Leia o texto completo de Miguel Chaia aqui
Contratempo apresenta uma série de novos trabalhos criados a partir de 2012, que se desdobram em desenhos, fotografias, esculturas, vídeo e instalações. A princípio distintas, essas obras tecem entre si um único discurso que reafirma a questão do conflito entre natureza e civilização, tema recorrente na obra da artista. O corpo surge mais uma vez como elemento questionador das obrigatoriedades do cotidiano.
Vulnerável às múltiplas indicações de direção, Contratempo revela o individuo acuado em busca de saídas. Essa ideia aparece na instalação Curva de Jardim, 2013, criada por Chaia para a fachada da Vermelho, e que reaparece miniaturizada na sala 2 da galeria. Criada com módulos de ferro dobrado, montados lado a lado formando uma cerca, Curva de Jardim restringe a mobilidade dos visitantes, determinando, portanto, seu deslocamento e apreensão da exposição como um todo.
Conteúdo semelhante aparece em Lança, 2013. Instalada no hall de entrada da galeria, a colagem reproduz grades de ferro na forma de lanças pontiagudas. Chaia emprega o desenho original desses objetos, normalmente utilizadas em casas e edifícios como forma de proteção contra presenças nem sempre bem vindas, com o objetivo de questionar sua eficiência.
No caso de Alambrado, 2011-2013, que emprega telas de proteção também utilizadas para proteger propriedades, a trama de arame e a dureza do metal transformam-se em uma rede maleável. Assim, a função da tela protetora, cuja função é excluir é colocada em questão.
A percepção aguçada de Chaia do caótico cenário urbano ressurge em Escrita, 2013. A instalação, composta por fios elétricos manipulados pela artista, lembra pichações típicas da cidade de São Paulo. Fios elétricos reaparecem na série de fotografias Fiação, 2012-2013. Sobre essas imagens fotográficas que lembram os “gatos” de qualquer poste da cidade de São Paulo, Chaia apresenta imagens de um céu cinza, rasuradas com ponta seca e cortadas por fiações elétricas. Essa série possui uma luz soturna e enfatiza o vazio e a fragilidade do cenário urbano.
Na obra Folha-leito, 2013, a fotografia é utilizada como instrumento documental, criando um comentário sobre a passagem do tempo que aponta para a transitoriedade do humano e do orgânico. Já em Quadrada, 2013, folhas verdes perdem seus contornos orgânicos, adquirindo ângulos retos, indicando a versatilidade inata de todo organismo em se adequar a lógica da convivência.
A queda, 2013, recupera a imagem das folhas caídas e esparramadas pelo chão. Para cria-la, Chaia fotografou o processo de deterioração das folhas, ou seja, a passagem das folhas verdes para folhas secas.
Completa a individual o vídeo Aleph, 2013. Captado numa das várias regiões áridas da cidade de São Paulo, o vídeo sobrepõe centro e periferia, e aparece numa pequena esfera de vidro que desliza no braço de uma mulher.
No seu fazer artístico, Lia Chaia opera com paradoxos, sendo relevante aquele que reúne potência poética e visão trágica do mundo. Rearticulando constantemente seus temas e priorizando novas pesquisas de linguagem, Lia Chaia, lança um olhar crítico e ao mesmo tempo poético sobre as circunstâncias atuais.
Leia o texto completo de Miguel Chaia aqui
Contratempo apresenta uma série de novos trabalhos criados a partir de 2012, que se desdobram em desenhos, fotografias, esculturas, vídeo e instalações. A princípio distintas, essas obras tecem entre si um único discurso que reafirma a questão do conflito entre natureza e civilização, tema recorrente na obra da artista. O corpo surge mais uma vez como elemento questionador das obrigatoriedades do cotidiano.
Vulnerável às múltiplas indicações de direção, Contratempo revela o individuo acuado em busca de saídas. Essa ideia aparece na instalação Curva de Jardim, 2013, criada por Chaia para a fachada da Vermelho, e que reaparece miniaturizada na sala 2 da galeria. Criada com módulos de ferro dobrado, montados lado a lado formando uma cerca, Curva de Jardim restringe a mobilidade dos visitantes, determinando, portanto, seu deslocamento e apreensão da exposição como um todo.
Conteúdo semelhante aparece em Lança, 2013. Instalada no hall de entrada da galeria, a colagem reproduz grades de ferro na forma de lanças pontiagudas. Chaia emprega o desenho original desses objetos, normalmente utilizadas em casas e edifícios como forma de proteção contra presenças nem sempre bem vindas, com o objetivo de questionar sua eficiência.
No caso de Alambrado, 2011-2013, que emprega telas de proteção também utilizadas para proteger propriedades, a trama de arame e a dureza do metal transformam-se em uma rede maleável. Assim, a função da tela protetora, cuja função é excluir é colocada em questão.
A percepção aguçada de Chaia do caótico cenário urbano ressurge em Escrita, 2013. A instalação, composta por fios elétricos manipulados pela artista, lembra pichações típicas da cidade de São Paulo. Fios elétricos reaparecem na série de fotografias Fiação, 2012-2013. Sobre essas imagens fotográficas que lembram os “gatos” de qualquer poste da cidade de São Paulo, Chaia apresenta imagens de um céu cinza, rasuradas com ponta seca e cortadas por fiações elétricas. Essa série possui uma luz soturna e enfatiza o vazio e a fragilidade do cenário urbano.
Na obra Folha-leito, 2013, a fotografia é utilizada como instrumento documental, criando um comentário sobre a passagem do tempo que aponta para a transitoriedade do humano e do orgânico. Já em Quadrada, 2013, folhas verdes perdem seus contornos orgânicos, adquirindo ângulos retos, indicando a versatilidade inata de todo organismo em se adequar a lógica da convivência.
A queda, 2013, recupera a imagem das folhas caídas e esparramadas pelo chão. Para cria-la, Chaia fotografou o processo de deterioração das folhas, ou seja, a passagem das folhas verdes para folhas secas.
Completa a individual o vídeo Aleph, 2013. Captado numa das várias regiões áridas da cidade de São Paulo, o vídeo sobrepõe centro e periferia, e aparece numa pequena esfera de vidro que desliza no braço de uma mulher.
No seu fazer artístico, Lia Chaia opera com paradoxos, sendo relevante aquele que reúne potência poética e visão trágica do mundo. Rearticulando constantemente seus temas e priorizando novas pesquisas de linguagem, Lia Chaia, lança um olhar crítico e ao mesmo tempo poético sobre as circunstâncias atuais.