O projeto Achados e Perdidos parte de uma coleção de sungas esquecidas em vestiários de clubes de natação de Recife, em Pernambuco, e coletadas por Jonathas de Andrade ao longo dos últimos 10 anos. Com a crescente coleção, o artista passou a encomendar corpos esculpidos no barro em tamanho natural a diversos artesãos da cidade de Tracunhaém, em Pernambuco, iniciando um diálogo que perpassa a representação do corpo, arte popular, masculinidade, a tradição da escultura popular e da escultura moderna.
A cidade de Tracunhaém fica a uma hora de Recife, e é conhecida como a região do barro e das olarias. Os diversos artesãos da cidade se dedicam à tradição da escultura e à feitura em série de peças clássicas da cultura nordestina: dos tradicionais filtros de barro a santos de pequena e grande escala; de vasos para plantas a fogareiros e tijolos de construção. Cada artesão, família ou grupo de artesãos costuma se dedicar a uma tipologia de peças. Há aqueles que voltam sua energia a pequenas esculturas de figuras em cenas do cotidiano do sertão nordestino, outros dão vida ao barro com cenas do maracatu rural, que é tão forte na região, ou aqueles que fazem mais peças no torno giratório.
O pedido do artista estabelece uma conversa improvável sobre a representação do corpo masculino numa escultura em barro, visto que é um tema específico que nunca havia sido desenvolvido por nenhum deles. Com isso, o diálogo abre uma negociação peculiar sobre a forma, o movimento, e o volume das peças, requisitando o repertório de cada um dos artesãos, e provocando o limite de suas técnicas.
O resultado deste diálogo pode ser visto no aspecto material das esculturas. Elas carregam rachaduras espontâneas, aberturas intencionais, manchas do fogo e o rastro dos gestos da mão no barro. Enquanto as peças tradicionais costumam ter aberturas para que o forno queime o barro por dentro e por fora, o pedido do artista levou a peças inteiriças, com pouca queima na parte interna. As rachaduras, formadas pela tentativa do calor de escapar do interior das peças na queima, ao longo das encomendas foram sendo substituídas por buracos experimentados em diversos tamanhos pelos artesãos, e que se tornaram características da série.
O artista encomendou peças para 7 artesãos: Nando Garcia, Leonardo Nascimento, Ivanildo de Tracunhaém, Nielson de Tracunhaém, Dinho de Tracunhaém e sua equipe Robson Coragem e Bruno Rafael. Ao longo de três anos, o projeto Achados e Perdidos acumulou mais de 100 peças, onde se pode observar a variação de respostas e estilos dos variados artesãos-escultores, bem como o desenvolvimento das técnicas utilizadas ao longo do tempo.
A exposição na Galeria Vermelho, primeira montagem do projeto, era dividida em uma grande instalação na sala principal, intitulada Achados e Perdidos; dois conjuntos chamados de Agrupamentos, uma série de esculturas composta por duas peças cada, com o título Duplas, e seis peças individuais que são expostas tanto no chão como em bases, e que levam o título de Corpo. A instalação fica em cartaz até 5 de dezembro de 2020, e ocupa todo o prédio principal da galeria.
O projeto Achados e Perdidos parte de uma coleção de sungas esquecidas em vestiários de clubes de natação de Recife, em Pernambuco, e coletadas por Jonathas de Andrade ao longo dos últimos 10 anos. Com a crescente coleção, o artista passou a encomendar corpos esculpidos no barro em tamanho natural a diversos artesãos da cidade de Tracunhaém, em Pernambuco, iniciando um diálogo que perpassa a representação do corpo, arte popular, masculinidade, a tradição da escultura popular e da escultura moderna.
A cidade de Tracunhaém fica a uma hora de Recife, e é conhecida como a região do barro e das olarias. Os diversos artesãos da cidade se dedicam à tradição da escultura e à feitura em série de peças clássicas da cultura nordestina: dos tradicionais filtros de barro a santos de pequena e grande escala; de vasos para plantas a fogareiros e tijolos de construção. Cada artesão, família ou grupo de artesãos costuma se dedicar a uma tipologia de peças. Há aqueles que voltam sua energia a pequenas esculturas de figuras em cenas do cotidiano do sertão nordestino, outros dão vida ao barro com cenas do maracatu rural, que é tão forte na região, ou aqueles que fazem mais peças no torno giratório.
O pedido do artista estabelece uma conversa improvável sobre a representação do corpo masculino numa escultura em barro, visto que é um tema específico que nunca havia sido desenvolvido por nenhum deles. Com isso, o diálogo abre uma negociação peculiar sobre a forma, o movimento, e o volume das peças, requisitando o repertório de cada um dos artesãos, e provocando o limite de suas técnicas.
O resultado deste diálogo pode ser visto no aspecto material das esculturas. Elas carregam rachaduras espontâneas, aberturas intencionais, manchas do fogo e o rastro dos gestos da mão no barro. Enquanto as peças tradicionais costumam ter aberturas para que o forno queime o barro por dentro e por fora, o pedido do artista levou a peças inteiriças, com pouca queima na parte interna. As rachaduras, formadas pela tentativa do calor de escapar do interior das peças na queima, ao longo das encomendas foram sendo substituídas por buracos experimentados em diversos tamanhos pelos artesãos, e que se tornaram características da série.
O artista encomendou peças para 7 artesãos: Nando Garcia, Leonardo Nascimento, Ivanildo de Tracunhaém, Nielson de Tracunhaém, Dinho de Tracunhaém e sua equipe Robson Coragem e Bruno Rafael. Ao longo de três anos, o projeto Achados e Perdidos acumulou mais de 100 peças, onde se pode observar a variação de respostas e estilos dos variados artesãos-escultores, bem como o desenvolvimento das técnicas utilizadas ao longo do tempo.
A exposição na Galeria Vermelho, primeira montagem do projeto, era dividida em uma grande instalação na sala principal, intitulada Achados e Perdidos; dois conjuntos chamados de Agrupamentos, uma série de esculturas composta por duas peças cada, com o título Duplas, e seis peças individuais que são expostas tanto no chão como em bases, e que levam o título de Corpo. A instalação fica em cartaz até 5 de dezembro de 2020, e ocupa todo o prédio principal da galeria.