, desabotoando o terno, de modo que pudessem ver notar a culatra de uma pistola.
Praticamente as mesmas perguntas. Que quantos dólares eram. Que porque os traziam escondidos, fantasiados de filmes. Que porque não os tinham declarado. Eram 30.050 dólares, viajavam escondidos porque na América Latina era proibido ter dinheiro estrangeiro, e sim, haviam-nos declarado, colocando um x onde dizia “mais de dez mil”. Ninguém antes tinha perguntado quantos, fato confirmado por algum funcionário da alfândega.
Saía e voltava. Balançava na cadeira. Olhava para o lado. Um meio-sorriso. “Querem contratar um advogado?” Saía e voltava. Sério. “São todos falsos.” Balançava na cadeira. “Isso não é possível, com todo respeito, foram adquiridos em anos diferentes, de procedências diferentes, não podem ser todos falsos.” Saía e voltava. Ajeitava o paletó ao sentar. Sério. “A metade são falsos.” Olhava-os nos olhos. “Também não é possível, como lhe disse, chegaram às minhas mãos em momentos diferentes, em lugares diferentes. Além do mais, nós conhecemos os dólares, até fabricamos um aparelhinho, veja só que interessante, que reaciona à tinta magnética e avisa se um dólar não é real.” Ajeita-se na cadeira, esticando-se para trás. “Liguem amanhã e daremos notícias. Sugerimos que não deixem Washington.” Recomenda-lhes um hotel.
Cabe mencionar que tudo isto é rememorado por quem acredita ter passado os dólares e, talvez, um ou outro marco, já esticados pelo contato prolongado com os azulejos. É possível que nada tenha ocorrido assim.
Jorge ligou às dez da manhã e ainda não havia notícias. Ligou novamente mais tarde e estavam sendo esperados. Sentaram-se em cadeiras sem correntes e receberam um envelope pardo, pedidos de desculpas, um beijo na bochecha de uma jovem alta e bela, desejos de boa tarde e o endereço correto da Moeda Nacional.
Imagino um salão com piso de mármore, em tons de cinza. Uma mulher os recebeu, nem simpática, nem antipática, o corpo largo, a pele escura. “Quanto tem?” Preencheu o recibo com os números e letras correspondentes à soma mencionada, sem sequer espiar dentro do envelope.
Um mês mais tarde, chegou um cheque pelo correio.
Carla Zaccagnini
48 x 63 cm
revista rasgada sobre papel
Foto VermelhoEm Horizontes USA, título de imagens que constituem a obra, foram retirados da publicação distribuída pelas embaixadas norte-americanas na América Latina nos anos 1970 e 80, Horizontes USA. Na série, Zaccagnini utilizou especificamente as edições de número 6, 26 e 27, empregando propositalmente apenas as imagens e deixando de lado os textos originais que constituíram na época as narrativas escolhidas pelo poder norte-americano.
dimensões variáveis
Móbile: madeira, metal, objetos diversos, notas de dólar e chumbo
Foto Filipe BerndtLa plata y el plomo (Cash and lead) – São Paulo, 2021–2022, é um móbile construído com objetos que escondem dinheiro. Uma caixa de charutos, um brinquedo a pilha, uma lanterna, um livro, esconderijos mencionados em diferentes relatos que a artista foi colecionando.
Com seu peso alterado por chumbo escondido junto com as cédulas, os objetos criam relações de equilíbrio arbitrárias como aquelas que estruturam e movimentam a economia.
Vídeo instalação composta por 5 filmes. Cor e som
1. A barraca – 12’21’’
2. Verdadeiro ou falso – 4’18’’
3. O colete – 8’55’’
4. O pote – 11’34’’
5. Dólares pretos – 7’59’’
Contos de contas, 2020– 2022, é uma instalação para 5 canais em que coreografias feitas para mãos acompanham a narrativa dos contos A barraca, Verdadeiro ou falso, O colete, O pote, e Dólares pretos. Escritos por Zaccagnini, esses contos integram também o livro Cuentos de cuentas publicado pela Amant e pela K Verlag de Berlim.
Cada episódio da instalação é estruturado em torno de um objeto específico: uma barraca, um frasco, ou um colete que sugerem transações econômicas secretas. Narradas com uma inocência infantil e atenção detalhada à realidade material, as histórias iluminam um contexto em que o dólar norte-americano ditava, como ainda dita, a economia mundial.
Coreografia e performance
Marina Dubia
Câmera
Petra Bindel
Música
Søren Kjaergaard
Participação especial
León Zaccagnini Lagomarsino
Vídeo instalação composta por 5 filmes. Cor e som
1. A barraca – 12’21’’
2. Verdadeiro ou falso – 4’18’’
3. O colete – 8’55’’
4. O pote – 11’34’’
5. Dólares pretos – 7’59’’
Contos de contas, 2020– 2022, é uma instalação para 5 canais em que coreografias feitas para mãos acompanham a narrativa dos contos A barraca, Verdadeiro ou falso, O colete, O pote, e Dólares pretos. Escritos por Zaccagnini, esses contos integram também o livro Cuentos de cuentas publicado pela Amant e pela K Verlag de Berlim.
Cada episódio da instalação é estruturado em torno de um objeto específico: uma barraca, um frasco, ou um colete que sugerem transações econômicas secretas. Narradas com uma inocência infantil e atenção detalhada à realidade material, as histórias iluminam um contexto em que o dólar norte-americano ditava, como ainda dita, a economia mundial.
Coreografia e performance
Marina Dubia
Câmera
Petra Bindel
Música
Søren Kjaergaard
Participação especial
León Zaccagnini Lagomarsino
52 peças em cada conjunto
origamis com cédulas inativas de diversos países da América Latina
Foto Amant FondationFleeting Fleet [Frota Fugaz] é uma coleção de cédulas de diversos países da América Latina que perderam seu valor e foram retiradas de circulação, ou seja, não têm mais valor monetário e agora não passam de pedaços de papel.
38'
instalação de vídeo de três canais. cor e som
Foto Amant FoundationPelícula hablada é uma instalação em vídeo de três canais em que Carla Zaccagnini revisita a história de sua família e retrata os processos migratórios do avô da artista no início do século XX. Através deste filme, Zaccagnini explora a conexão entre a história pessoal e social.
dimensões variáveis
196 garrafas diferentes, 196 jangadas feitas à mão, 196 rolhas
Foto Amant FoundationEsta instalação possui aproximadamente 200 garrafas de vidro, cada uma contendo uma jangada. Essas garrafas representam a experiência de distância e deslocamento inerentes às migrações: a possibilidade de viver entre culturas e linguagens, e o complexo sentimento de pertencimento e/ou ser um outsider.
dimensões variáveis
madeira, metal, objetos diversos, notas de dólar e chumbo
Foto Amant FoundationLa plata y el plomo (Dinheiro e chumbo) mostra uma coleção de itens pessoais e emprestados que estão suspensos no ar como parte de um móbile pendurado. Por meio dessa estrutura, Carla questiona a forma como comumente atribuímos valor monetário a esses objetos especulando sobre seu peso físico.
235 × 665 cm
desenhos em técnicas mistas e texto em vinil adesivo sobre parede
Foto Amant FoundationEl Gigante egoísta é uma instalação de parede que inclui uma série de obras de arte em papel que foram pintadas ou desenhadas por Carla quando criança. Essas obras são acompanhadas por um texto escrito por Carla adulta em que ela considera como a história é apenas uma coleção de memórias que acontecem ou escolhemos lembrar. Por exemplo, a própria compreensão de Carla sobre sua história pessoal seria diferente se essas obras não existissem mais? Como os objetos pessoais afetam suas memórias do passado? Através desta instalação, Carla retoma um tema central presente na sua prática artística: a ligação entre o esquecimento e as histórias que se escrevem.
75 x 160 cm
lápis de marcar couro sobre papel e lápis de marcar couro
Foto Filipe BerndtDibujo caiman integrou a individual ‘Mañana iba a ser ayer’, que Zaccagnini apresentou no MUNTREF, em Buenos Aires, em 2018, sob curadoria de Lucrecia Palacios e Agustín Pérez Rubio.
Na exposição, Zaccagnini revia a história de sua família por meio dos processos migratórios e de integração pelos quais passou seu avô ao longo do século XX, explorando a complexa intersecção entre a história subjetiva e a história social.
Em Dibujo caimán [Desenho de crocodilo] Zaccagnini parte de um dos negócios de seu avó – um curtume. A artista desenha crocodilos com o mesmo lápis que o curtumeiro usava para marcar as peles dos animais.
Sem questionar as atividades extrativistas que marcaram o século XX – e que perduram hoje –, o gesto amoroso e revisionista de Zaccagnini questiona outros vínculos possíveis com a nossa história e com o que nos rodeia.
35'
palestra performance
Foto Filipe BerndtComissionada por Kadist Foundation e utilizando o formato da conferência, O presente, amanha conta uma série de histórias que conectam o Brasil moderno a seu passado colonial por meio da figura do traidor. Histórias de cabeças cortadas e olhos perfurados.
dimensões variáveis
ouro 5 gramas
Foto Filipe BerndtCorrente Cartier, média
Confecção por Bartl Jewelry, peso do estojo: 400 gramas
dimensões variáveis
ouro 5 gramas
Foto Filipe BerndtCorrente Cartier, média
Confecção por Bartl Jewelry, peso do estojo: 400 gramas
31,5 x 31,5 cm (capa/cover) - 3’57’’
Estudo comparativo dos hinos nacionais em vinil de 12 polegadas papel e vinil Foto Galeria Vermelho Em World Score, de 2018, Zaccagnini criou um hino comum a todas as nacionalidades a partir das notas coincidentes na soma dos hinos nacionais. Sobrepondo os diversos hinos, a artista destacou as notas que coincidiam por terem sido escritas iguais à mesma distância do início das músicas, por dois ou mais compositores. Zaccagnini destaca uma vontade no texto que escreveu para acompanhar a exposição: “Como soaria essa nova música feita do que é comum às nações naquilo que diferencia cada uma?”60 x 84 cm (cada) - tríptico
coleção de cartões postais e tinta sobre papel vegetal
“(…)The invention of Europe é uma coleção de cartões-postais retratando o Vesúvio em erupção. É uma coleção de fotos em que esse símbolo de catástrofe histórica é transformado em uma imagem a ser enviada como lembrança. Os cartões-postais selecionados retratam o vulcão como pano de fundo para uma cena principal, ou como um espetáculo desejável, que valia a pena procurar um ponto de vista perfeito para apreciá-lo. Talvez tenha sido então que a Europa foi inventada; não quando a catástrofe ocorreu, mas quando esse tipo de tragédia (e não apenas aquelas criadas pelos gregos) podia ser vista como um drama encenado, quando a tragédia se tornou um pano de fundo ao longe, em outra terra, e a Europa foi definida como o ponto de vista privilegiado.(…)”
– Carla Zaccagnini
políptico composto por 17 peças
série de fotografias de casas construídas iguais e transformadas ao longo dos anos, em Havana, Cuba; impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel algodão.
30 x 70 cm cada (54 peças)
54 placas em alumínio anodizado
Foto Edouard FraipontEm Alfabeto Fonético Aplicado II: pavimentaram a Panamericana e tudo o que vejo é a falha de Darien (2010), Carla Zaccagnini se apropria do Alfabeto de Soletração Radiofônica Internacional, conhecido como Alfabeto Fonético da OTAN, atualmente utilizado por empresas de aviação e radioamadores em todo o planeta.
A obra propõe um novo alfabeto de soletração a partir de palavras cujo sentido e grafia é internacional, mas cuja pronúncia se adapta a várias línguas e aos sons de cada país. Na primeira edição da obra, apresentada na ARCO 2010, Zaccagnini repetiu a frase slogan do Canal do Panamá “Dividir a terra para unir o Mundo”.
A atual versão, que ocupa a fachada da galeria, perverte a anterior apontando para um mundo não tão unificado, já que a Rodovia Panamericana, estrada que deveria ligar a Patagônia ao Alasca, preserva, na fronteira entre Colômbia e Panamá, uma falha de 87km [Falha de Darien] que inviabiliza o conceito de unificação que alimentou a criação do canal do Panamá.
39 x 52,2 cm
Impressão com tinta pigmentada mineral sobre papel algodão.
Foto reproduçãoExistem muitas oportunidades para descobrir que duas coisas, a princípio idênticas, são distintas depois de um segundo olhar mais atento. É o que acontece na série de fotografias Sobre la igualdad y las diferencias: casas gemelas, trabalho desenvolvido em Havana (Cuba) em 2005. Nele, Zaccagnini apresenta conjuntos de casas da capital cubana construídas de forma idêntica, mas que com o passar do tempo, mudanças de gosto ou hábitos, ou para atender às necessidades de seus habitantes, se distanciaram de seus pares. Para além de um simples jogo de erros, a série parece propor uma síntese entre elementos heterogêneos, apontando para o valor do remake e da transformação. Nesse contexto mutante, o observador se depara com o processo de constituição de sentido e uso que determina o estabelecimento e a codificação de suas relações com o meio ambiente.
dimensões variáveis
29 pinturas sobre parede e um áudio-guia
Foto Eduardo OrtegaEssa obra é o resultado da pesquisa em curso de Zaccagnini sobre os 12 ataques realizados por militantes sufragistas em museus e galerias britânicos entre 1913 e 1914. Os perímetros pintados nas paredes delimitam as áreas físicas que as peças agredidas ocupariam na galeria, com números correspondentes às entradas do áudio-guia que constitui a instalação. Os textos falados incluem descrições das ações como foram relatadas pela imprensa, informações sobre o papel das mulheres na sociedade britânica na época, leituras sobre as obras danificadas e declarações políticas feitas pelas autoras das ações. Esse trabalho oferece uma presença espacial aos artefatos atacados enquanto promove uma versão corpórea e de múltiplas camadas da história do ativismo das sufragistas.
dimensões variáveis
29 pinturas sobre parede e um áudio-guia
Essa obra é o resultado da pesquisa em curso de Zaccagnini sobre os 12 ataques realizados por militantes sufragistas em museus e galerias britânicos entre 1913 e 1914. Os perímetros pintados nas paredes delimitam as áreas físicas que as peças agredidas ocupariam na galeria, com números correspondentes às entradas do áudio-guia que constitui a instalação. Os textos falados incluem descrições das ações como foram relatadas pela imprensa, informações sobre o papel das mulheres na sociedade britânica na época, leituras sobre as obras danificadas e declarações políticas feitas pelas autoras das ações. Esse trabalho oferece uma presença espacial aos artefatos atacados enquanto promove uma versão corpórea e de múltiplas camadas da história do ativismo das sufragistas.
46,5 x 38,2 cada parte de 12
12 litogravuras sobre papel
Foto Edouard FraipontEste trabalho examina representações de explosões presentes no Memorial Soviético à Guerra localizado no Parque Treptower, em Berlim, aonde altos-relevos de concreto narram a história da Segunda Guerra Mundial através de cenas alegóricas. Através do processo de frottage (decalque), Zaccagnini reproduz e solidifica essas imagens amorfas de modo icônico e sintético.
colaboração com Theodor Köhler, Ayara Hernández Holz e Felix Marchand
6 edições do livro Paulo e Virgínia (Paul und Virginie, c. 1882; Paul and Virginia, c. 1882; Paul et Virginie, c. 1892; Pablo y Virginia, c. 1894; Paulo e Virginia, c. 1898; Paul en Virginia, c. 1890); desenho em carbono sobre papel Fabriano Accademia 120 gr da partitura Op. 41: Quintuor des Nègres (1809), redução para piano, de Johann Nepomuk Hummel, como reproduzida em “Collection Complete des oeuvres de Johann Nepomuk Hummel” (Farrenc: Paris, 1825); registro em áudio da instrumentalização de Quintuor des Nègres, escrita por Theodor Köhler e tocada por Aulos-Streichquartett Berlin em instrumentos do período da composição original; registro em áudio da performance de dança coreografada por Ayara Hernández Holz & Felix Marchand e apresentada por Felix Marchand na Haus am Waldsee, Berlim. Gravação e edição de áudio: Daniel Matysiak
5 partes de 60 x 80 cm e 8 peças 80 x 60 cm
Papel color plus 240gr cortado a laser
Foto Edouard FraipontSobre um mesmo campo (2011) faz parte do estudo comparativo das bandeiras nacionais, ainda em desenvolvimento pela artista. Nessa parte do projeto, elementos figurativos representados em bandeiras de todos os países foram agrupados em 13 categorias: Luas, Sóis, Estrelas, Constelações, Mapas, Embarcações, Construções, Árvores, Aves, Mamíferos e Dragões, Armas, Escudos e Coroas.
Recortados em campos de papel preto, esses elementos figurativos são apresentados aqui como ausência, um vazio no hipotético espaço comum de onde eles poderiam ter sido retirados, antes de serem posicionados nas diferentes bandeiras dos diferentes países que, um a um, representam.
20 x 60 cm cada parte de 49
49 placas de alumínio anodizado
Em “Alfabeto Fonético Aplicado II: pavimentaram a Panamericana e tudo o que vejo é a falha de Darien” (2010), Zaccagnini se apropria do Alfabeto de Soletração Radiofônica Internacional, conhecido como Alfabeto Fonético da OTAN, atualmente utilizado por empresas de aviação e radioamadores em todo o planeta.
A obra propõe um novo alfabeto de soletração a partir de palavras cujo sentido e grafia é internacional, mas cuja pronúncia se adapta a várias línguas e aos sons de cada país. Na primeira edição da obra, apresentada na ARCO 2010, Zaccagnini repetiu a frase slogan do Canal do Panamá “Dividir a terra para unir o Mundo”.
A atual versão, que ocupa a fachada da galeria, perverte a anterior apontando para um mundo não tão unificado, já que a Rodovia Panamericana, estrada que deveria ligar a Patagônia ao Alasca, preserva, na fronteira entre Colômbia e Panamá, uma falha de 87km [Falha de Darien] que inviabiliza o conceito de unificação que alimentou a criação do canal do Panamá.
645'
vídeo, cor e som
Foto still do vídeovídeo realizado durante as horas de navegação da travessia interoceânica do canal de Panamá, em direção Atlântico – Pacífico, entre as 17 horas do dia 27 de julho de 2009 e as 13 horas do dia seguinte.
22,2 x 31 cm
Colagem de papel e grafite
Foto VermelhoA série Desenhos animáveis se utiliza de instrumentos simples de interação para romper com o formato tradicional, ou seja, bidimensional, dos desenhos, criando composições imaginárias que lidam com a recomposição das composições por via do deslocamento de seus elementos.
16' loop
vídeo em dois canais sincronizados, som e cor
Foto still do vídeoEm Procedimentos Executados/ Piloto Automático (2008) cinco comissários de vôo repetem os gestos com os quais os procedimentos de segurança de voo são ilustrados, de acordo com as instruções que cada um entende entre as cinco diferentes línguas que compõem a trilha sonora. Além de oferecer uma imagem das limitações de cada língua, os dois planos de vídeo da performance também apontam para as limitações do que seria a linguagem universal desses gestos técnicos. Ao ver aquela série de ações repetidas lado a lado, realizadas por diferentes indivíduos, nota-se a particularidade por trás dos gestos mecanizados, adaptações e escolhas pessoais por trás do uniforme.
100 m2
sistema hidráulico mecânico ativado pelo uso simultâneo de balanços, gangorras, gira-gira e espreguiçadeiras
Concebido em colaboração com Alexandre Canônico
Desenvolvimento técnico: Daniel Dias Ferreira
Gerência de produção: Paulo Masson
Produzido pela Fundação Bienal de SP
22 x 32 cm - cada desenho
constituição de uma coleção de desenhos por intermédio do discurso
Foto VermelhoEste projeto, idealizado em 2002 e iniciado em 2004, prevê a constituição de uma coleção de desenhos de vistas descritas por transeuntes e visitantes de exposições e registradas por retratistas policiais, profissionais dedicados a realizar desenhos a partir do discurso. A ideia é constituir um arquivo de imagens capaz de registrar os modos como a paisagem é lembrada e se torna imagem mental e como essa imagem mental pode transformar-se discurso e ser traduzida ao desenho. Por meio do diálogo que assim se estabelece e do que é possível comunicar dessa forma, uma imagem é compartilhada e se torna visível. Há algo que se perde nesse processo e há algo que se mantém, o Museu das Vistas está feito dessas duas possibilidades. Cada desenho é realizado em duas vias, sendo que o original passa a pertencer a quem descreve cada vista e as cópias formam a coleção do MdV.
A prática de Carla Zaccagnini gira em torno da política estética do conhecimento e dos elementos visuais a eles associados.
Suas obras são complexas, embora sejam feitas com certa simplicidade de meios. Trabalhando com mídias distintas e frequentemente utilizando formatos documentais enraizados na arte específica de cada contexto e na crítica institucional, mas sempre evitando as regras normativas do “gênero”, Zaccagnini examina as hierarquias epistemológicas e os fundamentos ideológicos do conhecimento no amplo contexto da geopolítica cultural e do sistema de arte.
Em alguns casos, suas estratégias empregam a tradição da crítica institucional, mas sua natureza poética, baseada em processos, se afasta livremente do histórico da arte, e também de qualquer posição disciplinar estável ao enfrentar a sutil questão do que é reconhecido ou questionado como “arte”.
A prática de Carla Zaccagnini gira em torno da política estética do conhecimento e dos elementos visuais a eles associados.
Suas obras são complexas, embora sejam feitas com certa simplicidade de meios. Trabalhando com mídias distintas e frequentemente utilizando formatos documentais enraizados na arte específica de cada contexto e na crítica institucional, mas sempre evitando as regras normativas do “gênero”, Zaccagnini examina as hierarquias epistemológicas e os fundamentos ideológicos do conhecimento no amplo contexto da geopolítica cultural e do sistema de arte.
Em alguns casos, suas estratégias empregam a tradição da crítica institucional, mas sua natureza poética, baseada em processos, se afasta livremente do histórico da arte, e também de qualquer posição disciplinar estável ao enfrentar a sutil questão do que é reconhecido ou questionado como “arte”.
Carla Zaccagnini
1973. Buenos Aires, Argentina.
Vive e trabalha em São Paulo (Brasil), e Mälmo (Suécia)
Exposições Individuais
2024
– Carla Zaccagnini and Eliana Otta. La tierra y el mar – Fuxia 2 – Malmö – Suécia
– Carla Zaccagnini + Runo Lagomarsino. É o caminho de casa que nos afasta – Galeria Vermelho/Mendes Wood DM – São Paulo – Brasil
2022
– Carla Zaccagnini. Contos de contas – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Carla Zaccagnini. Cuentos de Cuentas – AMANT – Nova York – EUA
2019
– You say you are one, I hear we are many – Obra – Malmö – Suécia
– Carla Zaccagnini. Mañana iba a ser ayer – Hotel dos Imigrantes – Buenos Aires – Argentina
2018
– Carla Zaccagnini: três análises e um presságio – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– U-TURN Project Rooms – ARTEBA 2018 – Buenos Aires – Argentina
– Carla Zaccagnini: Elementos de belleza: un juego de té nunca es sólo un juego de té – Ladera Oeste – Guadalajara-México
2017
– Carla Zaccagnini. Posta em Abismo – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– I am also stepping on wet sand – SixthyEight Art Institute – Copenhagen
2016
– Carla Zaccagnini. Panananã – Vila Itororó – São Paulo- Brasil
– Situações: a instalação no acervo da Pinacoteca – Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
2015
– Elementos de Beleza: um jogo de chá nunca é apenas um jogo de chá – Museu de Arte de São Paulo (MASP) – São Paulo – Brasil
– Elements of Beauty: a tea set is never only a tea set – Van Abbemuseum Museum – Eindoven – Holanda
– Carla Zaccagnini e Runo Lagomarsino – Malmö Konsthall – Malmö – Suécia
– Elements of Beauty – Firstsite – Colchester – Inglaterra
2014
– Shangai em São Paulo in Shangai – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Plausible Impossible – Artemis Nature Trail – Chipre
– A Voice of One’s Own: On Women’s Fight for Suffrage and Human Recognition – Malmö Kunstmuseum – Malmö – Suécia
– Impossible but Necessary – Kunstlerhaus Bethanien – Berlim – Alemanha
2013
– Pelas Bordas – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2011
– Plano de Falla – Ignacio Liprandi Arte Contemporaneo – Buenos Aires – Argentina
– Imposible pero necesario (solo Project) – ZONA Maco – Cidade do México – México
2010
– Imposible pero necesario – Galeria Joan Prats – Barcelona – Espanha
– Reação em cadeia com efeito variável [permanent installation] – Museo de Arte Contemporâneo de Castilla y León [MUSAC] – León – Espanha
– Bravo-Radio-Atlas-Virus-Opera – Solo Projects ARCO – Madri – Espanha
2008
– No, it is opposition – Art Gallery of York University – Toronto – Canadá
– Bifurcações e Encruzilhadas – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Ogoláid O – Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães [MAMAM] – Recife – Brasil
2007
– Museu das Vistas – Ersta Konsthall – Nationalmuseum – Estocolmo– Suécia
– Wish – Galeria Blow de la Barra – Londres – Inglaterra
2006
– Abstração e Referência – Paço das Artes – São Paulo – Brasil
2005
-Museu das Vistas – Museu Victor Meirelles – Florianópolis – Brasil
-Percurso Ótico [Programa Octógono de Arte Contemporânea] – Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
2004
– Até onde a vista alcança – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2002
– Belvedere – Torreão – Porto Alegre – Brasil
– Fortuna – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
2001
– Restauro – Programa de Exposições Centro Cultural São Paulo – Brasil
– Desenhos – Fundação Joaquim Nabuco – Recife – Brasil
2000
– Desenhos – Adriana Penteado Arte Contemporânea – São Paulo – Brasil
– Desenho – Galeria Paula Fampa – Braga – Portugal
1999
– Rua Manuel Soares Pinheiro, parte V – Galeria Monumental – Lisboa – Portugal
1998
– Rua Manuel Soares Pinheiro, parte III – Galeria Assírio e Alvim – Lisboa – Portugal
1997
– Rua Manuel Soares Pinheiro – Museu Botânico de Lisboa – Portugal
1991
– Marcas D’Água – Galeria Pedro Oliveira – Porto – Portugal
1990
– Notas – Galeria Monumental – Lisboa – Portugal
Exposições Coletivas
2023
– See you at the Studio – Künstlerhaus Bethanien – Berlim – Alemanha
– Casa no céu – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
2022
– Doações Reccentes – Museu de arte de São Paulo (MASP) – São Paulo – Brasil
– Outras Lembranças, Outros Enredos – Cordoaria Nacional – Lisboa – Portugal
– The Four Cardinal Points are Three: the South and the North – CRAC Alsace – Altkirch – França
– HacerNoche: Promised Land – Museo de las Culturas Oaxaca – Oaxaca – México
– Verbo – Mostra de Performance Arte [16a ed.] – Galeria Vermelho São Paulo – Brasil
2021
– Por um sopro de fúria e esperança – Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia [MUBE] – São Paulo – Brasil
– El círculo que faltaba [The missing circle] – Kadist – San Francisco – EUA
– Para que haya fiesta tiene que danzar el bosque – Tenerife Espacio de las Artes [TEA] – Tenerife – Ilhas Canárias
2020
– Não vamos para Marte – Galeria Jaqueline Martins – São Paulo – Brasil
– Spåk – Havremagasinet Länskonsthal – Boden – Suécia
– For aig veit existen af vorld – Hå gamle Prestegard – Nærbø – Noruega
– El círculo que faltaba – Museu Amparo –Puebla – México
2019
– Fotonoviembre 2019 – Tenerife Espacio de las Artes [TEA] – Santa Cruz de Tenerife – Espanha
– El círculo que faltaba – Museo de Arte Moderno de Medellín [MAMM] – Medellín – Colômbia
– Ancient History of the Distant Future – Pennsylvania Academy of the Fine Arts (PAFA) – Philadelphia – EUA
– Histórias feministas: artistas depois de 2000 – MASP – São Paulo – Brasil
– ¿Algo que declarar? – La Rural – Buenos Aires – Argentina
– Arte y Territorio – Instituto Cultural Peruano Norteamericano (ICPNA) – Lima – Peru
– Paisajes entre paisajes – BIENALSUR 2019 – Museo de Arte Fueguino (MFA) – Rio Grande – Argentina
2018
– 6ª Edição Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça -Brasil Desamparado – Museu de Arte de Santa Catarina [MASC] – Florianópolis – Brasil
– Rejuvenesça! Uma Mostra-manifesto – Casa do Povo – São Paulo – Brasil
– Shout Fire – Röda Sten Konsthall – Gotemburgo – Suécia
– 6ª Edição Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça – Verzuimd Braziel / Brasil Desamparado – Museu Histórico Nacional – Rio de Janeiro – Brasil
– Out of Words – Röda Sten Konsthall – Göteborg – Suécia
– Que Barra – Atelier 397 – São Paulo – Brasil
– 6ª Edição Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça: Verzuimd Braziel-Brasil Desamparado – Museu de Arte
Contemporânea (MAC GO) – Goiânia – Brasil
2017
– Here the border is you – proyectosLA – Los Angeles – EUA
– A Universal History of Infamy: Virtues of Disparity [Pacific Standard Time: LA/LA] – 18th Street Arts Center – Los Angeles – EUA
– How to Read El Pato Pascual: Disney’s Latin America and Latin America’s Disney [Pacific Standard Time: LA/LA] – Schindler House – West Hollywood – EUA
– A Universal History of Infamy [Pacific Standard Time: LA/LA] – Los Angeles County Museum of Art [LACMA] – Los Angeles – EUA
– Nordic Delights – Finnish Museum of Photography – Helsinque – Finlândia
– Fala – Fundação Ecarta – Porto Alegre – Brasil
– Nordic Delights – Fotografisk Center – København – Dinamarca
2016
– Coletiva