O corpo inserido nos ambientes natural e urbano é um dos temas de pesquisa de Lia Chaia e orienta Febril, sua nova exposição individual na Vermelho. Chaia aponta a influência da conjuntura social e política atual na produção da exposição: “O título está ligado à temperatura do corpo. A febre, funciona como um mecanismo de defesa. É um momento para se estar alerta. O corpo em questão é o humano, o corpo social”. Lia faz referências a ancestralidade e a cerimônias ritualísticas de alteração de estado corpóreo em vídeos, objetos, desenhos e fotografias.
O corpo inserido nos ambientes natural e urbano é um dos temas de pesquisa de Lia Chaia e orienta Febril, sua nova exposição individual na Vermelho. Chaia aponta a influência da conjuntura social e política atual na produção da exposição: “O título está ligado à temperatura do corpo. A febre, funciona como um mecanismo de defesa. É um momento para se estar alerta. O corpo em questão é o humano, o corpo social”. Lia faz referências a ancestralidade e a cerimônias ritualísticas de alteração de estado corpóreo em vídeos, objetos, desenhos e fotografias.
Dimensões variáveis
Tinta acrílica e banco de madeira Foto Edouard Fraipont [:pt]Na fachada da galeria, Lia Chaia propõe uma instalação performática com um banco instalado sob a palavra que dá nome ao trabalho. Com códigos próprios da circulação de automóveis, como a cor amarela que divide as faixas de trânsito e o título, que junta os termos estacionamento e mente, o trabalho é um convite à pausa. Segundo Chaia, “Estacionamente presta-se à desaceleração do ritmo urbano e a um interregno”.[:en]On the gallery's facade, Lia Chaia proposes a performative installation with a bench installed under the word that gives the work its name. With codes that are proper to street and road traffic, such as the yellow color that divides the traffic lanes and the title, which brings together the terms parking and mind [in Portuguese ‘estacionamento’ becomes ‘estacionamente’], the work is an invitation to pause. According to Chaia, “Estacionamente lends itself to decelerating the urban rhythm and to an interregnum”.[:]147 cm x 60 cm x 2,5 cm
Serigrafia sobre borracha, ilhós e verniz fosco Foto Edouard Fraipont [:pt]Chaia propõe um objeto em borracha vermelha serigrafada em preto que assume a forma – e o tamanho - de um intestino humano dividido em escalas como uma régua.[:en]Chaia proposes a screen-printed red rubber object that takes the shape - and size - of a human gut divided into scales like a ruler.[:]123 x 123 cm
Tinta para xilogravura a base d’água sobre papel Foto Edouard Fraipont [:pt]Os Desenhos carimbo seta criam fluxos contínuos e multidirecionados, a partir de uma matriz em forma de seta repetida sobre papel; segundo Lia, “os desenhos indicam o movimento incessante do corpo e da cidade.[:en]Arrow Stamp Drawings create continuous, multi-directional streams from a repeated arrow-shaped matrix on paper; According to Lia, “the drawings indicate the ceaseless movement of the body and of the city.[:]123 x 123 cm
Tinta para xilogravura a base d’água sobre papel Foto Edouard Fraipont [:pt]Os Desenhos carimbo seta criam fluxos contínuos e multidirecionados, a partir de uma matriz em forma de seta repetida sobre papel; segundo Lia, “os desenhos indicam o movimento incessante do corpo e da cidade.[:en]Arrow Stamp Drawings create continuous, multi-directional streams from a repeated arrow-shaped matrix on paper; According to Lia, “the drawings indicate the ceaseless movement of the body and of the city.[:]220 x 122 x 6 cm
Chapa de mdf, parafuso e tinta acrílica fosca Foto Edouard Fraipont [:pt]A série Figura Encarnada agrupa formas articuladas vermelhas feitas em madeira, que lembram os bonecos usados em aulas de desenho de figura humana. Instaladas pelo espaço, as figuras parecem flutuar e dançar. As morfologias das figuras, embora refiram-se a anatomia humana, trazem deformações e são chamadas por Chaia de ‘Transhumanas’. “Figura Encarnada é um trabalho que tem como referência o ‘Transhumano’, uma vez que pensa, além do corpo humano, outros corpos existentes na natureza e os corpos mitológicos. Essa obra também se inspira nas pinturas corporais dos indígenas feitas como proteção contra os espíritos maus e como uma forma de defesa para enfrentarem o inimigo”, diz Chaia. Nesse contexto a escolha da cor vermelha para Chaia foi fundamental, já que diz respeito ao despertar da vitalidade e à potência dos movimentos, sendo a cor do fogo e do sangue. Chaia cita Wassily Kandinsky: “O vermelho evoca força, ímpeto, energia, decisão, alegria, triunfo. Ele soa como uma fanfarra, onde domina o som forte, obstinado, importuno da trombeta.”[:en]The Incarnated Figure series features red articulated wooden shapes that resemble dolls used in human figure drawing classes. Installed through the space, the figures seem to float or dance. The morphologies of the figures – called ‘Trans-human’ by Chaia -, although referring to the human anatomy, are deformed. “Incarnated Figure is a work that refers to the 'Trans-human', as it considers not only the human body, but other bodies existing in nature and mythological bodies. This work is also inspired by the body paintings of the original peoples of Brazil, made as protection against evil spirits and as a form of defense to face the enemy,” says Chaia. In this context, the choice of the red color was fundamental for her, since it concerns the awakening of vitality and the potency of the movements, being the color of fire and blood. Chaia quotes Wassily Kandinsky: “Red evokes strength, momentum, energy, decision, joy, triumph. It sounds like a fanfare where the loud, obstinate, annoying sound of the trumpet dominates”.[:]212 x 210 x 6 cm
Chapa de mdf, parafuso e tinta acrílica fosca Foto Edouard Fraipont [:pt]A série Figura Encarnada agrupa formas articuladas vermelhas feitas em madeira, que lembram os bonecos usados em aulas de desenho de figura humana. Instaladas pelo espaço, as figuras parecem flutuar e dançar. As morfologias das figuras, embora refiram-se a anatomia humana, trazem deformações e são chamadas por Chaia de ‘Transhumanas’. “Figura Encarnada é um trabalho que tem como referência o ‘Transhumano’, uma vez que pensa, além do corpo humano, outros corpos existentes na natureza e os corpos mitológicos. Essa obra também se inspira nas pinturas corporais dos indígenas feitas como proteção contra os espíritos maus e como uma forma de defesa para enfrentarem o inimigo”, diz Chaia. Nesse contexto a escolha da cor vermelha para Chaia foi fundamental, já que diz respeito ao despertar da vitalidade e à potência dos movimentos, sendo a cor do fogo e do sangue. Chaia cita Wassily Kandinsky: “O vermelho evoca força, ímpeto, energia, decisão, alegria, triunfo. Ele soa como uma fanfarra, onde domina o som forte, obstinado, importuno da trombeta.”[:en]The Incarnated Figure series features red articulated wooden shapes that resemble dolls used in human figure drawing classes. Installed through the space, the figures seem to float or dance. The morphologies of the figures – called ‘Trans-human’ by Chaia -, although referring to the human anatomy, are deformed. “Incarnated Figure is a work that refers to the 'Trans-human', as it considers not only the human body, but other bodies existing in nature and mythological bodies. This work is also inspired by the body paintings of the original peoples of Brazil, made as protection against evil spirits and as a form of defense to face the enemy,” says Chaia. In this context, the choice of the red color was fundamental for her, since it concerns the awakening of vitality and the potency of the movements, being the color of fire and blood. Chaia quotes Wassily Kandinsky: “Red evokes strength, momentum, energy, decision, joy, triumph. It sounds like a fanfare where the loud, obstinate, annoying sound of the trumpet dominates”.[:]233 x 285 x 6 cm
Chapa de mdf, parafuso e tinta acrílica fosca Foto Edouard Fraipont [:pt]A série Figura Encarnada agrupa formas articuladas vermelhas feitas em madeira, que lembram os bonecos usados em aulas de desenho de figura humana. Instaladas pelo espaço, as figuras parecem flutuar e dançar. As morfologias das figuras, embora refiram-se a anatomia humana, trazem deformações e são chamadas por Chaia de ‘Transhumanas’. “Figura Encarnada é um trabalho que tem como referência o ‘Transhumano’, uma vez que pensa, além do corpo humano, outros corpos existentes na natureza e os corpos mitológicos. Essa obra também se inspira nas pinturas corporais dos indígenas feitas como proteção contra os espíritos maus e como uma forma de defesa para enfrentarem o inimigo”, diz Chaia. Nesse contexto a escolha da cor vermelha para Chaia foi fundamental, já que diz respeito ao despertar da vitalidade e à potência dos movimentos, sendo a cor do fogo e do sangue. Chaia cita Wassily Kandinsky: “O vermelho evoca força, ímpeto, energia, decisão, alegria, triunfo. Ele soa como uma fanfarra, onde domina o som forte, obstinado, importuno da trombeta.”[:en]The Incarnated Figure series features red articulated wooden shapes that resemble dolls used in human figure drawing classes. Installed through the space, the figures seem to float or dance. The morphologies of the figures – called ‘Trans-human’ by Chaia -, although referring to the human anatomy, are deformed. “Incarnated Figure is a work that refers to the 'Trans-human', as it considers not only the human body, but other bodies existing in nature and mythological bodies. This work is also inspired by the body paintings of the original peoples of Brazil, made as protection against evil spirits and as a form of defense to face the enemy,” says Chaia. In this context, the choice of the red color was fundamental for her, since it concerns the awakening of vitality and the potency of the movements, being the color of fire and blood. Chaia quotes Wassily Kandinsky: “Red evokes strength, momentum, energy, decision, joy, triumph. It sounds like a fanfare where the loud, obstinate, annoying sound of the trumpet dominates”.[:]140 x 126 cm
Impressão sobre tela adesivada sobre mdf naval Foto Edouard Fraipont [:pt]As peças desta série são formadas por recortes e rearticulações de fotografias que são organizados como máscaras que misturam diferentes culturas, desde a austeridade das tradicionais máscaras africanas até pinturas de palhaços, que têm em sua origem o reverso da compostura régia da soberania.[:en]Apparition is formed by cutouts and rearticulation of photographs that are organized as masks which mix different cultures, from the austerity of traditional African masks to clown paintings, which originate in the reverse of the royal composure of sovereignty.[:]156 x 102 cm
Impressão sobre tela adesivada sobre mdf naval Foto Edouard Fraipont [:pt]As peças desta série são formadas por recortes e rearticulações de fotografias que são organizados como máscaras que misturam diferentes culturas, desde a austeridade das tradicionais máscaras africanas até pinturas de palhaços, que têm em sua origem o reverso da compostura régia da soberania.[:en]Apparition is formed by cutouts and rearticulation of photographs that are organized as masks which mix different cultures, from the austerity of traditional African masks to clown paintings, which originate in the reverse of the royal composure of sovereignty.[:]Variable dimensions
Cordão colado sobre parede Foto Edouard Fraipont [:pt]Em Desenho coreográfico, um percurso feito com uma linha colada na parede convida o espectador a percorrer, com as mãos e de olhos fechados, seu trajeto, deixando o corpo de quem participa trabalhar junto com o desenho, ativando a obra e colocando seu corpo em movimento. Apoie uma mão em cada linha Feche os olhos Percorra o desenho Confie no seu tato[:en]In Choreographic Drawing, a path made with a line glued to the wall invites the viewer to walk - using the hands and with eyes closed - the path, leaving the participant’s body to work together with the drawing, activating the work and putting their body in movement. Place a hand on each line Close your eyes Wander Through the drawing Trust your touch[:]223 cm x 147 cm x 4,75 cm
Impressão sobre tela adesivada sobre mdf naval Foto Edouard Fraipont [:pt]A Mulher verde de Lia Chaia faz parte de suas figuras ‘Transhumanas’. Lia conta que “a Mulher Verde busca a intersecção entre naturezas distintas, como no corpo feminino, que nas suas conformações se metamorfoseia em Pachamama”. Chaia refere-se a figura mítica andina cultuada como mãe do Tempo e da Terra. Na mitologia Inca, a Pachamama é a Deusa da fertilidade que olha pela agricultura e pela colheita. Certas culturas vêm a Deusa como intolerante com a extração excessiva da natureza e é tida como responsável por terremotos e outros acidentes naturais como reação ao consumo predatório de recursos. Chaia menciona Abaporu (1928), de Tarsila do Amaral (1886-1973), como outra inspiração para Mulher verde, com sua hierarquia face-corpo invertida tal como na pintura de Amaral.[:en]Lia Chaia's Green Woman is part of her ‘Trans-human’ figures. Lia says that “the Green Woman seeks the intersection between different natures, as in the female body, which metamorphoses into Pachamama”. Chaia refers to the mythical Andean figure worshiped as the mother of Time and Earth. In Inca mythology, Pachamama is the Goddess of fertility who watches over agriculture and harvest. Certain cultures view the Goddess as intolerant of over-harvesting of nature and hold her responsible for earthquakes and other natural accidents in response to predatory resource consumption. Chaia mentions Tarsila do Amaral's (1886-1973) Abaporu (1928) as another inspiration for Green Woman, with her inverted face-body hierarchy as in do Amaral's painting.[:]46'' loop
Video - 16:9, color, sound Foto Video still [:pt]No vídeo, duas mãos sacodem chocalhos em formato de mãos chifradas. O gesto é símbolo evocativo de diversas procedências, seja por satanistas, ou como sinal de proteção contra o mal, como na Itália, onde o gesto equivale às três batidas na madeira. No budismo, uma variante do sinal é usada para expulsar demônios e eliminar obstáculos e negatividade; na Grécia, o sinal remete à traição, já que lembra a mitologia da rainha Pasiphae de Creta, que manteve relação adultera com o Touro de Creta. Um som intenso de bateria acompanha o vídeo, propondo um ruído ritualístico que faz referência a rituais onde o tambor assume papel sagrado na ligação com divindades. colaboração: João Marcos de Almeida fotografia: Bruno Risas som direto: Juliana R. bateria: Guilherme Paccola edição: João Marcos de Almeida[:en]In the video, two hands shake rattles in the shape of horned hands. The gesture is an evocative symbol of various origins, used whether by Satanists, or as a sign of protection against evil - as in Italy, where the gesture is equivalent to “knock on the wood”. In Buddhism, a variant of the sign is used to cast out demons and eliminate obstacles and negativity; In Greece, the sign refers to betrayal, as it recalls the mythology of Queen Pasiphae of Crete, who had an adulterous relationship with the Bull of Crete. An intense drumming sound accompanies the video, proposing a ritualistic noise that makes reference to ceremonies where drums assume a sacred role in the connection with deities.[:]38 x 29 x 3,5 cm
Mdf e chapa de compensado, tinta esmalte para madeira, fita de camurça, paetês e metal Foto Edouard Fraipont [:pt]As Máscaras de Chaia, feitas em madeira vermelha, camurça e paetês, são como carrancas com muitos olhos e funcionam como objetos de proteção. Chaia conta que as máscaras remetem à cultura árabe e, em especial, ao provérbio que meus olhos te protejam (ya aini). “Os olhos se multiplicam para favorecer a vigília”, conta Chaia, que já trabalhou com o provérbio em desenhos e performances.[:en]Chaia Masks, made of red wood, suede and sequins, are like figureheads with many eyes and act as protective objects. Chaia says that masks refer to Arab culture and, in particular, to the proverb may my eyes protect you (ya aini). “The eyes multiply to favor the vigil,” says Chaia, who has worked with the proverb in drawings and performances before.[:]40 x 24 x 3 cm
Mdf e chapa de compensado, tinta esmalte para madeira, fita de camurça, paetês e metal Foto Edouard Fraipont [:pt]As Máscaras de Chaia, feitas em madeira vermelha, camurça e paetês, são como carrancas com muitos olhos e funcionam como objetos de proteção. Chaia conta que as máscaras remetem à cultura árabe e, em especial, ao provérbio que meus olhos te protejam (ya aini). “Os olhos se multiplicam para favorecer a vigília”, conta Chaia, que já trabalhou com o provérbio em desenhos e performances.[:en]Chaia Masks, made of red wood, suede and sequins, are like figureheads with many eyes and act as protective objects. Chaia says that masks refer to Arab culture and, in particular, to the proverb may my eyes protect you (ya aini). “The eyes multiply to favor the vigil,” says Chaia, who has worked with the proverb in drawings and performances before.[:]356 x 7,5Ø cm
Fios de plástico vermelhos e tubo de PVC Foto Edouard Fraipont [:pt]Em Transfusão, canos de pvc e cabos de diferentes tons de vermelho, fazem menção não só a um circuito de veias humanas, mas também à arquitetura como algo vivo e proponente.[:en]In Transfusão [Transfusion], Chaia uses PVC pipes and cords of different tones of red to refer not only to a circuit of human veins, but also to architecture as something both alive and propositive.[:]Mil olhos integra o conjunto de performances de Chaia feitas para a câmera de vídeo. O plano estático e sequencial reforça a experiência vivida na situação registrada como dado principal do trabalho. De acordo com Chaia, o vídeo é a captura de uma ação de “movimentos insistentes, repetitivos e delirantes da cabeça. Aí está presente a potente recusa – o ‘não’ – e o estado febril. É uma ativação dos conceitos que estão em Máscaras.”
colaboração: João Marcos de Almeida
fotografia: Bruno Risas
som direto: Juliana R.
edição: João Marcos de Almeida
1'46'' loop
Vídeo – 16:9, cor, áudio
Foto Still do vídeoMil olhos integra o conjunto de performances de Chaia feitas para a câmera de vídeo. O plano estático e sequencial reforça a experiência vivida na situação registrada como dado principal do trabalho. De acordo com Chaia, o vídeo é a captura de uma ação de “movimentos insistentes, repetitivos e delirantes da cabeça. Aí está presente a potente recusa – o ‘não’ – e o estado febril. É uma ativação dos conceitos que estão em Máscaras.”
colaboração: João Marcos de Almeida
fotografia: Bruno Risas
som direto: Juliana R.
edição: João Marcos de Almeida