“Tudo no mundo existe para terminar em um livro.” Mallarmé
Nos últimos trinta anos de sua vida, o poeta francês Stéphane Mallarmé (1842-1889) se dedicou a um “trabalho maravilhoso”, que ele simplesmente chamou O Livro (Le Livre).
Ele imaginou o livro como uma arquitetura textual-cósmica: uma estrutura extremamente flexível que iria revelar nada menos que “todas as relações existentes entre tudo.” Esta “Grande Obra”, totalmente liberta da subjetividade de seu autor e contendo a soma de todos os livros era, para Mallarmé, a essência de toda a literatura e ao mesmo tempo um livro “muito comum”.
A realização deste trabalho “puro” que planejava publicar em uma edição bestseller nunca progrediu além de sua concepção e uma análise detalhada das questões estruturais e materiais relacionadas com a publicação da obra.
Em Mallarmé, O Livro o artista Klaus Scherübel atua como editor e preservador da obra-prima esquecida de Mallarmé. Em um gesto que destaca o estatuto contraditório do livro, impossível de realizar (como um livro) e plenamente realizado (como um trabalho conceitual), Scherübel produziu uma “capa” para O Livro nas dimensões especificadas por Mallarmé mais de cem anos atrás.
Atualmente, existem os seguintes títulos:
– Das Buch, 2001 – Verlag der Buchhandlung Walther König (Cologne)
– The Book, 2004 – Printed Matter Inc. (New York)
– Le Livre, 2005 – Optica / Fondation Musée d’Art Moderne Grand-Duc Jean (Montréal / Luxembourg)
– Het Boek, 2009 – mfc–michèle didier (Brussels)
– O Livro, 2014 – Edições Tijuana (São Paulo)