Museu de Letras, de Fabio Morais, faz parte das pesquisas desenvolvidas pelo artista em Paris, através de uma bolsa concedida pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), na Cité dês Arts. Morais fotografou, ao longo do rio Sena, entre o Museu do Louvre e o Museu D’Orsay, em Paris, árvores que tiveram seu tronco escrito com nomes e frases. Segundo o artista, essa alameda de árvores tatuadas funciona como um museu que acumula registros, conservando caligrafias, alfabetos e idiomas, e que cresce naturalmente na medida em que mais nomes e frases vão sendo inscritas nos troncos, configurando um museu vivo. Tentando documentar essa situação de forma fiel, o artista imprimiu as imagens das árvores sobre madeira, construindo uma analogia entre a imagem e seu suporte, entre o real e sua representação. A idéia do “Museu de Letras” abrange também outros trabalhos, nos quais o artista escreve através da colagem retiradas de cartas, bilhetes e cartões postais, constituindo um mostruário de diferentes caligrafias.
Há algum livro que você gostaria de compartilhar com o mundo?
A partir desta pergunta, Marilá Dardot convida o público para participar de sua instalação A Biblioteca de Babel. Há um mês a artista coleta livros emprestados considerados indispensáveis em qualquer biblioteca. O projeto pretende constituir um acervo provisório de livros que serão carimbados e disponibilizados em estantes, no primeiro andar da galeria, para consulta interna. Os visitantes que quiserem poderão acrescentar seus volumes ao projeto, de forma que o número inicial de livros aumentará ao longo da exposição. Após o encerramento de A Biblioteca de Babel, todos os livros serão devolvidos aos proprietários. Além dos livros, a biblioteca acomodará também os vídeos “Prefiro sim”, “A cada dia”, plantas e mobiliário para leitura.
A Galeria Vermelho apresenta, de 21 de outubro a 19 de novembro de 2005, a exposição Cabra Criada de Maurício Dias e Walter Riedweg.
Desde 1993, Dias & Riedweg realizam em dupla projetos de Arte Pública a partir de suas experiências e dúvidas, dedicando-se a trabalhos interativos e interdisciplinares no campo das Artes Plásticas e da Performance. Com o interesse voltado para a vídeo-instalação, a dupla procura desenvolver experiências artísticas nas quais o público participa diretamente da execução do trabalho, não mais como objeto representado, mas enquanto sujeito atuante.
Em sua primeira exposição em uma galeria de arte, Dias & Riedweg apresentarão duas vídeo-instalações e dois vídeos. Cabra Criada tem horário alternativo, estando aberta para visitação de terças a sextas das 18 às 22h e sábados das 11 às 17h.
Comissionado pelo Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, a vídeo-instalação “Voracidade Máxima” (2003), aborda a questão da prostituição masculina através de entrevistas com chaperos, prostitutos das ruas de Barcelona. A instalação é composta por duas projeções que ocupam paredes opostas de um cubo. Nas outras duas paredes, espelhos refletem o observador, criando uma confusão de olhares e de identidades. Paralelo à instalação, será mostrado também “Diário de Voracidade Máxima” (2004), trabalho composto por 11 ampliações fotográficas extraídas do vídeo, e que contem o texto das entrevistas. “Flesh”, vídeo-instalação criada em 2005, que atualmente integra a exposição “Le Monde Inachevé”, no Festival de Outono de Paris, é composta de duas projeções sobre uma superfície que retêm, por alguns instantes, a imagem antes dela desaparecer. Em “Flesh”, a dupla apresenta imagens de animais abatidos justapondo-as à de crianças e famílias da região do Cairo, no Egito. O vídeo “David & Gustav”, também de 2005, aborda, através de uma conversa com os artistas Gustav Metzger e David Medalla, polonês e filipino, a questão do exílio. Projeto de arte pública e vídeo-instalação para fachada, realizada em 2004 para o Museu de Arte Contemporânea de Helsinki (KIASMA), “Throw” (2004), obra que ocupará a fachada da galeria, aborda as manifestações públicas ocorridas na cidade como resposta à posições políticas tomadas pelo finlandês.
A Galeria Vermelho apresenta, de 23 de setembro a 15 de outubro de 2005, a exposição individual do grupo Chelpa Ferro.
Criado pelos artistas plásticos Jorge Barrão, Luiz Zerbini e Sergio Mekler, em 1995, o Chelpa Ferro, que atualmente participa da 51ª Bienal de Veneza, na Itália, apresentará, na Galeria Vermelho, quatro trabalhos.
Cabos elétricos, pratos de bateria, microfones, caixas de som. A principal característica da nova exposição do Chelpa Ferro, na Galeria Vermelho, é o uso que o grupo dá a objetos que quando retirados de seus locais usuais ganham novos significados, reverberando pelo espaço sem, entretanto, perder sua materialidade original. As duas instalações que compõe a exposição trabalham com essa idéia. A primeira é composta por 18 pratos de bateria de tamanhos distintos, 18 auto falantes variados, 18 hastes de metal, aparelhos de cd e temporizadores. Cada prato de bateria está montado junto a uma haste de metal que, quando acionada pelo temporizador, gira provocando um som metálico continuo e distinto devido ao tamanho e as diversas qualidades de metal. A segunda é composta por quatro objetos criados a partir de emaranhados de cabos elétricos. Além desses trabalhos, o grupo prepara um novo vídeo que será apresentado na recém aberta sala de vídeo da galeria.
A Galeria Vermelho apresenta Grave de Amílcar Packer.
O corpo e suas relações com o espaço, questão recorrente no trabalho de Amílcar Packer, aparece nos dois novos vídeos e nas três fotos que o artista apresenta no piso superior da galeria. Dando prosseguimento à sua pesquisa, Packer retrata seu próprio corpo em espaços domésticos, revelando situações para onde o olhar, em geral, não se dirige. Como é de seu procedimento, os trabalhos são fruto de performance do artista, captadas em vídeo e, posteriormente, fotografadas.
No andar térreo, Marco Paulo Rolla, apresenta Movimentos Leves, exposição composta por três trabalhos que fazem parte de sua produção recente. “Êxtase”, escultura feita em argila de um corpo de mulher, remete aos êxtases religiosos de santa Teresa D’ávila e da Beata Lodovica Albertoni, criadas por Bernini no auge do período maneirista.
“Travesseiro”, escultura em pedra sabão, trabalha com a idéia do desaparecimento e da sugestão de uma presença do corpo. No vídeo “Movimentos Leves”, Rolla registra o movimento feito pelo Sol, durante cinco minutos, a partir da fresta de uma janela, deslocando-se por cima de objetos, remetendo ao gênero natureza morta.
“O Negativo”, foto que serviu como estímulo para as três novas séries que fotógrafo Rafael Assef apresentará em sua exposição, revela através de um corte aberto sobre a pele, cortes anteriores, tema recorrente no repertório do artista.
A série “Peles Negras” remete a ideia de identificador, ou seja, do retrato. A tatuagem entra como uma segunda cobertura sobre a pele, utilizada na criação de uma outra identidade. Na série “Gelatinas”, o fotógrafo cria, a partir do elemento orgânico, figuras geométricas que remetem ao formato Polaroid SX-70, sobrepondo 3 cores gerando o negro. Já em “Lâminas”, Assef fotografa três facas de cozinha provenientes de lugares distintos, uma rotisseria, um restaurante e uma padaria, que remetem a três camadas sociais distintas.
A Galeria Vermelho apresenta a exposição individual Sala dos Espelhos de Courtney Smith.
Courtney Smith apresenta 4 esculturas em madeira e uma série de textos impressos feitos a partir de frases extraídas de contos antigos. A coleção de frases avulsas forma um universo fixo que funciona como um kit para montar novas narrativas. As esculturas funcionam da mesma maneira. Cada trabalho tem como ponto de partida o móvel que, como objeto, remete tanta à figura humana que o utiliza quanto a arquitetura que o contêm. O móvel mutável, o móvel mutante: a escultura se aproveita da informação obtida do objeto original, seja literalmente, na reconfiguração do seu corpo físico, ou simplesmente no uso do seu conceito. Como nos textos, as esculturas são construções feitas com fragmentos reconstituidos apontando para uma nova lógica.
A Galeria Vermelho apresenta Maio, individuais simultâneas de Nicolás Robbio e Rogério Canella.
Os artistas dividiram o espaço da galeria em áreas, inferior e superior. Com os trabalhos, dão visibilidade ao que é velado, ampliam detalhes e revelam espaços.
Nicolás Robbio apresenta desenhos inéditos em diversos suportes, papel, papelão, camisetas e as paredes da galeria. Com elementos e material de uso cotidiano, linhas simples e recortes, Nicolás cria desenhos ou explora desenhos pré-existentes no suporte. O artista utiliza linguagem de desenho técnico, incorporando assim uma aura de verdade. Porém as informações ampliadas se sobrepõem ao objeto, são incompletas e inexatas. Cortes revelam texturas em conteúdos de elementos gráficos industriais.
Passagens desativadas, edifícios em construção sem acabamento, obras de reparos em estações de metrô, canteiros de obra, uma área de escape sob uma rodovia e um estabelecimento comercial em demolição. Essas são as imagens que compõem o conjunto de fotos de Rogério Canella para a mostra no térreo da Vermelho .
As imagens mostram espaços em processo de transformação, na intenção de subverter a qualidade da fotografia como registro de um instante. A ausência de tempo se dá através do registro deste “instante” de transformação ou mudança na paisagem urbana, locais que geralmente estão distantes do cidadão
comum, já que estão protegidos por tapumes ou interditados para o público. Rogério Canella faz um registro objetivo do intervalo na utilização dos espaços públicos.
Rogério Canella já participou de diversas exposições, tais como FotoArte de Brasília, “Pampulha: Obra Colecionada” no Museu da Pampulha em Belo Horizonte, “1º Mostra Rio Arte Contemporânea” no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da “Estratégias Barrocas” no Centro Cultural Metropolitano em Quito, Equador.
A Galeria Vermelho apresenta a exposição coletiva Viés, curadoria de Ricardo Oliveros.
“A coleção de Arte e Moda outono-inverno 2005 será lançada em abril na Galeria Vermelho. As formas são variadas. A cartela de cores vêm num largo espectro do branco ao preto, passando por matizes azuis, vermelhas, amarelas, lilazes. Os vários tecidos vêm em construções elaboradas, em formas pouco usuais. Um cross-over inspirado nas décadas de 20, 40, 80, atualizam-se na leitura contemporânea das novas relações que a moda propõe hoje”.
Há algum tempo atrás, este texto poderia causar estranhamento, porque um convite para um desfile em galeria que não era usual, hoje é artigo recorrente. A exposição Viés trata das relações entre Arte e Moda, pensada pelo Grupo de Moda que há um ano discute as possibilidades e as aproximações entre as duas linguagens, com a devida consciência que não se trata de uma novidade.
O Grupo de Moda é formado por Karlla Girotto, Raquel Uendi, Rita Wainer [estilistas], Rafael Assef, Rosana Monnerat, Edilaine Cunha, Flavia Lhacer [artistas plásticos], Hugo Frasa [designer], Eva Joory [editora de moda], Julia Rodrigues[pesquisadora] e Marcio Banfi [stylist]. A coordenação do Grupo é do curador Ricardo Oliveros.
A ideia de reunir pessoas para discutir Moda na Galeria Vermelho iniciou em 2003 com a exposição Vizinhos, em que estilistas realizaram performances na área de Arte e Moda. Em 2004, Karlla Girotto, realiza seu desfile de inverno nas dependências da Vermelho, em que o tempo e a forma de apresentação de uma coleção de moda, eram questionados. Estas ações pontuais foram o leit motiv para que se reunisse um grupo para aprofundar o debate, que existe desde o final do século XIX, quando o vestuário passa a ser empregado como suporte da expressão artística.
A idéia da exposição pode ser resumida como a apresentação de uma arte que fala da moda e uma moda que fala da arte. Se na década de 80, temos a moda oficialmente reconhecida, segundo Florence Müller no seu texto Arte & Moda, como uma forma de expressão cultural, no Brasil não foi diferente. Hélio Oiticica e os Parangolés, Lygia Clark, Leonilson e Leda Catunda utilizaram vários códigos pertencentes ao mundo da moda.
Apesar do trânsito pelos códigos da moda, a leitura crítica da obra de arte relega a moda a um segundo plano. Fala-se de costura, bordados e principalmente de corpo, como se assumir uma relação com a moda fosse algo menor.
Viés ao contrário, é a afirmação positiva e crítica destas relações.
Além dos integrantes do Grupo de Moda, outros artistas foram convidados a apresentar trabalhos, performances, vídeos. Os participantes da exposição são: Adriano Costa, Alexandre Herchcovitch, Amilcar Packer, Andrezza Valentin, Cris Bierrenbach, Edilaine Cunha, Edouard Fraipont, Eliana Bordin, Erika Ikezili, Eva Joory, Fabia Bercsek, Flavia Lhacer, Hugo Frasa, Julia Rodrigues, Karlla Girotto, Marcelo Cidade, Marcio Banfi, Marco Paulo Rolla, Marilá Dardot, Marton, Maurício Ianês, Nicolás Robbio, Odires Mlászho, Paula Trope, Rafael Assef, Rita Wainer, Rosanna Monnerat e Simone Mina.
A Galeria Vermelho apresenta, de 15 de março a 09 de abril, de 2005, a exposição Utilidades Domésticas, do artista Marcelo Zocchio.
Na exposição o artista apresenta a série que da nome a exposição, Utilidades Domésticas, que registra através da fotografia, o processo de fabricação dos objetos e móveis que Zocchio produz com madeira reaproveitada.
A Galeria Vermelho apresenta, de 15 de março a 20 de março, de 2005, a exposição coletiva do grupo JAMAC (Jardim Miriam Arte Clube), criado pela artista Mônica Nador.
Associação Civil sem fins lucrativos, o JAMAC é formado por artistas, intelectuais e moradores do Jardim Miriam (SP), e constitui um núcleo gerador de ações artísticas que gera benefícios concretos para os moradores do bairro, desde a melhoria das habitações até o ensino de ofícios.
Utilizando o potencial transformador da arte, o JAMAC promove a ampliação da visão de mundo dos participantes, desenvolvendo a consciência crítica e trabalhando a noção de cidadania dos mesmos.
Claudia Andujar apresenta Yano-a. A artista mostra um trabalho recente, uma vídeo-instalação em colaboração com a dupla de artistas Gisela Motta e Leandro Lima, onde uma fotografia preto e branco projetada ganha movimento em cores. A partir de uma sequência de fotogramas dos anos 70 que registra uma oca pegando fogo, a artista sobrepõe à imagem estática da oca um fogo vivo, colorido, em ação. Uma fotografia de um ritual mortuário usando filme infra-vermelho completa a exposição. Com esta mostra, Claudia Andujar reaquece a discussão nas questões indígenas e de sua produção artística.
Chiara Banfi apresenta Viga Mestra, exposição no andar superior da galeria, uma instalação composta por vinis adesivos e madeira. A artista cria a partir da estrutura arquitetônica do espaço, desconstruindo a rigidez geométrica com o uso de formas e linhas orgânicas. A linha da viga do telhado é esticada para envolver a sala, criando um novo percurso para o espectador e um desequilíbrio para o ambiente. Uma ambientação sonora foi desenvolvida para este espaço, em parceria com o duo Mínima.
Esta é a primeira exposição da artista após seu retorno da residência na Gasworks, em Londres. Esta residência foi proporcionada pelo primeiro lugar no Prêmio Chamex de Arte Jovem, no Instituto Tomie Ohtake, em 2004. Chiara expôs ainda no Espaço ECCO em Brasília, entre outras.