In his sixth solo show at Galeria Vermelho, Escritexpográfica, Fabio Morais is presenting artworks that lend continuity to his research around writing not only as an exercise of text and of the construction of narratives, but also as the appropriation, use and recontextualization of images and texts in an exercise of “writing/sampling,” as the artist puts it. They are graphic articulations of writing, which add to the word the condition of being an image, thus creating new meanings that provoke an analytic look at the Brazilian and global political context.
In his sixth solo show at Galeria Vermelho, Escritexpográfica, Fabio Morais is presenting artworks that lend continuity to his research around writing not only as an exercise of text and of the construction of narratives, but also as the appropriation, use and recontextualization of images and texts in an exercise of “writing/sampling,” as the artist puts it. They are graphic articulations of writing, which add to the word the condition of being an image, thus creating new meanings that provoke an analytic look at the Brazilian and global political context.
180 x 120 CM
Inkjet on laminated paper mounted on ACM Photo Galeria Vermelho [:pt]Em Blood (2016), lemos a palavra inglesa para sangue, blood, escrita em cor de rosa sobre um tom mais escuro de rosa. Ao aproximarmo-nos da imagem, podemos notar que esse fundo é, na verdade, uma malha textual formada pela repetição da palavra pixel em vermelho sobre um fundo branco. Pixel é um termo formado por duas palavras inglesas, Picture (imagem) e elemento (elemento). A composição por aglutinação pixel é termo universal no campo da informática que denomina a menor partícula de uma imagem digital, natureza que lhe dá a codificação, e assim, a possibilidade de compactação e a fluidez necessárias para o atual fluxo de informação on line. A imagem propõe uma analogia entre o pixel e a célula, entre a circulação sanguínea e a circulação da informação. Colocada na entrada de Escritexpográfica, Blood propõe um olhar ao que se verá dentro da exposição, estabelecendo o jogo entre vetores micros e macros, bem como o olhar sobre a condição imagética da palavra.[:en]In Blood (2016), the word “blood” is written in light pink on a background of darker pink. As we get closer to the image we can see that the background is actually a fine textual mesh formed by the repetition of the word “pixel” in red on a white background. The word “pixel” is a blend of the two word parts “pix” (from “picture”) and “el” (from “element). The combined term, a portmanteau, is universally used in the computer field to denote the smallest particle of an image, identifiable by code and thus allowing for the compactness and fluidity necessary for the current flow of information online. The image proposes an analogy between the pixel and the cell, between sanguineous circulation and the circulation of information. Placed at the entrance of Escritexpográfica, Blood foreshadows what will be seen inside the exhibition, establishing the interplay between micro and macro vectors, while offering an insightful reflection on the imagetic condition of the word.[:]21 x 14,5
Letterpress printing on paper Photo Galeria Vermelho [:pt]Em Cumbica, um diálogo fala sobre línguas e etnias através da terminologia típica usada para cores: primárias, secundárias e terceiras. O texto é impresso em relevo sobre papel acinzentado sem cor definida. O título, Cumbica, traz ao trabalho a raiz linguistica ameríndia, pois significa “neblina” em tupi-guarani, dado que determina também a escolha da tonalidade do papel. Cumbica é ainda o nome do principal aeroporto internacional do país, lugar por onde é possível sair do território da língua brasileira.[:en]In Cumbica, we see a dialogue about languages and ethnicities through the typical terminology used for colors: primary, secondary, and third. The text is printed in relief on greyish paper with no defined color. The title, Cumbica, brings to the work the Amerindian linguistic root, as it means “fog” in Tupi-Guarani language, which also determines the choice of the tone of the paper. Cumbica is also the name of the main Brazilian international airport, place where it is possible to leave the territory of the Brazilian language.[:]30 x 22 (cada parte de 24/ each part of 24)
Inkjet on laminated paper mounted on ACM and an original letter mounted on ACM Photo Edouard Fraipont [:pt]Violação (2016) é resultado de uma pesquisa de Morais em torno de cartas violadas por sistemas de censura de diferentes países e épocas, com ênfase na metade do século xx. O procedimento nos diferentes países parecia bastante similar: abrir a carta, lê-la e depois fechá-la com um adesivo ou carimbo que marcasse sua liberação para ser enviada ao destinatário ou devolvida ao remetente. As marcas de arbítrio ficaram coladas nesses envelopes que, com o tempo, tornaram-se peças de colecionismo relacionado à filatelia. Estas marcas de escrutínio podem ser lidas como uma espécie de texto institucional ameaçador inscrito no objeto. A obra é formada por 23 reproduções fotográficas dessas cartas e por uma carta real. A presença do objeto real em meio a representações fotográficas provoca uma surpresa no observador, evidenciando a maneira com que a fotografia neutraliza e planifica aquilo que representa.[:en]Violação [Violation] (2016) is the result of research by Morais concerning letters violated by systems of censorship of different countries and times, with emphasis on the mid-20th century. The procedure in the different countries seems quite similar: open the letter, read it, and then close it with adhesive or a stamp indicating its liberation, to be sent to the addressee or returned to the sender. The censors’ marks were glued to these envelopes which, with time, became collectors pieces related with philately. These marks of scrutiny can be read as a sort of threatening institutional text inscribed on the object. The work consists of 23 photographic reproductions of these letters together with one real letter. The presence of the real object amidst the photographic representations surprises the observer, evidencing the way in which photography neutralizes and flattens what it represents.[:]Variáveis / Variable
Serigraphy on raw cotton and wood Photo Edouard Fraipont [:pt]Obra central em Escritexpográfica, Manifestação (2016) lida com a escrita na arte brasileira a partir dos anos 1960 através de uma colagem de enunciados retirados de pinturas, gravuras, desenhos, fotografias, esculturas, objetos, instalações, livros, cartazes, postais, intervenções, filmes, vídeos e performances. A seleção foi feita por Morais majoritariamente em torno de obras de teor crítico ou de claro posicionamento político. Manifestação concatena significados críticos também em sua formalização, já que é impressa em serigrafia sobre tecido e é apresentada como uma faixa de manifestação.[:en]A key work in Escritexpográfica, Manifestação (2016) deals with writing in Brazilian art from the 1960s onward by means of a collage of announcements taken from paintings, prints, drawings, photographs, sculptures, objects, installations, books, posters, postcards, interventions, films, videos and performances. Morais made his selections mainly from artworks of a critical tone or which take a clear political stand. Manifestação links critical meanings also in terms of its format, since it is printed in silkscreen on fabric and presented as a protest banner.[:]325 x 68,5 x 9 CM
Laser cut vinyl applied on wall Photo Edouard Fraipont [:pt]Mecânica (2016) é um texto construído por 8 frases circulares, sem começo nem fim, que falam sobre questões estruturais das desigualdades sócio-políticas brasileiras.[:en]Mecânica [Mechanics] (2016) is a text constructed by eight circular phrases, without beginning or end, which talk about structural questions of the Brazilian sociopolitical inequalities.[:]25,5 x 14 cm (cada parte de 2/ each part of 2)
Plastic plates and letters Photo Galeria Vermelho [:pt]Em Haiku, os nomes Aurélio e Houaiss mencionam os dois principais dicionários da língua portuguesa brasileira, com todos os significados que os dois nomes carregam na história intelectual do Brasil. Contrapondo à complexidade dos dois dicionários que tentam dar conta, cada um a seu modo, de um idioma inteiro, há a ideia de haiku, poema japonês curto que abarca um olhar simples e pontual do poeta, sobre o mundo. No trabalho, as palavras Aurélio e Houaiss estão escritas em placas típicas de cardápios de botecos brasileiros, enfatizando a escolha pessoal que normalmente se faz entre um dicionário e outro.[:en]In Haiku, the names Aurélio and Houaiss mention the two main dictionaries of the Brazilian Portuguese language, with all the meanings that the two names carry in the intellectual history of Brazil. Contrasting the complexity of the two dictionaries that try to give an account, in their own way, of an entire language, there is the idea of the haiku, a short Japanese poem that includes a simple and punctual point of view of the poet, about the world. In the piece, the words Aurélio and Houaiss are written on typical plates of Brazilian pub menus, emphasizing the personal choice that is usually made between one dictionary and another.[:]Variáveis/ variable
Laser cut vinyl applied on painted wall Photo Edouard Fraipont [:pt]Vídeo (2012) apresenta-se como um texto em cor branca sobre um trecho de parede escura. O texto desenvolve-se em duas partes: na primeira, em tom ensaístico, uma voz impessoal diz algo para o mundo; na segunda, em tom de conversa, alguém diz algo para alguém. Tratadas como cenas, as duas partes são fundidas pelo neologismo “precisosseu”, resultado da fusão de “...precisos. Se eu...”, que está localizado no meio da mancha textual. A composição do texto faz alusão a duas estratégias de edição de filmes e vídeos: a fusão, configurada pelo neologismo que conecta as duas “cenas”, e ao loop, estratégia típica da vídeo arte que cria uma reprodução continua do material exibido.[:en]Vídeo [Video] (2012) is presented as a text in white letters on a section of dark wall. The text is developed in two parts: in the first, in the tone of an essay, an impersonal voice says something to the world; in the second, in a conversational tone, someone says something to someone else. Treated as scenes, the two parts are linked by the neologism “precisosseu,” a fusion of “...precisos. Se eu...” [...precious. If I...], Which is located in the middle of the block of text. The composition of the text alludes to two strategies for editing films and videos: the splice, configured by the neologism that connects the two “scenes,” and the loop, a typical strategy of video art that creates a continuous reproduction of the material shown.[:]35 x 35 cm
Billiard balls and crumpled newspaper Photo Edouard Fraipont [:pt]A apropriação de objetos enquanto informação estético-textual, que há em Violação, repete-se em Podre (2016). Na obra, um conjunto de bolas de bilhar dispostas em triângulo, prontas para a tacada inicial, tem o jogo impossibilitado pela bola de número 9, que foi substituída por uma bola de jornal amassado. Para Morais, o jornal ali colocado, finge garantir o jogo, mas, na verdade, estraga todo o conjunto.[:en]The appropriation of objects as aesthetic-textual information, as seen in Violação, is repeated in Podre [Spoiled] (2016). In the work, a set of billiard balls arranged in a triangle, ready for the first player’s break, reveal that the game is impossible due to ball number 9, which was substituted by a ball of crumpled up newspaper. For Morais, the newspaper placed there pretends to make the game possible yet actually spoils the entire set.[:]100 x 100 cm (cada parte de 2/ each part of 2)
Acrylic and inkjet printing on cotton paper Photo Edouard Fraipont [:pt]Em duas placas de acrílico preto de um metro quadrado cada, foram coladas reproduções do selo do LP Brasília, Sinfonia da Alvorada, lançado em 1961, ano da inauguração da capital brasileira. Seu ufanismo sonoro soa menos interessante que a leitura dos títulos das partes que dividem a sinfonia e resumem em si certa narrativa otimista para a nova capital. Assim, a concepção do trabalho alude a um LP de uso decorativo, impossibilitado pelo tamanho e formato quadrado das placas de acrílico preto, a ser usado como pingente da arquitetura, como são muitas obras de arte que fazem parte da concepção arquitetônica de Brasília.[:en]Two black acrylic sheets, each measuring one square meter, bear labels of the LP record entitled Brasília, Sinfonia da Alvorada, released in 1961, the inaugural year of the Brazilian capital. Its intensely patriotic sound is less interesting than the reading of the titles of the parts that divide the symphony and summarize a certain optimistic narrative for the new capital. Therefore, the conception of the work alludes to an LP of decorative use, impossible to play due to the square format of the black acrylic sheets, and instead destined to be hung as an adornment in an architectural setting.[:]220 x 200 CM
Laser cut vinyl and painted wall Photo Edouard Fraipont [:pt]Apresentada originalmente no Jornal de Borda n.2, Na Imagem, Godard Despede-se da Linguagem (2015), traduz o movimento e a velocidade de uma cena que se passa em um vagão de metrô em texto e imagem. As fusões, rastros e outras estratégias de edição, bem como as sensações do personagem em cena, são vertidos em construções com a linguagem escrita. Na Imagem, Godard Despede-se da Linguagem, faz referência direta ao filme Adeus à Linguagem, de 2014, dirigido por Jean-Luc Godard. Ao mesmo modo de Godard, Morais parte de uma situação banal para discutir os limites do meio, da linguagem.[:en]Originally presented in the publication Jornal de Borda n.2, the work Na Imagem, Godard Despede-se da Linguagem [In the Image, Godard’s goodbye to Language] 2015), translates into text and image the movement and velocity of a scene that takes place in a subway car. The splices, tracks and other strategies of editing, as well as these sensations of the character in the scene, are translated into constructions of written language. Na Imagem, Godard Despede-se da Linguagem, makes a direct reference to the 2014 film Goodbye to Language, directed by Jean-Luc Godard. In the same way as Godard, Morais focuses on an everyday scene to discuss the limits of the medium, of language.[:]150 x 100 CM
Inkjet on laminated paper mounted on ACM Photo Galeria Vermelho [:pt]Imagens (2016) é composta por 1200 títulos de fotografias de imprensa pesquisadas em sites de buscas através de termos ligados a conflitos sociais como “terrorismo”, “atentado”, “refugiados”, “protesto”, “manifestação”, “reintegração de posse” e “repressão policial”, em diversos idiomas. Morais identificou que muitos dos arquivos digitais dessas imagens trazem em seu título uma descrição da imagem, possivelmente feita pelo fotógrafo antes de enviá-los para veículos de imprensa. A imagem tem sua primeira tradução nos títulos sintéticos que as acompanham.[:en]Imagens [Images] (2016) is composed of 1200 titles of press photographs found during web searches for terms linked to social conflicts such as “terrorism,” “attack,” “refugees,” “protest,” “manifestation,” “repossession” and “police repression,” in various languages. Morais saw that in many cases the titles of these digital files describe the image, possibly created by the photographer before sending them to entities of the press. The image thus has its first interpretation in the concisely descriptive title that accompanies it.[:]