Primeira individual na Vermelho da artista Cinthia Marcelle, que recentemente ganhou o Future Generation Art Prize, do Pinchuck Art Centre, Zero de Conduta começou a ser concebida durante a crise econômica de 2008. Momento decisivo, crítico e de suspensão no limite entre a abolição de normas reveladas subitamente obsoletas e da adoção de novos paradigmas, a ideia da crise serve de mote para a artista na criação de um mundo suspenso na soma de seus artifícios. Entre esculturas e fotografias, surgem situações e personagens revelados pela crise, todo um mundo temporário em que a relação entre preço e valor, capital e trabalho ainda está por ser reinventada. Por um instante, a imagem do mercado como entidade reguladora é abalada e todo um mundo novo pode surgir. É o que ocorre, por exemplo, em Sobre este mesmo mundo obra apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010. Sobre a superfície de uma lousa de quase 9 metros de cumprimento, Marcelle sugere o desmoronamento e a falência dos sistemas de aprendizagem apagando quase que totalmente a lousa e deixando sobre o chão vestígios desse conhecimento anacrônico nas montanhas de pó de giz que integram a instalação.
Embora Marcelle opere em vários suportes, como é o caso da maior parte de artistas da sua geração, o vídeo e a fotografia parecem ser os instrumentos nos quais a artista consegue o maior poder de síntese. Suas narrativas, criadas por pequenas ações realizadas repetidamente para uma câmera de vídeo ou de foto, atingem através da simplicidade, clareza e objetividade sem abrir mão da poética. Essa precisão no olhar, surge na nova série de fotografias que integra a individual Zero de Conduta. Os quatro dípticos parecem narrar um processo de desarranjo do mundo, com ações simples encenadas por pessoas comuns, em locais desprovidos de elementos identitários e visivelmente em processo de transformação.
Esse mundo em suspensão que aguarda um desfecho para a crise surge também na instalação Economia que ocupa o cubo branco da galeria. Criada para o teto da sala, Economia sugere um tempo congelado. Quase desprovido de objetos, como as vitrines da série Temporário, instaladas por Marcelle no hall de entrada da Vermelho, o espaço ocupado pela instalação relembra uma grande loja de carros norte-americano flagelada por intempéries e pelas necessidades do mercado.
Zero de Conduta aponta para a desestabilização e fragilidade dos sistemas sociais e econômicos atualmente. Nesse cenário, o homem é privado de estruturas sociais econômicas, garantias de seu bem estar no mundo.
Primeira individual na Vermelho da artista Cinthia Marcelle, que recentemente ganhou o Future Generation Art Prize, do Pinchuck Art Centre, Zero de Conduta começou a ser concebida durante a crise econômica de 2008. Momento decisivo, crítico e de suspensão no limite entre a abolição de normas reveladas subitamente obsoletas e da adoção de novos paradigmas, a ideia da crise serve de mote para a artista na criação de um mundo suspenso na soma de seus artifícios. Entre esculturas e fotografias, surgem situações e personagens revelados pela crise, todo um mundo temporário em que a relação entre preço e valor, capital e trabalho ainda está por ser reinventada. Por um instante, a imagem do mercado como entidade reguladora é abalada e todo um mundo novo pode surgir. É o que ocorre, por exemplo, em Sobre este mesmo mundo obra apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010. Sobre a superfície de uma lousa de quase 9 metros de cumprimento, Marcelle sugere o desmoronamento e a falência dos sistemas de aprendizagem apagando quase que totalmente a lousa e deixando sobre o chão vestígios desse conhecimento anacrônico nas montanhas de pó de giz que integram a instalação.
Embora Marcelle opere em vários suportes, como é o caso da maior parte de artistas da sua geração, o vídeo e a fotografia parecem ser os instrumentos nos quais a artista consegue o maior poder de síntese. Suas narrativas, criadas por pequenas ações realizadas repetidamente para uma câmera de vídeo ou de foto, atingem através da simplicidade, clareza e objetividade sem abrir mão da poética. Essa precisão no olhar, surge na nova série de fotografias que integra a individual Zero de Conduta. Os quatro dípticos parecem narrar um processo de desarranjo do mundo, com ações simples encenadas por pessoas comuns, em locais desprovidos de elementos identitários e visivelmente em processo de transformação.
Esse mundo em suspensão que aguarda um desfecho para a crise surge também na instalação Economia que ocupa o cubo branco da galeria. Criada para o teto da sala, Economia sugere um tempo congelado. Quase desprovido de objetos, como as vitrines da série Temporário, instaladas por Marcelle no hall de entrada da Vermelho, o espaço ocupado pela instalação relembra uma grande loja de carros norte-americano flagelada por intempéries e pelas necessidades do mercado.
Zero de Conduta aponta para a desestabilização e fragilidade dos sistemas sociais e econômicos atualmente. Nesse cenário, o homem é privado de estruturas sociais econômicas, garantias de seu bem estar no mundo.