Buffet da Alice é o título da fachada de Maíra Voltolini no contexto da exposição coletiva “Modos de Usar”, com curadoria de Lisette Lagnado.
A partir de textos do autor italiano Toni Negri, os conceitos de “trabalho imaterial” e de “economia da atenção” foram usados como pontos de partida para uma discussão acerca da ideia de participação em práticas artísticas contemporâneas.
Utilizando a fachada como fundo, Fabio Morais instalou uma caixa de luz no corredor que dá acesso ao pátio da galeria. Em ambos os lados da caixa, uma fotografia do céu de São Paulo.
“Acho que o tema central dessa exposição é a vontade de registrar instantes da vida e retê-los, por palavras ou imagens, para poder lembrá-los depois. Fazer da retenção do instante um fetiche, um amuleto, um relicário, uma ponte de volta.” – Fabio Morais
Fabio Morais utiliza em seus trabalhos fotografias apropriadas de amigos e familiares, ou de seu próprio acervo, catalogando registros das histórias pessoais. Estas imagens compõem uma documentação dos pequenos acontecimentos, relações, pessoas e momentos esquecidos no tempo.
A partir de uma fotografia de uma obra de Leonilson, realizada na casa de Paula Alzugaray, os artistas ocuparam a fachada da Vermelho com um painel lambe-lambe.
Toda a fachada da galeria foi coberta com fita isolante normalmente utilizada proteger sistemas elétricos.
Texto de Maurício Ianês:
“Apófase: substantivo feminino. Retórica (oratória): refutação feita àquilo que acaba de ser dito; denegação.
Etimologia (segundo o Dicionário Houaiss):
Gr. apóphasis,eós ‘negação, rejeição de uma crença, doutrina ou teoria’, der. de apóphémi ‘dizer não, negar’, pelo lat.imp. apophàsis ‘negação’; f.hist. 1871 apóphase”
O termo apófase foi muito usado no contexto da teologia negativa (movimento teológico cristão que teve seu início na idade média), onde a idéia de Deus era aproximada por meio da negação, ou seja, definindo-se o que Ele não é, além de assumir uma distância intransponível entre Deus e o Homem, negando qualquer possibilidade de relação ou comunicação direta entre os dois. A teologia negativa também teve sua vertente oriental, como em algumas escolas budistas. ‘Apófase 2’ é um trabalho para sítio específico – a Galeria Vermelho – e foi concebido após o trabalho ‘Apófase 1’, uma performance, na tentativa de ampliar o conceito do trabalho anterior, passando de uma relação mais íntima para uma mais abrangente. Se em ‘Apófase 1’ a relação artista-espectador era questionada através da sua negação, aqui procurei trabalhar a relação que o espectador tem com a arquitetura e, neste caso, a arquitetura de uma galeria, levando-se em conta o contexto sócio-cultural e arquitetônico do exterior de um espaço expositivo dedicado às artes plásticas”.
Intervenção realizada com pintura em tinta acrílica.
“Andrezza Valentin pintou de preto as paredes externas, bancos e mesa que ficam do lado de fora da Vermelho, subtraindo o branco que delimitava o desenho do cubo e o separava dos objetos de seu entorno. A massa negra que escondeu a forma maior “dentro” do ambiente externo, destaca e convida ao interior, criando o cenário para a reimplantação teatral da galeria” – Mara Gama, curadora
“Na parede externa da galeria, a fotografia de uma paisagem devastada por um bombardeio na Palestina é trabalhada eletronicamente e, no primeiro plano, Felipe González se coloca com a sua arma. As paredes dos prédios estão totalmente esburacadas. Felipe segura sua furadeira. A imagem vira pintura, no tamanho de uma polaroid. O convite está feito. “Aqui, quem manda sou eu”, parece dizer, sem constrangimento e com saborosa malícia, o artista” – Mara Gama, curadora.