“Durante muitos anos trabalhei com gravura em metal. Considero como procedimento básico da gravura o registro do contato entre corpos.
Buscando ampliar limites com que me deparei no campo da gravura, encontrei na fundição, mais especificamente no processo de cera perdida, o mesmo procedimento, o que mudou meu pensamento construtivo. Nesse processo há um registro do contato entre o objeto a ser fundido e os diferentes materiais utilizados em cada etapa (cera, areia, metal fundido).
Uso a fundição não como processo final da obra, mas como mais uma etapa na construção do trabalho; são pedaços, corpos, coisas procurando se estruturar entre si. Num outro momento, já no ateliê, serão repensadas e associadas a outras partes e outros materiais. Muito desses materiais vem do universo da gravura em metal (cobre, feltro, cera, organza de seda, etc). Cada material carrega em si sua condição primeira de matéria e significados que lhes vão sendo atribuídos culturalmente, como o veludo ou a organza de seda, que entram como cor e criam, pela sua materialidade, uma tensão em contraposição ao peso e frieza do metal.
Considero o desenho como uma ferramenta do pensamento. E ao desenhar, coisa que faço obsessivamente, o que não me interessa acaba sendo diluído e o que me interessa passa a ficar mais aparente e toma corpo. O desenho é prática fundamental no meu trabalho.
Apesar da solidez do bronze, algumas das minhas esculturas tem qualidades gráficas e parecem dar um passo em direção ao desenho. Enquanto que os desenhos apontam para uma certa tridimensionalidade, um desejo de se tornar coisa/escultura, insinuando-se, projetando-se no espaço. Aí encontro um lugar de interesse que é o entre dimensões, entre o bi e o tridimensional.
Tenho o hábito de caminhar e ao caminhar, um tipo diferente de percepção e de pensamento é ativado em mim, contribuindo para a resolução de questões construtivas e conceituais do trabalho. Meu movimento físico altera meu movimento mental.
Flávia Ribeiro, Junho 2022
“Durante muitos anos trabalhei com gravura em metal. Considero como procedimento básico da gravura o registro do contato entre corpos.
Buscando ampliar limites com que me deparei no campo da gravura, encontrei na fundição, mais especificamente no processo de cera perdida, o mesmo procedimento, o que mudou meu pensamento construtivo. Nesse processo há um registro do contato entre o objeto a ser fundido e os diferentes materiais utilizados em cada etapa (cera, areia, metal fundido).
Uso a fundição não como processo final da obra, mas como mais uma etapa na construção do trabalho; são pedaços, corpos, coisas procurando se estruturar entre si. Num outro momento, já no ateliê, serão repensadas e associadas a outras partes e outros materiais. Muito desses materiais vem do universo da gravura em metal (cobre, feltro, cera, organza de seda, etc). Cada material carrega em si sua condição primeira de matéria e significados que lhes vão sendo atribuídos culturalmente, como o veludo ou a organza de seda, que entram como cor e criam, pela sua materialidade, uma tensão em contraposição ao peso e frieza do metal.
Considero o desenho como uma ferramenta do pensamento. E ao desenhar, coisa que faço obsessivamente, o que não me interessa acaba sendo diluído e o que me interessa passa a ficar mais aparente e toma corpo. O desenho é prática fundamental no meu trabalho.
Apesar da solidez do bronze, algumas das minhas esculturas tem qualidades gráficas e parecem dar um passo em direção ao desenho. Enquanto que os desenhos apontam para uma certa tridimensionalidade, um desejo de se tornar coisa/escultura, insinuando-se, projetando-se no espaço. Aí encontro um lugar de interesse que é o entre dimensões, entre o bi e o tridimensional.
Tenho o hábito de caminhar e ao caminhar, um tipo diferente de percepção e de pensamento é ativado em mim, contribuindo para a resolução de questões construtivas e conceituais do trabalho. Meu movimento físico altera meu movimento mental.
Flávia Ribeiro, Junho 2022
Vídeo: Marina Lima e Renato Maretti
Música original: Matthieu Truffinet