Em Chora-Chuva, Gisela Motta e Leandro Lima seguem com sua investigação a respeito da relação do homem com seu entorno. A partir da constatação de uma crise ambiental global, a dupla toca em pontos pertinentes da discussão atual sobre problemas no gerenciamento de recursos. Estão presentes trabalhos que falam do desuso sempre rápido de meios e mídias em detrimento de técnicas mais avançadas e sobre qual o resultado dessas operações.
Na instalação que dá nome à exposição, Chora-Chuva, de 2014, 16 baldes de plástico com água são posicionados sobre mesas como que para conter goteiras que invadem o espaço expositivo. Sob esses baldes foram instaladas caixas de som que, ao emitirem sinais e impulsos, provocam vibrações na água, emulando gotejar sobre sua superfície. O Trabalho idealizado para a última Bienal de Vancouver, ganha novos significados quando inserido em um contexto de crise de abastecimento de água na maior metrópole do país, chamando atenção para a necessária reflexão de toda a sociedade sobre esse problema.
A água também está presente nas pinturas da série Terrenos, de 2015. Nesses trabalhos, desenhos gerados com tinta esmalte remetem a padrões de camuflagem. Na técnica chamada Ebru, a tinta é depositada sobre uma superfície d’água e o próprio movimento da água tingida é transferido para o suporte. As pinturas remetem a visões de regiões da América Latina vistas por satélites. As peças da série Terrenos foram construídas com base nos jogos de Tangram. Esse ponto reforça a ideia da camuflagem como desenvolvimento do raciocínio lógico na analise e distinção de suas formas. Com o uso referente a esse tipo de padronagem, os artistas também apontam para as regiões representadas como zonas de conflito, ou como zonas que, por alguma razão, vêm (ou devem ver) o outro como inimigo. Atacama, Tapajós e São Paulo são algumas das localidades representadas na série.
Outro trabalho ligado às paisagens urbanas e naturais é Relâmpago, de 2015. Os artistas criaram um relâmpago feito com lâmpadas tubulares do tipo activiva. Segundo o fabricante, esse tipo de lâmpada promove o bem estar e a produtividade do ser humano, além de estimular a fotossíntese. Fica evidente a observação dos artistas a respeito da dependência do homem da energia elétrica para seu bom funcionamento, ao menos em perímetros urbanos.
É importante, no entanto, investigarmos outros aspectos da simbologia ligada aos relâmpagos: teorias científicas apontam que descargas elétricas possam ter sido fundamentais no surgimento da vida. Na história humana, foi possivelmente a primeira fonte de fogo, fundamental no processo da evolução. De um modo geral, o raio representa um poder ao mesmo tempo criador e destruidor, seja observando por um ponto de vista científico ou mitológico. É simultaneamente a vida e a morte; uma síntese da atividade celeste e suas ações transformadoras.
Essas relações dicotômicas aparecem em outros trabalhos da mostra como em Beija-Flor, 2013. Na peça, dois tripés sustentam uma traquitana que rotaciona hélices de formatos irregulares e sobre elas é projetada a imagem de um beija-flor. A imagem desse pássaro – que vive apenas nas Américas – se forma numa superfície transparente, como uma holografia. As hélices fragmentam a projeção originalmente branca e sua cor percorre todas as cores do espectro em movimento decorrente da insuficiência da frequência de projeção. É como se dessa insuficiência surgisse essa imagem oriunda do reino animal. É o natural que emerge a partir da insuficiência do aparato eletrônico. A insuficiência das mídias também está presente no vídeo Horizonte, de 2015. Na obra, cordas de um violão formam ondas de dimensões e comprimento distintos a partir da incapacidade – ou incompatibilidade – da câmera de vídeo em captar as vibrações geradas pelo instrumento de cordas. Essas linhas criam formas geográficas que representam vistas do horizonte.
Em Bugado, de 2014, a luz original de um monitor foi removida, deixando apenas a parte frontal, transparente, do equipamento. Por trás dessa tela, os artistas instalaram uma lâmpada fria do tipo econômico. Como o monitor segue funcionando sem a luz original, a lâmpada adicionada permite ver a imagem que é transmitida para o equipamento. O que se vê então são moscas que parecem circular ao redor da luz emitida pela instalação. A impressão que se tem é a de um vestígio de uma cultura material. É, porém, o que sobra em funcionamento nessa ruína, que nos faz ver a natureza ao seu redor, no caso, a imagem das moscas que circundam o objeto.
Finalmente, em Deposição, de 2013, o desuso aparece na forma da acumulação de enciclopédias impressas que, cortadas como desenhos topográficos aparentam serem estalagmites. Fazem referência, portanto, a uma sedimentação de materiais que se desprenderam de seu contexto original e passaram a estruturar uma forma composta por resíduos.
Em Chora-Chuva, Gisela Motta e Leandro Lima seguem com sua investigação a respeito da relação do homem com seu entorno. A partir da constatação de uma crise ambiental global, a dupla toca em pontos pertinentes da discussão atual sobre problemas no gerenciamento de recursos. Estão presentes trabalhos que falam do desuso sempre rápido de meios e mídias em detrimento de técnicas mais avançadas e sobre qual o resultado dessas operações.
Na instalação que dá nome à exposição, Chora-Chuva, de 2014, 16 baldes de plástico com água são posicionados sobre mesas como que para conter goteiras que invadem o espaço expositivo. Sob esses baldes foram instaladas caixas de som que, ao emitirem sinais e impulsos, provocam vibrações na água, emulando gotejar sobre sua superfície. O Trabalho idealizado para a última Bienal de Vancouver, ganha novos significados quando inserido em um contexto de crise de abastecimento de água na maior metrópole do país, chamando atenção para a necessária reflexão de toda a sociedade sobre esse problema.
A água também está presente nas pinturas da série Terrenos, de 2015. Nesses trabalhos, desenhos gerados com tinta esmalte remetem a padrões de camuflagem. Na técnica chamada Ebru, a tinta é depositada sobre uma superfície d’água e o próprio movimento da água tingida é transferido para o suporte. As pinturas remetem a visões de regiões da América Latina vistas por satélites. As peças da série Terrenos foram construídas com base nos jogos de Tangram. Esse ponto reforça a ideia da camuflagem como desenvolvimento do raciocínio lógico na analise e distinção de suas formas. Com o uso referente a esse tipo de padronagem, os artistas também apontam para as regiões representadas como zonas de conflito, ou como zonas que, por alguma razão, vêm (ou devem ver) o outro como inimigo. Atacama, Tapajós e São Paulo são algumas das localidades representadas na série.
Outro trabalho ligado às paisagens urbanas e naturais é Relâmpago, de 2015. Os artistas criaram um relâmpago feito com lâmpadas tubulares do tipo activiva. Segundo o fabricante, esse tipo de lâmpada promove o bem estar e a produtividade do ser humano, além de estimular a fotossíntese. Fica evidente a observação dos artistas a respeito da dependência do homem da energia elétrica para seu bom funcionamento, ao menos em perímetros urbanos.
É importante, no entanto, investigarmos outros aspectos da simbologia ligada aos relâmpagos: teorias científicas apontam que descargas elétricas possam ter sido fundamentais no surgimento da vida. Na história humana, foi possivelmente a primeira fonte de fogo, fundamental no processo da evolução. De um modo geral, o raio representa um poder ao mesmo tempo criador e destruidor, seja observando por um ponto de vista científico ou mitológico. É simultaneamente a vida e a morte; uma síntese da atividade celeste e suas ações transformadoras.
Essas relações dicotômicas aparecem em outros trabalhos da mostra como em Beija-Flor, 2013. Na peça, dois tripés sustentam uma traquitana que rotaciona hélices de formatos irregulares e sobre elas é projetada a imagem de um beija-flor. A imagem desse pássaro – que vive apenas nas Américas – se forma numa superfície transparente, como uma holografia. As hélices fragmentam a projeção originalmente branca e sua cor percorre todas as cores do espectro em movimento decorrente da insuficiência da frequência de projeção. É como se dessa insuficiência surgisse essa imagem oriunda do reino animal. É o natural que emerge a partir da insuficiência do aparato eletrônico. A insuficiência das mídias também está presente no vídeo Horizonte, de 2015. Na obra, cordas de um violão formam ondas de dimensões e comprimento distintos a partir da incapacidade – ou incompatibilidade – da câmera de vídeo em captar as vibrações geradas pelo instrumento de cordas. Essas linhas criam formas geográficas que representam vistas do horizonte.
Em Bugado, de 2014, a luz original de um monitor foi removida, deixando apenas a parte frontal, transparente, do equipamento. Por trás dessa tela, os artistas instalaram uma lâmpada fria do tipo econômico. Como o monitor segue funcionando sem a luz original, a lâmpada adicionada permite ver a imagem que é transmitida para o equipamento. O que se vê então são moscas que parecem circular ao redor da luz emitida pela instalação. A impressão que se tem é a de um vestígio de uma cultura material. É, porém, o que sobra em funcionamento nessa ruína, que nos faz ver a natureza ao seu redor, no caso, a imagem das moscas que circundam o objeto.
Finalmente, em Deposição, de 2013, o desuso aparece na forma da acumulação de enciclopédias impressas que, cortadas como desenhos topográficos aparentam serem estalagmites. Fazem referência, portanto, a uma sedimentação de materiais que se desprenderam de seu contexto original e passaram a estruturar uma forma composta por resíduos.
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