A galeria Vermelho apresenta, de 01 a 26 de abril, de 2008, a exposição individual Bifurcações e Encruzilhadas de Carla Zaccagnini.
A série de trabalhos que compõem a exposição Bifurcações e Encruzilhadas de Carla Zaccagnini (34), artista confirmada para participar da 28ª Bienal de São Paulo, em outubro de 2008, faz parte de uma pesquisa desenvolvida pela artista nos últimos anos. Nela, Zaccagnini investiga eventos ou elementos que a primeira vista podem parecer idênticos sendo na realidade díspares (bifurcações), ou que, por outro lado, parecem distintos mas obedecem a princípios semelhantes (encruzilhadas). Trabalhos anteriores como Jogo de memória (2004) ou Museu das Vistas (2002/em processo), e até mesmo o conceito da última individual da artista na Vermelho Até onde a vista alcança, em 2004, baseada na idéia de simetria aproximada, já apresentavam tal foco de interesse.
Muitas são as oportunidades de descobrir que duas coisas, a princípio idênticas, são distintas após uma segunda e mais atenta mirada. É o que ocorre na série de fotografias Sobre la igualdad y las diferencias: casas gemelas, trabalho desenvolvido em Havana (Cuba), em 2005. Nela, Zaccagnini apresenta grupos de casas da capital cubana construídas de forma idêntica, mas que em decorrência do tempo, das mudanças de gosto ou de hábitos, ou para atender a necessidades e possibilidades de seus habitantes, se distanciaram de seus pares. Para lá de um simples jogo de erros, a série parece propor uma síntese entre elementos heterogêneos, apontando para o valor do remake e da transformação, articulando usos e colocando em relação formas distintas. Sobre esse fundo cambiante, o observador se vê confrontado com o processo de constituição de sentido e de uso que determina o estabelecimento e a codificação de suas relações com o entorno.
Do mesmo período em Cuba, Zaccagnini apresenta também a serigrafia Sendo Dados… (2005), trabalho que nivela a tridimensionalidade do objeto (dado) a uma superfície chapada, onde todas as variações numéricas do jogo de azar se tornam possíveis em uma única jogada, questionando o emprego das formas do objeto, a saber: no que se converte o uso habitual do objeto quando transformado pela mão do artista?
Uma e três casas (projeção), 2008, é o resultado de um estudo desenvolvido por Zaccagnini sobre a história dos três sobrados que atualmente abrigam o prédio principal da Vermelho. Com o levantamento frontal feito pelos arquitetos antes do início da reforma que transformou o trio de casas, em 2001, a artista devolve o desenho à atual fachada da galeria. Uma e três casas (prospecção), 2008, revela, no verso da mesma parede, na parte interna da galeria, as estruturas originais das mesmas casas.
“Sobre la igualdad y las diferencias II: a casa ao lado”, foi criada para a exposição Cité-Action, em Assenede (Bélgica), em 2006. O projeto foi desenvolvido em colaboração com as arqueólogas Liesbet Sablon e Sofie Geelen. Ele consiste numa investigação arqueológica de artefatos encontrados em duas casas desabitadas, localizadas na mesma rua de Assenede. As casas, desapropriadas pela municipalidade, permaneceram fechadas por alguns anos, mantendo em seus interiores os objetos deixados pelas últimas pessoas que as ocuparam. Além de documentar os objetos encontrados, as escavações tinham como foco identificar artefatos similares encontrados nos dois contextos diferentes.
Seguindo critérios arqueológicos, a semelhança entre os objetos está associada às funções do próprio objeto/artefato. Lado a lado, esses artefatos estabelecem índices das necessidades, hábitos e gostos dos indivíduos ou das famílias que habitaram essas casas, próximas no tempo e espaço. Essa aproximação, entretanto, aponta para peculiaridades de escolhas pessoais que fazem parte da história.
Além disso, Zaccagnini apresenta também, Correspondência, 2007-08, coleção de palavras escritas com rótulos originais de cerveja, Todas las descripciones son comparativas: grandes felinos, 2007-08, desenhos decalcados de uma enciclopédia de animais destacando o texto em que a descrição se faz por comparação, Kleuren, Knippen en Opplakken A, e B, 2006-08, dois conjuntos de seis livros de colorir iguais, pintados por 6 pessoas, utilizando conjuntos iguais de cem canetas hidrográficas.
O tema das igualdades e das diferenças aparece também nas obras que Zaccagnini criou para a publicação da exposição e que os visitantes poderão levar para casa. Nos textos que descrevem segundos encontros com desconhecidos, no relato envolvendo dois guarda-chuvas semelhantes, nos três testemunhos díspares de um mesmo episódio, ou ainda nas imagens que os acompanham, a artista aborda a questão dos encontros e desencontros que permeia a exposição como um todo. Nestes trabalhos, a artista contou com a participação de Keila Costa, Marina Buendia e Mila Milene Chiovatto. De maneira análoga, os textos críticos de Kiki Mazzuchelli e Thaís Rivitti partem de um mesmo universo de obras para criar discursos que se aproximam e distanciam
A galeria Vermelho apresenta, de 01 a 26 de abril, de 2008, a exposição individual Bifurcações e Encruzilhadas de Carla Zaccagnini.
A série de trabalhos que compõem a exposição Bifurcações e Encruzilhadas de Carla Zaccagnini (34), artista confirmada para participar da 28ª Bienal de São Paulo, em outubro de 2008, faz parte de uma pesquisa desenvolvida pela artista nos últimos anos. Nela, Zaccagnini investiga eventos ou elementos que a primeira vista podem parecer idênticos sendo na realidade díspares (bifurcações), ou que, por outro lado, parecem distintos mas obedecem a princípios semelhantes (encruzilhadas). Trabalhos anteriores como Jogo de memória (2004) ou Museu das Vistas (2002/em processo), e até mesmo o conceito da última individual da artista na Vermelho Até onde a vista alcança, em 2004, baseada na idéia de simetria aproximada, já apresentavam tal foco de interesse.
Muitas são as oportunidades de descobrir que duas coisas, a princípio idênticas, são distintas após uma segunda e mais atenta mirada. É o que ocorre na série de fotografias Sobre la igualdad y las diferencias: casas gemelas, trabalho desenvolvido em Havana (Cuba), em 2005. Nela, Zaccagnini apresenta grupos de casas da capital cubana construídas de forma idêntica, mas que em decorrência do tempo, das mudanças de gosto ou de hábitos, ou para atender a necessidades e possibilidades de seus habitantes, se distanciaram de seus pares. Para lá de um simples jogo de erros, a série parece propor uma síntese entre elementos heterogêneos, apontando para o valor do remake e da transformação, articulando usos e colocando em relação formas distintas. Sobre esse fundo cambiante, o observador se vê confrontado com o processo de constituição de sentido e de uso que determina o estabelecimento e a codificação de suas relações com o entorno.
Do mesmo período em Cuba, Zaccagnini apresenta também a serigrafia Sendo Dados… (2005), trabalho que nivela a tridimensionalidade do objeto (dado) a uma superfície chapada, onde todas as variações numéricas do jogo de azar se tornam possíveis em uma única jogada, questionando o emprego das formas do objeto, a saber: no que se converte o uso habitual do objeto quando transformado pela mão do artista?
Uma e três casas (projeção), 2008, é o resultado de um estudo desenvolvido por Zaccagnini sobre a história dos três sobrados que atualmente abrigam o prédio principal da Vermelho. Com o levantamento frontal feito pelos arquitetos antes do início da reforma que transformou o trio de casas, em 2001, a artista devolve o desenho à atual fachada da galeria. Uma e três casas (prospecção), 2008, revela, no verso da mesma parede, na parte interna da galeria, as estruturas originais das mesmas casas.
“Sobre la igualdad y las diferencias II: a casa ao lado”, foi criada para a exposição Cité-Action, em Assenede (Bélgica), em 2006. O projeto foi desenvolvido em colaboração com as arqueólogas Liesbet Sablon e Sofie Geelen. Ele consiste numa investigação arqueológica de artefatos encontrados em duas casas desabitadas, localizadas na mesma rua de Assenede. As casas, desapropriadas pela municipalidade, permaneceram fechadas por alguns anos, mantendo em seus interiores os objetos deixados pelas últimas pessoas que as ocuparam. Além de documentar os objetos encontrados, as escavações tinham como foco identificar artefatos similares encontrados nos dois contextos diferentes.
Seguindo critérios arqueológicos, a semelhança entre os objetos está associada às funções do próprio objeto/artefato. Lado a lado, esses artefatos estabelecem índices das necessidades, hábitos e gostos dos indivíduos ou das famílias que habitaram essas casas, próximas no tempo e espaço. Essa aproximação, entretanto, aponta para peculiaridades de escolhas pessoais que fazem parte da história.
Além disso, Zaccagnini apresenta também, Correspondência, 2007-08, coleção de palavras escritas com rótulos originais de cerveja, Todas las descripciones son comparativas: grandes felinos, 2007-08, desenhos decalcados de uma enciclopédia de animais destacando o texto em que a descrição se faz por comparação, Kleuren, Knippen en Opplakken A, e B, 2006-08, dois conjuntos de seis livros de colorir iguais, pintados por 6 pessoas, utilizando conjuntos iguais de cem canetas hidrográficas.
O tema das igualdades e das diferenças aparece também nas obras que Zaccagnini criou para a publicação da exposição e que os visitantes poderão levar para casa. Nos textos que descrevem segundos encontros com desconhecidos, no relato envolvendo dois guarda-chuvas semelhantes, nos três testemunhos díspares de um mesmo episódio, ou ainda nas imagens que os acompanham, a artista aborda a questão dos encontros e desencontros que permeia a exposição como um todo. Nestes trabalhos, a artista contou com a participação de Keila Costa, Marina Buendia e Mila Milene Chiovatto. De maneira análoga, os textos críticos de Kiki Mazzuchelli e Thaís Rivitti partem de um mesmo universo de obras para criar discursos que se aproximam e distanciam