160 x 40 cm
6 emulsões em gelatina e prata sobre papel algodão e pintura a óleo
Foto Filipe Berndt“A religião católica adquire outra espessura com o artista Eustáquio Neves em sua obra intitulada Sete (2023). Estamos diante de seis ampliações fotográficas (emulsão fotográfica sobre papel algodão e pintura a óleo) e uma cópia digital a partir de um arquivo original remanescente da primeira comunhão de seu autor, cobertas agora de incontáveis camadas de pigmentos e químicas. Do fundo dessas superfícies nebulosas, um garoto negro nos interpela, vestindo camisa branca de mangas curtas, short escuro, meias até o tornozelo e mocassim preto envernizado. Apesar de documentar um acontecimento, a imagem oculta uma porção de outros mundos. O resultado oferece um diagnóstico das relações de poder e dominação que, desde sempre, incidem sobre a cidadania afro-brasileira. Diversas mãos ajeitaram habilmente esse pequeno corpo, a fim de prepará-lo ao sacramento da Eucaristia e, posteriormente, à imagem em papel a ser distribuída com orgulho entre os tios maternos. Colocando sob suspeita o status ético conferido à fotografia, Neves borra seu próprio retrato para exibir uma infância dilacerada: na mão esquerda, a criança segura um elemento da cultura imposta; na mão direita, o instrumento para sua resistência ancestral.”
Trecho de No Fim da Madrugada, de Lisette Lagnado
160 x 40 cm
6 emulsões em gelatina e prata sobre papel algodão e pintura a óleo
Foto Filipe Berndt“A religião católica adquire outra espessura com o artista Eustáquio Neves em sua obra intitulada Sete (2023). Estamos diante de seis ampliações fotográficas (emulsão fotográfica sobre papel algodão e pintura a óleo) e uma cópia digital a partir de um arquivo original remanescente da primeira comunhão de seu autor, cobertas agora de incontáveis camadas de pigmentos e químicas. Do fundo dessas superfícies nebulosas, um garoto negro nos interpela, vestindo camisa branca de mangas curtas, short escuro, meias até o tornozelo e mocassim preto envernizado. Apesar de documentar um acontecimento, a imagem oculta uma porção de outros mundos. O resultado oferece um diagnóstico das relações de poder e dominação que, desde sempre, incidem sobre a cidadania afro-brasileira. Diversas mãos ajeitaram habilmente esse pequeno corpo, a fim de prepará-lo ao sacramento da Eucaristia e, posteriormente, à imagem em papel a ser distribuída com orgulho entre os tios maternos. Colocando sob suspeita o status ético conferido à fotografia, Neves borra seu próprio retrato para exibir uma infância dilacerada: na mão esquerda, a criança segura um elemento da cultura imposta; na mão direita, o instrumento para sua resistência ancestral.”
Trecho de No Fim da Madrugada, de Lisette Lagnado
70 x 51 cm
Fotopintura
“Tendo como referência a forma como as populações negras foram muito mal representadas na história da fotografia, Eustáquio busca reconstituir com pintura retratos de pessoas negras, a partir de uma coleção de negativos de vidro encontrada em ruínas em Diamantina, Minas Gerais”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
71,8 x 101,3 cm
Impressão com jato de tinta pigmentada sobre papel Hahnemühle Photo Rag Baryta 315g
“Nesta série, Eustáquio aborda a escassez de fotografias de famílias negras brasileiras. Busca recuperar por meio da memória oral de seus familiares, a imagem de seu avô, João Catarino Ribeiro, o qual não chegou a conhecer e do qual não restou nenhuma fotografia guardada por seus parentes”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
30 x 40 cm
Fotopintura
Nesta série, Eustáquio aborda a escassez de fotografias de famílias negras brasileiras. Busca recuperar, por meio da memória oral de seus familiares, a imagem do seu avô, João Catarino Ribeiro, o qual não chegou a conhecer e do qual não restou nenhuma fotografia guardada por seus parentes.
30 x 40 cm
Fotopintura
“Nesta série, Eustáquio aborda a escassez de fotografias de famílias negras brasileiras. Busca recuperar por meio da memória oral de seus familiares, a imagem de seu avô, João Catarino Ribeiro, o qual não chegou a conhecer e do qual não restou nenhuma fotografia guardada por seus parentes”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
70 x 40 cm
Fotopintura
Nesta série, Eustáquio aborda a escassez de fotografias de famílias negras brasileiras. Busca recuperar, por meio da memória oral de seus familiares, a imagem do seu avô, João Catarino Ribeiro, o qual não chegou a conhecer e do qual não restou nenhuma fotografia guardada por seus parentes.
70 x 50 cm
Fotopintura
“Nesta série, Eustáquio aborda a escassez de fotografias de famílias negras brasileiras. Busca recuperar por meio da memória oral de seus familiares, a imagem de seu avô, João Catarino Ribeiro, o qual não chegou a conhecer e do qual não restou nenhuma fotografia guardada por seus parentes”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
80 x 47 cm
Fotografia com técnica mista
“Eustáquio Neves resgata a memória dos cerca de 30 mil africanos escravizados que não resistiram aos maus tratos na travessia do Atlântico e foram enterrados como indigentes no Cais do Valongo, Rio de Janeiro.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
80 x 49 cm
Fotografia com técnica mista
“Eustáquio Neves resgata a memória dos cerca de 30 mil africanos escravizados que não resistiram aos maus tratos na travessia do Atlântico e foram enterrados como indigentes no Cais do Valongo, Rio de Janeiro.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
80 x 47 cm
Fotografia com técnica mista
“Eustáquio Neves resgata a memória dos cerca de 30 mil africanos escravizados que não resistiram aos maus tratos na travessia do Atlântico e foram enterrados como indigentes no Cais do Valongo, Rio de Janeiro.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
80 x 44 cm
Fotografia com técnica mista
“Eustáquio Neves resgata a memória dos cerca de 30 mil africanos escravizados que não resistiram aos maus tratos na travessia do Atlântico e foram enterrados como indigentes no Cais do Valongo, Rio de Janeiro.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
40 × 60 cm
Impressão Fineart
“Série realizada no quilombo Ausente, onde Eustáquio conheceu Crispim Veríssimo, homem cuja função é libertar a alma dos mortos para que alcancem dimensões celestiais. Os dípticos reforçam a integração entre moradores, território e crenças.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
40 × 60 cm
Impressão fineart
“Série realizada no quilombo Ausente, onde Eustáquio conheceu Crispim Veríssimo, homem cuja função é libertar a alma dos mortos para que alcancem dimensões celestiais. Os dípticos reforçam a integração entre moradores, território e crenças.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
160 × 110 cm
Impressão fineart
“Eustáquio parte de um único autorretrato, submetido a várias intervenções, com intuito de rememorar as dificuldades encontradas na busca pelo primeiro emprego e problematizar anúncios de vagas, cujo pré -requisito solicitava “boa aparência”.
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
160 × 110 cm
impressão Fineart
“Nesta série, as imagens surgem entre papéis, que emulam cicatrizes, grafias desconexas, trechos de cartas de venda e de alforria de pessoas escravizadas. Um manifesto contra a indústria do consumo que insere corpos femininos na lógica da mercadoria.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
160 × 97 cm
Impressão digital em Hahnemühle Bamboo 290gr
Foto Filipe Berndt160 × 110 cm
Impressão fineart
“Nesta série, as imagens surgem entre papéis, que emulam cicatrizes, grafias desconexas, trechos de cartas de venda e de alforria de pessoas escravizadas. Um manifesto contra a indústria do consumo que insere corpos femininos na lógica da mercadoria.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
40 x 90 cm
Impressão com jato de tinta pigmentada sobre papel Hahnemühle Photo Rag Baryta 315g
“Nesta série, Eustáquio recria em camadas os campos de “peladas”, locais transitórios do tecido urbano, que se transformam em espaços de sociabilidade, mas que logo desaparecem na logica de mercado da construção civil”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
50 × 70 cm
impressão Fineart
Eustáquio Neves entrecruza discursos e símbolos para exaltar as tradições ancestrais mantidas pelos moradores de quilombos, como Arturos. Coincidentemente, uma das primeiras séries de Eustáquio, criada após conhecer a obra de Arthur Bispo do Rosário.
70 × 50 cm
Impressão fineart
“Eustáquio Neves entrecruza discursos e símbolos para exaltar as tradições ancestrais mantidas pelos moradores de quilombos, como Arturos. Coincidentemente, uma das primeiras séries de Eustáquio, criada após conhecer a obra de Arthur Bispo do Rosário.”
Trecho de “Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves”, de Eder Chiodetto.
Fotógrafo e artista multimídia, Neves vive e trabalha em Diamantina [Minas Gerais, Brasil]. Teve formação artística autodidata, mas incorporou em sua técnica conhecimentos advindos de outras áreas de atuação.
Em 1979, formou-se técnico em Química Industrial, profissão que exerceu até 1984 e que lhe rendeu recursos para a manipulação de negativos fotográficos que viria a executar mais tarde. Da mesma forma, declarou que seu aprendizado de violão clássico o ajudou a organizar a edição de imagens com métrica e ritmo.
Em 1987, montou em Belo Horizonte um pequeno estúdio fotográfico. Sua obra aborda temas relativos a questões raciais, e parte dela é composta por meio de técnicas de montagem em laboratório nas quais o artista sobrepõe às imagem fragmentos de outros negativos, cópias de outras imagens e informações verbais.
Realizou exposições individuais em várias cidades brasileiras, em Cuba, nos EUA, na França, no Mali, em Moçambique e na Finlândia. Entre as exposições: Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves, Sesc Ipiranga, São Paulo (2022-2023); Aberto pela Aduana. Livro de artista Eustáquio Neves, Museu Afro Brasil, São Paulo (2019); Eustáquio Neves. Exposição Panorâmica, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2010); I Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna da Bahia, MAM BA, Salvador(2005), entre outras.
Participa regularmente de exposições coletivas, como 10 Anos de Bolsa Zum 2023, Pivô, São Paulo (2023); Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Instituto Inhotim, Brumadinho (2022); Carolina Maria de Jesus. Um Brasil para os brasileiros, Instituto Moreira Salles, IMS, São Paulo (2021); Rencontres de Bamako. African Biennale of Photography, Bamako (2019); Agora somos todxs negrxs?, Associação Cultural Videobrasil, São Paulo (2017); Linguagens do corpo carioca (a vertigem do Rio), Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro (2016); Afro-Brasil. Brazilian Photography, IFA Galerie, Stuttgart (2013); O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira, Maison Européenne de la Photographie, MEP, Paris (2012); Worldwide Festival of Arts and Black Culture, Dakar (2010); Madrid Mirada. Artistas Latinoamericanos, Circulo de Bellas Artes de Madrid, Madri (2008); 5ª Biennale Internationale de la Photographie et des Arts Visuels de Liège Brasil, Centre Culturel Les Chiroux, Liège (2006); e Lo Individuo y su Memoria. VI Bienal de Havana, Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Havana (1997).
Dentre seus prêmios, é importante mencionar o Prêmio melhor Livro de Artista/Fotolivro. Instituto Moreira Salles, IMS, São Paulo (2023); Prêmio Mediterraneum 2022 per la fotografia d’autore, Catania (2022); Rumos, ItaúCultural, São Paulo (2020); Prêmio Videobrasil e WBK Vrije Academie, Holanda (2007); Grande Prêmio J.P. Morgan Award of Photography, São Paulo (1999); e VII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, Funarte, Rio de Janeiro (1994).
Suas obras integram importantes coleções de fotografia, como as do Museu Afro Brasil, São Paulo; Museu de Arte do Rio de Janeiro [MAR], Rio de Janeiro; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM SP; São Paulo; Yvory Press Collection. C Magazine, Londres; World Bank Collection, Washington; Museum of Fine Art of Houston; Houston; Cuba Fototeca, Havana; J. P. Morgan Collection, São Paulo; e Regional Center of Photography, Pas-de-Calais, entre outras.
Fotógrafo e artista multimídia, Neves vive e trabalha em Diamantina [Minas Gerais, Brasil]. Teve formação artística autodidata, mas incorporou em sua técnica conhecimentos advindos de outras áreas de atuação.
Em 1979, formou-se técnico em Química Industrial, profissão que exerceu até 1984 e que lhe rendeu recursos para a manipulação de negativos fotográficos que viria a executar mais tarde. Da mesma forma, declarou que seu aprendizado de violão clássico o ajudou a organizar a edição de imagens com métrica e ritmo.
Em 1987, montou em Belo Horizonte um pequeno estúdio fotográfico. Sua obra aborda temas relativos a questões raciais, e parte dela é composta por meio de técnicas de montagem em laboratório nas quais o artista sobrepõe às imagem fragmentos de outros negativos, cópias de outras imagens e informações verbais.
Realizou exposições individuais em várias cidades brasileiras, em Cuba, nos EUA, na França, no Mali, em Moçambique e na Finlândia. Entre as exposições: Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves, Sesc Ipiranga, São Paulo (2022-2023); Aberto pela Aduana. Livro de artista Eustáquio Neves, Museu Afro Brasil, São Paulo (2019); Eustáquio Neves. Exposição Panorâmica, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2010); I Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea, Museu de Arte Moderna da Bahia, MAM BA, Salvador(2005), entre outras.
Participa regularmente de exposições coletivas, como 10 Anos de Bolsa Zum 2023, Pivô, São Paulo (2023); Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Instituto Inhotim, Brumadinho (2022); Carolina Maria de Jesus. Um Brasil para os brasileiros, Instituto Moreira Salles, IMS, São Paulo (2021); Rencontres de Bamako. African Biennale of Photography, Bamako (2019); Agora somos todxs negrxs?, Associação Cultural Videobrasil, São Paulo (2017); Linguagens do corpo carioca (a vertigem do Rio), Museu de Arte do Rio, MAR, Rio de Janeiro (2016); Afro-Brasil. Brazilian Photography, IFA Galerie, Stuttgart (2013); O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira, Maison Européenne de la Photographie, MEP, Paris (2012); Worldwide Festival of Arts and Black Culture, Dakar (2010); Madrid Mirada. Artistas Latinoamericanos, Circulo de Bellas Artes de Madrid, Madri (2008); 5ª Biennale Internationale de la Photographie et des Arts Visuels de Liège Brasil, Centre Culturel Les Chiroux, Liège (2006); e Lo Individuo y su Memoria. VI Bienal de Havana, Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam, Havana (1997).
Dentre seus prêmios, é importante mencionar o Prêmio melhor Livro de Artista/Fotolivro. Instituto Moreira Salles, IMS, São Paulo (2023); Prêmio Mediterraneum 2022 per la fotografia d’autore, Catania (2022); Rumos, ItaúCultural, São Paulo (2020); Prêmio Videobrasil e WBK Vrije Academie, Holanda (2007); Grande Prêmio J.P. Morgan Award of Photography, São Paulo (1999); e VII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, Funarte, Rio de Janeiro (1994).
Suas obras integram importantes coleções de fotografia, como as do Museu Afro Brasil, São Paulo; Museu de Arte do Rio de Janeiro [MAR], Rio de Janeiro; Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, MASP, São Paulo; Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM SP; São Paulo; Yvory Press Collection. C Magazine, Londres; World Bank Collection, Washington; Museum of Fine Art of Houston; Houston; Cuba Fototeca, Havana; J. P. Morgan Collection, São Paulo; e Regional Center of Photography, Pas-de-Calais, entre outras.
Eustáquio Neves
1955, Juatuba, Brasil
Vive e trabalha em Diamantina
Exposições Individuais
2023
– Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves – Sesc Rio Preto – São José do Rio Preto – Brasil
2022
– Outros Navios. Fotografias de Eustáquio Neves – Sesc Ipiranga – São Paulo – Brasil
– Eustáquio Neves. De Corpo e Alma – Galeria Cavalo – Rio de Janeiro – Brasil
2019
– Aberto pela Aduana. Livro de artista Eustáquio Neves – Museu Afro Brasil – São Paulo – Brasil
2018
– Memória do filme – cAsA, Obras Sobre Papel – Belo Horizonte – Brasil
2016
– Eustáquio Neves. Carta ao Mar – Museu Afro Brasil – São Paulo – Brasil
2015
– Eustáquio Neves. Cartas ao Mar – FotoRio – Rio de Janeiro – Brasil
2010
– Eustáquio Neves. Exposição Panorâmica – Museu de Arte da Pampulha – Belo Horizonte – Brasil
2007
– Paraty em Foco – Galeria Zoom – Paraty – Rio de Janeiro – Brasil
2006
– International Photo Magazine – FNAC L´Llla – Barcelona – Espanha
– The Sixth International Photography Month in Moscow: Photobiennale 2006 – Moscow House of Photography – Moscou – Rússia
– Outros Navios – FNAC Brasília, FNAC Rio de Janeiro, FNAC Curitiba – FNAC São Paulo – Brasil
2005
– C Photo Magazine – Yvory Press – Londres – Inglaterra
– I Mostra Pan-Africana de Arte Contemporânea – Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM BA) – Salvador – Brasil
– Objetização do Corpo – Galeria Maria – Diamantina – Brasil
2002
– Traslado do Corpo – Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte – Brasil
– Memórias – Centre Régional de la Photographie – Nord pas de Calais – França
– Memory of the Body – Galeria do Centro Cultural da Funarte – Rio de Janeiro – Brasil
2001
– Fotofagia – Espaço Imagem & Forma – São Paulo – Brasil
2000
– Eustáquio Neves – Sicardi Gallery – Houston – EUA
1999
– Eustáquio Neves – Museu do Ceará, Fortaleza – Brasil
– Jogadas: Conduites de Balle – Galeria Fuji – São Paulo – Brasil
– Jogadas: Conduites de Balle – Centre Regional de la Photographie Nord Pas-de-Calais – França
1995
– Fotofagia – Galeria de Arte da Universidade Federal de Niterói – Niterói – Brasil
1994
– Eustáquio Neves – University of Toronto – Toronto – Canada
– Black Maria – Belo Horizonte – Brasil
– O Construtor – Itaú Galeria – Goiânia – Brasil
1992
– The Man and the Environment – Palácio das Artes – Belo Horizonte – Brasil
1991
– Eustáquio Neves – Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais – Belo Horizonte – Brasil
Exposições Coletivas
2023
– No Fim da Madrugada – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– 35a Bienal de São Paulo: coreografias do impossível – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brasil
– Entre nós: dez anos de Bolsa ZUM/IMS – Pivô – São Paulo – Brasil
– DOS BRASIS: Arte e pensamento Negro – Sesc Belenzinho – São Paulo – Brasil
– Casa no céu – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– O Quilombismo. Of Resisting and Insisting. Of Flight and Fight. Of Other Democratic Egalitarian Political Philosophies – Haus der Kulturen der Welt (HKW) – Berlim – Alemanha
– Carolina Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros – Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro – Brasil
2022
– Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro – Instituto Inhotim – Brumadinho – Brasil
– Medphotofest 2022 – Catania – Itália
2021
– Carolina Maria de Jesus. Um Brasil para os brasileiros – Instituto Moreira Salles (IMS) – São Paulo – Brasil
2020
– African Cosmologies: Photography, Time, and the Other. Fotofest Biennial 2020 – Houston – EUA
2019
– Rencontres de Bamako. African Biennale de Photography – Bamako – Mali
2018
– Fotografia em transe – Museu de Fotografia Cidade de Curitiba – Curitiba – Brasil
– Afroamericanos – Centro de la Imagen – Cidade do México – México
2017
– Letter to the Sea. International Discoveries VI FOTOFEST – Houston – EUA
– Agora somos todxs negrxs? – Associação Cultural Videobrasil – São Paulo – Brasil
– Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos – Oca – São Paulo – Brasil
2016
– Raros, Vintages & Inéditos – Galeria Virgílio – São Paulo – Brasil
– Arquivo Ex Machina: Arquivo e Identidade na América Latina – Itaú Cultural – São Paulo – Brasil
– Linguagens do corpo carioca [a vertigem do Rio] – Museu de Arte do Rio (MAR) – Rio de Janeiro – Brasil
2014
– É Tudo Nordeste. III Bienal da Bahia – Museu de Arte Moderna (MAM BA) – Salvador – Brasil
– O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú Cultural de Fotografia Brasileira – Instituto Figueiredo Ferraz (IFF) – Ribeirão Preto – Brasil
– Coleção Itaú de Fotografia Brasileira – Casa das Onze Janelas – Belém; Museu de Arte Contemporânea do Ceará – Fortaleza – Brasil
2013
– Photo España Brasil – Sesc Consolação – São Paulo – Brasil
– III Forum Latino-americano de Fotografia – Itaú Cultural – São Paulo – Brasilk
– Afro-Brasil. Brazilian Photography – IFA Galerie – Stuttgart – Brasil
– A Nova Mão Afro-Brasileira – Museu Afro Brasil – São Paulo – Brasil
– Coleção Itaú de Fotografia Brasileira – Instituto Tomie Ohtake (ITO) – São Paulo; Galeria Alberto da Veiga Guignard – Belo Horizonte – Brasil
2012
– Ecos Hibridos – Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC) – Fortaleza – Brasil
– Mythologies: Brazilian Contemporary Photography – Shiseido Gallery – Tóquio – Japão
– Coleção Itaú de Fotografia Brasileira – Paço Imperial – Rio de Janeiro – Brasil
– O Elogio da Vertigem: Coleção Itaú de Fotografia Brasileira – Maison Européenne de la Photographie (MEP) – Paris – França
2011
– Percursos e Afetos. Fotografias 1928-2011. Coleção Rubens Fernandes Junior – Pinacoteca do Estado de São Paulo – São Paulo – Brasil
– 20 Anos de Nafoto – Caixa Cultural São Paulo – São Paulo – Brasil
– Langhans Galerie Praha – Praga – República Tcheca
2010
– Worldwide Festival of Arts and Black Culture – Dakar – Senegal
2009
– Urbanos – Espaço Porto Seguro de Fotografia – São Paulo – Brasil
– Nós – Museu da República – Rio de Janeiro – Brasil
2008
– Identidades Contrapostas –Instituto Tomie Ohtake [ITO] – São Paulo – Brasil
– Madrid Mirada. Artistas Latinoamericanos – Circulo de Bellas Artes de Madrid – Madri – Espanha
2007
– Cidadania… Brasileiros – Centro Cultural São Paulo (CCSP) – São Paulo – Brasil
– C International Photo Magazine – Phillips de Pury & Company – Nova York – EUA
– 16º Festival Internacional de Arte Eletrônica SESC_Videobrasil – Sesc Paulista – São Paulo – Brasil
– Encuentro entre dos mares: Bienal São Paulo-Valência – Centro del Carmen – Valencia – Espanha
2006
– Viva Cultura Viva – Museu Afro Brasil – São Paulo – Brasil
– 5ª Biennale Internationale de la Photographie et des Arts Visuels de Liège Brasil – Centre Culturel Les Chiroux – Liège – Bélgica
2005
– Citizens – Pitzhanger Manor Museum – Londres – Inglaterra
– Mapas Abiertos – Fototeca de Nuevo León – Monterrey – México
– Mapas Abiertos – Amos Anderson Art Museum – Helsinki – Finlândia
2004
– Mapas Abiertos. Latinamerican Photography 1991-2002 – Palau de la Virreina – Barcelona, e Fudación Telefónica – Madri – Espanha
– Photofesta. II International Meeting of Photography – Maputo – Moçambique
– 4º Prêmio Porto Seguro de Fotografia – Espaço Porto Seguro – São Paulo – Brasil
2003
– 5 Rencontres de la Photographie Africaine – Bamako – Mali
– Labyrinth and Identity photography in the Brazil 1945-1998 – Mariantonia – São Paulo – Brasil
– Calcio del Rigore – Instituto Italo-Latino Americano – Roma – Itália
– Mapas Abiertos: Fotografia Latinoamericana 1991/2002 – Fundación Telefónica – Madri – Espanha
– Imagética – Museu da Fotografia Cidade de Curitiba – Curitiba – Brasil
– Ordenação e Vertigem – Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo – Brasil
– Negras Memórias, Memórias de Negros: o imaginário luso-afro-brasileiro e a herança da escravidão – Galeria de Arte do Sesi – São Paulo – Brasil
2002
– Mundos Creados – Noorderlicht Fotomanifestatie – Friesland – Holanda
– Fotografias no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Coletiva – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil
– Visões e Alumbramentos: fotografia contemporânea brasileira da coleção Joaquim Paiva – Oca – São Paulo – Brasil
2001
– Fotógrafos Brasileiros – Centro Mandala – Itatiba – Brasil
2000
– Fotógrafos Brasileiros – Centro Mandala – Itatiba – Brasil 1999
– Fotografia de la Esperanza – Benham Studio Gallery – Seattle – EUA
– Elogio de la Pasion – Círculo de Bellas Artes de Madrid – Madri – Espanha
– Latin Americana – Spaziofoto – Milão – Itália
– Realmaravilloso – Centro culturale Cascina Grande – Milão – Itália
– J. P. Morgan Photography Awards – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Brasilianische Fotografie 1946 bis 1998 – Kunstmuseum Wolfsburg – Wolfsburg – Alemanha
– Tendências da Fotografia Contemporânea – Itaú Cultural – Campinas – Brasil
– Minas: Minas – Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS) – São Paulo – Brasil
– Prêmio J. P. Morgan de Fotografia – Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
1998
– Fotofest. Seventh International Month of Photography – Houston – EUA
– Rediscovery Brazil+500 – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil
– Brazilian Photography 1946-1998. Labyrinth and Identities – Fundação Dr. Antonio Cupertino de Miranda – Porto – Portugal
– II Bienal Internacional de Fotografia de Curitiba – Curitiba – Brasil
– Anthology of the African Photography and the Diaspora – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil
– Anthology of the African Photography and the Diáspora – Maison Europeenne Photographie [MEP] – Paris – França
– Religiosidade e Arte no Brasil – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil
1997
– Lo Individuo y su Memoria. VI Bienal de Havana – Centro de Arte Contemporáneo Wifredo Lam – Havana – Cuba
– II Biennial of Tokyo – Metropolitan Museum of Photography – Tóquio – Japão
– Retrospectiva Coleção Pirelli/Masp – Museu de arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) – São Paulo – Brasil
– Realmaravilloso Festival of Photography, Move and Literature – Prato – Itália
– Prospecções: arte nos anos 80 e 90 – Fundação Clóvis Salgado – Palácio das Artes – Belo Horizonte – Brasil
1996
– Dia Nacional da Conciência Negra – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil
– 6ª Coleção Pirelli / MASP de Fotografia – Museu de arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) – São Paulo – Brasil
– Novas Travessias: New Directions in Brazilian Photography – Photographer´s Gallery – Londres – Inglaterra
– 15º Salão Nacional de Artes Plásticas – Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro – Brasil
1995
– XV Mostra Nacional de Arte da Funarte – Funarte – Rio de Janeiro – Brasil
1992
– The Man and the Invironment – Palácio das Artes – Belo Horizonte – Brasil
Prêmios
2023
– Prêmio melhor Livro de Artista/Fotolivro. Instituto Moreira Salles (IMS) – São Paulo – Brasil
2022
– Prêmio Mediterraneum 2022 per la fotografia d’autore – Catania – itália
2020
– Rumos – ItaúCultural – São Paulo – Brasil
2019
– Prêmio Bolsa Zum de Fotografia – Instituto Moreira Salles (IMS) – São Paulo – Brasil
2009
– Video Arte “Dead Horse” Filme em Minas – Secretaria do Estado da Cultura – Belo Horizonte – Brasil
2007
– Prêmio Videobrasil e WBK Vrije Academie – Holanda
2006
– Prêmio ORILAXÉ – Fundação Afro Reggae – Rio de Janeiro – Brasil
2005
– Bolsa C Magazine. Ivory Press – Londres – Inglaterra
2004
– Prêmio Especial Porto Seguro de Fotografia – São Paulo – Brasil
1999
– Grande Prêmio J.P. Morgan Award of Photography – São Paulo – Brasil
– Bolsa Residência Gasworks Studios and Triangle Arts Trust com suporte da Autograph (Associação dos Fotógrafos Negros) – Londres – Inglaterra
1997
– Prêmio Nacional de Fotografia do Ministério da Cultura e Funarte – Rio de Janeiro – Brasil
1994
– VII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia – Funarte – Rio de Janeiro – Brasil
Coleções
– Museu Afro Brasil – São Paulo – Brasil
– Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR) – Rio de Janeiro – Brasil
– Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) – São Paulo – Brasil
– Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM SP) – São Paulo – Brasil
– Yvory Press Collection – C Magazine – Londres – Inglaterra
– Coleção Porto Seguro de Fotografia – São Paulo – Brasil
– World Bank Collection – Washington – EUA
– Museum of Fine Art of Houston – Houston – EUA
– Coleção Pirelli Masp de Fotografia – Museu de Arte de São Paulo (MASP) – São Paulo – Brasil
– Cuba Fototeca – Havana – Cuba
– Funarte – Rio de Janeiro – Brasil
– J. P. Morgan Collection – São Paulo – Brasil
– Coleção Joaquim Paiva – Rio de Janeiro – Brasil
– Regional Center of Photography – Pas-de-Calais – França
– Coleção Itaú Cultural – São Paulo – Brasil
O torvelinho de tempos sobrepostos que justapõe a memória errática conflagrada na trama fotográfica, a matéria histórica vista em perspectiva e os abismos dos afetos, são motores que impulsionam a fotografia experimental e visceral do artista Eustáquio Neves.
Com a propriedade de um alquimista que se enclausura no laboratório para transmutar o efeito dos agentes químicos e a intuição do artista que provoca e se farta dos acasos que os caminhos heterodoxos de sua pesquisa propicia, Eustáquio caminha no sentido de provocar explosões no interior da linguagem.
Nos 26 anos que distam as séries Caos Urbano (1992) e Memória do Filme (2018), presentes nessa mostra, percebemos como as estratégias do artista seguem no firme propósito de dotar as imagens de uma intrincada espessura, no lugar de pensá-las como superfície. Colagem de imagens, inserção de textos, apagamento das fronteiras entre elementos distintos, granulação, tintas, “cicatrizes” resultantes de sucessivas agressões aos originais e vestígios de documentos, por exemplo, promovem uma espécie de cataclismos internos a partir dos quais essas complexas imagens abdicam do relevo em nome de uma profundidade do campo espectral pela qual nossa percepção visual é levada a um percurso quase hipnótico.
Se, como é sabido, toda fotografia é um território que tensiona o tempo ao fazer o passado ressurgir num presente imediato, a obra de Eustáquio parece nos alertar para a falha da promessa do jogo fotográfico em fazer emergir sem fissuras, e de forma insubmissa, esse tempo pretérito cristalizado nas superfícies das fotografias. Suas imagens, portanto, revogam a condição de testemunhas oculares de um determinado evento para se consagrarem como um relicário de tessituras acumuladas na experiência ancestral de um artista que se percebe como um agente histórico do seu tempo.
Na série Objetivação do Corpo (1999), em que o artista irá abordar o difícil tema das mulheres escravas que eram abusadas sexualmente pelos seus proprietários, as figuras femininas centrais surgem consteladas por uma miríade de símbolos e vestígios semi-apagados que remontam o imemorial do tempo. O tempo histórico surge dilapidado na representação iconográfica a despeito da dor e dos murmúrios abafados que essas imagens ensejam.
Abrandadas por uma luz de natureza tortuosa, a dissipação entre figura e fundo engolfa-se para alastrar-se nos contornos de formas vertiginosas. Metáfora da amnésia social que se arrasta na sociedade e que percebemos na herança maldita da intolerância que o tom da pele negra ainda desperta.
Os fundamentos histórico-sociais que o artista aborda em suas séries, ganham assim uma bem vinda abordagem filosófica e reflexiva. Entre o assombro diante de temas recorrentes como a escravidão, a intolerância, o abuso da mulher, o artista também sintetiza de forma pontual a crise da imagem no mundo contemporâneo. Os jogo do claro-escuro, o embate de texturas que por vezes cintilam o êxtase e em outros momentos anunciam o ocaso das paixões revelando fossos abertos às trevas, convertem-se em estilhaços de tempos revolvidos.
Ao organizar os labirintos do plano espesso de suas composições, Eustáquio constrói novas relações simbólicas entre os elementos de sua história pessoal e familiar que alcançam a visão do êxtase no seu mágico laboratório de experimentações.
Memórias são estilhaços que a fotografia tenta em vão restaurar, enquanto o artista sorrateiramente escreve poemas visuais reunindo acasos, desassossegos e os desvãos da matéria orgânica e fotográfica que habita seu território especular.
Texto para apresentação da exposição Memória do Filme na cAsA – Obras Sobre Papel, Belo Horizonte – 2018
Do cruzamento improvável de conhecimentos adquiridos num curso técnico de química industrial e nas aulas de violão clássico, Eustáquio Neves lapidou seu talento original para manejar imagens e metáforas, transfigurar sentidos, justapor realidades, invenções e memória.
Desde 1987, quando começou suas pesquisas em seu primeiro laboratório em Belo Horizonte, certo inconformismo e atitude transgressiva permeavam a representação que ele buscava para expressar seu universo pessoal e subjetivo.
Caos Urbano (1992), sua primeira série, já apontava para a melhor tradição de artistas, que através da história, passaram a pensar a fotografia tal qual ela sai da câmera como uma matéria bruta que necessitaria de intervenções para se ajustar à representação pretendida. Uma forma de transfigurar o momento fotográfico expandindo suas potencialidades simbólicas.
A forma de pensar o processo de obtenção, intervenção e edição de imagens, seja nas séries fotográficas ou em sua produção mais recente que tem gerado uma seleção instigante de trabalhos formatados em vídeos, traz à tona um editor de mundos. Olhos, coração e mente na busca obsessiva – ainda que produzidos na calma e no silêncio de quem optou por viver fora dos grandes centros – de significados para o fluxo interminável de informações que estamos submetidos na contemporaneidade.
O caminho labiríntico pelo qual ele vai tratar de questões tão caras à sociologia brasileira como o futebol e os remanescentes dos escravos nas séries Futebol (1998/99) e Arturos (1993/97), respectivamente, mostram um artista complexo com extrema habilidade para verter em atmosferas, texturas e cores difusas sua consciência crítica e histórica.
Não se trata aqui, no entanto, da tradição da denúncia da fotografia documental. Tais imagens não nos impelem necessariamente a uma reação diante dos fatos narrados. Ao esgarçar a película fotográfica até o limite da gravura e da pintura, Eustáquio justapõe e constata o estado bruto das coisas permeando-a com uma reflexão que surge em tintas nostálgicas, quase melancólicas, cujos enigmas contidos em suas muitas camadas dialogam não com a razão voraz de quem consome as imagens midiáticas do dia-a-dia, mas sim com uma percepção mais aguçada que é convocada tão logo nos deparamos com essas atmosferas espessas e lúdicas por ele inventadas.
Tecnicamente, parte desta magia contida no trabalho, surge da capacidade do artista em impregnar suas imagens complexas com diversos símbolos que se justapõem criando camadas em profundidades distintas. Tal estratégia óptica obriga os olhos de quem as perscruta não simplesmente a “escanear” as imagens lateralmente, mas a realizar uma prospecção para dentro dela. Uma forma eficaz de trair a letargia dos olhos do homem contemporâneo, fustigados pelo excesso de imagens e, ao mesmo tempo, excitar a íris e a percepção para novas possibilidades de abordagem.
Mas no princípio havia a música. E a presença dela na vida do artista pedia ritmos, composições, frases sonoras, novas combinações. Orquestrar a oferta infinita de sons, imagens e informações que surgiram de forma abrupta com a internet foi uma necessidade natural de quem se mantinha conectado tanto às referências históricas do seu tempo quanto às novidades que surgiriam para modificar de forma incisiva as trocas simbólicas entre as pessoas.
Assim surgiu Abismo Virtual, vencedor do Vídeobrasil em xxxx. Às suas imagens autorais o artista passou a estabelecer conexões com imagens enviadas por outras pessoas, capturadas no youtube e mescladas com elementos estranhos às novas tecnologias como fotografias analógicas, experimentações de laboratório, etc. Seu universo de colagem experimentou um passo diferenciado ao incorporar outras autorias, levando-o a assumir de vez sua porção de editor, que como um disc-jóquei escreve frases utilizando palavras de diversas pessoas e origens.
Atitude artística de viés fortemente contemporâneo que, contra a pasmaceira e a tendência anestesiante da geração de informação sem reflexão possibilitada pelo acesso maciço às novas tecnologias, segue no fluxo contrário ao questionar e conferir outra lógica às imagens vazias de geração quase espontânea. Subversivamente o artista re-significa essas imagens conferindo sentidos que escapam a elas próprias ou às intenções primárias de seus autores/ autômatos.
As imagens, sobretudo as dos amadores, surgem da necessidade de certificar a existência do seu espaço-tempo, de retificar suas memórias, de deixar rastros. Mas o fato é que grande parte dessa produção morre sem audiência, sem chegar a ganhar um real sentido na sociedade ou mesmo dentro do meio em que foram geradas. Abandonadas em memórias virtuais que agonizam a espera de uma edição, essas imagens invariavelmente são esquecidas em pastas de computadores fadados a serem invadidas por vírus, a se convertem em bytes corrompidos, ao apagamento.
Essa iconografia, ao contrário da idéia de se converter em instâncias perenes da memória, motivo que levou à sua criação, se transforma rapidamente em atestados da amnésia coletiva. Fotografar, gravar, esquecer. Este é o circuito paradoxal que conflagra a maior parte da produção de imagens contemporâneas.
Ainda que a amnésia diante de tanta informação seja uma dádiva, artistas como Eustáquio sabem buscar referências históricas no passado para pensá-las sob a luz dos novos tempos. Ao colocar a memória coletiva em perspectiva, o artista realiza um trabalho perspicaz no vídeo Post no Bill, realizado com imagens captadas em Lagos, na Nigéria.
“Os ricos de hoje na Nigéria são os descendentes de escravos no Brasil. Seus antecedentes, ao retornarem do regime escravocrata, dominaram o comércio local. Terem se percebido como mercadoria durante o período da escravidão deu a eles a chave para que entendessem o jogo do comércio”, diz o artista.
Partindo desta constatação assombrosa, o artista constrói uma espécie de sonata com colagens dos ruídos do trânsito infernal de Lagos somados a ironia de cartazes que são colados com a expressão “não cole cartazes”. Imagens captadas e/ou transformadas em baixa resolução fragmentam a tela com a trama de pixels que reverberam no formato dos próprios cartazes que, ao serem colados num painel, contribuem para a restauração do silêncio.
Nesse mosaico em que se aglutinam informações do passado que ganham novas conotações no presente, como a história dos escravos que de certa forma se beneficiaram no futuro do fato de terem sido reduzidos a mercadoria, Eustáquio faz um cruzamento muito pertinente aproximando esteticamente elementos de linguagens mortas, como ele chama, corrompendo a limpeza e a perfeição das novas mídias com tecnologias já superadas.
De novo são histórias que pedem para serem decifradas não na sua ilusória beleza de superfície, mas sim nas tramas envolventes, nas fissuras dissonantes criadas pelos pixels que explodem na tela revelando a carne que constitui a imagem e se expande para seus significados históricos, antropológicos, estéticos.
Fotografia, cinema, pintura, gravura, música, ritmo, reflexão, história coletiva e memória individual. Misture tudo num laboratório com químicas e transforme numa partitura para violão clássico. Receita sem cópias possíveis de Eustáquio Neves.