A Vermelho apresenta, de 24 de agosto a 14 de outubro, Cerimônia, a primeira exposição individual da artista mexicana Tania Candiani, no Brasil.
A prática de Tania Candiani é baseada em resultados de processos de pesquisa não acadêmica na intersecção entre sistemas de linguagem – fónico, gráfico, linguístico, simbólico e tecnológico. Ela desenvolve grupos de trabalhos interdisciplinares em diversas áreas entre arte, literatura, música, arquitetura e ciência, com ênfase no resgate das primeiras tecnologias e sua história na produção do conhecimento.
Tania Candiani (1974) vive e trabalha na Cidade do México. Desde 2012, ela é bolsista do Sistema Nacional de Criadores de Arte (Sistema Nacional de Criadores de Arte) do México. Entre os seus prêmios, estão o prêmio Aquisição concedido pela XV Bienal de Cuenca, Bienal do Bioceno, em 2021; Menção Honrosa at The Arts at CERN Collide, 2022; The Smithsonian Research Grant for Artists, 2018; Guggenheim Grant, 2011.
Candiani representou o México na 56ª Bienal de Veneza em 2015.
Em Cerimônia, Tania Candiani apresenta cinco novas séries de pinturas e bordados e três videoinstalações. As obras da mostra orbitam no universo das coreografias, aproximando rituais e manifestações públicas.
A série Confrontadas reproduz, através de grandes pinturas bordadas, cenas de confrontos entre manifestantes e policiais. As imagens são oriundas do fotojornalismo e provém da cobertura de manifestações ocorridas nos últimos 10 anos que têm as mulheres como protagonistas. Estas mulheres/ manifestantes surgem em bordados brancos sobre a pintura em tinta acrílica preta, e os policiais em bordados pretos sobre a tinta preta. Essa diferença denota as distintas qualidades das manifestantes, ora confrontadoras, ora apaziguadoras.
Confrontadas deriva da série Manifestantes, iniciada por Candiani em 2019.
“Comecei ‘Manifestantes’ uma semana antes da primeira marcha da ‘revolución diamantina’ (uma marcha que protestava contra o estupro de uma jovem por quatro policiais no norte da Cidade do México). Comecei a pensar em uma série de pinturas costuradas em grande escala retratando mulheres em diferentes marchas e protestos ao redor do mundo. Privilegiar o momento de protesto uníssono – quando a voz se eleva. Costurar para mim é uma espécie de desenho barulhento. Esses retratos são vozes.
Nessa série, Tania Candiani realiza retratos em que monumentaliza manifestantes em diferentes protestos pelo mundo através de personagens brasileiras, mexicanas, palestinas, egípcias e paquistanesas.
O barulho a que Tania Candiani se refere, sinaliza sua prática intensamente ligada à investigação do som – natural ou artificial, tradicional ou disruptivo. Essas diferentes inflexões estão presentes também na videoinstalação Pulso, de 2017.
Pulso foi filmado a partir de uma ação sonora em escala urbana, coletiva e feminista. A ação consistia na viagem de mais de 200 mulheres pelo Metrô da Cidade do México, tocando tambores cujo som se constrói evocando simultaneamente memória e presente. Com as mãos manchadas de cochonilha escarlate (inseto que vive em cactos nativos do México, usado tradicionalmente na produção de pigmentos alimentícios e decorativos), as mulheres, organizadas em grupos, percorreram de ponta a ponta as doze linhas do metrô, gerando uma espécie de pulsação da cidade.
Os tambores utilizados em Pulso reproduzem instrumentos pré-colombianos, ou pré-hispânicos, reforçando a força ancestral feminina do território conhecido como México.
A ancestralidade mexicana também aparece em Danzas para la tierra, vídeo inspirado na Danza de los Negritos, de origem Totonac, dançada na zona montanhosa dos estados de Veracruz, Puebla e Hidalgo, no México, e em diversos países da América Latina.
Danzas para la tierra compõe um amplo projeto de Candiani de recuperação e releitura das danças tradicionais – de origem pré-hispânica e colonial – a partir da análise das partes narrativas, simbólicas, sonoras e coreográficas que as compõem. O vídeo registra a dança vista de cima, traçando sua coreografia com recursos digitais coloridos, como uma instrução documental somada ao som alto do sapateado dos bailarinos, criando tensão entre instrução e catarse.
A dança tem origem no período de invasão do território mexicano por espanhóis e remonta a história de uma africana escravizada que, ao ver seu filho ser picado por uma serpente, começou a realizar uma cerimônia típica da África, que consistia em dançar, cantar e gritar em volta do jovem enfermo. Os índios Totonac, que observavam esse ritual, ficaram maravilhados com o que a mãe estava fazendo e imediatamente começaram a imitá-la. Nasce assim, a dança dos negros, representando a cultura afro-mexicana e caracterizada por fortes golpes de percussão.
Acompanham o vídeo, um conjunto de pinturas intituladas Dance Score Paintings. Danza de los Negritos. As pinturas verticais em escala humana, reproduzem os diferentes passos da coreografia de Danza para la tierra. Realizadas esquematicamente, em cores primárias, remetem às pinturas decorativas ancestrais.
Tidal Choreography registra a cerimônia de encontro entre as nadadoras e a natureza. O que vemos é uma relação simbiótica e coreográfica entre a maré, a gravidade, as nadadoras e o conjunto de vidas aquáticas que habitam o rio.
Em Cerimônia, Tania Candiani aproxima os rituais, as manifestações, as tradições e as ancestralidades como um conjunto de relações que se completam.
A Vermelho apresenta, de 24 de agosto a 14 de outubro, Cerimônia, a primeira exposição individual da artista mexicana Tania Candiani, no Brasil.
A prática de Tania Candiani é baseada em resultados de processos de pesquisa não acadêmica na intersecção entre sistemas de linguagem – fónico, gráfico, linguístico, simbólico e tecnológico. Ela desenvolve grupos de trabalhos interdisciplinares em diversas áreas entre arte, literatura, música, arquitetura e ciência, com ênfase no resgate das primeiras tecnologias e sua história na produção do conhecimento.
Tania Candiani (1974) vive e trabalha na Cidade do México. Desde 2012, ela é bolsista do Sistema Nacional de Criadores de Arte (Sistema Nacional de Criadores de Arte) do México. Entre os seus prêmios, estão o prêmio Aquisição concedido pela XV Bienal de Cuenca, Bienal do Bioceno, em 2021; Menção Honrosa at The Arts at CERN Collide, 2022; The Smithsonian Research Grant for Artists, 2018; Guggenheim Grant, 2011.
Candiani representou o México na 56ª Bienal de Veneza em 2015.
Em Cerimônia, Tania Candiani apresenta cinco novas séries de pinturas e bordados e três videoinstalações. As obras da mostra orbitam no universo das coreografias, aproximando rituais e manifestações públicas.
A série Confrontadas reproduz, através de grandes pinturas bordadas, cenas de confrontos entre manifestantes e policiais. As imagens são oriundas do fotojornalismo e provém da cobertura de manifestações ocorridas nos últimos 10 anos que têm as mulheres como protagonistas. Estas mulheres/ manifestantes surgem em bordados brancos sobre a pintura em tinta acrílica preta, e os policiais em bordados pretos sobre a tinta preta. Essa diferença denota as distintas qualidades das manifestantes, ora confrontadoras, ora apaziguadoras.
Confrontadas deriva da série Manifestantes, iniciada por Candiani em 2019.
“Comecei ‘Manifestantes’ uma semana antes da primeira marcha da ‘revolución diamantina’ (uma marcha que protestava contra o estupro de uma jovem por quatro policiais no norte da Cidade do México). Comecei a pensar em uma série de pinturas costuradas em grande escala retratando mulheres em diferentes marchas e protestos ao redor do mundo. Privilegiar o momento de protesto uníssono – quando a voz se eleva. Costurar para mim é uma espécie de desenho barulhento. Esses retratos são vozes.
Nessa série, Tania Candiani realiza retratos em que monumentaliza manifestantes em diferentes protestos pelo mundo através de personagens brasileiras, mexicanas, palestinas, egípcias e paquistanesas.
O barulho a que Tania Candiani se refere, sinaliza sua prática intensamente ligada à investigação do som – natural ou artificial, tradicional ou disruptivo. Essas diferentes inflexões estão presentes também na videoinstalação Pulso, de 2017.
Pulso foi filmado a partir de uma ação sonora em escala urbana, coletiva e feminista. A ação consistia na viagem de mais de 200 mulheres pelo Metrô da Cidade do México, tocando tambores cujo som se constrói evocando simultaneamente memória e presente. Com as mãos manchadas de cochonilha escarlate (inseto que vive em cactos nativos do México, usado tradicionalmente na produção de pigmentos alimentícios e decorativos), as mulheres, organizadas em grupos, percorreram de ponta a ponta as doze linhas do metrô, gerando uma espécie de pulsação da cidade.
Os tambores utilizados em Pulso reproduzem instrumentos pré-colombianos, ou pré-hispânicos, reforçando a força ancestral feminina do território conhecido como México.
A ancestralidade mexicana também aparece em Danzas para la tierra, vídeo inspirado na Danza de los Negritos, de origem Totonac, dançada na zona montanhosa dos estados de Veracruz, Puebla e Hidalgo, no México, e em diversos países da América Latina.
Danzas para la tierra compõe um amplo projeto de Candiani de recuperação e releitura das danças tradicionais – de origem pré-hispânica e colonial – a partir da análise das partes narrativas, simbólicas, sonoras e coreográficas que as compõem. O vídeo registra a dança vista de cima, traçando sua coreografia com recursos digitais coloridos, como uma instrução documental somada ao som alto do sapateado dos bailarinos, criando tensão entre instrução e catarse.
A dança tem origem no período de invasão do território mexicano por espanhóis e remonta a história de uma africana escravizada que, ao ver seu filho ser picado por uma serpente, começou a realizar uma cerimônia típica da África, que consistia em dançar, cantar e gritar em volta do jovem enfermo. Os índios Totonac, que observavam esse ritual, ficaram maravilhados com o que a mãe estava fazendo e imediatamente começaram a imitá-la. Nasce assim, a dança dos negros, representando a cultura afro-mexicana e caracterizada por fortes golpes de percussão.
Acompanham o vídeo, um conjunto de pinturas intituladas Dance Score Paintings. Danza de los Negritos. As pinturas verticais em escala humana, reproduzem os diferentes passos da coreografia de Danza para la tierra. Realizadas esquematicamente, em cores primárias, remetem às pinturas decorativas ancestrais.
Tidal Choreography registra a cerimônia de encontro entre as nadadoras e a natureza. O que vemos é uma relação simbiótica e coreográfica entre a maré, a gravidade, as nadadoras e o conjunto de vidas aquáticas que habitam o rio.
Em Cerimônia, Tania Candiani aproxima os rituais, as manifestações, as tradições e as ancestralidades como um conjunto de relações que se completam.
Durante esse período, Tania Candiani observou o ritmo interligado entre a comunidade e o rio de maré que a atravessa. Em particular, Candiani passou um tempo com as nadadoras locais enquanto elas se dirigiam diariamente para o rio na maré alta.
Tidal Choreography registra a cerimônia de encontro entre as nadadoras e a natureza. O que vemos é uma relação simbiótica e coreográfica entre a maré, a gravidade, as nadadoras e o conjunto de vidas aquáticas que habitam o rio.